Em meio a tantos soluços, o barulho da porta sendo batida ecoou pelo quarto. Chloe, estirada pela sua cama, parou por um segundo. Não queria atender ninguém. Para falar a verdade, desde que Rachel foi encontrada, ela não tem atendido mais ninguém.

Sua cabeça doía. Fitava o teto com seus olhos inchados. Vários posters espalhados pelo quarto, assim como havia várias revistas jogadas pelo chão, juntamente com as fotos d'ela, que um dia já esteve ali, dias que nunca mais voltarão.

Ouviu uma voz familiar chamando pelo seu nome; o tom preocupado de Max era tão profundo que era impossível de Chloe não se sentir culpada por deixar de dar notícias por tanto tempo. Escutou o barulho da maçaneta ser girada e o chiar da porta sendo aberta, Chloe jurava ter a trancado, era o que sempre fazia. Chegou a erguer um pouco as sobrancelhas, surpresa. Mas era a "Super-Max" com seus incrível poderes, Chloe sabia que Max poderia fazer tudo.

Ao menos era isso que ela pensava.

A morena hesitou um pouco antes de entrar, o cheiro forte de cigarro logo vou aspirado pelas suas narinas, franziu o cenho e olhou o local de cima a baixo, que estava tão horrível quanto a própria Chloe. Max a olhou nos olhos.

O rosto magro e aparentemente cansado; o cabelo desbotado alcançou uma cor que não conseguia reconhecer -- Qualquer uma, menos o típico azul; olhos vermelhos — Não sabia se era por conta da erva ou do choro, mas não se importava; e a melancolia que pairava em si, tudo isso fez com que Max sentisse seu coração apertar. Odiava ver a amiga assim, odiava não conseguir mudar aquilo.

— Quanto tempo já se passou, Max? — Perguntou com sua voz rouca, fitando a amiga. O tempo que as duas não se viam parecia realmente grande, não pareciam dias, pareciam semanas, meses. Mesmo que Chloe tenha se isolado a apenas uma semana.

Isso porque Max de fato parecia estar mais diferente, seu rosto parecia agora como a de uma verdadeira adulta. Sua personalidade. Por mais que a pergunta de Chloe parecesse comum, para Maxine tinha um significado muito mais profundo.

— Um milhão de anos, talvez.

Chloe suspirou e voltou a fitar o teto, enquanto Max se sentava ao seu lado. O silêncio reinou por alguns longos minutos, ambas não tinham o que falar, e muito menos precisavam. Era como se as duas fossem ligadas uma à outra, sabiam o que estavam sentindo.

— Eu não consigo dormir... — As palavras foram sussurradas, quase que num tom de choro, por Chloe. As imagens de Rachel morta ainda pareciam totalmente vivas em sua mente. Max mordeu o lábio inferior, num suspiro longo. Se Chloe ao menos soubesse que Max também não conseguia mais dormir...

Porque não importava a quantidade de vezes que Max tentasse mudar o passado, Rachel sempre continuava morta, e Chloe sempre acabava morrendo de uma forma ou outra. Parecia algo inevitável, que não podia ser desfeito.

Max, porém, não iria desistir fácil.
Deveria haver uma maneira de mudar isso, nem que tenha que morrer.

Max, então, repentinamente a abraçou. A abraçou como nunca antes, como se nunca mais fossem se ver. Chloe arregalou os olhos, sem dizer uma palavra.

— Você não tem que se preocupar com isso, Chloe. — As palavras de Max soaram num tom grave, pesado, mas com um tom acolhedor. Chloe apenas retribuiu o abraço, enquanto desabava em lágrimas.

— Eu vou fazer tudo ficar bem, por você.

... Mesmo se eu tiver que causar um tornado para que isso aconteça.