The Legend of Zelda: Hyrule Legends - Awakening escrita por Larenu


Capítulo 1
01x00 - Pilot


Notas iniciais do capítulo

"It's dangerous to go alone"
— Unnamed Old Man from "The Legend of Zelda"

Ok, lá vamos nós...



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Um fato concreto: a Superfície não era mais a mesma. Sim, isso era verdade. Desde que os Hylianos se dividiram em dois grupos e um destes passou a viver na Superfície, fato que provocou a fuga dos dragões Faron, Eldin e Lanayru, as criaturas estavam se tornando mais perigosas e as árvores estavam se multiplicando mais rápido.

Os líderes das expedições na Superfície eram Link, Gaepora, Pipit e Groose. Eles se organizavam em um grande acampamento nômade e revezavam na caça para buscar alimento.

Naquele dia, Link acabara de chegar com uma caça intrigante: um bokoblin. Bokoblins deveriam estar extintos, mas, aparentemente, ninguém dissera isso para aquele.

Entrando na cabana maior, Link percebeu o rosto aflito de Pipit, que olhava sem discrição para Gaepora.

— O que passa Pipit?

— Conte a ele, Gaepora — pediu Groose.

Gaepora mirou seus olhos tristes em Link.

— Estou indo embora, Link.

— Co-co-como assim?

— Ah, Link... Não percebe que a Superfície não nos quer aqui? Os dragões foram embora e os nativos nos rejeitam. Não somos bem-vindos aqui.

— E você quer dizer o que com isso? Que vai retornar para Skyloft?

— Acha mesmo que quero retornar para um lugar cheio de lembranças da ira dos céus, um lugar assombrado por nossos entes queridos falecidos?

— Sei que a reação de Levias foi inesperada, mas...

— Eu vou me devotar à Deusa, Link. Farei como nossos ancestrais e procurarei respostas com Hylia.

— Como Zelda irá reagir?

— Mal. Mas ela não saberá que vos abandonei. Dirá a ela que morri.

Groose se irritou com essa parte.

— Escute-me bem, seu velho gagá! Você quer nos abandonar e ainda quer que mintamos para sua filha?

— Prefiro uma vida precária de devoção a Hylia do que uma vida de luxo no Reino de Demise!

Link parou para pensar um pouco.

­— Voltaremos a ouvir falar de você, Gaepora. Como acha que Zelda vai reagir ao seu nome?

— Gaepora morre hoje, meu caro. A partir de agora, eu sou Rauru. Encontrar-me-á no outrora Templo Selado, o Templo do Tempo.

Gaepora, ou melhor, Rauru juntou sua túnica para mais perto e caminhou rumo à saída. Quando ele deixou-os ali, Pipit e Groose procuraram os conselhos de Link.

— O que faremos agora? Sem Gaepora, o líder é você.

— Deixem-me pensar um pouco. Essa conversa foi desgastante.

­— Mas Link...

— Só deixem-me, está bem?

Os dois saíram, deixando Link em uma cadeira. Ele fitava a parede, imerso em seus pensamentos. De repente, uma dor enorme percorreu seu corpo, vinda de um ponto em especial nas suas costas.

Olhou para trás e viu o bokoblin que caçara segurando uma espada. Seus olhos passaram pela lâmina e viram a ponta da arma cravada em suas costas.

O Herói dos Céus não lutou. Não valia a pena. A vida se esvaiu lentamente de seu corpo, de forma que sua cabeça pendeu para frente. A última coisa que viu foi Pipit entrar correndo na cabana, espantado, para auxiliá-lo.

••

Zelda caminhou na direção da entrada do templo. Estava cercada por soldados, mas sentia que eles não poderiam acompanha-la. Olhou o bilhete em suas mãos e leu-o novamente:

“Cara Zelda,

Encontre-se com a feiticeira do Templo das Almas. Ela é a única com poder suficiente para proteger seu povo da grande ameaça que se esconde na Superfície.

Atenciosamente,

Impa”

Sim, era um bilhete de Impa. A falecida Impa que tanto ajudara Zelda em vida. Talvez Zelda não tivesse reencontrado Link sem Impa. Talvez, não. Com certeza.

— Soldados, me aguardem aqui. Tenho que fazer isso sozinha.

Eles bateram em continência. Zelda lembrou-se deles voando em Loftwings e salvando aqueles que caíam de Skyloft e das Ilhas Flutuantes. Sorriu. Eram lembranças maravilhosas.

Ah, se Skyloft não tivesse sido punida. Estariam em um grupo bem maior — ou talvez nem ali estivessem. Ela ainda podia enxergar as criaturas escuras voando na direção de Skyloft e destruindo tudo. Foram punidos por Levias. Punidos por danificar a terra sagrada que era conhecida apenas como Superfície.

Ela caminhou pelo jardim da entrada, observando as estátuas que representavam lobos e diferentes heróis com gorros. Zelda repetiu em sua mente o porquê de estarem ali: “A Guardiã pode usar seus poderes atemporais para nos dar esperança”.

Esperança. Era uma palavra tão simples de se dizer, mas que soava tão bela. Apesar disso, era difícil de obter. E de manter. Mas, juntamente com a paz e a prosperidade, necessitava de três quesitos muito importantes: coragem, sabedoria e poder.

Sim, coragem, sabedoria e poder. Com esses três quesitos, a paz e a prosperidade podiam ser mantidas de forma que a esperança estaria garantida. Isso te lembra de algo?

Claro. A Triforce. O poder ancestral que pairara sobre os Hylianos ao descerem para a Superfície e livrá-la de Demise. Os três triângulos dourados representavam cada um dos quesitos necessários: Poder, Coragem e Sabedoria.

Mas, é claro, tamanho poder não podia permanecer entre os Hylianos. Por isso, Gaepora, pai de Zelda, utilizara o Templo do Tempo (nome que dera ao outrora Templo Selado) para mandar a Triforce para outra realidade, e esta uma transcendia tempo e espaço. A Realidade Sagrada, como chamava.

Zelda encerrou seus devaneios e lembranças ao entrar em um salão cheio de pinturas que retratavam pessoas e criaturas. Lá estava a Guardião do Tempo: com seu chapéu e roupa brancos, lenços lilases translúcidos que desciam do chapéu e desenhos na pele visível. Ela exibia grandes seios com um decote tamanho. Seus cabelos, também lilases, eram quase completamente escondidos dentro do chapéu.

— Zelda de Skyloft, seja bem-vinda ao Templo das Almas.

— Obrigada, Guardiã do Tempo. Sabe por que estou aqui?

— Eu sei. Apenas não tenho certeza se você sabe.

— Vim pelo bem do meu povo.

— Diplomata — disse a Guardiã sorrindo. — Não, Zelda. Nossos destinos se cruzaram por motivos ao mesmo tempo bons e maus.

— Como assim?

— Você fundará uma civilização, Zelda. O reino de Hyrule! Que coisa espetacular, não acha?

Zelda pensou por um momento.

— Sim, acho. Mas por que mau, então?

— Porque eu devo alertar você de um perigo.

A Guardiã levou Zelda até um canto de uma parede, que mostrava Skyloft.

— Aqui você vê Skyloft — disse ela, caminhando rente à parede. — E aqui, Link derrota Demise. Vocês descem dos céus e passam a viver aqui. A Triforce é mandada para fora deste mundo, Skyloft é atacada por Levias, os três dragões fogem da Superfície e desaparecem, as outras espécies nativas daqui se desesperam... Isso tudo você conhece, certo?

— Sim, sim. Vivi todo esse período.

— Claro, verdade. Bom, as coisas mudam quando esta pessoinha — Ela indicou uma figura corcunda. — abandona este lugar — Ela indicou uma série de morros... ou talvez fossem cabanas. — e ocasiona a morte desta outra pessoinha. — Ela mostrou uma figura sendo esfaqueada por outra menor e repugnante. — E então, isto ocorre.

Os olhos de Zelda percorreram a parede até os desenhos seguintes. Ela viu o sangue do esfaqueado penetrar no solo e descer por grandes rachaduras até um enorme abismo sem fim. Então, dois olhos endiabrados surgiam no abismo, provocando temor no mais profundo de Zelda.

— Que criatura é essa que ameaça o povo?

— O dragão de fogo. Volvagia.

Aquele nome invocava poder. Os olhos da criatura no desenho pareciam brilhar e chamar por Zelda.

— Tem como evitarmo-lo?

— Acho difícil, rainha.

— Rainha?

— Oh, perdoe meu equívoco. Bom, voltemos ao assunto. O dragão irá retornar, Zelda. Isso é inevitável. Agora, isso pode levar anos ou até séculos para acontecer. Ou pode ocorrer ainda hoje. Não posso prever isso.

Zelda fitou-a por um momento.

— Agradeço-te pelos serviços, Guardiã.

De repente, um soldado entrou correndo na sala.

— Senhorita, é urgente. Acabam de chegar com uma triste mensagem.

— Diga-me.

— O senhor Link... está morto.

Ela apertou o bilhete de Impa em suas mãos com força.

— Você tem agora sua resposta, Guardiã. Sua profecia começa agora.

••

Uma gota do sangue de Link pingou no chão quando Pipit e Groose encontraram-no morto. Essa gota rubra percorreu léguas no subsolo, deslizando por rachaduras no solo fértil e tingindo-o em parte de vermelho.

O sangue do herói chegou a uma enorme câmara subterrânea. No piso dela havia símbolos desenhados. O sangue se espalhou pelas ranhuras, dando aos símbolos a sua cor. Quando todos os desenhos estavam prontos, a câmara se abriu ao meio.

Nas profundezas do abismo escuro que foi revelado, dois olhos se abriram. Chamas bruxuleantes pareciam sair deles. A criatura começou a voar e rompeu o solo, saindo ao ar livre nas proximidades do acampamento.

Alguns hylianos que estavam próximos apontaram para aquele dragão vermelho e gritaram:

— Monstro!

O dragão desceu a cabeça na direção deles.

O nome é... Volvagia!

Eles correram para escapar do fogo, mas foram engolidos pelas chamas. O dragão bateu as asas e subiu mais no céu, rodopiando em um furacão de chamas.

Volvagia subiu até encontrar uma ilha flutuante. Ela estava incendiada, assim como todas as construções nela. O dragão deitou-se naquele solo infértil.

••

Longe de Volvagia, algumas criaturas o observavam.

— Ele voltou... — disse o maior deles.

Os outros três se voltaram para este.

— Sim, Levias — disse a única com voz feminina. — Era inevitável.

— Essa besta já me causou muitos problemas, Faron. Meu vulcão abrigou tal monstro por muitos anos.

— Não se esqueça de que fui eu quem o tirou de lá, Eldin.

— Não me esquecerei, Lanayru.

Os três dragões e o Espírito dos Céus se entreolharam.

— Faron, Eldin e Lanayru, o destino dos hylianos está novamente nas mãos de um herói que ainda não surgiu.

— Acha que Fi está esperando por um novo protegido? — perguntou Faron.

— Acho, não. Eu tenho certeza disso.

Os quatro seres se deixaram envolver pelas nuvens e desapareceram.


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