Em meio aos soluços percebo a dor no meu coração. Lágrimas quentes escorrem dos meus olhos que ardem muito. Estou sem forças. Sinto-me cansada. Cansada de viver.

Eu fico sentada na minha cama, com os joelhos perto do meu rosto. Com as minhas mãos tento abafar o choro que nunca vai acabar. O Sol já esta nascendo e mais um dia de sofrimento se inicia. Eu não posso mais suportar isso. Já chega.

Junto todas as minhas forças, e lentamente me levanto. Vou até o guarde roupa e puxo uma gaveta. Retiro de lá uma calça preta e uma blusa de manga comprida cinza. Tiro meu pijama que está todo molhado de lagrimas, e visto a roupa. É estranho como a blusa fica folgada. Comprei ela há uns dois meses e já está completamente folgada. Devo ter emagrecido de novo.

Vou até o espelho, pego um pente e começo a pentear meus cabelos. Eles são pretos com algumas mechas roxas. Não é muito comprido, vai até um pouco abaixo do ombro e tem uma franja que cobre um pouco da minha testa.

Pego minha maquiagem e faço uma maquiagem preta, não muito pesada em torno dos meus olhos. Ficou do jeito que eu gosto.

Depois vou até a escrivaninha separo alguns papéis e começo a escrever. Escrevo em algumas folhas e ao invés de guardá-las para que ninguém as veja, eu deixo em cima de minha escrivaninha mesmo. Tanto faz penso.

Levanto-me e abro a porta do meu quarto. Antes de sair dou uma boa olhada no quarto, e murmúrio pra mim mesma: Adeus. E seguida saiu e fecho a porta.

Passo pelo corredor fazendo o mínimo de barulho possível. Vou até a porta de saída que fica na sala. Destranco- a e vou para o lado de fora. Antes de começar a subir as escadas, olho para os lados me certificando de que ninguém esta me observando.

Começo a subir as escadas pensando em casa vez que eu chorei. Cada tristeza, cada sofrimento que está escondido no meu coração. Lágrimas começam a jorrar dos meus olhos os fazendo voltarem a arder.

Aguenta Julia, já vou fazer parar!

Chego até o telhado do prédio. O clima esta bem agradável, com uma suave brisa que vai e vem, fazendo meus cabelos voarem. Ando em linha reta, até chegar à sacada.

Primeiro me sento e depois fico em pé. Olho para baixo e observo a rua. Esta vazia. Alguns carros passam, mas é só de vez em quando. Fecho os olhos e respiro fundo.

Estou a um passo da morte.