Olivia acordar com o coração acelerado, certamente não está animada, ela está nervosa, preocupada talvez, e sequer levantou da cama ainda.

—Respire. Mantenha a calma. –repete a frase que é como um mantra desde que descobriu estar grávida.

Desliza a mão pela barriga, está ali o seu bem mais precioso, o seu verdadeiro amor, a alegria de seus dias, está ali o seu bebê. E hoje a morena o verá, em apenas algumas horas irá ao médico para seu primeiro ultrassom. O que lhe deixa ainda mais ansiosa é o fato que Nick lhe acompanhará. A última conversa com ele durou menos de um minuto, ela apenas o avisou sobre o horário da consulta e ele logo desligou. É estranho como a relação deles está assim, tão distante, superficial, eles já se amaram, eles eram casados, Olivia ainda sente falta dele, ainda relembra o dia em que ele pediu sua mão. Ele foi o início dela e ele o fim dela. Um relacionamento que, apesar da morena não admitir, não acabou completamente.

Ao caminhar até banheiro da suíte em um ato imprevisto ela fecha os olhos e relembra o dia em que Nick a trouxe até o apartamento para contar a ela que o mesmo era deles, ele havia assinado os papeis da compra há poucas horas. Era hora do almoço, ela estava com pressa e ele com uma garrafa de champanhe nas mãos. Ela se atrasou naquele dia.

Lutando com as lágrimas, a gravidez está a deixando cada vez mais sensível, Olivia adentra o banheiro. Arruma-se com rapidez e logo caminha em direção a cozinha buscando por algo para comer, está cada vez com mais fome, e estar grávida serve como motivo para comer sem se preocupar com o peso e bom, está solteira, isso também ajuda.

Após fazer e comer uma omelete, uma das especialidades da morena na cozinha, ela encara a louça suja na pia, mas limpa-la não passa por sua cabeça, está incrivelmente cansada demais para isso, preparar a omelete tomou-lhe as forças. Então pega o celular e tecla o número de Amanda.

—Bom dia, grávida. –a loira atende animada.

—Bom dia, não grávida. –Olivia diz e ri com sua piada, que logo percebe não ser engraçada.

—Como está? –pergunta Amanda.

—Estou bem. –responde depois de pensar um pouco.

—Está pronta para o primeiro ultrassom? Quer que eu te pegue para irmos juntas?

—Estou e desculpe, mas o Nick ficou de me levar. –Olivia diz.

—Ah, ok. Nos vemos lá. –diz a loira e logo desliga sem esperar resposta de Olivia.

Olivia sabe que a Amanda ficou irritada com o fato de Nick ir leva-la, mas não pode fazer nada. Nick estará sempre presente na vida da morena e consequentemente na de Amanda.

Faltando vinte minutos para a consulta Nick avisa que está esperando por Olivia em frente ao prédio. Ao pegar o elevador a morena está tão nervosa quanto no inicio da manhã.

—Uau. –Nick estende os braços para envolver Olivia. –Olhe essa barriga. Você está enorme.

—Muito obrigada. –Olivia ri aceitando o abraço do homem.

—Se prepare, irá ficar maior ainda. Agora é rumo ao fundo do poço. –ele ri e a solta. Tê-la em seus braços é reconfortante e estranho ao mesmo tempo.

—Obrigada novamente. Ficarei um balão. Eu já entendi. –diz Olivia caminhando até a porta do passageiro.

—Realmente. Um balão. –ele ri e a encara.

—Ficarei horrível. –ela pensa a respeito.

—Não, Liv. Você é incapaz de ser “horrível”. Permanecerá tão bela quanto agora. –ele ri e tenta disfarçar o nervosismo por dizer tais palavras para sua ex.

Nick adentra o carro. Olivia faz o mesmo, está com um sorriso bobo no rosto, o nervosismo que a acompanhara desde os primeiros minutos do amanhecer sumiu e agora ela sente-se tranquila, afinal está com Nick, e ele sempre fora um cavalheiro.

—Pronta para conhecer esse meninão? –pergunta Nick colocando a mão sobre a barriga de Olivia.

—Como sabe que será um menino? –pergunta Olivia sorrindo.

—É claro que será e será tão lindo quanto o papai. –ele retira a mão e pisca para a morena.

—Claro. –Olivia ri.

Nick liga o carro e logo estão próximo ao hospital onde será realizado o ultrassom.

—Já pensou em um nome? –pergunta Nick após um curto silêncio.

—Sim. –responde Olivia no mesmo instante.

—Qual? –ele pergunta.

—Se for menina será Serena.

—O nome da sua mãe. –diz Nick balançando a cabeça lentamente.

—Isso. E se for menino será Noah.

—Algum motivo especial para ser esse? –pergunta Nick, afinal não se lembra de ninguém da vida de Olivia com esse nome.

—Não. Eu e Amanda procuramos alguns nomes e, bem, eu gostei desse. –ela responde.

—Amanda, claro. –ele diz e se cala.

Nick estaciona enfrente ao prédio e finalmente volta a falar.

—Chegamos. –diz e sem esperar resposta desce do carro.

Olivia pega a bolsa e também desce. Os dois seguem até o saguão do hospital.

—Acho que é no quinto andar. –diz ela relendo o papel que a médica lhe deu na última consulta.

—Vamos pegar o elevador. –Nick aponta para o elevador e caminha em direção do mesmo. Olivia o segue.

Assim que ele adentra o elevador aperta no botão do andar e as portas se fecham. Olivia inspira o ar e sente o perfume de Nick. Tão bom, há muito tempo não o sentia, sequer se lembrava de como era tão forte.

—Vocês estão juntas novamente? –pergunta Nick tirando Olivia de seus pensamentos.

—O que? Não. Não estamos. Somos... Apenas amigas. –responde após pensar rapidamente sobre isso.

O elevador sobe lentamente e avisa estar no terceiro andar.

—Ok. –ele diz.

—Eu escolhi meu bebê, Nick. O que você esperava? –pergunta. Vira-se para ele.

—Eu não sei. Meio que esperava que você ficasse. Que você me escolhesse. –ele diz olhando em seus olhos, Olivia sente sua alma sendo puxada para fora.

—Será que não podemos ter uma conversa que não se direcione ao fim do nosso relacionamento? –pergunta desviando o olhar.

—Talvez não. Eu só... –Nick abaixa o olhar.

Olivia permanece calada, não há o que dizer, não pode negar seus sentimentos, mas não pode declara-los para Nick. Estranhamente já passou por essa situação por mais vezes que deveria.

—Me desculpe... –Nick ergue o olhar e começa a falar, mas é interrompido por Olivia. Em um ato impensado em um momento de fraqueza ela se aproxima e junta seus lábios aos dele.

Por mais fraca que se sinta depois que o beijo acabar, agora, ela só consegue pensar em como sente falta dos lábios de Nick, do corpo, do perfume, das mãos, que estão segurando sua cintura. A barriga impede que se aproximem ainda mais, mas tê-lo em seus braços, beija-lo novamente é um alivio, como se a sede da morena estivesse finalmente cessada, acabada.

O elevador abre e apita avisando que chegou ao andar desejado. Segundos depois os dois se soltam e então, Olivia vira-se para frente, para ir em direção à sala do consultório, quando se depara com Amanda parada ali. A loira tem na mão direita um buquê e na esquerda um balão azul com “Is a boy?” escrito, ela viu o beijo e está paralisada, com os olhos fixos em Olivia.