"....Esses dois estão casados e concordam"
–-Piratas!, Celia Rees.

Aquela era a primeira vez em três meses que Koala conseguia respirar com calma.
Soltando um suspiro, ela praticamente se jogou na poltrona da sala de estar, abrindo o livro que carregava. Não era uma aquisição nova, e na verdade o havia colocado no meio de seus baús de enxoval, mas simplesmente não tivera oportunidade de por as mãos nele até o dado momento.
Afinal, agora era uma mulher casada.
E, como uma mulher casada, ela agora era responsável não só por si mesma, como também pelo marido. Ou seja, ela deveria conciliar trabalho, tarefas domésticas e ainda por cima se preocupar com aquele idiota que escolhera como companheiro.
Ela sabia, é claro, que logo se acostumaria novamente com a nova rotina, mas por enquanto se permitiria reclamar. Afinal, o fato do companheiro ser Sabo não ajudava em muita coisa.
Naquele primeiro mês de “teste” Koala já havia descoberto muito sobre ele, é verdade. Mas nós só conhecemos realmente a fundo a furada que nós metemos nas primeiras semanas de casamento. Fora um choque descobrir que o mesmo líder da revolução, sempee imponente e responsável por centenas de revolucionários, mal conseguia acertar o lado certo de vestir as calças sem uma segunda tentativa.
Durante as primeiras semanas, foram várias as ocasiões que ela ficara na dúvida entre chorar ou rir.
Mas, naquela família, tudo sempre acabava em risadas ao final de tudo. Então ela podia dizer com toda a certeza: estava plenamente feliz com tudo aquilo, e tinha certeza que Sabo também, apesar de.....
SLAM.
..... um Sabo feliz ser um tormento para todos os outros, ainda mais para a própria.
E ela estava mais do que certa, principalmente na parte que dizia a si mesma.
--Koala?!- Sabo batera a porta da frente, sorrindo idiota enquanto via a noiva pela primeira vez no dia- Já leu o jornal de hoje?
Ela revirou ao olhos, colocando de lado o livro sem ter feito nenhum progresso e se aconchegando melhor na poltrona que se instalara.
--Bom dia para você também. Aonde foi que não me avisou?
--Fui falar com Dragon, mas isso não importa! Já leu o jornal?- '
O fato dele ter repetido a pergunta apenas demonstrava a certeza que tinha de que ela ainda não havia colocado as mãos no jornal daquele dia.
Koala soltou um suspiro.
--Como poderia? Quando acordei você e ele já haviam desaparecido.
--Pois bem, então leia agora!-Sabo sacudiu feliz as paginas já bem amassadas enquanto as estendia para a esposa, se reclinando no braço do estofado que ela se encontrava.
--O que exatamente quer que eu leia? Mais alguma daquelas especulações malucas sobre quem era seu “cavalheiro misterioso”?
--Não, elas já estão tão absurdas que nem valem mais os segundos que levam para ler. Abra na pagina de política.
--Pois bem..... vejamos..... “Decretado o fim da nobreza hereditária”.
Sabo soltou uma gargalhada feliz assim que ela terminou de ler o título.
--Não é fantástico? E bem na hora!!
--Ora Sabo, do que está falando? Você já é duque desde que seu pai faleceu, querendo essa sina ou não.
Ele adotou um olhar convencido, se inclinando ainda mais sobre o braço da poltrona.
--Sei disso, minha querida. Mas também sei que você sabe EXATAMENTE do que estou falando.
--Como poderia? Não estou na sua mente, recorda-se?
Foi a vez dele de revirar os olhos.
--Pode por favor parar de me tratar como se eu fosse ingênuo? Posso ser um pouco lento, mas creio que já foram sintomas e tempo o suficiente para que eu reparasse.
Ela conseguiu manter a falsa expressão de confusão por exatos quatro segundos antes de desmanchar em um sorriso sincero de derrota.
--Por Deus, não podia se segurar por mais duas semanas? Pretendia anunciar no seu aniversário!
--Não, não podia. Já levei meses pra realizar, e um dia a mais sem confirmação me deixaria paranoico.
--Mais do que já é?- ela inclinou a cabeça para frente, encostando a testa na dele e fechando os olhos.
Ele se limitou a sorrir mais doce, pousando uma das mãos no ventre dela e continuando com os olhos abertos enquanto dizia uma última frase.
--Só umas três vezes mais.- e fechou os olhos para ceder ao desejo que sentia de beija-la.