The Legend of Zelda: Hyrule Legends - Awakening escrita por Larenu
Notas iniciais do capítulo
"It's dangerous to go alone"
— Unnamed Old Man from "The Legend of Zelda"
Ok, lá vamos nós...
Um fato concreto: a Superfície não era mais a mesma. Sim, isso era verdade. Desde que os Hylianos se dividiram em dois grupos e um destes passou a viver na Superfície, fato que provocou a fuga dos dragões Faron, Eldin e Lanayru, as criaturas estavam se tornando mais perigosas e as árvores estavam se multiplicando mais rápido.
Os líderes das expedições na Superfície eram Link, Gaepora, Pipit e Groose. Eles se organizavam em um grande acampamento nômade e revezavam na caça para buscar alimento.
Naquele dia, Link acabara de chegar com uma caça intrigante: um bokoblin. Bokoblins deveriam estar extintos, mas, aparentemente, ninguém dissera isso para aquele.
Entrando na cabana maior, Link percebeu o rosto aflito de Pipit, que olhava sem discrição para Gaepora.
— O que passa Pipit?
— Conte a ele, Gaepora — pediu Groose.
Gaepora mirou seus olhos tristes em Link.
— Estou indo embora, Link.
— Co-co-como assim?
— Ah, Link... Não percebe que a Superfície não nos quer aqui? Os dragões foram embora e os nativos nos rejeitam. Não somos bem-vindos aqui.
— E você quer dizer o que com isso? Que vai retornar para Skyloft?
— Acha mesmo que quero retornar para um lugar cheio de lembranças da ira dos céus, um lugar assombrado por nossos entes queridos falecidos?
— Sei que a reação de Levias foi inesperada, mas...
— Eu vou me devotar à Deusa, Link. Farei como nossos ancestrais e procurarei respostas com Hylia.
— Como Zelda irá reagir?
— Mal. Mas ela não saberá que vos abandonei. Dirá a ela que morri.
Groose se irritou com essa parte.
— Escute-me bem, seu velho gagá! Você quer nos abandonar e ainda quer que mintamos para sua filha?
— Prefiro uma vida precária de devoção a Hylia do que uma vida de luxo no Reino de Demise!
Link parou para pensar um pouco.
— Voltaremos a ouvir falar de você, Gaepora. Como acha que Zelda vai reagir ao seu nome?
— Gaepora morre hoje, meu caro. A partir de agora, eu sou Rauru. Encontrar-me-á no outrora Templo Selado, o Templo do Tempo.
Gaepora, ou melhor, Rauru juntou sua túnica para mais perto e caminhou rumo à saída. Quando ele deixou-os ali, Pipit e Groose procuraram os conselhos de Link.
— O que faremos agora? Sem Gaepora, o líder é você.
— Deixem-me pensar um pouco. Essa conversa foi desgastante.
— Mas Link...
— Só deixem-me, está bem?
Os dois saíram, deixando Link em uma cadeira. Ele fitava a parede, imerso em seus pensamentos. De repente, uma dor enorme percorreu seu corpo, vinda de um ponto em especial nas suas costas.
Olhou para trás e viu o bokoblin que caçara segurando uma espada. Seus olhos passaram pela lâmina e viram a ponta da arma cravada em suas costas.
O Herói dos Céus não lutou. Não valia a pena. A vida se esvaiu lentamente de seu corpo, de forma que sua cabeça pendeu para frente. A última coisa que viu foi Pipit entrar correndo na cabana, espantado, para auxiliá-lo.
••
Zelda caminhou na direção da entrada do templo. Estava cercada por soldados, mas sentia que eles não poderiam acompanha-la. Olhou o bilhete em suas mãos e leu-o novamente:
“Cara Zelda,
Encontre-se com a feiticeira do Templo das Almas. Ela é a única com poder suficiente para proteger seu povo da grande ameaça que se esconde na Superfície.
Atenciosamente,
Impa”
Sim, era um bilhete de Impa. A falecida Impa que tanto ajudara Zelda em vida. Talvez Zelda não tivesse reencontrado Link sem Impa. Talvez, não. Com certeza.
— Soldados, me aguardem aqui. Tenho que fazer isso sozinha.
Eles bateram em continência. Zelda lembrou-se deles voando em Loftwings e salvando aqueles que caíam de Skyloft e das Ilhas Flutuantes. Sorriu. Eram lembranças maravilhosas.
Ah, se Skyloft não tivesse sido punida. Estariam em um grupo bem maior — ou talvez nem ali estivessem. Ela ainda podia enxergar as criaturas escuras voando na direção de Skyloft e destruindo tudo. Foram punidos por Levias. Punidos por danificar a terra sagrada que era conhecida apenas como Superfície.
Ela caminhou pelo jardim da entrada, observando as estátuas que representavam lobos e diferentes heróis com gorros. Zelda repetiu em sua mente o porquê de estarem ali: “A Guardiã pode usar seus poderes atemporais para nos dar esperança”.
Esperança. Era uma palavra tão simples de se dizer, mas que soava tão bela. Apesar disso, era difícil de obter. E de manter. Mas, juntamente com a paz e a prosperidade, necessitava de três quesitos muito importantes: coragem, sabedoria e poder.
Sim, coragem, sabedoria e poder. Com esses três quesitos, a paz e a prosperidade podiam ser mantidas de forma que a esperança estaria garantida. Isso te lembra de algo?
Claro. A Triforce. O poder ancestral que pairara sobre os Hylianos ao descerem para a Superfície e livrá-la de Demise. Os três triângulos dourados representavam cada um dos quesitos necessários: Poder, Coragem e Sabedoria.
Mas, é claro, tamanho poder não podia permanecer entre os Hylianos. Por isso, Gaepora, pai de Zelda, utilizara o Templo do Tempo (nome que dera ao outrora Templo Selado) para mandar a Triforce para outra realidade, e esta uma transcendia tempo e espaço. A Realidade Sagrada, como chamava.
Zelda encerrou seus devaneios e lembranças ao entrar em um salão cheio de pinturas que retratavam pessoas e criaturas. Lá estava a Guardião do Tempo: com seu chapéu e roupa brancos, lenços lilases translúcidos que desciam do chapéu e desenhos na pele visível. Ela exibia grandes seios com um decote tamanho. Seus cabelos, também lilases, eram quase completamente escondidos dentro do chapéu.
— Zelda de Skyloft, seja bem-vinda ao Templo das Almas.
— Obrigada, Guardiã do Tempo. Sabe por que estou aqui?
— Eu sei. Apenas não tenho certeza se você sabe.
— Vim pelo bem do meu povo.
— Diplomata — disse a Guardiã sorrindo. — Não, Zelda. Nossos destinos se cruzaram por motivos ao mesmo tempo bons e maus.
— Como assim?
— Você fundará uma civilização, Zelda. O reino de Hyrule! Que coisa espetacular, não acha?
Zelda pensou por um momento.
— Sim, acho. Mas por que mau, então?
— Porque eu devo alertar você de um perigo.
A Guardiã levou Zelda até um canto de uma parede, que mostrava Skyloft.
— Aqui você vê Skyloft — disse ela, caminhando rente à parede. — E aqui, Link derrota Demise. Vocês descem dos céus e passam a viver aqui. A Triforce é mandada para fora deste mundo, Skyloft é atacada por Levias, os três dragões fogem da Superfície e desaparecem, as outras espécies nativas daqui se desesperam... Isso tudo você conhece, certo?
— Sim, sim. Vivi todo esse período.
— Claro, verdade. Bom, as coisas mudam quando esta pessoinha — Ela indicou uma figura corcunda. — abandona este lugar — Ela indicou uma série de morros... ou talvez fossem cabanas. — e ocasiona a morte desta outra pessoinha. — Ela mostrou uma figura sendo esfaqueada por outra menor e repugnante. — E então, isto ocorre.
Os olhos de Zelda percorreram a parede até os desenhos seguintes. Ela viu o sangue do esfaqueado penetrar no solo e descer por grandes rachaduras até um enorme abismo sem fim. Então, dois olhos endiabrados surgiam no abismo, provocando temor no mais profundo de Zelda.
— Que criatura é essa que ameaça o povo?
— O dragão de fogo. Volvagia.
Aquele nome invocava poder. Os olhos da criatura no desenho pareciam brilhar e chamar por Zelda.
— Tem como evitarmo-lo?
— Acho difícil, rainha.
— Rainha?
— Oh, perdoe meu equívoco. Bom, voltemos ao assunto. O dragão irá retornar, Zelda. Isso é inevitável. Agora, isso pode levar anos ou até séculos para acontecer. Ou pode ocorrer ainda hoje. Não posso prever isso.
Zelda fitou-a por um momento.
— Agradeço-te pelos serviços, Guardiã.
De repente, um soldado entrou correndo na sala.
— Senhorita, é urgente. Acabam de chegar com uma triste mensagem.
— Diga-me.
— O senhor Link... está morto.
Ela apertou o bilhete de Impa em suas mãos com força.
— Você tem agora sua resposta, Guardiã. Sua profecia começa agora.
••
Uma gota do sangue de Link pingou no chão quando Pipit e Groose encontraram-no morto. Essa gota rubra percorreu léguas no subsolo, deslizando por rachaduras no solo fértil e tingindo-o em parte de vermelho.
O sangue do herói chegou a uma enorme câmara subterrânea. No piso dela havia símbolos desenhados. O sangue se espalhou pelas ranhuras, dando aos símbolos a sua cor. Quando todos os desenhos estavam prontos, a câmara se abriu ao meio.
Nas profundezas do abismo escuro que foi revelado, dois olhos se abriram. Chamas bruxuleantes pareciam sair deles. A criatura começou a voar e rompeu o solo, saindo ao ar livre nas proximidades do acampamento.
Alguns hylianos que estavam próximos apontaram para aquele dragão vermelho e gritaram:
— Monstro!
O dragão desceu a cabeça na direção deles.
— O nome é... Volvagia!
Eles correram para escapar do fogo, mas foram engolidos pelas chamas. O dragão bateu as asas e subiu mais no céu, rodopiando em um furacão de chamas.
Volvagia subiu até encontrar uma ilha flutuante. Ela estava incendiada, assim como todas as construções nela. O dragão deitou-se naquele solo infértil.
••
Longe de Volvagia, algumas criaturas o observavam.
— Ele voltou... — disse o maior deles.
Os outros três se voltaram para este.
— Sim, Levias — disse a única com voz feminina. — Era inevitável.
— Essa besta já me causou muitos problemas, Faron. Meu vulcão abrigou tal monstro por muitos anos.
— Não se esqueça de que fui eu quem o tirou de lá, Eldin.
— Não me esquecerei, Lanayru.
Os três dragões e o Espírito dos Céus se entreolharam.
— Faron, Eldin e Lanayru, o destino dos hylianos está novamente nas mãos de um herói que ainda não surgiu.
— Acha que Fi está esperando por um novo protegido? — perguntou Faron.
— Acho, não. Eu tenho certeza disso.
Os quatro seres se deixaram envolver pelas nuvens e desapareceram.
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