Pop Star - Uma Estrela No Céu escrita por Ana Letícia


Capítulo 15
Como tudo começou - parte 2.


Notas iniciais do capítulo

Aviso: O capitulo é narrado pelo Ramonn



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/651035/chapter/15

Os anos se passaram mas eu não esquecia Annelise. A escola onde ela estava estudando era muito longe da que eu estudava, era impossível ir vê-la. Nossas mães se afastaram um pouco, só se viam no super mercado e conversavam por lá mesmo. Minha mãe nunca mais visitou a mãe de Lizzie. Mas quando meu irmãozinho nasceu, a mãe de Lizzie foi nos visitar. Amas a Lizzie não foi com ela.

– Por que a Lizzie não veio? - eu quis saber.

– Ah, querido, a Lizzie está indo pra escola a tarde também para repor aulas.

Fiquei tão desapontado que fui atrás de meu avô, para que ele pudesse arrumar algo para eu fazer.

Nós já estávamos na oitava serie, há anos eu não a via. As coisas pareciam estranhas, até que eu conheci a Melly.

Melly era uma garota loura de grandes olhos castanhos, era muito simpática. Seu nome na verdade era Mellany, mas todos a chamavam de Melly.

Rafael, meu amigo desde a infância, certa vez veio me falar que a Melly estava gostando de mim. E que queria ficar.

Bem, eu entrei em pânico, claro. Eu nunca tinha beijado uma garota. Eu só queria beijar se fosse a Liz, mas isso já não era mais possível, então decidi que era a hora de deixar a Lizzie no passado.

Beijei a Melly algumas vezes, depois de uns dez dias se beijando, ela começou a falar sobre namoro. Mas eu disse pra ela que era estranho começar a namorar no fim do ano letivo, porque eu tinha medo de que ela sumisse no ano seguinte.

Ela quis saber de onde eu tirei aquela história, mas não me deixou explicar, achou que eu ia inventar alguma desculpa, então acabamos por ali.

O ano letivo já estava acabando, e eu ouvi meus pais tendo uma conversa.

– Não dá mais, querido, isso tudo está muito pesado pra gente pagar. – disse minha mãe.

– Não temos mais como pagar a escola do Ramonn agora que a mensalidade da Gabi está mais cara. – disse meu pai.

Entrei na cozinha.

– Vocês vão me tirar da escola?

– Não, filho, apenas vamos procurar uma mais barata. – disse minha mãe. – Agora vou ao super mercado.

***

Enquanto minha mãe estava no super mercado fui procurar o que fazer.

Acabei tendo que ajudar minha irmã mais nova a fazer a lição de casa, e isso me manteve ocupado por uma hora inteira, porque ela não era nada boa em matemática.

Quando finalmente minha mãe chegou ela jogou um saco de Doritos em cima de mim e correu pra falar com meu pai.

– Vai fazendo essas duas aqui, Gabi, que eu já volto. - eu disse à minha irmã.

Fui atrás de meus pais.

– O que houve, mãe? - perguntei aflito.

– Acho que encontrei a solução. Uma escola pra você, filho. - disse minha mãe.

– Conte logo, por favor. - disse meu pai.

Ela contou que encontrou a Isabel no super mercado ( a mãe de Annelise), e ela havia lhe contado sobre o problema de minha escola. A mãe da Lizzie contou a ela que o Colégio Elitte Blindado, o melhor colégio da cidade, abriu um programa de bolsas. Eles estavam oferecendo bolsas para alunos que não podia pagar a mensalidade inteira.

– Ela me disse que as bolsas para estudar completamente grátis acabaram. Mas ainda tem bolsas de 50 e 70% de desconto. - continuou minha mãe.- Ela disse que eu devia tentar conseguir uma vaga lá, porque o ensino da escola pública é muito precário. Falta estrutura nas escolas e professores, a coitadinha da Lizzie teve que passar três meses indo de manhã e a tarde para repor aulas.

– Claro que vamos tentar. - decidiu meu pai. - Ramonn, pesquise na internet qual o telefone desse colégio.

No fim das contas, as bolsas de estudo de 70% na matrícula tinham acabado. Mas ainda tinha de 50% e foi essa que meus pais pegaram, pois ficava quase o mesmo valor de minha antiga mensalidade. No dia da matrícula minha mãe anunciou que eu deveria ir com ela para fazer um teste que eles julgavam necessário.

– É só pra saber se você vai conseguir acompanhar o ensino de lá. - ela me acalmou.

O teste não estava difícil, mas depois disso tive que fazer uma entrevista com uma psicóloga.

Ela me explicou que como eu seria bolsista da escola eu não podia faltar aulas, não podia ficar em recuperação, não podia levar advertências dos professores, e minhas médias deviam ser sempre a partir de 7, caso não fosse eu receberia uma penalidade, teria que ajudar na cozinha da escola ou na limpeza.

– Mas você se saiu muito bem no teste, Ramonn, sei que não vai ter problemas com essas condições. - disse a psicóloga.

Mas eu aceitaria qualquer condição que eles me desses pra estudar naquela escola, Lizzie estaria lá também, e isso era só o que importava.

***

Era o primeiro ano do ensino médio. Era uma nova fase da minha vida, mas eu não estava nervoso por isso, e sim com a possibilidade de estudar com Annelise novamente.

Eu estava torcendo pra ficar na mesma turma que ela, ao mesmo tempo que prometi não ficar triste se isso não acontecesse. Ela estaria na mesma escola que eu e já era alguma coisa.

Eu tinha acabado de encontrar a sala de aula e escolhi meu lugar na fileira do canto perto das janelas quando ouvi vozes de garotas.

– Aiii, eu não acredito que caímos na mesma turma!! – disse uma menina.

– Hallyna, isso já era esperando. – disse outra voz.

Quando me virei para ver quem era as meninas estavam de costas, escolhendo um lugar pra sentar. Meu coração quase parou ao perceber que uma das garotas tinha longos cabelos cacheados.

– Annelise? - eu disse sem pensar.

A garota se virou, ela me olhou com curiosidade, como se estivesse tentando se lembrar de mim.

“Droga, ela nem sabe quem eu sou.” Pensei.

– Ramonn? - ela disse.

Meu coração pulou novamente. Ela se lembrou de mim.

Ela chegou mais perto.

– Ah, meu Deus! – disse ela – É você mesmo, Ramonn?

– Sou eu, Lizzie. – respondi.

– Aaah, meu Deus! Achei que não ia mais te ver.

Ela me puxou para um abraço, o melhor abraço que já ganhei na vida.

– Como você tá diferente, - ela disse apertando minha cara com as mãos.

– E você também. Se bem que não cresceu tanto assim.. – eu disse tentando ser engraçado.

Ela deu uma risadinha e empurrou de leve o meu ombro.

– Meninas, venham conhecer meu amigo. – ela falou com as meninas que estavam com ela.

– Este é o Ramonn. – disse ela. – Estudamos juntos há alguns anos atrás.

– Oi, Ramonn. – disse uma das garotas. – Meu nome é Hallyna.

– Meu nome é Thays. – disse a outra.

Cumprimentei as duas.

– Ramonn, elas estudavam comigo na outra escola. Foi muita sorte a gente ter caído na mesma turma. – disse Annelise.

– Sim, muita. – concordei.

– Onde você vai sentar? - perguntou Annelise.

– Logo ali. – respondi apontando para minha bolsa.

– Meninas, vamos sentar aqui. – chamou Annelise.

Lizzie se sentou na cadeira atrás da minha. Que era a terceira da fila, Hallyna e Thays sentaram-se nas primas cadeiras da fila ao lado.

“Perfeito”, pensei. Tenho o ano todo pra me reaproximar dela.

***

Passado o primeiro bimestre, eu estava satisfeito com minhas notas.

Um belo dia estávamos esperando o professor chegar, eu estava conversando com os meninos da classe quando o cara “mais popular” da nossa turma chegou com um papo pouco conveniente.

– Quem é a menina mais inteligente da turma? - perguntou Thiago, o mais popular.

– Humm, deixa eu ver... – disse Eduardo.

– A Thays é a mais inteligente. – disse Oscar.

– Mas ela não é tão bonita. – argumentou Alexandre.

– Mas ele perguntou quem era a mais inteligente, e não quem era mais bonita. – argumentei.

– Então quem é a mais bonita? - perguntou Thiago.

Os garotos pensaram um pouco.

– A Hallyna. – disse Eduardo. – Ela tem olhos de gata.

– Eu acho que é a Annelise. – disse Thiago.

Eu gelei na hora, e logo depois fui tomado por uma raiva inexplicável.

– Ela tá saindo com alguém, Ramonn? - perguntou Thiago.

– O quê? - perguntei ainda avoado.

– A Annelise está saindo com alguém? Você deve saber já que é amigo dela.

– Ah, não que eu saiba, mas ela não fala dessas coisas comigo. – respondi tentando disfarçar a raiva.

– Ela não está saindo com ninguém. – disse Eduardo.

Droga, Eduardo. Pra que foi se meter??

– Como você sabe? - perguntou Thiago.

– Eu moro na mesma rua que ela, e um cara de lá tava afim dela, ele até falou com ela e tals,mas ela dispensou ele, disse que gostava de outra pessoa. – respondeu Eduardo.

– Hum... Será que é de mim que ela gosta? - perguntou Thiago.

– Não faço idéia. – disse Eduardo.

– Vou falar com ela. – decidiu Thiago e saiu da sala.

***

Na hora do intervalo aproveitei para falar com Annelise e descobrir se ela ia mesmo ficar com o Thiago.

– E aí, Liz, fala as novidades. – fui direto ao ponto.

– Bom, estive ajudando Hallyna com história, ela tirou 6 no primeiro bimestre.

– Quando ela tem que tirar?

– 7, ela também é bolsista.

– Sei. Algo mais? - insisti.

– Ah, o Thiago veio me chamar pra sair.

Como imaginei, Thiago não perdeu tempo.

– Você aceitou? - perguntei.

Ela suspirou.

– Não. - ela respondeu. – eu gosto de outra pessoa, não seria legal enganar ele assim.

– Ah. – respondi.

Pelo menos não era do Thiago que ela gostava.

– Enfim. – disse ela. – Vou procurar a Sofia. Até mais.

Ela foi embora e me deixou lá sozinho, mas um sorriso de alegria brotou em meus lábios.

***

Quando cheguei em casa, almocei e fiz minha lição, cheguei à conclusão de que eu deveria falar com a Annelise sobre meus sentimentos. Ela podia estar gostando de mim, mas nunca falou nada porque a gente passou tanto tempo longe, e nesses dois meses eu não dei nenhum sinal de que gostava dela.

Depois de conversar com meu avô, decidi que ia fazer isso mesmo. Ia contar pra Annelise que eu estava apaixonado por ela desde a quarta série, que ela não saia da minha cabeça, e eu queria fazê-la muito feliz.

No dia seguinte, assim que cheguei na escola, fiquei esperando por ela.Ela sempre chegava mais cedo, quando ela finalmente entrou na sala, meu coração disparou.

– Lizzie, preciso falar com você. – falei antes que a coragem fugisse.

– Pode falar. – ela disse calmamente.

– Bom, isso pode ser um pouco estranho pra você, mas saiba que tudo o que eu vou falar é de coração.

Ela me olhou com curiosidade e expectativa.

– Eu estou apaixonado por você, Liz. Estou apaixonado por você desde a quarta série, fiquei arrasado depois que você mudou de escola, minha vida não foi mais a mesma,foi difícil pra mim, mas agora estamos juntos de novo, e eu não posso mais esconder o que sinto. Eu sei que você já gosta de uma pessoa, se não for eu, eu vou entender, mas se um dia você me der uma chance eu prometo que não vou te decepcionar. – fiquei aliviado por dizer aquilo tudo.

Ela ainda me olhava com os olhos arregalados, por fim, desviou o olhar, e disse.

– Você é um bobo.

Meu mundo caiu. Ela ia me esculachar, me chamar de otário gay, e dizer que nunca daria uma chance pra um merda como eu.

– Você é muito bobo. – ela continuou. – Por pensar que eu não gostava de você.

Ela sorriu, eu sorri também, mas não sabia se era mais alegria ou mais alivio.

– É de você que eu gosto, Ramonn. – ela disse e me beijou.

Foi um beijo doce, quente e apaixonado, nunca tinha beijado assim antes.

– Lizzie. – eu disse afastando ela um pouco.. – Você quer namorar comigo?

Ela me abraçou.

– Quero. – ela sussurrou no meu ouvido.

Eu estava quase tendo um treco de tanta alegria.

***

Agora que eu era um rapaz comprometido, precisava fazer algumas mudanças na minha vida. Precisava de um emprego.

Falei com meu avô para eu trabalhar na loja dele alguns dias na semana, eu ia precisar de dinheiro para comprar presentes pra ela, levá-la para passear, e ser um namorado decente. Porque ela merecia o melhor.

Meu avô ficou feliz com a minha atitude, e me deu um emprego de meio período três dias por semana, ele iria me pagar 20 reais por dia.

Agora estava tudo certo, só precisava enfrentar a família dela.

Até que foi tudo tranqüilo, os pais dela já me conheciam, e gostaram da idéia da gente namorar. O pai dela fez um discurso, dizendo que ela só tinha 14 anos, ainda era nova, mas não adiantava proibir, e fez nós dois prometermos que não iríamos deixar o namoro atrapalhar nossos estudos.

Agora era oficial. Annelise era a minha namorada.

Lizzie era a namorada perfeita. Amiga, carinhosa, compreensiva e linda. Ela sempre me dava atenção, sempre fazia eu me sentir bem.

E foi ai que eu percebi onde errei. Estava acostumado a ser o centro das atenções dela, e quando ela arrumou outra ocupação senti algo diferente. Estava tão ocupado se lamentando e sentindo sua falta, que nem percebi o quanto eu estava sendo egoísta. Eu deveria estar feliz por ela, dando apoio, e não ficando rabugento e descontando tudo nela. Droga! Fui um babaca.

Voltei do meu flash back com Annelise cutucando meu braço.

– A aula acabou, Ramonn.

– Nem percebi.- eu disse, mas percebi que soei rabugento, e tentei disfarçar.

– Lizzie, você quer sair? Ir pro shopping, cinema, ou uma lanchonete? - perguntei.

– Agora? - ela disse.

– Sim.

– Agora não posso, Ramonn, eu já marquei de sair com o Rick, ele está vindo me buscar.

– Você não me disse nada.

– Você não me deu oportunidade.

– Ok, desculpa. A gente se vê amanhã então.

Ela estava com uma expressão triste e cansada. Então a abracei e dei um beijo em sua bochecha.

Ela me olhou surpresa, e me puxou para um beijo na boca.

– Lizzy,Lizzy! – chamou Armando, mas que gordo chato do capeta.

– Tchau, Ramonn. – ela disse, e foi embora com Armando e Thays.

Fiquei com medo de que ela não aceitasse minhas tentativas de reparar meus erros, e se eu tivesse sido tão imbecil que ela acabou deixando de gostar de mim?

Não. Eu não podia deixar isso acontecer.

E não vou deixar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Demorei um pouco, mas ai está .



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pop Star - Uma Estrela No Céu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.