I am the Target escrita por Hawtrey, KCWatson


Capítulo 30
Ingenuidade básica


Notas iniciais do capítulo

Então gente, sinto muito pela demora. Eu tive que fazer muitas coisas e na semana de folga do Natal fiquei bem ocupada, mas aqui está. Considero um capítulo bem simples, porem necessário. Ele ficou bem grande, então eu dividi em dois. Isso significa que o outro já está pronta, mas postarei somente na proxima semana e sim, o proximo capitulo será o ÚLTIMO dessa fic.
Para quem me escutou e me aconselhou, eu estarei fazendo uma segunda temporada de I am the Target, e por gentiliza e educação, só terminarei essa primeira temporada quando já estiver com pelo menos o primeiro capítulo da segunda, acho bem justo.
Então é isso, no proximo capítulo explicarei um pouco mais sobre o que vou fazer.
Boa leitura, espero que gostem!
♥ ♥ ♥



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Havia uma certa elegância em cada mente humana. Podiam ser agrupadas, organizadas por padrões ou ideologias, objetivos ou métodos de funcionamento, podiam ser separadas e isoladas pelos mesmos motivos. E ainda assim algo sempre as distinguiria entre si, um ato, pensamento ou imprevisibilidade, um pouco disso ou tudo isso. Essas diferenças podiam formar o maior exército pela paz ou o maior caos pela guerra, podiam formar humanos inertes e ignorantes a qualquer grito que ocorresse ao seu redor ou fazê-los morrer por qualquer desconhecido. Pessoas podem morrer ou lutar, gritar ou se calar, matar ou sofrer... exatamente pelos mesmos motivos.

Generalizar os tornaria imprevisíveis demais, haveria sempre alguém do lado contrário que não poderia ser subestimado. Era perca de tempo tentar entendê-los e extremamente frustrante para quem se arriscava.

  Sherlock tinha certeza de que já vira o suficiente e isso o fazia ter firmeza em suas deduções. Quase nada o surpreendia. No entanto, recentemente descobrira que esse “quase” era grande demais para ser ignorado e ironicamente, esse “quase” se resumia a duas únicas pessoas. Hector Holloway e Andreia Berns.

O que havia por trás das palavras diretas – e inesperadamente sinceras – do homem obcecado?

O que havia por trás de uma amizade longínqua, porém falsa, de uma mulher sagaz?

Era o medo das respostas para essas perguntas que o faziam gritar para o Capitão Gregson acelerar o carro, que já derrapava pelas ruas Nova-iorquinas a tempo demais para uma distância pequena que separava o Sobrado do apartamento de Joan. Seu pulmão ardia porque não estava preocupado em respirar normalmente naquele momento, sua cabeça latejava como uma pequena e injusta punição por deixar passar algo tão crucial e suas mãos tremiam porque Joan Watson não atendia o celular.

Por que ela não atendia o maldito celular?

― Conseguiu falar com o Forllet? ― Gregson perguntou enquanto virava a última rua.

― Ele disse que não conseguiu contato com seus homens e estava a caminho do apartamento ― Bell respondeu agitado, inclinando-se para ver melhor a continuação da rua onde havia dois carros parados e uma pequena comoção do lado de fora ― Acho que ele já chegou.

Sherlock saltou do carro e correu, adiantando-se em direção a entrada do apartamento que começava a ser cercada. Mãos firmes e rudes o impediram.

― Não pode entrar lá! ― Forllet exclamou o arrastando para longe.

― O que está fazendo? Joan está lá dentro!

― Não!

Um som estrondoso obrigou todos a se abaixarem, por medo e instinto de sobrevivência. Uma das janelas do terceiro andar havia se estilhaçado e agora era a única saída das chamas densas e flamejantes, o apartamento de Joan havia acabado de explodir.

― Joan! ― Sherlock soltou um grito desesperado, seus joelhos fraquejando e as mãos sustentando quase todo o seu peso, vozes alteradas chamando sua atenção.

― Senhor Holmes ― Forllet gritou enquanto o levantava ― Senhor Holmes! Joan não está lá, ela não está no apartamento!

Sherlock demorou alguns segundos vagos para compreender a informação e forçou seu corpo a reagir, de maneira mais útil dessa vez. Encarou Forllet e agarrou seu terno desalinhado.

― Onde? Onde ela está? ― balbuciou.

― Não sabemos. O porteiro disse que eles saíram a mais de dez minutos, Joan, Holloway e uma mulher desconhecida, loira. Talvez seja Moriarty.

― Não. Berns...

― Quem?

Sherlock sacudiu a cabeça, tentando clarear sua mente e colocar alguma certeza em sua voz.

― Não é Moriarty, é Andreia Berns. A amiga de Joan, médica.

Forllet arregalou os olhos e se afastou com o celular grudado na orelha, gritando ordens sobre localização e ditando as características da médica, mas já pressionava suas têmporas tentando pensar. Andreia Berns. O que Joan falara sobre ela? Nada, ela não costumava falar sobre seus amigos, na verdade nem estava falando direito sobre qualquer coisa. O que sabia sobre Andreia? Era médica, ginecologista. Se tivesse sorte essa seria uma informação verdadeira.

― Liguem para o Hospital Mount Sinai ― gritou para Gregson e Bell ― Peguem informações sobre Andreia Berns. Vamos para a delegacia, precisamos rastrear uma ligação.

O caminho até o Departamento de Polícia de Nova York foi alimentado com sirenes ruidosas, vozes exasperadamente explicativas e desvios quase danosos. Sherlock não estava com alguma paciência para explicar no que sua mente trabalhava e como estava tentando entender a situação, mas não queria perder tempo fazendo isso enquanto deveria estar localizando Andreia.

― Tem certeza Holmes? ― Gregson gritou por cima dos ombros.

Sherlock rosnou e se lançou para frente no banco, gritando em resposta:

― Isso é alguma brincadeira? É claro que eu tenho certeza!

― E como sabe que Berns ainda está com o celular? Ou que vai atender?

― Estou rezando para que ela não saiba das câmeras no Sobrado, assim não tem como imaginar que vi os vídeos.

― Rezando? Espero que seja para o Deus certo!

***

Joan sacudiu a cabeça tentando se livrar da tontura, seus olhos estavam embaçados e o mundo ao seu redor parecia lento demais para o que estava acostumada. Estava sentada sobre um chão úmido e suas mão estavam amarradas a frente do corpo, as cordas tão apertadas que machucavam seu pulso e a prendiam em uma grossa barra de ferro. Olhou ao redor, para a sala isenta de moveis e de qualquer outra presença que não fosse barras ou canos, sentindo o seu pescoço doer no ato. Não tinha ideia de onde estava.

Fechou os olhos e repassou suas ultimas lembranças mentalmente. Entrou em seu apartamento quase abandonado apenas para fazer suas malas e seguir para o avião, que iria para algum lugar escolhido por Forllet e Joshua, mas Holloway já estava esperando por ela lá dentro e não estava sozinho. Andreia, sua amiga desde a faculdade, estava com ele. Surpresa não parecia a palavra correta para classifica-la no momento, Joan diria que estava mais para assustada.

Completamente assustada.

Nunca, em todos os anos de amizade, Joan notou algo suspeito ou questionador em Andreia. Ações ou opiniões, absolutamente nada a fazia imaginar que a amiga na verdade estava contra ela. Não havia o que pensar, não havia fatos, nem suspeitas, Joan não conseguia entender o que levara Andreia até aquele ponto e nem tinha como.

Remexeu-se testando seus movimentos e imediatamente abriu os olhos quando sentiu um objeto próximo de sua perna. Era seu celular, jogado ali sutilmente como se tivesse caído de seu bolso.

Hesitou. Podia ser recente, mas sabia perfeitamente bem que Holloway ou Andreia não deixariam o celular para trás, como um descuido amador. Então se o aparelho estava ali, havia um motivo e esse motivo poderia ser uma vantagem para eles. Ponderou sobre a possibilidade de ligar para Sherlock. Quais seriam os riscos? Encontrar a localização dele? Gravar a conversa? Acionar uma bomba perto dele com apenas uma ligação?

Esse ultimo pensamento fez suas mãos tremerem e seus dedos apertarem o aparelho com força. Aquilo tudo a estava enlouquecendo, tornando-a paranoica. Os venenos de Holloway, a traição de Andreia, a mentira de Michael Morstan. O que poderia haver mais? O que mais poderia estar escondido entre as entrelinhas do plano de Holloway? Não muito, é o que ela esperava.

Respirou fundo e tomou uma decisão, discando os números de Sherlock. Aprendera muito com ele e depois da lição de observar cada mínimo detalhe, havia a despreocupação com uma consequência. Com ou sem riscos, ligaria, porque nunca teria certeza do que poderia acontecer e se prender ao medo de arriscar poderia significar perder sua única chance.

Joan não perderia a chance, mesmo que tudo lhe dissesse que o celular deixado ao seu lado era mais proposital do que um descuido.

Sherlock atendeu no segundo toque.

Joan?! É você?!

Ela escutou uma interferência no som e algumas sirenes, mas não era hora de fazer perguntas.

― Sherlock eu vou ser rápida, não sei se é seguro falar ― ela respondeu apressadamente ― Estou bem, dentro de uma sala... er... antiga, as paredes estão machadas e o chão úmido, tem alguns... canos e barras de ferro aqui dentro, estou presa a uma delas.

Tente ficar calma.

― Estou calma, só não sei quanto tempo tenho.

Okay, há alguma janela? Abertura? ― Sherlock perguntou, havia um pânico controlado em sua voz.

Joan gastou alguns segundos para ter certeza de que não havia deixado passar alguma abertura.

― Tem uma abertura no meio da porta metálica, não maior que um celular. Mas nada de janela.

Metálica?

― É só o que posso concluir daqui.

Tudo bem, fique comigo Joan. Isso é importante. Não desligue.

Joan hesitou, ligou esperando fazer o oposto. Ia apenas dizer o máximo de informações que havia conseguido captar e desligaria o mais rápido possível.

Joan?

― Estou aqui.

Diga-me como está, de verdade. Quero uma avaliação médica.

― Não tenho certeza ― ela suspirou ainda olhando ao redor ― O meu pescoço dói, mas é só. A minha cabeça está um pouco confusa, meio lenta... tonta... mas acho que é normal. Só estou preocupada em manter a calma e...

Joan se calou. Um som estranho vindo dos canos chamou sua atenção, cada um deles começou a tremer levemente, como se precisassem de algum esforço para voltarem a ser utilizáveis.

Joan?

Joan, fale comigo!

― Espera ― pediu enquanto se levantava com certa dificuldade, apoiando as mãos com o celular nas barras, depois se encostando a elas e voltando a colocar o aparelho na orelha ― Tem algo errado.

Como o quê? ― Sherlock perguntou.

Ela começou a notar o inicio do desespero na voz dele e repensou sobre a ideia de lhe passar o que via.

― Algo com os canos ― respondeu por fim. Estreitou os olhos para a parede mais próxima, ao seu lado, onde a tinta estava um pouco desgastada. Levou as mãos até o ponto e usou as unhas para raspar o local, fazendo um barulho incomum no processo. Arregalou os olhos ― Droga...

O que houve?

Como se o azar quisesse lhe mostrar uma prova do problema, Joan soltou um grito assustado quando sentiu algo gelado fazer seu corpo se arrepiar e tarde demais notou a água começando a se espalhar pelo chão.

Joan!

― Merda ― xingou quando notou a baixa temperatura da água ― Merda.

Inferno, me diz o que está acontecendo! ― Sherlock exclamou impaciente.

― As paredes são de metal e tem... água saindo dos canos, água fria ― Joan respondeu olhando desgostosamente para a água gélida que não escapava pelas frestas da porta ― É uma espécie de tanque. A sala está enchendo.

Respirando fundo começou suas mãos começaram a tremer com certa violência, então voltou a olhar para a pequena abertura na porta.

― Não vai encher para sempre, tem a abertura na porta, lembra?

Houve silêncio do outro lado da linha, Sherlock estava pensando, não no que poderia vir, mas em como livrá-la do inevitável.

Quão fria está água?

Joan prendeu a respiração, não pela conclusão dele – que já a atormentava desde o primeiro jato de água, mas porque viu, um pouco mais adiante, um rastejar discreto e longo. Escuro demais para ser a água, ativo demais para ser o chão. Como uma cobra, exatamente como uma. Rapidamente seus olhos vasculharam o resto do piso do cômodo, encontrando outras situações semelhantes. Então compreendeu o motivo de ainda estar com seu celular, porque a situação fatalmente seguiria uma cadeia inevitável de eventos.

Morreria pelo frio ou pelas cobras, Sherlock não chegaria a tempo.

― O suficiente.

***

― Como não consegue localizar? ― Sherlock questionou abaixando o telefone por alguns segundos.

― Nós conseguimos ― o oficial se apressou em corrigir, talvez intimidado pelo olhar de Sherlock ― Só não é exato.

― Me dê algo!

― Não podemos ter certeza, Sr. Holmes. O sinal está falhando ― o oficial voltou a olhar as telas duas telas do computador e arregalou os olhos ― Na verdade, o sinal acabou de sumir.

Sherlock estreitou os olhos e voltou a colocar o celular no ouvido. A linha estava muda.

― Droga! ― xingou enquanto se aproximava do oficial ― Nos dê o que conseguiu, seja o mais especifico possível.

O oficial Downer se atrapalhou e rapidamente se inclinou para a tela, balbuciando o que lia:

― Certo... triangulei o sinal até um ponto a cerca de cinquenta minutos daqui, em Westbury. Algum lugar entre Avenida Linden e Madson Street. Mas algumas estradas podem ser restritas ou-

― Vamos Capitão ― Sherlock cortou lhe dando as costas ― Nós podemos arriscar perder mais tempo.

***

Joan resmungou enquanto olhava o celular mergulhado nos poucos centímetros de água que já se acumulavam. Assustara-se com um pequeno toque em sua perna, que imaginou ser uma cobra. Bom, não era, e agora estava sem celular e sem conseguir se mover. Estava começando a odiar cobrar e sua falta de conhecimento sobre elas, se ao menos soubesse reconhecer se eram venenosas...

Um barulho na porta a assustou novamente.

― Joan?

Arregalou os olhos e conteve a reação inútil de se mover na direção da voz.

― Lin? O que faz aqui? Como conseguiu me encontrar?

― Oh, ainda bem que acordou ― Lin soltou aliviada pela pequena abertura da porta, sua voz sendo acompanhada pelo barulho metálico do molho de chaves ― Essa sala vai encher bem rápido, você não pode ficar aí.

― Lin!

― Que tal sair dai antes e perguntar depois?

Segundos depois Joan escutou uma breve buzina e a água começou a escorrer por algum lugar que não se preocupou em procurar. Não tentou olhar para as cobras no chão molhado quando a porta foi aberta, mas lançou um olhar sério a irmã.

― Certo ― ela cedeu enquanto cortava as cordas do seu pulso ― Holloway é um idiota e acha que ainda estou do lado dele, por dinheiro. Eu ajudei Andreia a entrar no Sobrado para nocautear Sherlock e coloquei os dois no seu apartamento essa noite, tirar você daqui é o mínimo que posso fazer.

Joan se obrigou a ignorar seus questionamentos e murmurou um agradecimento antes de segui-la para o corredor vazio. Qualquer explicação pessoal teria que esperar.

― Onde estão todos?

― Não sei ― Lin sussurrou incerta ― Mas não pude perder a oportunidade, esses corredores quase nunca estão vazios. Era agora ou nunca, acredite em mim.

― Pelo menos sabe como sair ― Joan afirmou tentando ser otimista.

― E se algo der errado, Kitty está na esquina esperando por Sherlock. Ele não deve demorar.

― Espero que esteja certa. Ligou para ele?

― Kitty ligou.

― É muita ingenuidade achar que vão sair tão fácil, não?

A voz de Andreia a fizeram parar, cada uma lamentando mentalmente em seu próprio tom enquanto se viravam para encarar a loira e notar sua arma na direção delas.

― Então... Wen? Watson? ― Andreia continuou sorrindo maliciosamente ― Não quero ser chata, mas a próxima jogada é minha.


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