Mike era esperto. Conhecendo o funcionamento do estabelecimento, ele rapidamente ergueu seu monitor e apertou um botão. O som de uma risada infantil numa sala distante preencheu nossos ouvidos. Curioso, Springtrap seguiu o som, se afastando: Mike estava fora de perigo.

Dei um suspiro de alívio enquanto ele voltava às suas tarefas e fui procurar Foxy. O encontrei de pé, encostado numa parede, ouvindo atentamente os sons de risadas - que, aliás, eram idênticas às de Balloon Boy - e os passos de Springtrap, calculando a hora certa para atacar.

—Foxy! - sussurrei. - Não devemos atacar Mike. Ele só quer nos ajudar! - falei, emocionada.

—Como sabe? - ele perguntou, incrédulo.

—Ele me falou! Eu sei que é verdade. Ele vem aqui para nos libertar.

—Mangle - ele segurou meu rosto - não confie nele. Guardas noturnos nem sempre falam a verdade.

—Mas... - quando comecei a falar, ele já havia ido embora para assustar Mike.

—x-

Passei o resto da noite tentando convencer os outros a não assustar Mike. Chica e Freddy não acreditaram e Balloon Boy nem chegou a prestar atenção no que eu falava. Estava prestes a desistir quando lembrei que ainda havia Puppet. Descrente, resolvi falar com ele, mesmo acreditando que ele provavelmente não acreditaria também.

Para meu espanto, entretanto, Puppet ouviu atentamente tudo o que eu falei. Contei sobre quando vi Mike sentado no Escritório e relatei tudo o que ele havia falado desesperado. Quando terminei de falar, Puppet abriu um sorriso radiante.

—Ah... finalmente alguém pra nos libertar deste inferno! - Ele riu radiante, com tanta vontade que o acompanhei e não consegui parar de rir também. Ficamos rindo por uns cinco minutos, até que finalmente respiramos fundo, nos olhamos e voltamos a rir.

—Posso saber do que vocês estão rindo? Ou é algo íntimo, só de vocês dois? - fomos interrompidos por uma voz áspera, quase raivosa. Foxy estava encostado no batente da porta, de braços cruzados, olhando para nós com um olhar ríspido. Golden Freddy estava atrás dele, olhando de mim para Puppet, de Puppet para Foxy e de Foxy para mim com um olhar temeroso.

—Foxy, nós estávamos só rindo... - tentei me explicar. Foxy bufou e deu meia volta, pisando com força. Passei a mão no rosto, me sentindo mal e com vontade de chorar. Puppet e Golden Freddy se aproximaram para me consolar.

—Calma, Mangle... - disse Golden Freddy, passando a mão por minhas costas amigavelmente para me acalmar. - Ele está paranoico. Acha que você ficou chateada com ele porque ele não quis

acreditar no que você havia falado sobre Mike. Ele tinha vindo para te pedir desculpas, mas ficou mal quando te viu rindo com Puppet...

—Me desculpe, Mangle - disse Puppet, triste. - Eu nem imaginava que isso causaria problemas.

—Tudo bem... - respondi, limpando os olhos umedecidos. - Preciso ir falar com ele.

Golden Freddy e Puppet me incentivaram a procurar por Foxy.

—x-

No caminho, cheguei a quase ser vista por Springtrap duas vezes. Em ambas, tentei me esconder nas sombras, seguindo meu costume antigo. -Eu não sabia nem se ele conseguia me ver, mas era melhor prevenir do que remediar.

Quando finalmente achei Foxy, ele estava sentado no chão, encostado na parede, de olhos fechados. Silenciosamente, me aproximei e me sentei ao chão, ao seu lado. Ele apenas abriu os olhos e, ao me ver, voltou a fechá-los, de cara amarrada.

—Foxy... me desculpe. Eu e Puppet só estávamos rindo porque ficamos felizes com tudo aquilo que eu te falei sobre o Mike. Acreditamos que ele possa ser nosso libertador.

Foxy bufou.

—Por favor, não me ignore assim - pedi, quase voltando a chorar. - Vim pedir desculpas.

Foxy deixou um momento passar, ainda orgulhoso demais pra responder. Comecei a chorar. Ele deu um suspiro enquanto suas defesas ruíam e me abraçou com força.

—Me perdoa, Mangle... eu não quis te fazer chorar...

Chorei com ainda mais intensidade envolvida por seu abraço. Ele acariciou minhas costas e meu cabelo, tentando fazer eu me acalmar. Ficamos assim por um bom tempo, até que eu finalmente parei e relaxei a tensão. O abracei com força enquanto ele fazia carinho no meu rosto.

Sem dizer mais nenhuma palavra, ele me puxou para mais perto e nos deitou no chão. Ficamos deitados, abraçados, sem falar ou fazer nada pelo resto da madrugada.