Uma Breve Despedida escrita por Triz


Capítulo 1
Para Francis - Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic é o resultado de não prestar atenção nas aulas de matemática. Não façam isso, crianças.

Boa leitura à todos vocês o/



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Para Francis,

Às vezes eu só preciso descarregar minhas emoções. Não importa se isso ocorrer em forma de agressão a objetos inanimados, ou em pinturas e artes ou ofensas físicas e verbais. Dessa vez, evitando destruir meus pertences pela milésima vez, optei por lhe escrever uma história: a nossa breve despedida.

Você se foi em um dia nublado. O trem que iria ao porto não aguardaria muito tempo. Os passageiros precisavam entrar no vagão rapidamente; caso contrário perderiam a viagem.

Parecia que a estação estava vazia propositalmente. Que o tempo fechara exatamente naquela hora propositalmente. Que o trem chegara mais cedo propositalmente. Eu sentia como se tudo ao nosso redor conspirasse para que o maldito clima de despedida se tornasse ainda mais melancólico. As gotas de chuva pesavam cada vez mais, deixando meu sobretudo encharcado. Eu não me importava. A chuva disfarçava minhas lágrimas.

Você estava bonito apesar do clima horrendo. Cabelos loiros, longos e ondulados levemente encharcados, mas ainda macios. Os olhos azuis pareciam aquele pedaço de céu que aparece por entre as nuvens após uma tempestade devastadora. Todas as vezes em que uma situação não estava boa, você abria aquele sorriso falso apenas para me reconfortar, mesmo que por dentro o seu coração tivesse explodido em dezenas de milhares de pedaços. Eu te admirava profundamente por isso.

— Você não precisa ir — falei, olhando diretamente para seus olhos azuis, que pareciam estar segurando lágrimas dolorosas com todas as forças possíveis.

— Arthur... — você murmurou meu nome.

— Eu não consigo imaginar uma vida na Inglaterra sem você, Francis. Durante toda a minha vida você esteve ao meu lado. Brincávamos de esconde-esconde quando éramos pequenos. Fomos ao colégio juntos. Tive o tempo todo do mundo com você, mas não pudemos aproveitar o suficiente. Queria ao menos ter me despedido antes, droga...

— Nunca te deixarei de lado, mon cher. A França não fica tão longe! Pode me escrever quando quiser e...

— Não! — elevei o tom de voz. — É diferente! Você está indo para a guerra! Nunca saberei se voltará!

O silêncio tomou conta da estação. As últimas pessoas — soldados que lutariam nos campos de batalha franceses — embarcavam naquele monstro de ferro. Você trajava o característico uniforme de soldado francês, e logo se misturaria com os passageiros do trem, e depois com o exército e então com o campo de batalha. Em seguida, encontraria-se o inesperado. A ideia de que Francis, o meu melhor amigo de infância, a pessoa sorridente e luminosa que era, poderia estar coberto de sangue em questão de dias me assombrava. Me consumia e me corroía. Eu desejava do fundo de meu coração que essa maldita guerra não estivesse acontecendo, ou que fosse eu quem estivesse destinado a ficar coberto de sangue. Não você. Tudo parecia irreal para mim.

Você se aproximou e bagunçou um pouco os meus cabelos loiros.

— Arthur, você é uma peste mesmo...

O trem soltou um apito tão agudo que quase perfurou meus tímpanos. Eu tinha lágrimas descendo pelo meu rosto, mas elas se misturavam com as gotas de chuva. Não havia mais tempo.

— Está na hora — você me disse, sorrindo. — Bom, acho que te vejo quando...

— Eu te amo, Francis Bonnefoy!

Aquele sorriso habitual se quebrou. Você chorou como se não houvesse amanhã, pois realmente não saberíamos se existiria. Eu nunca havia te visto quebrado emocionalmente daquela maneira; podia jurar que escutava os sons de seu emocional se corroendo. Meu coração se apertou dentro do meu peito, palpitanto forte por culpa daquelas palavras que proferi.

Naquela hora, eu não sabia mais o que fazer. Meu coração estava partido e não havia mais chão sob meus pés. Eu tinha perdido todo o controle, toda a consciência que me restava. Nada mais importava. Eu havia feito uma besteira irreparável num péssimo momento.

Repentinamente você agarrou a gola do meu sobretudo e me arrastou para perto.

Eu não fazia ideia do desejo que sentia até que você me segurou com suas mãos firmes pela cintura. Selamos nossas bocas no beijo mais selvagem e cheio de vontade que consigo descrever. Minhas mãos se enroscaram ao redor de seu pescoço em um abraço, enquanto seus dedos passeavam por minhas costas. Éramos dois homens nos beijando na frente de um exército inteiro. Não havia um pingo de sanidade dentro de você ou de mim. Não estávamos nem aí.

Nos separamos depois de algum tempo. Parecia que todo o universo girava em torno de nós.

— Eu também te amo, Arthur Kirkland.

Um dos maquinistas do trem estava a caminho da máquina, indicando que sairiam em breve. Você precisava se apressar o mais rápido possível, mas eu ainda estava preso às correntes das fortes emoções do momento, quebrado e frágil como se fosse um vidro de porcelana atingido por uma pedra.

Você segurou minhas mãos com ternura.

— Lembra de quando brincávamos de esconde-esconde? — você perguntou.

— Não é hora para isso — respondi, irritado.

— Vire-se e conte até dez. Eu prometo que essa será uma despedida breve.

— Mas...

— Arthur, por favor.

Eu me virei de costas e comecei a contar em voz alta. Eu mal conseguia pronunciar os números, de tantos soluços que eu dava. Senti você largar minhas mãos e dar um beijo rápido no topo da minha cabeça.

— Cinco, quatro, três, dois, um... — me virei rapidamente. Você não estava mais lá.

O trem já saía da estação, acelerando devagar no meio daqueles ruídos metálicos das rodas se arrastando nos trilhos. Não consegui te ver entrando nele, muito menos entre aquele monte de soldados prontos para a guerra.

Minhas pernas bambearam tanto que caí de joelhos na água da chuva que se acumulava no chão. Com uma das mãos, agarrei meu sobretudo na altura do coração, que doía como se tivesse levado um tiro. A dor não era muito diferente. As lágrimas corriam com rapidez pelo meu rosto. Minha cabeça girava em círculos, recusando-se a acreditar que meu melhor amigo, e recém descoberto amor de minha vida havia partido por tempo indeterminado.

O trem não era mais alcançado por minha vista e tudo o que eu enxergava eram borrões gerados pelo choro excessivo. Era uma tarde sombria e chuvosa quando você foi embora.

Eu nunca mais te esqueci.

Arthur Kirkland


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Notas finais do capítulo

Sim, eu deixei o final em aberto. Imaginem o destino que quiserem para o Francis hehehe :vEu tenho mais algumas ideias para fanfics de Hetalia. Me aguardem em um futuro próximo c:Ah, e não se esqueçam de comentar o/



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