Exile 3: O Renascer escrita por Melehad


Capítulo 26
Capítulo 25: Mais Profundo...


Notas iniciais do capítulo

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A Penumbra voltava-se a nós causando um extremo desconforto...

Depois de sairmos da cidade nada ocorrera de estranho, Zalgo parou de nos atormentar, nenhum demônio surgira para nos desafiar e, principalmente, Ancestral e Absolen não retornam para terminar a batalha. Estava tudo tão calmo que exalava estranheza, mas o alento do Guardião nos acalmava mesmo estando ele nervoso como todos nós.

Na saída da cidadezinha havia um imenso tapete de asfalto novo e bem liso por onde saímos. Em volta da cidade havia uma floresta – sempre florestas - densa e com o vigor da noite se aproximando não ajudava em nada a nossa vontade de adentrar na imensa área.

O sol afigurava-se esvaecido, pois dissipava-se lentamente atrás das longínquas cadeias montanhosas que cobriam o vale onde permanecia a cidade interiorana. O céu estava tão límpido e belo naquele entardecer que sentia que a noite não iria ser um problema, entretanto, sentia em meu coração que estava errado. As creepypastas adoram a escuridão e a noite é um prato cheio para elas...

Fritz estava na frente junto comigo e o Guardião, logo atrás estava o anjo e o soldado de granito. Fora o nervosismo tradicional que abalava nossa coragem, mas não a nossa força de vontade, existia também uma sensação turva como um mal estar febril e acredito que isso estava assemelhado com o Doppelgänger e seu plano porque, realmente, acredito que depois de receber seus poderes eu ganhei um tipo de premonição em relação a ele e quando algo está prestes a acontecer eu me conecto com o ser maligno de algum jeito que desconheço.

Sinto sua presença... — Fala o protetor do Exile observando a floresta.

— Onde mais ele poderia estar, não é? — Pergunto e todos concordam.

À frente, a área florestal que não conseguíamos adentrar por medo. O vento que vinha de dentro continha mais essência da creepypasta maligna que o próprio oxigênio e isso atrapalhava os sentidos do Guardião ao tentar localizar Herobrine, o poder do monstro era mais forte que o do ser de olhos brancos.

— Vamos lá... — Chego até a grade que ligava a autoestrada com a zona silvestre. Ela estava rompida em um espaçamento que dava para duas pessoas passarem um ao lado do outro de tão grande que era o rompimento. Passo para o outro lado e ainda prestando a atenção para não tropeçar na cerca de ferro entrelaçada, algo se mexe no mato e me assusto ao mesmo tempo em que fico em alerta. — Viram isso? — Acreditava incessantemente que algo vultuoso passara em minha frente movendo as plantas, mas não havia nada lá. — Ver eu não vi nada, mas se apostasse em que alguma coisa maligna está dentro dessa floresta acho que ganharia — Fala o SCP-011.

Quando paramos de observar a escuridão e constatar que nada havia ali, adentramos na floresta de pinheiros que naquela noite estava completamente assustadora com direito a uma névoa que nos cegava completamente, vultos entre as árvores e corvos nos galhos gritando contra nós como se estivessem nos avisando de algo...

— Como enxergaremos nesse mar cinzento? — O anjo pergunta, mas ninguém tinha a resposta.

Dávamos passos cautelosos para não tropeçar em algum tronco, rocha ou buraco no chão. Sempre juntos para não se perder nesse nevoeiro, se alguém saísse de perto era capaz de nunca mais aparecer novamente e sem contar no perigo que nos espreita nas sombras... E esse perigo nos alcançou...

Em um piscar de olhos SCP-011 é puxado para o interior do nevoeiro por algo longo e preto. Seus gritos eram mais altos que os tiros que sua espingarda dava na coisa que o capturara. O Guardião e Fritz seguiram cautelosamente até onde surgiram os clarões dos tiros... Segurando suas respectivas armas, o cetro e a espada do espectro protetor e o punhal do homem púrpura, eles observavam atentamente a sua volta para caso a criatura que nos afronta atacar. Não era o monstro que Herobrine, provavelmente, desejou a ressureição do anjo porque esses padrões de ataque era muito estratégico para um ser que gostava de atacar suas vítimas de maneira prática e rápida como Jeff avisou-nos.

Estava observando em volta o padrão desse ser misterioso que nos confrontou e utilizando a enciclopédia de creepypastas – que não estava muito boa ultimamente - em minha mente eu tentava achar a identidade dessa criatura que insiste em não aparecer para nós.

O Guardião e o Purple Man chegaram aonde vinha os clarões e observando em volta constataram que o soldado correu para longe dificultando o resgate deles, pois a névoa estava muito densa.

O anjo estava parado de cabeça baixa e descansando sua espada com a ponta da lâmina no chão molhado e que mesmo assim ainda levantava poeira o suficiente para nos atrapalhar mais ainda, cegando-nos. Ele estava concentrando-se no inimigo que se movia rapidamente para nos atacar e atacar também o espectro protetor e o púrpura na outra parte da floresta. Para tamanha esperteza teria que ser alguém que convive com isso e possa teletransportar-se para o outro lugar de maneira bem rápida e não muito cansativa. — Espere aí... — A névoa, algo puxando o soldado de granito para dentro do nevoeiro e assim nos dividindo, capacidade de se mover para outro lugar, além do clima sombrio de uma floresta para inspirar-se só podia ser obra de um ser...

Olho para trás para avisar o anjo e percebo um tentáculo sombrio se aproximando dele para puxá-lo, mas ele era mais esperto, antes de gritar para contra-atacar a coisa ele já havia percebido. Em um só golpe o anjo levanta a espada e corta a ponta do tentáculo fora acarretando um descuido do homem esguio, logo, ele segura o mesmo e puxa Slender para onde estávamos jogando-o no chão de terra molhada e barrenta.

Parabéns, conseguiu me capturar... — Slender, estirado no solo, aparentava não estar tão surpreso em ser derrotado pelo anjo protetor. Muito pelo contrário, ele estava calmo e se pudesse mostraria um sorrisinho confiante de tal maneira que nos mostrasse que tudo estava acontecendo da maneira que ele queria ou alguém queria...

— O que o torna confiante, esguio? — Pergunto enquanto o encaro. Ele dá uma risadinha - que mesmo fraca, com sua voz ficou ainda bem sombria – e começa a levantar-se do chão limpando seu terno preto feito com um tecido luxuoso e a voltar a sua postura meio corcunda por ser muito alto, dois metros de altura deve ser pouco.

Eu não estou confiante, apenas contente com o que irá acontecer com seu líder se vocês não irem salvá-lo rápido e eu acredito que quem irá trazer sua morte está bem próximo a ele. Consigo o ver correndo por entre as árvores, tentando fugir mesmo cansado, mas o ser continua a persegui-lo... — Olho nos olhos do anjo e ele estava cercado pela vontade de matar de uma vez por todas o esguio. — Hahaha, vocês acreditam mesmo que irão passar por mim? Eu ainda sou muito mais forte que todos juntos por ser quase um ancião, apenas Ancestral é mais forte que eu e sirvo a ele, então, eu não posso ser derrotado tão facilmente... — Guardião surge do nevoeiro pulando nas costas de Slender com sua espada afiada. Ele tenta ficar a espada nas costas do monstro, porém, como o homem esguio disse, ele não pode ser derrotado fácil e o Guardião falha em seu ataque. Um dos tentáculos dele se agarra na cintura do espectro protetor e o arremessa longe implicando ele antes de cair definitivamente, ser arrastado por alguns metros até ser parado por uma árvore. — Quem mais quer tentar? — Fritz se aproxima do esguio expelindo sua raiva como um vulcão em erupção. Ao rever o homem púrpura, Slender começa a lembrar dos velhos tempos onde - falsamente - dizia-se e mostrava-se ser da resistência, mas sempre corria para o colo dos inimigos depois de ver que por um relance eles estavam na frente.

Bom em vê-lo novamente Purple Man... — Fala Slender.

Eu não vejo nada de bom nisso — Responde ele.

Vai querer mesmo me enfrentar? Não viu o que aconteceu com seu amigo encapuzado e cheio de fé? Tolo, sempre foram e é por isso eu sempre desisto de vocês...

Vou te enfrentar sim, o que vale é a intenção, certo? E se por acaso eu falhar ainda sobra a resistência toda para te caçar porque ao saberem que eu fracassei, irão atrás de você e adivinhe só quem está lá ajudando no controle... Jeff The Killer. E você sabe que ele te odeia a ponto de largar tudo e ir te perseguir até no infernoEu não tenho medo desse assassino podre e fraco... — Diz Slender. — Mas mesmo fraco ele ainda irá te perseguir até achar alguma coisa que o mate.

As ameaças de Purple estava funcionando, pois Slender estava titubeando muito e mesmo que tentasse disfarçar seu interesse, ainda continuava demostrando seu desequilibro.

Ele não tinha medo de Jeff, acredito que não tinha medo de nada, mas todos tem medo e a única mudança é que alguns conseguem encará-los e outros os esconderem. Jeff para ele era um problema por ser exatamente o que Fritz falou, o assassino nunca iria descansar até o esguio estar destruído, sua rivalidade se une com a insanidade formando uma enorme montanha e tudo irá desabar em cima dele.

Suas ameaças são fúteis, Purple Man, tente outra — Slender fala.

Chega de ameaças, vamos por em prova nossas forças...

Slender desaparece em estática e reaparece atrás do púrpura o empurrando. Fritz – que estava apenas com seu punhal – tenta atacá-lo, contudo, Slender era muito mais forte e rápido de uma maneira jamais vista em uma creepypasta, apenas poderosos como Zalgo entre outros conseguiam este feito. Sempre soube que ele era poderoso, mas ao vê-lo em sua forma máxima de poder chegava a me surpreender de um jeito extremo.

Eu vou conseguir! — Gritava Fritz tentando aquecer sua força e elevar sua determinação caída porque sua mente acreditava que ele não iria conseguir por razão que juntando as provas que a força do esguio era maior constava-se que ele não era capaz de derrotá-lo. Só que nele ainda reinava a fé, o sentimento de acreditar, que tanto foi falado pelo ser iluminado para nos ensinar a nunca desistir de nossos atos e sempre olhar mais adiante, ultrapassar a barreira de espinhos e alcançar a vista prometida. — Eu vou acertá-lo, sim, eu vou! — Slender manda seus tentáculos sombrios e assustadores segurar as mãos e pés do púrpura impossibilitando-o de lutar. Sua adaga escorrega de seus dedos e em minha visão eu vejo ela cair rodopiando lentamente até cair no solo da floresta e ecoar um barulho baixo, mas para mim, alto. O tempo para mim parecia estar passando mais devagar, vejo Slender se mover mais lentamente, vejo Fritz tentando se libertar das “correntes vivas”, vejo o Guardião levantar-se cambaleando um pouco e passando a mão em seu braço direito – que estava machucado, vejo também o SCP-011 se aproximar mirando sua espingarda no rosto de Slender e vejo o anjo ainda parado segurando sua espada com um olhar pensativo. Mas o que realmente me estranhou era o que ecoava em minha mente, era a voz do anjo como se ele estivesse falando só que ele não movia sua boca, acredito que era seu pensamento, mas como? Como posso ouvir ele?

Em suas palavras ele aparentava estar pensando ainda no que aconteceu com ele na batalha contra o pai das creepypasta, seu olhar estava estranho, como se ele estivesse tentando se esforçar para se lembrar de algo, porém, em vão.

Algo incomoda seu amigo, não é? — Sinto um arrepio percorrer todo meu corpo causando um extremo desconforto. Olho para trás na procura do ser, ou melhor, da coisa que sussurrou essas palavras em um tom calmo e ao mesmo tempo nervoso para mim. A voz era fina e calma como de uma mulher jovem, mas ao chegar à última palavra, antes de terminar a frase, a voz foi ficando rouca até chegar ao ponto de apenas sair um grunhido que dava calafrios.

— Quem é você? — Pergunto encarando a escuridão em busca da criatura, sem medo e nervosismo. Não entendia, mas ultimamente estava mais estranho do que o normal, estranho do jeito que não conseguia achar uma explicação lógica para a pergunta que não quer calar em minha mente. O que aconteceu para eu parar de sentir medo? Eu sempre fui um pouco medroso e admito que às vezes o que me faz tomar decisões que variam de salvar a vida de alguém ou de mim mesmo é a adrenalina em alta que me dá a coragem necessária para enfrentar a ameaça maligna. Outra coisa que mudou em mim é que às vezes uma raiva fraca surge e o bom exemplo disso foi quando eu me estressei com Jeff The Killer logo após ele contar sobre o segredo do Herobrine.

Eu? Alguém que ajuda os amigos e você é um amigo e sinto em seu coração frágil que necessita de ajuda em algo. Não se preocupe, amigos são feitos para ajudar e o que você necessita é só pedir para mim... Eu posso realizar qualquer pedido seu apenas precisa encontrar o meu talismã que está com o homem de olhos brancos e aí eu... — Você é a creepypasta que Herobrine pediu a ressureição do anjo? — Pergunto. — Sim, ele pediu só que pediu errado e aí ele não ficou muito satisfeito com o resultado. O segredo é simples, pense bem antes de pedir e caso seu desejo for bem feito, o resultado será perfeito... — Você realmente acha que pode me tentar com suas promessas de que tudo vai dar certo? Eu conheço seu truque, eu seu que o que se é pedido para você o que retorna é exatamente o oposto ou pior... Eu sei quem é você... — O ser permanece quieto por alguns segundos e em seguida continua a me tentar: — Eu rastreio os corações sofridos e não estaria aqui se você não quisesse algo novamente Alan Richard... — A criatura tentadora do mal ergue suas mãos pálidas e as coloca sobre meu ombro movimentando os dedos e esfregando as longas unhas em meu casaco quase o rasgando. — É verdade, eu quero muito uma coisa... — Falo — O que quer? — Quero que você vá se ferrar! — Viro-me bruscamente para trás na esperança de acertá-lo, mas ao observar a área constatei que a coisa havia desaparecido e que a luta ainda continuava fervorosamente.

Fritz conseguiu se soltar dos tentáculos e empunhar sua adaga novamente, esquivando-se dos contra-ataques de Slender Man. Ele parecia estar mais confiante que antes e parece que sua habilidade de acreditar acarretou ele a correr em direção ao inimigo e conseguir enfiar a espada em sua barriga. Slender - ao sentir a dor da adaga que era toda serrilhada e enferrujada nas bordas – cambaleia e era a hora perfeita para o soldado de granito agir... Ele que já estava mirando na cabeça de Slender puxa o gatilho com todo gosto e a bala de pedra perfura sua cabeça fazendo o esguio gritar de agonia e um líquido preto escorrer de sua testa. — Game-Over, Slender — Ele se ajoelha no chão trêmulo e seu corpo, além de começar a evaporar, começa a esmaecer lentamente...

Mate-o logo! — Grita o soldado guardando sua espingarda no cinto em suas costas. Mais uma vez, aquele momento em que os heróis capturam, mas algo acontece e o vilão foge. — Matar seria pouco... — Guardião chega ao centro puxando algo de dentro de seu manto cinza e rasgado. Uma capa de couro envelhecida e meio queimada, páginas amareladas que afigurava sua antiguidade, este era o livro das creepypastas. — Acredito que trancafiá-lo eternamente nesse livro será um castigo muito pior que a morte, pois lá dentro é assustador até mesmo para o mal em pessoa...

Vocês irão pagar... sim... Doppelgänger está muito poderoso, mais uma etapa de seu plano e ele poderá apagar essa linha temporal e criar um novo universo a sua escolha e forma...O melhor de tudo é que se quiser eu posso retirar ele do livro depois. Mais tarde eu te entrego para o Jeff brincar com você, ele vai adorar — Ele solta mais um grito e com o livro aberto em mãos, o Guardião começa a falar o feitiço que sua as creepypastas para o livro, era algo em latim que não conhecia. Slender, parte por parte, começou a se desintegrar e entrar no livro, primeiro a pele rasgando, a carne junto com o sangue e por último seus ossos estalando e rachando.

Após isso, o livro aparentava estar quente de tanta fumaça que saia daquilo, lembrava da primeira vez que usei isso, foi uma queimadura braba, a sorte é que o Guardião utilizava manoplas nas mãos e – provavelmente – não se queimou. No livro estava um desenho de Slender com seu nome abaixo e olhando de perto vi que havia muitas páginas ocupadas com creepypastas que foram capturadas e eu queria muito saber quais eram, porém, agora não era a hora certa.

Sinto a presença de Herobrine, ele está perto! — Grita o espectro protetor que aparentava estar bem contente ao sentir o líder novamente e saber que ele estava vivo.

Vamos, depois desse desafio eu acredito que podemos vencer qualquer coisa já que Slender era um dos mais poderosos... — Fritz ressalta.

Eles começaram a andar calmamente por conta do cansaço e mesmo lento eles conseguiram me passar. Estava logo atrás deles quando eu passei por uma poça de água no chão que tinha uma água bem transparente e quando me agachei para olhar de perto eu deparei com algo que nunca mais iria tirar de minha mente, algo que me assombraria eternamente...

Meu reflexo estava muito diferente do que o normal...


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Notas finais do capítulo

A cada movimentar do relógio, essa ameaça se demostra mais misteriosa...
Até...