Overthinking escrita por Ingrid Moraes


Capítulo 2
Intervalo


Notas iniciais do capítulo

Continuação...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/650742/chapter/2

Quando o sinal bateu, os alunos deixaram a sala. Alex saiu primeiro, sendo seguido por David que perguntava qual era a do "aleluia" de antes, e Matt vinha logo atrás perguntando para David qual era a dos "obrigados" que ele tinha dito durante o período.

Quando chegaram no pátio Alex parou e se virou para os dois que ainda o seguiam.

– Vocês dois vão jogar ou não? - quando notaram estavam na quadra de futebol, e tinha uma turma de garotos os esperando.

– Mas nem fud... - David começou, mas Matt logo o interrompeu.

– Não. Valeu, eu vou fazer companhia para o David. - começou falando, mas quando viu o outro se afastando, gritou:

– Faz um gol por mim. - vendo Alex indo em direção aos outros colegas, e um deles tinha a bola em baixo do braço.

– Então, podemos conversar agora? - Matt se virou para o David que ainda encarava o amigo que estava longe.

Ele estava incrédulo, como assim o outro lhe abandonava com Matt no seu pé, e ainda por cima para jogar futebol. "Que papo de 'aleluia' foi aquele", "será que ele sabia de alguma coisa?", muita coisa se passava na cabeça dele agora.

– Porque você não quis jogar? - David ignorou a pergunta anterior do outro.

– A gente vai realmente conversar aqui? - Matt perguntou levantando uma sobrancelha. David olhou em volta e suspirou.

– Eu conheço um lugar, vêm. - disse puxando o outro pela camiseta que tanto odiava. Eles caminharam um pouco pela grama até chegar em um banco perto de uma árvore. Matt se sentou no banco e ficou olhando para o mais alto que andava de um lado para o outro. David tentava lembrar-se de todas as coisas que estavam na sua mente antes, queria falar tudo e perguntar tudo. Até que parou quando Matt pegou na sua mão. Ele olhou nos seus olhos e aqueles verde brilhou, ele achava aquilo incrível. Ele se sentou do lado dele, ainda segurando sua mão. E eles se confessaram:

– Matt, eu penso de mais.

– Como assim?

– Minha cabeça nunca para, ou parava, até agora. - ele olhou para as mãos ainda juntas, e continuou - eu penso tudo, sobre qualquer coisa. Coisas que acontecem, que vão acontecer ou que já aconteceram. Eu analiso tudo antes de falar ou fazer. Eu observo e estudo as possibilidades e depois ajo. Eu também analiso o que aconteceu, penso em como poderia ter acontecido da maneira melhor possível e tal. E completamente loucura. Está me entendendo? - David não sabia como o outro iria reagir, ele poderia dar risada da cara dele. Mas não o fez, Matt só disse simples.

– Isso deve ser cansativo, é só não pensar e deu.

– Eu não faço porque eu quero. Não é uma coisa que eu consiga desligar, mas eu consegui, quando você me beijou. Por isso eu agradeci.

– Os meu lábios te deram paz, não foi?! - Matt conclui divertido. Fazendo o maior corar e baixar a cabeça sorrindo.

– é, de alguma maneira você me faz parar de pensar quando me toca. - David admitiu baixinho.

– Ok, mas isso não responde os outros obrigados.

– ah, aqueles quando tu me chamou de chato e estranho?! - David o olhou falsamente aborrecido, fazendo Matt rir.

– É. - sorriu malvado.

– Era para eu ficar ofendido?! - olhando para o lado, dando de ombros continuou - Eu não me ofendo com o julgamento dos outros, me conheço muito bem a ponto de não me aborrecer com o que me é dito, sei que posso ser chato, todo mundo é, e sei que sou estranho aos olhares de alguns, mas, não me importo. Então, quando eu agradeço é pelo fato da pessoa ter notado algo em mim.

– Nossa, você pensa em tudo mesmo.

David riu alto pelo comentário do outro. - Minha vez. - ele disse, agora olhando para Matt. - Porque você não quis jogar?

– Você nunca notou? Estava ocupado de mais pensando?! - brincou divertido.

– Do que você está falando? - David estava confuso, ele raramente via Matt no intervalo, achava que estava jogando futebol, afinal só falava nisso.

– Eu não jogo futebol. - ele disse sério, David fez uma careta, ele iria falar, mas Matt continuou. - Eu nunca joguei. Eu tenho um problema na válvula do meu coração, eu não posso fazer esforço físico. - Matt concluiu com um tom triste na voz.

– Que droga, eu sinto muito. - foi ai que David lembrou, Matt nunca fazia Educação Física junto com a turma. Se achava patético, por anos achou o senhor observador de tudo, e agora estava ali, sem nunca ter observado de verdade o seu colega.

– Ta tudo bem, o médico disse que eu posso transar normalmente. - ele deu de ombros e sorrindo após. David ficou chocado com a velocidade de mudança de humor de Matt. "Como ele poderia brincar depois de me contar uma coisa dessas?" pensou, "a não ser que não seja brincadeira", agora David arregalou os olhos e disse rápido.

– Eu não vou transar com você, se é isso que está pensando. A gente só se beijou. Eu ainda não te conheço, ou você me conhece. - ao terminar a frase viu o sorriso de Matt se desmanchar.

– Você vai deixar, né? Eu poder te conhecer? - ele falava sério.

– Porque você faz questão? - David realmente gostaria de saber, afinal eles eram completamente diferentes. Matt era implicante, bagunceiro, e amava futebol. Porque gostaria de conhecer um garoto "estranho" que lê muito, desenha todo hora e usa sarcasmo como autodefesa. O tipo dele era muito mais uma cheerleader efusiva loira de piercing no umbigo. A imagem que David criou em sua cabeça o fez querer vomitar, essa garota pendurada no pescoço de Matt, não, não era assim que as coisas deveriam ser.

– Porque, David, eu te acho incrível, apesar dessa sua cabeça maluca. - Matt bagunçou um pouco os cabelos castanhos do maior - Você me faz querer ser melhor.

David sorriu ao ouvir aquilo e disse: Acho que a gente pode se ajudar. Ele aproximou seu rosto do de Matt e sentiu a respiração do loiro bater na sua bochecha. Matt segurou o rosto do maior e deu um beijo leve no canto direito da sua boca, depois virou o rosto do mesmo, dando um beijo em seu pescoço, o fazendo tremer com o toque, e por último beijou o olho direito de David. Esse sorriu e falou baixinho: Desde quando você olha filme francês?

Matt riu e só apontou para o seu lábio, da mesma maneira que a Amélie Poulain faz no filme. David então obedece e faz o mesmo caminho de beijos no rosto de Matt. Após o último seus lábios se encontraram e agora eles se beijavam de verdade, com suas línguas se encontrando e seus lábios se movendo. Demoram a notar os gritos e assobios vindos de longe. Eram seus colegas de aula comemorando um gol, eles então se afastaram ao lembrar que estavam na escola. Se fossem pegos se beijando sofreriam punição por quebrar uma regra.

– E agora o que a gente faz? - Matt perguntou ao outro entrelaçando seus dedos nos cabelos de David.

– Pode ir à minha casa depois da aula? Até lá já vou ter pensado em alguma coisa. - ao dizer isso Matt riu e disse.

– Eu estava me referindo sobre agora, agora. Tu quer continuar aqui? Quer ir falar com o Alex, ou quer sei lá, comer alguma coisa.

– Eu não como nada, normalmente só fico lendo ou desenhando no intervalo.

– É eu sei.

– Como assim?

– Eu ficava te observando de longe.

– Stalker!

Matt gargalhou com a acusação, e logo disse: O convite está mesmo de pé?

– Sim, tu vai?

– Claro. Adoraria conhecer meus sogros.

– Sogros?! Meus pais não vão estar em casa, e eles ainda não são seus sogros.

– Ainda? - sorriu bobo - Pera aí! Não vão estar em casa? - Levantou a sobrancelha e sorriu safado.

– Ah, não. Bem que tu queria, mas não. O Alex vai estar lá também.

– Ménage Uhul - ele gritou levantados os braços em vitória.

– Ai meu Deus, para de pensar assim do meu melhor amigo, a gente se conhece desde moleque.

– Vocês tomavam banho juntos? - perguntou rápido só para incomodar.

– Ok, eu vou embora. - David disse se levantando.

– Não, não, me desculpa, eu tava zoando. É brincadeira, eu adoro o Alex, mas não gosto da ideia de vocês juntos. - ele disse se levantando também e puxando o outro pelo braço.

– Você tem ciúmes mesmo? - David se virou e envolveu seus braços em Matt num abraçou.

Ele balançou a cabeça infantilmente concordando em resposta.

– Ótimo, porque a gente tomava sim. - e David largou o menor, caminhando na frente, deixando um Matt chocado para trás.

Quando David já estava chegando perto da quadra, Matt se apressou para alcança-lo. Eles ficaram sentados na arquibancada assistindo os garotos jogarem futebol. Contra a vontade de David, é claro, mas ele precisava conversar com Alex, então só restava lhe esperar terminar a partida. Quando faltavam alguns minutos para o intervalo acabar, Matt deixou de torcer e gritar para ir ao banheiro. "Ótimo, eu preciso falar com o Alex sozinho mesmo" David pensou.

– Vai lá. A gente se encontra na sala. - David disse se levantando para se encontrar com Alex, enquanto Matt seguia na direção oposta.

– Eaí, vocês se entenderam? - Alex perguntou limpando o suor em uma toalha que David se perguntava da onde ele tinha tirado.

– Não sei do que tu ta falando. - David tentou desconversar.

– ah qual é David, eu vi vocês conversando e rindo de boa agora a pouco. Fora as troca de olhares e o lance na biblioteca. - David gelou, Alex tinha visto o beijo, "que vergonha" pensou.

– Não é nada disso que tu ta achando. - Alex o olhou com desconfiança, debochado e David continuou - Aliás, quando você iria me contar sobre os teus domingos com o Matthew?

– Está com inveja? - Alex riu da cara que David fez.

– Não. Mas afinal o que vocês ficam fazendo neste tempo juntos?

– Posso te garantir que não é a mesma coisa que vocês fazem quando estão juntos. - Alex ainda tinha o tom divertido na voz.

– Olha, a gente não faz nada de mais, ok?! Eu nem conheço ele direito. Eu não... - David estava tentando se explicar quando Alex disse:

– Tá tudo bem, David. Eu já estava esperando isso. Eu acho que vocês fazem uma bela dupla. - ele falava calmo com a mão no ombro do amigo.

– Como assim já esperava? Isso tem a ver com o Aleluia de antes? Vocês planejaram isso pelas minhas costas? - David já estava completamente desconfiado.

– Meu Deus, não. Para! Respira, David. Isso não é um complô. Está pensando de mais de novo. - eles caminhavam em direção a sala de aula. - Eu te explico mais tarde, pode ser?! Mas chega de paranoia.

– OK, passa lá em casa de tarde. - Alex concordou e eles entram na sala e o sinal bateu. No final da aula cada um seguiu para sua casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

só mais uma, nada de mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Overthinking" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.