Frágil escrita por Matthew McCarty


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Mais um one-shot, esta vez sobre Nebuya e Reo, porque esse casal tem que receber mais amor.

Espero que gostem.



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gil.
Para ele, Reo sempre tinha sido frágil. Mesmo sendo alto e forte, se comparado com o corpo de Nebuya, o garoto de olhos verdes era pequeno e frágil. O próprio Reo achava isso, pois tentava se desviar das mãos do maior sempre que este ia dar-lhe um de seus amigáveis e estupidamente fortes tapas “motivacionais”. Era assim desde que terminaram na mesma sala e no mesmo clube na Rakuzan.
Nebuya ainda lembrava-se de uma das vezes que Reo não conseguira se desviar de um tapa seu. Estavam no terceiro ano, Akashi mantinha-se como o capitão, porém agora o clube era muito mais divertido já que este inspirava respeito e não medo. O ruivo estava conversando com um aluno do primeiro ano, que se mostrara um bom jogador, enquanto o resto treinava. Reo tinha conseguido parar o drible de Kotarou e feito uma cesta de três pontos. Ele quis parabeniza-lo, afinal não é qualquer um que consegue parar um drible do energético loiro, então tomou impulso com sua mão para dar-lhe um tapinha nas costas. Reo foi pego desprevenido e o tapa acertou-lhe em cheio, o que retirou todo senso de equilíbrio do menor e quase o fez ir ao chão.
A sensação de segurá-lo nos braços pela primeira vez, impedindo sua queda, fora o que deixara algumas coisas muito claras na cabeça de Eikichi. A primeira coisa foi que tinha que tomar mais cuidado com Reo, ou poderia terminar machucando-o. A segunda foi que o corpo deste era cálido, tanto que podia sentir o calor de sua pele sobre as roupas deste. A terceira foi que o menor ficava realmente adorável corando e fazendo um biquinho enquanto reclamava de sua brutalidade. E a última coisa que notou foi que estava irremediavelmente apaixonado por ele.
Podia parecer estranho, mas ao protegê-lo naquela ocasião, se deu conta do quanto gostava do moreno. E também percebeu que logo teriam que se separar. Em alguns meses era a graduação e cada um seguiria seu caminho. Seu coração errou duas batidas ao perceber tudo isso enquanto ainda segurava Reo pela cintura. Precisava fazê-lo saber, Reo precisava saber aquilo que tinha percebido ou passaria a vida se arrependendo por ter se calado e deixado o menor ir embora.
Tudo aconteceu muito rápido a partir dali: seu braço puxou o corpo alheio para mais perto, fazendo o menor se calar e corar mais ainda. Todos os membros do clube pararam o que estavam fazendo e ficaram observando-os, incluindo Akashi, que abaixou sua prancheta para vê-los melhor. Com o rosto todo vermelho e com um leve gaguejar, Reo perguntou-lhe o que estava fazendo, mas a pergunta foi completamente ignorada.
- Eu gosto de você – sim, lembrava-se e muito bem da reação de seu querido Reo ao ouvir aquilo. O rosto vermelho ficou repentinamente branco, os olhos arregalados e a boca aberta num pequeno “o” adorável. Em algum lugar da mente de Nebuya ele se lembrou de que, no ano anterior, Reo tinha confessado que gostava de alguém de seu time, mas nunca tinha revelado quem era. Aquilo deveria ter sido um freio, mas ele pouco se importou. O máximo que receberia seria um não, certo? Quase um minuto se passou enquanto a quadra toda ficava em completo silêncio, esperando o desfecho daquela situação.
De repente, Reo levantou a mão e todos ficaram tensos, pensando que o maior receberia o pior tapa na cara que algum ser humano tinha recebido, porém a mão do menor tampou sua própria boca, para tentar esconder sua risada. O que não funcionou, é claro, já que esse era o único som no recinto.
- Você é sempre tão direto – fora a resposta de Reo, enquanto se acomodava nos braços do maior. - Se me levar para jantar sábado a noite naquele restaurante que você gosta, talvez eu lhe dê minha resposta.
Com um sorriso, Nebuya soltou Reo e, com um estalar de dedos, Akashi ordenou que a prática continuasse normalmente. Ninguém se surpreendeu quando, na segunda da semana seguinte, Reo chegou no clube quase pendurado no braço de Nebuya, reclamando com ele porque este chamava a moça da cantina pelo primeiro nome. Muito menos quando Reo insistiu que o outro se trocasse só depois que ele tivesse terminado (mesmo que o maior já o tivesse visto se trocando incontáveis vezes nos últimos anos).
Não demorou muito para que ambos começassem a chegar ao clube com algumas marcas no corpo, deixando claro que a relação dos dois estava subindo de nível. No inicio todos tinham certa pena de Reo, já que Nebuya era bem conhecido por ser bruto, mas depois de verem o estado das costas e braços do moreno, eles tiveram que aceitar que ambos eram bem intensos. Intensos ao ponto das marcas do maior se tornarem feridas, sendo estas provocadas pelos dentes e unhas de Reo. Mas as marcas em Reo sempre desapareciam um ou dois dias depois.
Na escola, jamais sofreram nenhum tipo de preconceito: se Akashi Seijurou permitira sua relação, ninguém na Rakuzan seria louco o bastante para julga-los. Mesmo os que não os aprovavam, respeitavam o amor de ambos. Quando a escola terminou, eles decidiram ir morar juntos, num pequeno apartamento em Tóquio, enquanto ambos cursavam faculdades diferentes. Não demorou muito para que arranjassem um bom emprego e pudessem se mudar para uma casinha confortável, de dois pisos e um lindo jardim.
Certa vez, um grupo de pirralhos valentões os vira sair de um restaurante juntos e os encurralaram num beco sem saída, com paus e pedras para agredi-los. Reo não foi tocado por nenhum deles. Nebuya não se segurou naquele momento, mandando ao chão um por um dos pirralhos. Deixá-los inconscientes fora muito pouco para o maior, mas Reo pediu-lhe que não machucasse ainda mais os meninos. Chamaram a ambulância, mentindo para os médicos sobre o acontecido, dizendo-lhes que os viram apanhar de um outro grupo de garotos que fugiu assim que chegaram. Os meninos não abriram a boca para dizer a verdade, já que seus pais agradeciam a ambos por salvarem seus filhos. Depois disso, não voltaram a ser importunados.
Todos os dias que permaneceram juntos, Nebuya tratou seu amado com toda a gentileza e cuidado que podia. Reo recompensou cada ato de carinho, amando-o cada dia mais. Entregaram-se um ao outro muitas e muitas vezes, discutiram algumas vezes, mas sempre voltavam sorrindo um para os braços do outro. Eles se amavam, era uma certeza absoluta. Akashi diversas vezes os visitara, cheio de presentes e agrados para ambos, contente que a vida de seus amigos tinha dado tão certo. Kotarou tinha ido morar perto dali, já que dizia sentir muita falta deles no seu dia a dia e também passou a visita-los com frequência.
Mesmo com tantas responsabilidades e visitas, ambos aproveitavam seu tempo livre ficando sozinhos, deitados na cama, juntos num abraço cheio de carinho. Especialmente em noites onde a chuva era forte e os raios cortavam o céu de Tóquio, quando Reo se encolhia nos braços de Nebuya, com medo das fortes tempestades. Ele sempre o protegera e cuidara com todo seu ser, mas houve uma vez que não conseguiu cuidar dele. Uma única vez que seu corpo grande e forte foi incapaz de proteger seu amado.
Porque Reo tinha que ser tão frágil?
- Nebuya? – uma mão tocou seu ombro e ele levantou o olhar. Akashi o olhava preocupado, enquanto outro raio iluminava aquele lugar tão abandonado. – A tempestade está piorando e não é bom ficar aqui fora. Venha, eu te levo para casa.
Com um simples assentir, Nebuya levantou-se e respirou fundo. Não perguntou como Akashi o encontrou, já que sempre o procuravam ali quando desaparecia. A água da chuva queimava seu rosto e encharcava sua roupa. Tudo tinha acontecido num dia chuvoso como aquele. Todos os cuidados que tivera desde jovem com Reo tinham sido em vão: um inimigo microscópico adentrou com facilidade em seu corpo. Um inimigo de nome conhecido, porém quase extinto em seu país.
A Cólera.
Num final de semana com temperaturas elevadas, ele levou Reo para a praia. Risos e brincadeiras acompanharam os dois durante os dias passados ali, dias que passaram numa pousada a beira mar, simples e cômoda. Mesmo aproveitando o clima, a praia e a comida dali, eles tinham responsabilidades, então retornaram para Tóquio na tarde de domingo. Reo começou a sentir-se mal durante a viagem de volta, mas piorou assim que chegaram em casa, com vômitos e diarreia que continuaram numa frequência absurda até a noite. Naquela madrugada o tempo virou, e uma tempestade se iniciou por volta das três da manhã, horário em que Nebuya decidiu parar de ouvir as negações de Reo e leva-lo para o hospital. Aquela história de estar assim apenas por algo que comeu almoço não estava convencendo o maior, aquilo não podia ser apenas uma intoxicação alimentar. Só que ele demorou muito em forçar Reo para dentro do carro e obriga-lo a ir ao médico. E o hospital também demorou em perceber o que realmente estava provocando aqueles sintomas no rapaz. Quando começaram a reidratar o corpo dele, já era tarde.
Reo morreu uma hora depois de chegar ao hospital.
- Nebuya – a voz de Akashi o fez olhar de novo para o ruivo. – Pode dormir em minha casa esta noite. Kouki já está esperando-o.
Nebuya sorriu um pouco. Desde o enterro de Reo, Akashi e seu namorado, Furihata, tinham sido os seus principais apoios. No início, ele precisou muito de ambos, tanto que morou com eles por alguns meses. Quando recuperou sua estabilidade emocional, voltou a morar sozinho, mas mesmo assim o ruivo e o castanho iam vê-lo com frequência.
- Claro, já faz um tempo que eu não provo a comida de Furihata.
- Talvez eu chame o Kotarou também.
- Pelo visto eu não vou dormir esta noite – o comentário de Nebuya provocou risadas em ambos, que começaram a andar pelos caminhos de pedras do cemitério. Virando o rosto uma última vez, Nebuya avistou a foto sobre o túmulo de Reo. Akashi que tinha sugerido aquela foto e tinha sido uma boa escolha: aquela foto dos dois era a prova que nem mesmo a morte apagaria o amor que Nebuya cultivara em sua alma desde jovem.
Com um sorriso, Nebuya caminhou até o carro, conversando de coisas banais com seu amigo. Chegaria na casa de Akashi e Furihata ofereceria uma toalha e um banho quente para ele. Kotarou chegaria e jantaria com eles, fazendo um escândalo a cada mordida porque achava a comida do castanho maravilhosa. Terminariam dormindo na sala, enquanto assistiam o quarto filme de animação, todos escolhidos por Kotarou. Furihata os cobriria com cobertas quentinhas antes de apagar as luzes e se deitar ao lado de Akashi. Acordariam com o cheiro de café no ar e cada um iria para casa, pois tinham que ir trabalhar.
A vida continuava e Nebuya tinha que continuar forte para proteger tudo o que restara de seu amado: as lembranças dos momentos felizes que passaram juntos. E vida continuaria até que sua hora também chegasse e ele voltasse para o lado do homem que amava.
Para o lado de Reo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Seus comentários me farão realmente feliz! Se desejam que eu escreva sobre um casal ou personagem pouco citado em fanfics, podem pedir sem medo, eu sou amante de ships cracks ou menos conhecidos, especialmente dos fandoms listados no meu perfil!

Obrigado por lerem!



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