Nico saiu do quarto de Thalia com o ânimo renovado. Estava ciente de toda a tensão que envolvia os dois e adorava cada instante. Porém, agora, acabara de reatar com Rose. Sabia que nutrir qualquer tipo de esperança com Thalia era tempo perdido, afinal, ela ainda era uma caçadora. Voltou ao seu chalé, apagou as luzes e adormeceu.

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   —Minha cabeça dói um pouco, nada com que se preocupar. - Thalia respondeu.

—Ok, tente apenas parecer normal quando Ártemis chegar. - Rachel aconselhou.

—Não achei que ela viria tão cedo. - a garota suspirou. - Argh, não queria ve-la agora.

—Você pode fugir.

—Como? Depois de Quíron, eu sou a única pessoa na qual ela realmente irá querer falar.

 Thalia voltou a treinar com seu arco. Não tinha nada com que se preocupar fora o Will te-la beijado, mas acreditava que a deusa não teria como saber disso se ela não contasse. E tinha Nico. Mas ao mesmo tempo, não tinha Nico. Correu até seu chalé, o sol está começando a se esconder, ela não tinha muito tempo.

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 A cama tinha vários papéis espalhados em uma ordem aparentemente desconexa, que para Nico, fazia todo sentido. Ouviu baterem na sua porta, mandou entrar.

—Olá. - a garota levantou a mão.

—Olá. -ele deu um sorriso ao vê-la. - Como está? Imagino que ainda tenha resquícios da noite passada.

—Não é sempre que temos cuidados especiais. - ela sorriu, apertando os lábios. -Escute, estou com pressa. Ártemis estará no acampamento hoje. Não quero ver a cara dela tão cedo.

—E no que está pensando? - indagou ele.

—Em ir até a praia. -Thalia sorriu.- Ou roubar seu carro.

—Porque sabe que eu não emprestaria ele a você. - apontou para a garota. 
     Thalia tirou o óculos e colocou no porta luvas, ajeitou os cabelos ao vento.

—Parecem séculos, desde a última vez que vim a praia.

—Não me agradeça ainda, Di Ângelo. Não até provar esse cachorro quente.

—Você conhece bastante lugares para comer por aqui, não é?- ele observou, divertido.

—Isso é uma das minhas inúmeras qualidades. - pagou ao senhor da barraquinha, que acenou. - Se quiser, posso leva-lo onde tem as melhores promoções de saia e vestidos por quilo.

—Meu armário já está cheio de saias e vestidos, por ora. Mas futuramente irei querer o endereço do lugar. - ele deu de ombros. - Nunca se sabe quando teremos uma ocasião que exija o uso de uma bela saia, não é mesmo?

—Nico Di Angelo, por favor, use uma saia minha! - ela implorou, fazendo os dois rirem.
      Passearam por mais um tempo pelo píer, até chegarem na praia. O céu nublado escondia, ainda que algumas visíveis, estrelas. Sentaram na areia. Thalia adorava fazer Nico rir. Ele parecia tão leve, seus olhos ficavam tão iluminados.

—Obrigada por me fazer companhia. - ela empurrou o ombro dele com o dela. - Não estava com um humor propício o suficiente pra ver Ártemis e sua personalidade tão delicada.

—Bem, era isso ou ter o carro roubado. - Nico encostou-se nela. - Vai se sair bem, seja lá o que for que tenha que contar para ela.

—Como sabe que tenho algo a dizer pra ela? -Thalia disse baixinho.

— Deduzi. Você não é o tipo de garota que foge de algo sem um bom motivo.
      Ela suspirou.

—Estou pensando em sair da caçada. - disse depois de um tempo. - Tenho medo da reação de Ártemis.

—Possivelmente não será a das melhores. Mas ambas irão sobreviver. - ele baixou o rosto e respirou o perfume de seu cabelo. Seja lá como fosse dali em diante, ele está feliz por aquele momento. - Porque qual razão quer sair?

—As coisas não tem sido mais as mesmas de antes. Me sinto presa. Quero viajar, fazer algo sobre mim, sinto falta disso a algum tempo.- Thalia suspirou, afastando-se dele. - Principalmente nas últimas semanas... Vai me fazer bem, certo? Sair da caçada...

—Se é algo que você quer. 

— O que eu quero não faz bem para mim. - ela desviou o olhar. - Elas me machucam.

—Eu não machucaria você. - Nico disse, sem pensar. Não sabia qual seria a reação dela, mas não pode segurar.

Thalia observou-o. Seu corpo respondeu imediatamente. A vontade de beija-lo estava quase se tornando insuportável. Respondeu.

—Eu não sei se posso.

—Eu sei. -ele desviou o olhar, chateado. - Reatei com Rose.

—Entendi. - ela engoliu em seco. - Desejo toda a felicidade do mundo.

—Obrigada...por ser uma boa amiga.

 Dizer aquilo queimou sua garganta. Porque ela simplesmente não podia ficar com ele? Porque Ártemis sempre aparecia para faze-lo sofrer? Ele não estava convencido das próprias palavras. Dizer que ela era apenas uma amiga não abrangia o que ele sentia. Ela era mais que isso, ainda que agora, era o que precisava ser.

—Vamos voltar. - ela virou-se para Nico, determinada. - Só preciso fazer algo antes.