–POSSO SABER POR QUE TEM ESSA MANCHA NA BLUSA, CASCÃO?! -gritou Cascuda com mais força ainda.

Magali e Cascão engoliram em seco. Eles não sabiam se contavam para todos que se gostavam e tal, ou se guardavam para eles mesmos, e fingir que nada nunca aconteceu entre eles.

Magali olhava para o Cascão desesperado, e Cascão tentando dizer em olhares que era para ela ficar calma senão Cascuda iria desconfiar mais ainda.

Por fim, decidiram fazer a segunda opção.

–Não aconteceu nada, Cascuda. Tipo, nada. Se você desconfia isso é problema seu, porque eu já falei o que tinha que falar. Você não queria a resposta? Então aqui está. Não aconteceu nada. -respondeu Cascão, tentando não demonstrar nervosismo.

Cascuda, pelo que ele já tinha dito, sem nervosismo e com clareza, acreditou. Ela decidiu "guardar seus cavalos".

–Ok, então. Confio em você. Se você diz que não aconteceu nada, então não aconteceu. -diz Cascuda, abraçando o Cascão fortemente.

Ufa. Eles tinham se livrado.

–Ah louca gente! Vamos combinar algum sabadaço?! Tipo, na piscina e tudo mais?! Estamos livres para fazer o que quisermos, não estamos?! ENTÃO VAMOS CAIR PRA DENTRO! -gritou Denise, para mudar de assunto. -Lá na my house, pode ser?! Ao meio-dia?! Bora bater um churras, gente?! Alguém livre segunda?!

–BELEZA! -todo mundo concordou, brindando em comemoração.

A festa terminou 4:00 da manhã. Todos tinham ido pra casa, comemorar na cama (dormindo no caso).

*Narração da Mônica*

Eu estava exausta. Quando cheguei em casa, nem tomei banho. Só escovei os dentes. Tirei meu vestido lindo e sujo, que depois minha mãe colocou pra lavar (obrigada mamãe), tirei tudo e me joguei na cama. Não deu nem cinco minutos e eu já estava roncando. De tão cansada, dormi de maquiagem. Torci para que eu não acordasse com uma espinha no nariz, na testa ou na bochecha.

Nossa. A festa foi incrível. Nem acredito que dormi no colo do Cebola. Que mágico. E ainda em cima de um balanço de madeira. Parece uma coisa bem cliché de filme de romance, mas fazer o quê? Aconteceu.

O que me deixou confusa foi o que o Cebola quis dizer com as palavras dele enquanto ele dormia. Eu admito: ele é muito fofo dormindo. Dá vontade de ficar olhando para ele enquanto dorme. Mas sério, aquelas palavras dele me deixaram confusa. Será que ele estava pensando... naquelas... coisas...? AH, MÔNICA! O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO?! QUE MENTE POLUÍDA A SUA, HEIN?! Pronto. Estou brigando comigo mesma.

Eu esperei tantos anos por ele... mas será que valeu a pena? Tipo, desde a adolescência, estamos em uns rolos e tal... Chegamos a namorar... mas deu tudo errado... Ele disse que era para eu confiar nele... e estou... Estamos "ficando" segundo a galera... uns selinhos aqui e ali... estamos sempre flertando um com o outro... MAS POR QUE AS COISAS NUNCA SE RESOLVEM?! POR QUÊ?! ESSAS COISAS ACONTECEM, E ELAS TEM NOME, MAS POR QUE NÃO TOMA POSSE EM NOSSAS VIDAS?! SEMPRE VAI SER ASSIM AGORA?! Ops, e lá vou eu brigando comigo mesma de novo.

Ás vezes eu não me entendo. Eu poderia largar o Cebola e paquerar outros meninos. Eu poderia estar saindo com outras pessoas. Eu poderia estar beijando outras pessoas. Mas eu não estou fazendo nada disso, porque parece até que eu não quero. É como se meu coração pertencesse ao Cebola desde o começo. Não sinto vontade de largá-lo, amo seus beijos, me arrepio com os seus abraços, me sinto nervosa quando estou bem perto dele... não são essas as sensações de se estar apaixonada?

*Narração do Cebola*

Cheguei em casa e a primeira coisa que fui fazer foi me atirar no sofá da sala. Não fiquei lá nem cinco minutos quando a minha mãe foi me obrigar a dormir na minha cama. Só que minha cama ficava lá em cima, no segundo andar da casa. Ou seja, escadas... meu Deus... como odeio escadas...

Tirei meu terno por inteiro e agradeço à Deus por ter me dado forças para colocar meu pijama. Deitei na cama e fechei meus olhos. Por mais cansado que eu estava, eu não conseguia dormir. Porque me lembrei dela. Isso. Da Mônica. Sempre penso nela. Sempre sonho com ela. E muitos desses sonhos são sujos. O que me surpreende um pouco, porque eu começo a suar muito quando sonho com isso. Ah, e podem parar de rir. Eu sei que vocês estão rindo disso. Eu sei o que vocês estão pensando. Mas acontece que é normal um adulto solteiro ficar desejando uma mulher em uma certa fase.

Mas voltando ao assunto, quando se trata da Mônica, amor é pouco. Eu a desejo. E tipo, às vezes me odeio pelo fato de ser tão egoísta em relação à ela. A verdade é que eu quero ela só pra mim. Eu simplesmente odeio quando outros garotos ficam olhando pra ela, principalmente pro corpo dela. Odeio quando outros garotos a desejam. Mas sabe o que eu adoro nela? Sabe o que me deixa louco por ela? O fato dela ser forte, determinada e de espírito puro. E isso é pouco. Ela ficou muito gata. Quem diria, hein? A puberdade, em algumas pessoas, faz milagres. Em outras pessoas, nem tanto. No caso dela, a puberdade veio como um foguete. Enfim, seus beijos me encantam. Me dão vontade de jogá-la na cama e beijá-la eternamente. E seu corpo... meu Deus... perfeito. Aquele corpo faz qualquer um querer fazer com ela. E seu sorriso então. Eu poderia ver aquele sorriso o tempo todo. No meu acordar e no meu adormecer.

Mas sempre tive essa pergunta na minha cabeça: por que ainda não há nada entre nós dois, se o que sentimos um pelo outro é mutual? Meu ego sempre falou tão alto assim na adolescência? Não são essas as sensações de um apaixonado? Sinto que meu ego está diminuindo aos poucos, porque comecei a sentir um desejo maior pela Mônica.

Eu quero confessar meus sentimentos pra ela. Quero dizer que a amo incondicionalmente. Quero demonstrar todo o meu amor por ela, tanto em palavras quanto em ações. Eu vou fazer algo que eu devia ter feito há muito tempo atrás. Vou pedi-la em casamento. É a única maneira de consegui-la pra mim, e somente pra mim. Claro, isso é questão de tempo. Preciso pedi-la em namoro primeiro, depois eu peço ela em casamento, ficamos noivos, fazemos festa de noivado e tal, e casamos. É isso. Eu vou confessar pra ela, em um momento e um local só para nós dois.

Agora é sério, eu vou dormir.