Exile 3: O Renascer escrita por Melehad


Capítulo 29
Capítulo 28: Presenças ameaçadoras...




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Herobrine, ao chegar à resistência, comenta que a criatura que nos observava nas sombras era, na verdade, Absolen. Ambos lutaram bravamente, mas mesmo depois da briga, Herobrine não descobriu o que o demônio queria ao expectar nosso exalto progresso...

Finalmente todos estavam reunidos em um só lugar e esse lugar estava protegido por uma força angelical e nenhum ser infernal poderia infiltrar-se em nossa base por conta desse poder.

Que fofo, uma barreira... Nada pode me impedir, Alan...”.

 Algo cochicha em meu ouvido esquerdo e ao ouvir a voz deste ser eu sinto um forte aperto em meu coração que me faz levantar bruscamente respirando ofegantemente. Adormeci no sofá. Ao acordar me deparei com a sala vazia e silenciosa, as janelas curvadas coloniais estavam cobertas por uma cortina verde-escura com desenhos de flores e mesmo fechadas, um vento frio circulava pela sala me assustando. O suor escorria de minha testa e o calafrio fazia meu queixo tremer. Não sabia o que ocorrera, apenas sabia que a voz que ecoou em minha mente era de Doppelgänger.

— Alguém? — Grito, a porta abre e o SCP-011 chega com a espingarda em mãos. — Aconteceu algo? — Ele pergunta ao reparar meu estado de desespero. Eu respiro fundo e tento me acalmar, respondendo que estava tudo bem.

Foi bom que acordou, o Purple Man pediu para te levar até o pátio para conversar com todos os envolvidos, as creepypastas, e discutir o plano de ataque — Cer...Certo, eu já vou, me espere lá fora... — Ele concordou e saiu calmamente.

— Por Deus, o que foi aquilo? — Levantei-me e segui até a janela ao meu lado, abrindo sua cortina e apoiando minha cabeça no vidro. Sentia dentro de mim uma sensação maligna de desespero e ansiedade que me consumia a ponto de quase ficar insano. Minhas mãos tremiam, eu batia o queixo e estava suando frio. — O que o Ancestral queria dizer? Droga, estou com muito medo dele destruir esse lugar, esse maldito ser já está muito poderoso — Ainda com minha cabeça encostada na janela olho meu reflexo e me deparo com algo estranho... Minha pele não estava tão pálida como antes e as olheiras não estavam tão enegrecidas, já conseguia ver o contorno de meus olhos. Na hora enchi-me de felicidade, pois aquilo era a prova que eu estava voltando ao normal.

— Obrigado, Deus, obrigado... — Ergui minhas mãos trêmulas até o reflexo de minha face e a toquei com a ponta de meus dedos. As veias estavam desaparecendo e os olhos completamente escuros, voltavam-se ao castanho-escuro normal de minha etnia. Continuava a olhar atentamente em meus olhos quando um barulho na janela ao lado chamou minha atenção. Virei-me, porém, minha espinha gelou e paralisei... Meu reflexo não se moveu. Voltei meu olhar ao outro eu e pude constatar que ele estava olhando para mim como se estivesse vida própria e seus olhos eram arregalados como um olhar maníaco e mortífero.

Recuei um pouco de medo e receio até encostar no sofá velho, a face daquela coisa foi secando como um cadáver lentamente. Os cabelos foram ficando grisalhos até estarem ao ponto de cair, os dentes apodreceram em um amarelo horrendo, a carne e a pele enrugaram e após, secaram como a pele cadavérica de séculos de idade. O meu maior medo me afrontava, não envelhecer, mas sim o que aparentava... O rosto do reflexo era idêntico ao do Ancestral.

— Não, impossível... — O vidro foi se tornando meio líquido e aquela coisa ergueu sua mão e começou a empurrar o vidro para dentro tentando me alcançar. Estava paralisado de medo. Após, ele começou a tentar se balançar para se soltar do vidro e quando estava quase se encostando a mim, resmungou uma única palavra...

Ancestral

E desapareceu em um piscar de olhos...

Estava catatônico com a situação. Não conseguia me mover, apenas sentir o medo angustiante me rasgar por dentro até começar a devorar minha alma fraca. Queria chorar só que meus olhos secaram, queria correr, minhas pernas nem mesmo tremiam. O que ocorrera? Era uma pergunta, entre muitas, esta era qual mais se demostrava protuberância.

A frase ecoou em minha mente na voz do Doppelgänger e logo após ouvi-la, eu consegui me mover e caí no chão de uma maneira tão forte que torci meu tornozelo. O peso de meu corpo foi todo para as pernas e caí em cima delas.

O meu grito chamou a atenção do jovem soldado que estava ainda esperando na porta e ao entrar, ele seguiu até mim me ajudando a levantar. Apoiei-me em suas costas e segui até o lado de fora da sala. Era um corredor extenso, em suas paredes um papel de parede velho e um pouco rasgado de desenhos antigos, havia também uma cadeira velha ao lado da porta da sala e os quadros das paredes – que eram a maioria imagens de santos - estavam todos tortos.

O que houve Alan? Conte-me — O encaro por alguns segundos, cinco segundos, e enquanto meu cérebro processa o que acabei de presenciar o soldado fica cada vez mais preocupado comigo. Ele me coloca em seus ombros e mancando de tanto peso, me carrega para o pátio onde estava Herobrine e os outros...

No final do mórbido corredor, na porta da esquerda, era o pátio central do prédio. O cômodo era gigantesco, o espaçamento dele era preenchido com uma enorme mesa que contava-se ao todo, vinte assentos – fora as cadeiras encostadas na parede, as cadeiras de espera. No topo da sala estava um grande lustre mal polido e meio enferrujado, mas belo assim mesmo.

Todos estavam sentados em volta da grande mesa retangular. Na cabeceira estava Herobrine e na outra estava o Anjo, ao seu redor podia-se ser visto, Taills Doll, Jane The Killer, Ao Oni, o SCP-049, etc.

Sobre a mesa estava muitos papéis, canetas e lápis, um mapa-múndi totalmente rabiscado com pontos e asteriscos e vários desses papéis desenhados.

Olha só quem retorna... — Um ser levanta-se. Ele era um esqueleto meio amarelado e seus ossos estavam rachados, ele usava apenas uma cartola e uma capa toda costurada com o que parecia ser pele. Seus olhos pareciam ser grandes orbes de vidro com uma coloração que trocava às vezes de um vermelho sangue por um azul-escuro. Observar aquela coisa bizarra e monstruosa me deixava com náusea.

Se não estivesse nessa causa, já teria te rasgado todinho, humano... — Fala uma criatura assustadora. Ele tinha uma estatura baixa, como um animal, tinha olhos pequenos pretos, um focinho relativamente pequeno ao próximo item, sua boca. A boca era enorme, maior até que a de Smile.dog, a mandíbula quase encostava em seus olhos e aqueles dentes afiados... era como encontrar com um ser nascido do pesadelo. Ele também tinha o corpo coberto de pelos, mas, especialmente, mais na parte das costas.

Parem com isso... — Jane The Killer interrompe a criatura pequena, porém, bem mortal. Herobrine estava totalmente sério e com um olhar pensativo. Apoiava sua cabeça em seu punho que estava sobre a mesa e às vezes coçava os olhos e parecia murmurar palavras bem baixo como se estivesse pensando em algo muito importante que, provavelmente, esqueceu.

Aconteceu algo com Alan, senhor... — O soldado fala, no entanto, Herobrine não esboça nada além do taciturno olhar de quem estava em transe e vagando em seu próprio mundo de fantasia e ilusões.

Aponte-me um dia em que nada ocorrera com ele que eu repenso em meus atos soldado de pedra... — Fala um ser que se sentava ao lado da criaturinha. Ele aparentava ser um humano normal, com cabelos pretos, olhos castanhos, um rosto arredondado e bem pálido. Vestia-se com um terno datado do início do século XX e falava de uma maneira meio estranha, quase não se movia – nem para piscar – e era o único da mesa que ao invés de estar sentado em uma cadeira, estava em uma poltrona.

Só porque me conhece SCP-014, não quer dizer que necessite me tratar dessa maneira — Argumenta o soldado — Já disse para não me chamar assim, eu tenho um nome e só porque estou nesse mundo não quer dizer que sou um monstro como vocês — O homem parecia se irritar ao o chamarem de SCP-014.

O que houve com ele? — Purple Man abre a porta e se depara com a cena e logo pergunta o que ocorreu. O SCP-011 conta para ele, que me viu assustado e logo depois me encontrou caído no chão, só que ele não viu o que vi...

Sigam-me... — Fritz abre novamente a porta dupla de madeira e volta ao corredor agora indo no sentido inverso. O soldado – que ainda estava me ajudando como apoio – foi andando atrás do púrpura e, consequentemente, eu também fui. A outra parte do corredor dava a um salão pequeno com uma escadaria simples que levava ao segundo andar do imenso prédio. Passamos pela arcada rusticamente clássica e demos de cara com os degraus da escada branca coberta com uma tapeçaria fina e verde.

Ao subir eu já estava um pouco melhor fisicamente e mentalmente também. Ainda estava um pouco abalado com o susto, conseguia utilizar minhas próprias pernas para andar e já tinha cansado o SCP-011 o bastante para ele dormir o dia inteiro, mas mesmo exausto ele não resmungava e se sentia bem por me ajudar.

Essa é a minha sala, aqui ninguém irá incomodar-nos — Entramos no cômodo relativamente pequeno, porém, bem aconchegante. Havia uma escrivaninha afrente de uma janela coberta por uma cortina roxa, sobre a mesa estava um monte de papéis amassados e rasurados, uma máquina de escrever bem antiga que precisava muito de uma limpa e um pouco mais de óleo, um porta canetas vazio e um quepe roxo, seu quepe, que vi na arruinada SCP Foundation. Havia no quarto também uma cama de solteiro simples e arrumada, uma estante cheia de livros e uma poltrona, todos os objetos eram estilo interiorano.

Conte-me o que aconteceu, Alan — Sentei-me na cama e o ocorrido passou diante de meus olhos novamente como um filme em tom sépia envelhecido. A única palavra que saiu de minha boca enquanto relembrava a visão era:

“Ancestral”.

Fritz se assustou. Ele achou que o demônio copiador havia conseguido quebrar a barreira e adentrar na resistência atacando-me em seguida só que eu continuei a contar pausadamente cada detalhe e ele, além de perceber que a segurança não tinha sido violada, percebeu que na verdade o ser infernal apenas tentou mexer com meu consciente e me amedrontar.

Ele só queria te atrapalhar, esqueça isso, eu sei que vai ser complicado, mas tente pelo menos — Fala o púrpura.

— Não é só isso, tem mais nessa história. O Doppelgänger comentou em nossa primeira batalha que ele era meu ancestral e que toda minha vida foi influenciada por ele, antes eu achei que era apenas um blefe, mas agora está tudo tão claro... Por isso Ancestral, eu sou seu descendente — Fritz estava pasmo com a situação.

— Ele planejou isso tudo, sua derrota por mim e pelo James, a guerra, a morte deles e mim. Ele previu o que iria acontecer e o fato de Jake e eu termos sidos escolhidos para ir ao Exile, está tudo tão claro... — De repente paro e fico pálido. Eu consegui ser a pior pessoa do mundo antes mesmo da batalha final, o que eu fiz? Eu me esqueci de meu melhor amigo.

— Jake... eu esqueci dele... — O olhar de Fritz muda e sua respiração fica meio ofegante. Ele insiste em não olhar muito para meus olhos e começa a ficar meio nervoso. — Você sabe onde ele está? — Pergunto e novamente ele fica desconfortável.

Esperava que você não tivesse lembrado-se dele... — Purple Man levanta-se e apoia-se em sua escrivaninha abaixando a cabeça olhando para um específico papel amassado. — O que aconteceu? — Quer mesmo saber? Se sua dúvida é saber se ele está vivo posso responder que sim, mas quer mesmo saber o que ele se tornou? — Sim! — Ele olha novamente para o papel e então vou até a mesa e desamasso a folha observando que na verdade era uma fotografia...

— Por Deus, não...

A porta da sala abre estrondosamente, batendo na parede e quase quebrando suas dobradiças. Jeff The Killer entra na sala tossindo bruscamente e com uma face preocupada avisa:

Está tendo um incêndio na sala principal! — Purple olha pela janela e vê que uma fumaça está cobrindo completamente o prédio em seu exterior. Ele pega seu quepe sobre a mesa e sai correndo gritando para eu não sair da sala. Mesmo que quisesse, ainda continuava a olhar a fotografia que me causava uma angústia fervorosa...


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Notas finais do capítulo

Incêndio? Estranho...
Até...