I am the Target escrita por Hawtrey, KCWatson


Capítulo 6
Baby


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curtinho, mas meio necessário para o futuro.
Espero que gostem!



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— Tem certeza que está bem Kitty? — Joan perguntou mais uma vez.

Eu já disse Joan, estou bem. Não se preocupa, okay? — insistiu Kitty do outro lado da linha — Sherlock me explicou tudo, conversei com o Capitão Gregson e ele acha melhor eu ficar por aqui até as coisas se acalmarem por aí. Estou do outro lado do oceano, longe de todos, esse cara maldito não vai conseguir me pegar tão cedo. Sherlock concordou.

Joan respirou fundo e decidiu ceder. Primeiro Kitty pediu três dias fora, agora já estava longe a semanas e em um lugar completamente desconhecido. Querendo ou não, ainda a queria do seu lado, só para ter certeza de que estava mesmo bem.

— Tudo bem, mas tome cuidado — pediu em tom cansado — Holloway é doido.

Eu sei mamãe — Kitty respondeu irônica — Prometo não falar com estranhos, trancar as portas e janelas e não sair à noite.

Ela riu e se despediu, insistindo para que tomasse cuidado. Ainda estava com medo, com medo de perder alguém por causa de Holloway. Jamais se perdoaria se isso acontecesse. Kitty estava bem, Holloway não havia feito nada a ela ou a mais ninguém e a essa altura Joan já não sabia se compreendia as palavras da ameaça dele. Tentou pensar, tentou mesmo, mas toda vez que lembrava do dia anterior só conseguia pensar no beijo.

Droga, havia beijado Sherlock Holmes! Depois de tanto negar, fugir, trocar de casa e se distanciar o máximo possível, bastou um único e mínimo momento de fraqueza para ceder ao que sentia por ele. Odiava-se por isso. Tudo bem, ele teve a iniciativa, mas ela correspondeu. Fora tão sincera naquele beijo que corava só de lembrar.

Droga!

Por que ele tinha feito aquilo? Ainda podia sentir o toque dele em seu rosto, na sua nuca e na sua cintura. Um toque que queimava como brasa e que a fazia concluir que estava terrivelmente ferrada. Terrivelmente apaixonada.

Largou o celular em cima da cama e respirou fundo, bem fundo, tentando acalmar as batidas em seu coração e os pensamentos impróprios de sua mente traíra. Havia acabado de chegar do hospital e pediu três dias de licença, três dias longe de Sherlock. Ele compreendeu e não insistiu no assunto, claro. Mas ela sabia que a lembrança queimava na mente esperta dele assim como queimava na sua mente confusa.

— Fica calma, Watson!

Controlou um desejo insano de quebrar algo na parede. Nunca deveria ter correspondido àquele beijo. Onde estava com a cabeça afinal? Talvez nas nuvens?

— Droga!

Subitamente sentiu todo o quarto rodar e se apoiou na parede para não cair. O que estava acontecendo? Então a ânsia veio e ela se viu correndo para o banheiro, deixando ali o pouco que tinha comido no hospital. Sem forças, deixou o corpo cair sobre o piso frio do banheiro e respirou com dificuldade.

— Mas essa...

Não podia ficar doente, não mesmo. De jeito nenhum. Nem mesmo uma gripe. Não voltaria ao hospital e não daria motivos para Sherlock se preocupar mais do que já estava se preocupando.

— Joan?

Ela arregalou os olhos. Sherlock estava na casa. Por que? Ela tinha pedido um tempo sozinha! Forçou-se a levantar, não poderia ser vista naquele estado. Só que assim que conseguiu se firmar entre os dois pés e ergueu a cabeça o viu.

Sherlock estava parado na porta do banheiro e a fitava totalmente paralisado.

— O que faz aqui? — ela perguntou com dificuldades indo lavar a boca.

— Estava indo embora quando sua vizinha disse que tinha escutado barulhos estranhos ontem a noite... quando o apartamento deveria estar vazio — ele respondeu sem tirar os olhos dela — Eu vim pra ter certeza de que estava tudo bem.

Joan o fitou pelo reflexo do espelho e lamentou seu azar ao ver a preocupação estampada no rosto dele.

— Está tudo bem — afirmou veementemente tentando convencê-lo.

— Você está pálida.

— Estou bem.

— Você não consegue mentir pra mim.

O olhar dele foi acusador, mas o tom de sua voz foi temeroso. Ele estava pensando em Holloway e no quanto estava destruindo a vida deles e a saúde de Joan.

— Tome um banho, eu farei comida pra você. Espero lá embaixo.

Antes que ela protestasse Sherlock fechou a porta.

— Se você demorar mais de dez minutos eu derrubarei essa porta! — ele gritou do outro lado — E vou provar a comida antes de você, só pra ter certeza da falta de veneno nela!

Ela acharia engraçado se não fosse trágico. Sherlock ali no seu apartamento depois daquele beijo significava problemas, problemas que provavelmente a deixariam louca até o final da semana.

Por favor, que ele não queira falar sobre o assunto.

Respirou fundo mais uma vez e se apressou em tomar banho, algo lhe dizia que ele estava falando sério sobre derrubar a porta.

***

— O cheiro está bom — comentou entrando na cozinha.

Sherlock se virou apenas para lhe lançar um sorriso convencido e em seguida voltou sua atenção para a panela sobre o fogão.

— Não fique tão surpresa, eu sei cozinhar muito bem.

— Oh eu sei disso — ela retorquiu sentando no sofá — Eu não estou surpresa. Você cozinha como um deus, mas é uma preguiça humana.

— Essa foi uma comparação um pouco exagerada — Sherlock comentou enquanto servia a comida.

— Na verdade foi uma comparação perfeita, principalmente a parte da preguiça.

— Fico surpreso com essas palavras.

— De nada — Joan implicou sorrindo.

— Aqui está — ele lhe entregou o prato com comida e sentou-se ao seu lado — Falou com a Kitty?

— Ah sim, ela disse que tomaria cuidado e trancaria as portas. E as janelas. E que não sairia mais durante a noite.

— Boa garota.

— Espera — pediu Joan com o garfo em mãos — Você provou isso aqui? Sabe, veneno.

Sherlock sorriu e acenou, confirmando.

— Ótimo — ela disse antes de ligar a televisão e começar a comer.

Tentou prestar atenção no comercial ridículo que passava, mas a presença de Sherlock era gritante em sua mente. Mesmo que ela tentasse manter alguma distância discreta, suas pernas ainda se tocavam e isso a incomodava. Muito.

— Não vai me contar o motivo de estar passando mal? — Sherlock questionou fingindo prestar atenção na televisão.

— Deve ser consequência do que aconteceu — ela respondeu vagamente tentando fugir do assunto.

— Não deveria voltar ao hospital?

— Oh não, não quero voltar lá tão cedo. Odeio hospitais.

— Trabalhava em um — Sherlock lembrou franzindo o cenho.

— É por isso que odeio.

— Mesmo assim deveria voltar.

— Não insista Sherlock.

— Então chame um médico.

— Não.

— Você está grávida?

Joan arregalou os olhos e o fitou, completamente surpresa:

— Como é?

— Perguntei se está grávida — ele repetiu também a fitando.

— Nem toda mulher que vomita está grávida.

— Mas não é somente isso. Você parece... grávida.

Joan franziu o cenho completamente descrente sobre o que estava ouvindo.

— Tenho cara de grávida pra você?

— Foi o que acabei de dizer Joan — Sherlock respondeu antes de engolir mais engolir mais comida.

— Por acaso está me chamando de gorda?

Sherlock revirou os olhos e abaixou o garfo:

— Eu não disse isso, nem nada parecido com isso. Eu disse que você tem cara de grávida, em outras palavras, parece uma mãe. Sabe, mães tendem a mudar sua fisionomia e seus modos desde a primeira gestação, às vezes nem percebem isso. Você tem isso.

Joan quase riu. Bem que queria estar grávida, pelo menos assim teria uma chance de se afastar de tudo isso e ainda pensar em mais alguém além de Sherlock. Amar alguém incondicionalmente.

Será que a adoção demora muito?

Sacudiu a cabeça logo em seguida. Não Joan, nada de filhos pra você.

— Você está pensando no assunto — notou Sherlock colocando o prato de lado e focando sua atenção nela — Isso quer dizer que está grávida e está imaginando como vai ser quando nascer? Ou que não está grávida, mas queria estar?

Joan revirou os olhos e tentou fugir do assunto:

— Não acha que se eu estivesse grávida você descobria no hospital?

Sherlock pensou por alguns segundos e confirmou:

— Verdade, eu não tinha pensado nisso antes. Então isso significa que é a segunda opção, você quer um bebê. Já tem um pai em mente? Se quiser posso me candidatar.

Ela sentiu a comida parar no meio do caminho e tossiu, engasgada. Era impressão sua ou Sherlock estava se oferecendo para ter um filho com ela?

— O que você disse? — perguntou ainda sem ar.

— Ora, apenas perguntei como e com quem quer ter um filho.

— Não vamos falar sobre isso, okay?

— Tudo bem, você não se sente à vontade com assunto.

— Vamos falar sobre o motivo de você deixar que um médico pensasse que eu era sua esposa.

Sherlock bufou e revirou os olhos.

— Não acredito que ela te contou isso.

— Andreia não perderia a chance — Joan esclareceu sorrindo internamente.

— Não fui eu que te chamei assim! — ele tentou explicar começando a ficar agitado — Ele que te tratou como minha esposa.

— E por que não o corrigiu? É o que faria nessas ocasiões.

— Eu estava mais preocupado em saber se você ia viver ou não — Sherlock respondeu sincero.

O sorriso de Joan se perdeu em algum lugar entre a culpa e a raiva. Raiva pelo o que Holloway havia feito, por ter criado essa preocupação extrema em Sherlock e por quase tê-la matado. Culpa por ser a arma mais letal contra Sherlock.

O que melhoria se ela simplesmente se afastasse?

— Não pense no que aconteceu — pediu Sherlock — Vamos pegá-lo, eu prometo.

— E se não conseguirmos?

— Nós sempre conseguimos Joan.

Sherlock de repente se levantou e animado, aproximou-se da televisão.

— Então sra. Holmes, que tal um filme hoje?

Joan sorriu e o acompanhou:

— Pode escolher, eu vou fazer pipoca.

Antes que atravessasse o cômodo escutou batidas na porta. Imediatamente se virou para Sherlock e encontrou o olhar alerta dele.

— Estava esperando alguém?

Ela negou e se aproximou da porta.

— Espera — pediu Sherlock indo na frente.

Joan sentiu o coração começar a bater mais forte. Será que finalmente Holloway decidiu enfrenta-los cara a cara? Ou havia jogado uma bomba ali?

Mas quando a porta se abriu ela recuou, não de medo, mas de surpresa.

— Andrew?

O homem a fitou de volta também parecendo surpreso. Seu olhar vagou entre ela e Sherlock, e deles para o buquê de flores que segurava.

Ah não...

— Joan... oi.

— Oi — ela esboçou um sorriso amarelo.

Andrew pigarreou e se remexeu constrangido sob o olhar gélido de Sherlock.

— Senhor Paek? Algum problema?

— Não, claro que não — Andrew se apressou em responder — Eu só vim trazer as flores e a correspondência de Joan, estavam com o porteiro e não vi problema em trazer.

— As flores também estavam com o porteiro? — Sherlock questionou.

— Sim, ele disse que Joan proibiu a entrada de qualquer estranho.

Joan forçou um sorriso e se aproximou para pegar as coisas, mas Sherlock foi mais rápido e arrancou tudo das mãos de Andrew que lhe lançou um olhar estranho.

— Sabe que todo cuidado é pouco — ele esclareceu.

— Precisa parar de ser tão super protetor — resmungou Joan revirando os olhos.

Mas Sherlock a ignorou e começou a remexer o buquê a procura de algo e em seguida devolveu o buquê para Andrew.

— Muito obrigado senhor Paek, foi um prazer revê-lo.

E fechou a porta.

— Por que você fechou a porta na cara dele? — Joan perguntou exasperada.

— Não vamos socializar com ninguém até Holloway ser preso.

Joan revirou os olhos:

— Não vou me excluir do mundo até ele ser preso.

— Mas deveria — Sherlock insistiu colocando as correspondências sobre o balcão da cozinha.

— Já conversamos sobre você controlando minha vida.

— Estou apenas sugerindo.

Ela bufou e decidiu esquecer o assunto.

— Tudo bem, encontrou algo nas flores?

— Apenas esse cartão.

Joan pegou o pequeno cartão das mãos dele com cuidado e o leu com atenção:

Alegro-me com as futuras novidades.

Meus eternos parabéns Senhora Holmes.

Com muito amor, Hector.

— Ele não esquece esse negócio de senhora Holmes? — questionou confusa com aquelas palavras — Será que ele também acha que estou grávida?

— Futuras novidades — repetiu Sherlock — Significa que ainda vão acontecer.

— Bom, então vamos nos livrar de qualquer coisa nova que possa acontecer em nossas vidas por enquanto.

— Eu vou escolher o filme logo.

Joan acenou e concordância e pegou as correspondências. Imediatamente reconheceu a letra de Holloway logo no primeiro envelope, uma carta. Suspirou e tentou se manter inexpressiva, Sherlock não precisava saber da existência dela.

— O que acha de uma maratona de House?

Escondeu discretamente a carta de Holloway entre as outras correspondências e se aproximou de Sherlock que sorria.

— Pensei que fosse escolher um filme.

— Mas House é tão bom quanto, talvez até melhor que muitos filmes por aí.

— A diversão de ver um filme novo é que não sabemos o roteiro — Joan retorquiu cruzando os braços — Você sabe todas as falas do House.

— Só porque ele é previsível — ele se defendeu.

— Não, é porque ele é parecido com você.

— E isso é ótimo. Ele é médico e é parecido comigo — Sherlock argumentou já preparando a maratona — Uma união perfeita de nós dois!

Joan sorriu e virou-se, voltando para o fogão.

— Tudo bem, coloque. Vou fazer a pipoca.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Querem um baby pra ela? Não gosto muito dessa ideia u.u



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