Entro no aeroporto e corro para trocar o dinheiro na casa de câmbio que, felizmente, está vazia. Tenho dinheiro o suficiente para comprar uma passagem de volta para meu país, mas seria muito fácil para Stefan e Vladimir me acharem. Vou até o balcão e compro uma passagem para a Itália. Chegando lá eu darei um jeito de ir para Volterra.

Paro de torturá-los e uso a tática que eles me ensinaram: controlar mentes. Se eu me concentrar bem, talvez eu consiga fazê-los desistir de me procurar por algumas horas. É o suficiente para o avião decolar e então, eles terão mais dificuldade de me achar. E quando acharem, não terão coragem de me buscar.

Ainda não decidi o que farei em Volterra. Procurar os Volturi garantirá a minha proteção contra os Romenos, mas quem irá me proteger contra os Volturi? Eu não estou preparada para lidar com eles, e nem sei se estarei algum dia.

Parece que terei que decidir isso lá.

∞

Não demora muito até chegar à Itália. Não tive nenhuma intervenção dos romenos, então isso significa que meu controle mental deu certo. Começo a ir em direção à saída do aeroporto quando sou abordada por uma mulher.

– Buon pomeriggio. Vorrei fare uma visita a Volterra? – diz a alta mulher sorrindo.

– Desculpe, mas não falo italiano – digo sem saber se ela entende. Talvez ela perceba que eu não falo a língua dela.

– Ah, não sabe italiano, não é? Não tem problema, eu falo a sua língua também. Eu perguntei se você não gostaria de fazer uma visita a Volterra. É uma cidade pequena não muito distante daqui. Você contará com o transporte e a guia, que sou eu. Estaremos partindo daqui a 5 minutos. Gostaria de ir?

– Claro – respondo sem pensar.

– Que ótimo – diz ela antes que eu mude de ideia – Junte-se aos seus companheiros.

Sigo na direção que ela me aponta sem hesitar. Tem algo nela que faz com que suas propostas pareçam irrecusáveis.

Longe de seu “feitiço” consigo pensar com mais clareza. Apesar de seus olhos azuis, sei que ela é uma vampira. A forma como se move e a palidez de sua pele não esconde. Havia passado alguns meses com vampiros para saber que meu julgamento estava correto.

Ao chegar nessa conclusão me lembro de algo que Stefan me falou: “Os únicos vampiros de Volterra são os Volturi”. Aquela mulher é um deles, mas não me lembro dos romenos terem a descrito. Ela não deve ser considerada importante por Stefan e Vladimir. Mas, por que ela está trabalhando como guia? Será que é a forma como os Volturi conseguem dinheiro? Isso é muito estranho.

A vampira consegue mais alguns turistas para o passeio e seguimos para o ônibus que nos aguarda do lado de fora do aeroporto.

A viagem até Volterra é bem curta. A guia não fala nada durante o percurso. Descemos em um pequeno estacionamento para ônibus de turismo e seguimos a pé pelas pequenas ruas da cidade até um dos pontos turísticos.

– Esse é o Palazzo dei Priori, ou torre do relógio, um dos pontos turísticos da cidade. Entraremos todos e peço para que fiquem juntos! O local é grande e é fácil se perder.

O grupo começa a seguir a guia depois que ela traduz para mais dois idiomas. Procuro ficar bem no meio do grupo para não atrapalhar as pessoas que estão tirando fotos do local.

A torre é cheia de escadas e corredores enormes que não se diferenciam um dos outros. É realmente bem fácil se perder aqui!

Entramos em uma pequena sala e damos de cara com uma mulher sentada atrás de uma mesa. Ela deve ser a recepcionista. A mulher é bem jovem e parece preocupada enquanto olha para o nosso grupo. A guia passa direto, sem cumprimentá-la, e abre uma porta dupla de madeira no final da recepção. Seguimos por outro corredor até outra porta dupla. Essa é dourada.

Ao entrar, nos deparamos com um grande salão. A nossa frente tem três cadeiras iguais que imitam tronos e na frente de cada uma delas tem um homem. Ao redor da sala várias pessoas, que estavam conversando, começam a se calar com a nossa entrada.

O homem do trono do meio fala assim que as portas atrás de nós se fecham.

– Bem-vindos, convidados! Bem-vindos a Volterra!

E os gritos começam.