Exile 3: O Renascer escrita por Melehad


Capítulo 6
Capítulo 5: Mistérios em Croatoan Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Quero desejar a todos um feliz 2016!



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Eu, Jeff The Killer e o Smile.dog decidimos ir a diante. Mesmo sem um plano por trás de nossos feitos, nunca iríamos desistir. O entardecer era muito mais que eminente, estava acontecendo. Ficar à noite naquele lugar era como ficar em uma caverna por semanas. Enquanto estiver naquele planeta, o tempo passa sem percebermos.

Jeff me contou que depois do sol se pôr novas creepypastas surgem para caçar e vaguear por aí sem rumo e que estes monstros são piores que os que já conheci. Tínhamos que achar um lugar para ficar antes de anoitecer. — Onde, por exemplo? — Perguntei. Ele começou a pensar e a tentar procurar em sua memória algum lugar seguro, com a destruição de Lavender Town e a morte de Ben Drowned nós ficamos ilhados na fundação SCP sem saber para onde ir, novamente.

Tentando não ficar com medo da noite, dei-lhe uma ideia estúpida, mas se der certo nós poderíamos ficar a salvo da morte. A ideia era ir para a cidade destruída – que era perto daqui - encontrar alguma casa ou algo do tipo para passar a madrugada. — Que tal? — Ele ficou me encarando sério com aqueles olhos sem pupila e sanguinários, com sua cabeça inclinada em um tom raivoso com minha ideia. Aquilo me dava arrepios. — Sua ideia é estúpida e muito arriscada, tinha que vir de você... — Respondeu ele em um tom frio. Então era mesmo uma ideia tola, pensei em desistir dela e pensar em outra coisa, mas algo me mandava ir até lá... Era como uma sensação estranha, um pressentimento. Jeff olhou pela janela e se preocupou com o sol mórbido adormecendo atrás das montanhas e dando seu lugar à lua, depois olhou o cão observando atento aos lados pressentindo o perigo, no fim ele aceitou. — Pode ser o nosso fim ir até lá, a cidade era domínio do Ancestral e pode ser moradia de demônios e outras coisas do tipo, porém, que opção temos? — Tudo resolvido. Os dois ficaram na porta da frente me esperando enquanto vasculhava as ruínas da SCP em busca de algo útil para usarmos lá fora. — Nada... — Todas as salas estavam vazias ou bloqueadas por pedaços enormes de pedra e escombros, mas algo no final de um corredor me chamou a atenção... Era uma porta de ferro bem grossa e com várias trancas, a placa de descrição havia sumido e ela estava meio aberta... Com minha mão eu empurrei a porta e estava dentro de uma sala bem ampla, as paredes eram feitas com algum tipo de metal e bem fortes. As luzes no teto piscavam e bem no centro da sala havia um objeto... O objeto estava dentro de uma caixa de vidro bem grossa e segurada por uma enorme corrente presa ao teto. Depois de analisar a sala eu percebi que havia um corpo de um guarda bem perto do objeto e também percebi que ele tinha em sua mão um revólver. — Não tenho opções, aquela arma iria ser bem útil... — Comecei a me aproximar do corpo e a cada passo sentia uma sensação estranha e um pouco de tontura. Cada vez mais perto do corpo minha cabeça doía e ás vezes ouvia algumas vozes baixas dizendo para me aproximar mais... Quando cheguei no corpo peguei rapidamente a arma do chão e guardei no bolso, estava enjoado e trêmulo. Minha visão estava falhando, mas isso não me impediu de me levantar, e quando isso aconteceu reparei em duas coisas... Reparei que o objeto trancafiado na caixa de vidro era uma máscara de teatro feita de porcelana e bem detalhada em uma expressão humorística de felicidade. A outra era que o vidro estava rachado...

Quando percebi que o vidro estava rachado eu tentei recuar, mas parecia que a máscara estava me controlando e impedindo de eu fugir. Na mesma hora que ela pulou e quebrou o vidro, Jeff entrou na sala e se deparando com aquilo gritou: — Alan saia daí! Isso é a máscara possessiva, um SCP muito poderoso! — já era tarde demais, a máscara já havia tomado meu corpo e agora estava possuído por ela. Com a máscara em minha face eu agora estava desacordado e ela me controlando, no entanto algo estranho aconteceu... Quando a máscara tocou meu rosto ela saiu de sua expressão alegre para uma expressão triste, e logo depois ela começou a rachar até o ponto de cair no chão. Jeff olhava para mim com uma expressão assustada e eu o entendia, o SCP era um Keter e um dos mais poderosos de toda fundação e ele simplesmente foi derrotado quando tentou me possuir. Ele parecia espantado, parece que o intimidador fora intimidado e ele foi dominado por um medo incontrolável. — Como?... Isso é impossível! Como fez isso? — Falou ele recuando seu corpo um pouco para trás após ver os meus olhos, eles estavam com veias pretas em volta e com olheiras muito fundas. Smile quando pressente uma ameaça rosna ou até mesmo ataca o indivíduo, mas quando me viu daquele jeito ele sentiu um medo e ao invés de me atacar ele recuou com medo. Jeff segurou firme a faca e estava à espera de eu atacá-lo, mas eu não o ataquei, pois ainda era eu. As veias e a olheira sumiram e eu voltei ao normal. — Fique longe! — Jeff estava com medo, não sabia como, mas sentia seu medo.

— Sou eu, caramba! Se abaixar essa faca eu te explico o que aconteceu a você. — Ele estava com medo, mas por incrível que pareça, ele abaixou a faca e confiou em mim. Na hora eu não acreditei, porque ele não confiava em ninguém, quem dirá de mim? Parece que finalmente ele percebeu que estávamos no mesmo barco. — Herobrine me explicou antes de desaparecer que quando eu consegui me livrar do Ancestral de sugar minha alma, eu fiquei forte, pois ninguém havia conseguido esse feito antes. — Eu comecei a me aproximar dele enquanto observava seu olhar, o medo dele estava passando. Continuei: — Um pouco antes de vir para esse lugar, um pouco antes disso tudo começar eu li um livro sobre o Doppelgänger e no livro falava que quando o ser está sugando a alma de alguém, ele deixa uma parte de seu poder na vítima. Quando ela morre e sua alma foi absorvida, esse poder que ele guardou na pessoa estará mais forte. Quando eu sobrevivi ao Ancestral, o poder continuou em mim e por isso eu agora... tenho um lado demoníaco. — Ele continuou me observando com um olhar desconfiado, mas isso tinha que ser para depois, o sol já estava se pondo e tínhamos que correr até Croatoan mais rápido possível.

— Depois conversamos, agora temos que ir até a cidade antes de anoitecer, caso o contrário, podemos morrer... — Passei a mão no revolver para me certificar que ele realmente estava lá – e estava – e seguimos até a entrada da SCP Foundation. O pôr-do-sol daquele mundo não era nada agradável, o sol envolto pela chama negra deixava o céu cor de sangue extremamente macabro. As nuvens cinzas-escuras indicavam uma possível chuva, mas aparentemente, aquele mundo não precisaria chover já que isto seria um privilégio aos seus moradores. Pelos campos de grama seca, nós corremos em busca de algum abrigo, pois chegar a essa hora na cidade ia ser impossível. — Ande mais rápido! — Gritou Jeff raivoso, ele corria muito mais rápido que eu. O sol já adormecia na cadeia de montanhas e nós ainda na metade do caminho. Uma hora eu cansei, sentei em uma pedra e parei para respirar. Jeff olhou para mim sério e nervoso como se eu tivesse o atrapalhando de chegar à cidade.

Nossas vidas estão em perigo e você quer parar para descansar! A ideia foi sua, agora aceite e vamos! — Estava sendo a gota d’água. Ele estava reclamando demais por causa disso, eu estava com medo sim, mas não estava aguentando de tanto correr. — Tudo bem, consigo ir mais um pouco... Ah... — Levantei e continuamos indo até o local. Já estava ficando escuro e no horizonte os primeiros prédios arruinados apareciam, o nosso objetivo não estava tão longe. O silêncio foi atormentado por um imenso estrondo no exato momento em que finalmente anoiteceu... Ao ouvir aquilo meu cansaço sumiu e aproveitei que a adrenalina e o medo surgiram para correr mais rápido.

“Ele está vindo...” Essa voz meio fraca que aparentava ser de uma menina me causou arrepios e disse a mesma coisa quando aquela coisa surgiu nos céus e quando fui teletransportado para cá. Olhei para Jeff e perguntei se ele também ouviu aquilo e ele respondeu um sim meio assustado, continuamos correndo e Croatoan estava bem à nossa frente. Pulamos a barreira da autoestrada e os carros parados e enguiçados não nos impediram de continuar correndo sem rumo em busca de abrigo. Realmente a noite nesse lugar é muito horrível, um breu enorme nos impedia de enxergar, barulhos estranhos e até mesmo grunhidos era o som de fundo junto a criaturas vultuosas que passeavam nos bosques da velha cidade em ruínas. Quando chegamos na cidade, estávamos longe do centro, porém havia muitos lugares para nos esconder agora. — Vamos para aquele prédio! — Indicou o assassino apontando o enorme edifício à sua frente. O prédio que aparentava ser um escritório estava em ruínas, mas comparado aos outros, este era o melhor e não era tão grande – mais ou menos uns dez andares -, seguimos até a entrada e a porta de vidro estava completamente espatifada e destruída.

— Como iremos enxergar? — Perguntei. O assassino se virou e me encarou com uma cara como se dissesse “boa pergunta”. Smile.dog entrou na frente e começou a farejar o local em busca de presenças malignas, nada foi encontrado. Entramos em uma sala qualquer, barramos todas as entradas e arrumamos tudo para descansar ali. Em uma janela eu reparei algo andando na rua, era um homem de terno preto e rasgado, ele andava meio mancando e como estava de costas não consegui ver muita coisa. — Saia da janela! — Sai da janela e nesse momento pensava como ele estava com tanto medo na vida. Parece que o que espreitava na escuridão lá fora não era uma creepypasta, ele nunca teve medo de outras creepypastas desse jeito. Aquilo era algo muito mais sobrenatural... Coloquei o pano velho e rasgado no chão para deitar, porém reparei que o cão iria deitar no chão frio da sala. — Deite aqui... — Ele deitou no pano e não expressou nada, mas sei que ele estava agradecendo por dentro. Esse é o jeito deles, eles nunca tiveram um ser bondoso ao lado deles. Escorei-me na parede ao lado e fechei os olhos pensando no que poderia estar ocorrendo com a Terra nesse momento, será que Absolen está destruindo tudo? Como eu queria poder ajudar as pessoas, e pensando nisso adormeci...

Você é meu...”

Sua alma me pertence agora...”

Eu ainda estou aqui...

Acordei transpirando e com muita falta de ar, no sonho eu encarava alguém na escuridão parecido com Absolen, ou ele mesmo. O ser apenas ficava na escuridão me observando e em um certo tempo ele estendeu sua mão magra para mim como se fosse me pegar. — Que sonho horrível! Jeff? Acorda! — Fui até Jeff no canto e o puxei. Ao virá-lo sua adaga estava fincada em seu queixo e terminava em sua cabeça. Ao tentar recuar de susto eu tropecei no Smile.dog que estava dormindo no lugar onde eu coloquei o pano. Ele estava com sua face completamente desfigurada e com um pentagrama desenhado em sua testa. — Não... O que aconteceu aqui? Acordem! — O desespero tomou conta de mim e sentado em uma cadeira surgiu um vulto observando a janela. De costas á mim, apenas via longas asas rasgadas e um cabelo vermelho longo e arrepiado.

Nunca entendi os humanos... — Absolen levantou da cadeira e olhou para mim com aquela face esquelética e olhos mortíferos. Segurando sua enorme montante afiada e flamejante, ele me encarou no fundo de minha alma assustada. — Nunca entendi como ele ama tanto vocês e não a nós, que somos seres tão evoluídos e poderosos. — Eu engoli o medo, não queria sentir medo desse idiota. Dessa vez eu encarei firme aqueles olhos e respondi ele: — Talvez porque mesmo muito poucos, ainda tem humanos com bom coração ao invés de vocês... — Ele se irritou, mas não perdeu a pose, se manteve sério e cheio de luxúria. Antes de desaparecer como sempre faz ele gargalhou e terminou a conversa dizendo: — Aproveite seus últimos momentos de vida, em breve sua alma será minha e todos do seu mundo serão meus escravos na construção de um novo inferno à minha imagem... — Ele desapareceu... Olhei para Jeff e Smile no chão e comecei a sentir uma raiva dentro de mim, uma raiva incontrolável. Fui até a janela e ao invés de ver Croatoan eu vi a minha cidade toda em chamas, com pessoas correndo e sendo mortas por demônios enquanto o maldito Absolen observa tudo apreciando a destruição...

Alan... Alan é só um pesadelo...”

Essa voz grossa e bem imponente me fez olhar novamente para a janela, ao olhar novamente tudo estava voltando ao normal, Croatoan estava no lugar. A voz me era familiar e reconfortante. Nunca ouvi essa voz antes, mas era como se já a conhecesse desde criança... Depois que a cidade voltou ao normal, olhei Jeff e Smile e ambos estavam dormindo tranquilamente.

“ Vá para o telhado... Estou lá.”

Pensei que poderia ser uma armadilha de Absolen, ou até mesmo de alguma creepypasta, no entanto, era como uma curiosidade imensa de ir até lá e ver que me consumia. Então eu fui. — Isso é impossível... — Parecia que o tempo estava parado, porque não sentia vento bater em meu rosto, não sentia a poeira do chão sujo levantar ao meu pisar, sentia apenas que andava. Cheguei até o elevador enferrujado e todo destruído e pensei como iria subir até lá, mas em um passe de mágica o transporte funcionou mesmo sem um sinal de energia ou algo do tipo. Eu fui subindo os andares e pela pequena brecha da porta amassada eu vi nos andares criaturas diversificadas, o pior é que elas não estavam se mexendo, aquilo realmente me fez acreditar que o tempo parou. Estava maravilhado com aquilo, era algo incrível. Meus olhos brilhavam de tanta emoção. Era algo inexplicável. — É impossível, mas maravilhoso. — Depois de passar vários andares finalmente cheguei no terraço. A porta abriu sozinha e eu saí. Do alto eu via a cidade em ruínas do seu fim até seu começo. Cheguei até a beirada para ver a rua e quando me virei encontrei com o dono da voz...


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Notas finais do capítulo

Até...



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