Exile 3: O Renascer escrita por Melehad


Capítulo 22
Capítulo 21: Família...




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— Fechem seus olhos, respirem calmamente e entrem no portal — Anuncia o anjo protetor. Um de cada vez foram entrando no portal. Primeiro o Herobrine que insistiu em ser o primeiro para se certificar se era seguro, segundo o Jeff que não queria ir sem seu fiel amigo canino, Smile, mas acabou cedendo e passando logo após o seu líder. Quando Jeff passou o cão correu até o portal ao encontro de Jeff, aquilo me encheu de amor em ver que os dois eram tão inseparáveis. Depois seguiu até o portal o Guardião que tentava acordar o SCP-011 de seu sono. Ele até conseguiu abrir os olhos e balbuciar um grande: "mais cinco minutos, por favor", mas não conseguia ficar de pé. Eu o segurei e avisei ao Guardião quando passar ficar atento que iria colocá-lo no portal e do outro lado alguém teria que segurá-lo porque provavelmente ele iria ir direto ao chão. Quando o Guardião passou eu segui com o soldado de granito até o portão, o coloquei em pé e o empurrei para dentro como se fosse ele ter passado pela fenda sozinho já que só podia um de cada vez.

— É a sua vez, Alan — Fala o SCP-001 dando um pequeno sorriso.

— Eu finalmente me lembrei de você... — Eu me aproximo dele e continuo: — Em Croatoan, quando eu e Jeff estávamos nos escondendo das criaturas noturnas entramos em um prédio abandonado e tentamos descansar. Absolen me tentou e criou uma ilusão em que Jeff e o Smile estavam mortos e uma voz me despertou da ilusão... Eu agora lembro de quem era essa voz... — De quem era a voz? — Ele pergunta. — Dele... — Olho para cima deslumbrando o céu. — Achava que era sua voz, pois ao vê-lo depois do acontecido minha mente falava que era você, mas era diferente, era uma voz grossa e imponente, uma voz que mesmo ouvida naquele momento era como se já estivesse a escutado desde quando era apenas uma criança — Ele dá um pequeno riso e olha para baixo como se estivesse lembrando-se de alguém, provavelmente de quem era o dono dessa voz — Eu te vi pela primeira vez no alto do prédio em que eu e o assassino estávamos. Você apareceu e deu um pequeno riso igual a esse seu agora e depois desapareceu. Pensei que você tinha me chamado e ido embora de repente, mas eu descobri depois que quem queria falar comigo era James — Sim, eu estava lá para levar James até você, esta era a missão designada a mim naquele momento. Sinto muito por não ter falado contigo, amigo, mas estávamos no meio de um ataque repentino na Terra onde a defendíamos contra os demônios mandados de Absolen — Ele se desculpa só que não havia necessidade disso. Eu entendia a razão dele ter sido tão rápido. — Não precisa se desculpar, além do mais, se você não tivesse levado James até mim eu não iria receber a mensagem que ele tanto queria passar a mim.

Olho em volta e percebo o tempo. Demorei demais para entrar naquela fenda e acreditava que Herobrine já estaria preocupado no outro lado. — Acho melhor eu entrar nesse portal antes que mais alguma coisa ruim aconteça. Nos vemos do outro lado, amigo — Fechei os olhos e adentrei na quebra-dimensional. Não havia nada na frente da árvore, nada mesmo, mas ao encostar pode-se constatar que havia sim um portal ali. O portal era nada mais nada menos que uma quebra na realidade que nos levava até seu fim – a Terra- ou vice-versa. Não havia uma enorme construção ou algo escandaloso como um arco monumental, era como uma rachadura no tempo e espaço onde tudo que passasse ali era teletransportado para outro lugar. Um buraco de minhoca bem pequeno.

Não senti nada, nem sequer um arrepio. Em um piscar de olhos eu já estava sentindo o ar da Terra que mesmo poluído era mais puro que o do Exile. O vento aquecido jogava meus cabelos e um lado para o outro e regulava minha temperatura que estava gélida por causa do clima morto da outra dimensão... — Alan, abra os olhos... — A voz era de Herobrine. Lentamente fui elevando as pupilas e a escuridão turva era substituída pelo clarão do sol que vinha do exterior. Estava em pé e olhando para cima, o sol brilhante e quente estava cercado de nuvens tão brancas e tão belas que estava realmente me perguntando se estava em casa. Na verdade a causa de ficar maravilhado por algo tão comum é porque eu estava acostumado com aquele lugar horrível que era a dimensão das creepypastas, aqueles matos secos, ar morto, céu arruinado e o clima mórbido.

Estava em uma cidade. Não uma selva de pedra cercada de prédios, carros ou pessoas indo para seus trabalhos com aqueles ternos amarrotados e cabelos despenteados, era uma cidadezinha do interior bem com direito a casas de madeiras, fazendas e um povo simples e feliz com o pouco que tem. Mas não havia um povo lá... — Bem a cara de Missouri isso — Falo olhando a placa à minha frente que estava dizendo a localidade da cidade: Downville, Missouri.

Atrás — Vem uma voz atrás de mim, viro-me bruscamente por conta do medo de ser algum inimigo junto com um ataque repentino, mas na verdade era Herobrine cercado por todos. Todos estavam lá e bem, Jeff estava respirando e aproveitando ao máximo o ar e a beleza de estar de volta à Terra. — Saudades daqui... — Smile corria e rolava nos gramados das casas como um filhote, o Guardião ainda continuava quieto e segurando o SCP-011 e logo atrás de mim surgia o anjo. — Onde estão todos? — Pergunto referente às pessoas que moravam nessa cidade interiorana, estava tudo vazio e esquecido como uma cidade fantasma deve ser. — Provavelmente possuídos por demônios servos de Absolen, ou melhor, Doppelgänger, já que o Absolen se demonstrou nada absoluto — Ele chega mais perto de Herobrine continuando: — Doppelgänger planejou tudo, nem todas as cidades foram atacadas e as que foram continuam quietas como se os seres infernais quisessem que o apocalipse acontecesse em segredo sem causar muito alarde, ou... — O interrompo completando sua frase — Ou esse não é o plano do Ancestral... — Todos ficam quietos pensando no que falei, realmente o motivo para não sabermos o que o Ancestral quer fazer é porque é algo grande e ele não quer que nós saibamos seu plano...

Ele tem razão, o plano do Doppelgänger está muito bem elaborado e enfurnado em sua cabeça doentia — De um dos becos escuros das casas surgia ele que andava calmamente. Passos leves com seus sapatos sociais pretos que combinava com a calça da mesma cor, uma blusa social branca – que aparentava ser pouco cinza - e gravata preta, este era o homem mais falado nesses longos dias caóticos. Ele andava de cabeça baixa e o que se via mais era seu cabelo engomado e penteado de maneira cuidadosa que demonstrava sua extrema vaidade. Não posso reclamar de alguém que vivia em meados da década de 80.

Eu não acredito... — Replica Herobrine espantado.

Todos estavam de queixo caído – menos o SCP-001 e o Guardião - ao ver que alguém muito conhecido não estava morto como muitos pensavam. Eu sempre desconfiei que ele ainda estivesse vivo ou pelo menos ainda estava na ativa porque sempre sentia em minha alma, meu coração, que ele vagava por aí ajudando os desafortunados nesse apocalipse. Meu amigo finalmente estava na minha frente depois de muito tempo... — Fechem essas bocas — Ele ficou em frente encarando o minecraftiano com suas mãos ainda dentro do bolso do longo sobretudo luxuoso e roxo. Ele dá seu clássico sorriso maníaco e olhar intimidador que outrora assustava muitas pessoas, mas agora não. — Purple Man... — Anuncia Jeff. — Sim, sou eu, porém, não mais roxo como condiz o nome — Brinca ele.

Realmente, sua pele roxa e seus olhos negros com apenas a íris branca desapareceram e deram a ele uma aparência humana mostrando sua pele clara e olhos castanho-escuros. Mas mesmo mudado em aparência ainda era o velho e sarcástico Fritz Smith, o Purple Man.

— O que aconteceu com você Fritz? Porque desapareceu? — Pergunto ainda esbanjando surpresa em reencontrá-lo. Ele olha para os olhos de todos e aparenta ter um flashback, uma lembrança dos fatos ocorridos anteriormente... — Depois de morrer eu achei que iria para o inferno por todas as atrocidades que cometi em minha vida, mas ao abrir os olhos estava em uma floresta, uma floresta tão bela e magnífica que poderia ficar deslumbrando por dias. Em minhas andanças por lá eu encontrei um homem estava sentado lendo um livro grosso e comentou comigo que o inferno não era o meu lugar... O que fiz por você, Alan, por James e por todas as creepypastas boas foi algo muito bonito e mudou minha alma e quando me sacrifiquei para salvar o detetive aquilo foi a atitude que me libertou de meu espírito corrompido. Mas o homem disse que minha missão ainda não havia acabado e que como as almas das crianças me perdoaram eu poderia receber uma segunda chance. Por isso, Alan, você me viu aquele dia do outro lado da rua. Eu revivi minha vida e agora entendi o motivo de minha volta, era para te ajudar novamente como eu fiz muito tempo atrás — Ao ouvir essas palavras eu me enchi de alegria, saber que o pior dos homens pode ser perdoado mostrava a mim que tudo era possível e que a bondade nunca irá perecer.

Depois de descobrir que o mundo voltou a ser atacado e que as creepypastas estavam fugindo para cá eu montei uma resistência que protegeria os humanos que encontraríamos e os abrigaria durante o final. Também juntaria as creepypastas desiludidas e perdidas nesse mundo dando a elas um lado e criando um bom exército para a batalha final — Continua Fritz.

E Jane? Ela está com você Purple? — Pergunta bruscamente Jeff inseguro.

Ela está bem e está conosco na nossa base segura, a Igreja da cidade — Solo sagrado? — Pergunto. — Isso não funciona bem, mas pelo menos é um lugar bem óbvio que eles não irão procurar. Deixamos pistas como objetos fora do lugar e barulhos nas casas para que os inimigos achem que estamos mudando de lugar sempre e isso está funcionando até agora, temos que agradecer por eles serem um pouco burros e confiantes mesmo sendo enganados toda hora.

Sim, mas o Doppelgänger não é idiota assim que nem eles... — Ressalta o Guardião que se aproximava lentamente de nós quando percebeu que o soldado de granito não necessitaria mais de sua ajuda, pois estava acordando de seu desmaio tranquilizador e repentino.

Espere... Doppelgänger? — Pergunta abismado Fritz demostrando uma face confusa com a fala do protetor e ao mesmo tempo medrosa com a resposta que o mesmo iria dar. Ele não sabia que o Ancestral estava de volta e a todo vapor.

— Absolen foi apenas um peão no tabuleiro do demônio copiador, até mesmo o que se queixava absoluto foi surpreendido com a volta triunfal do ser obscuro chamado Doppelgänger — Fritz estava paralisado. A verdade foi mais dura e dolorosa para ele do que para nós. Ele e ninguém mais que ele sabia o tanto que nós lutamos para derrotar o Ancestral e o demônio do nada retorna contando que na verdade nunca foi preso e que tudo ainda fazia parte de seu plano desde o início.

Eu... eu... o que me restou depois disso é apenas cinzas. O fogo da verdade me incendiou por dentro e as suas chamas de dor destruíram tudo... Eu pensei que finalmente ele estava derrotado depois de tantas atrocidades que ele cometeu, mas ele sempre volta. O mal sempre retornará e retornará até que nós decidimos virar o mal porque se ele sempre volta a única oportunidade de nos livrar dele é o destruindo, no caso matá-lo e fazendo isso nós nos transformaremos em seres cruéis e seremos corrompidos... — O mal sempre irá se safar da morte porque nós o deixamos ir para nos sentir melhores, mas a cada vez que isso acontece ele retorna e mais vidas são sacrificadas por razão de nosso egoísmo — Continuo a fala dele. — Mas dessa vez será diferente, não iremos deixar o demônio Doppelgänger sair vivo e se mais uma vez o levarem preso eu e somente eu irei até sua jaula e arrancarei sua vida — Continua o SCP-001 — Mesmo que isso custe em nossa alma corrompida iremos fazer todos os monstros que se meterem em nosso caminho pagar pela maldade que fizeram... — Guardião termina, mas ainda faltava um para falar e ele estava quieto e taciturno, Herobrine termina de uma vez a frase épica:

Nossa família está reunida e nada irá nos separar novamente. Se por desventura na batalha final alguém se for saibam que um homem disse uma vez que a morte nunca é um fim concreto, é um recomeço. Esse homem não é um humano, não é uma creepypasta e nem um ser indefinido, ele é todos nós juntos, unidos, e aposto que está nos vendo e está presente conosco em espírito. Ele nos deu a maior missão de todas e por ser tão grandiosa é também a mais complicada, porém, é a mais honrosa e bela. Então se for preciso ir fundo para completá-la eu irei e espero que vocês também porque quem sou eu sem vocês? Apenas mais um ser insignificante querendo mudar o destino. Iremos salvar todos que pudermos, derrotar todos que conseguirmos até que a última gota do nosso sangue caia decretando nosso falecer... Sei que muitos estão com medo, eu também estou e não os culparei se quiserem ir. Estou dando a chance de se safarem do massacre que será a última batalha, então, se quiserem fugir eu darei todo o apoio e quem chamar-te de covarde eu irei defendê-lo porque tem que ter muita coragem para fazer isto — Todos ficaram quietos por uns instantes...

Acredito que... ninguém irá i...ir embora... — Fala SCP-011 despertando.

Todos concordaram com o soldado. Ninguém iria abandonar ninguém porque esse é o significado de família, união, e todos nós temos essa palavra gravada em nossos corações.

— Agora sei o verdadeiro motivo do Criador escolher vocês... — O anjo fala sorrindo.

Então estaremos juntos nessa guerra, estou feliz pelo apoio de todos vocês, obrigado. O alvorecer de um novo dia está para acontecer e nós iremos ser os criadores desse dia onde o mal perecerá diante de nós e o bem irá ser restaurado no coração de todos... Conseguiremos vencer essa ameaça, sim, conseguiremos! Temos conosco o maior poder que poderíamos ter, um poder lendário e grandioso que eleva a esperança e a coragem à níveis absurdos. Esse poder é chama-se ter fé...


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Notas finais do capítulo

Purple Man retorna triunfante.
Até...