Você está com a mesma expressão triste que eu

Você não vai ficar comigo?

— Temos mesmo que ir? — Taehyung faz uma expressão entediante para Bom que agita a cabeça rapidamente, em um sim.

— Claro! Se só eu aparecer lá, ele vai suspeitar muito. Todos vocês tem que contar sua versão da história — ela diz e então suspira, virando-se para a gente — Sabe, o Dong Wook não é uma pessoa ruim. Ou um professor ruim — Bom olha acusadoramente para Sehun — Vocês vão ver. Ele é bem legal.

Continuamos seguindo Bom até a mesma entrar no tal D-Drink. Nunca tinha escutado falar daquele local, mas aparentemente Bom já o conhecia muito bem, pois mal entrou no lugar e já achou Dong Wook sentado em uma das mesas no canto. Surpreendentemente — ou não, pois acho que ele escolheu essa mesa de propósito —, Dong Wook está sentado em uma das maiores mesas dali, portanto, deu para todos sentarem. Sentei-me encostada na parede com Kyungsoo ao meu lado, Sehun ao lado dele e Taehyng ao lado de Sehun. No outro canto estava Bom ao lado de Dong Wook, ao seu lado estava Yoora e no lado dela estava Jin e Hyun.

— Bem — Dong Wook começou a falar — já que estamos todos aqui, vocês poderiam começar a me explicar o que foi aquilo na quadra de Educação Física.

— Podemos sim, mas antes, vamos pedir algo pra comer? To morta de fome — Bom comentou pegando o cardápio em cima da mesa.

— Passou-se os anos e tu continua só pensando em comida, não é? — Dong Wook afaga o cabelo de Bom carinhosamente e a mesma revira os olhos pra ele — Já que é assim, sintam-se à vontade.

Peguei o cardápio e comecei a folheá-lo. O que pedir?

E ai, querida?

Você está especialmente mais linda hoje

Como você esteve? É estranho entre nós agora

— Sabe, esse lanche aqui — Kyungsoo apontou no cardápio — James Dean, ele é muito gostoso. Acho que você vai gostar.

— Como pode ter tanta certeza? — questiono, encarando-o. Kyungsoo ri, suas bochechas adquirindo um tom rosado.

— Eu ainda me lembro do seu gosto — explica — Se ele não tiver mudado, é claro.

— Hmmm...— olho para o tal lanche no cardápio e então para Kyungsoo — Vou te dar um voto de confiança, mas se errar comigo agora, pode esquecer nossa amizade.

— Eu nunca erro — ele dá um sorrisinho convencido ao dizer isso, me fazendo rir.

— E para mim? O que você acha melhor, D.O? — Sehun pergunta interrompendo nossa conversa.

— Para você, qualquer lanche está bom — Kyungsoo cerra os olhos na direção de Sehun, que revira os olhos.

— Aish, aish, você dá dica de lanche pra Alexia só porque ela é uma garota, isso não é justo D.O — Sehun diz manhosamente e suspira — Você vê como ele me trata? É por isso que eu preciso de pessoas novas na minha vida. Você bem que podia fazer parte, não é, Alexia?

Dou risada. Ha! Até parece que ele vai me encantar com esses olhinhos brilhantes, o biquinho rosado ou sua expressão de dó...Não. Se concentra, Alexia.

Eu só estava aqui pensando, tudo parece tão estranho

Fazendo você se sentir desconfortável ao fingir que sou legal, e estar falando com você

O ambiente fica melhor com nossas brincadeiras

— Eu só ia te tratar assim ou pior, Sehun. Contente-se com Kyungsoo — desvio meus olhos do arco-íris e observo Yoora que parece estar perdido em pensamentos, enquanto Hyun corava e ria de algo que Jin dizia. Esses dois até que combinam, apesar de ser um casal tão novo e inusitado. Na realidade, como é que eles se conheceram? — Hey, Hyun...Hyun, olha aqui, para de prestar atenção no Jin.

— Aigoo, não diga coisas assim tão alto — Hyun resmunga com uma expressão fofa — O que foi?

— Ela só disse verdades, ué — Bom comenta, batucando os dedos na mesa.

— Tá vendo? Até a Bom concorda comigo — comento, olhando acusadoramente para Hyun que me mostra a língua — Como é que você conheceu o tarado do banheiro? Quero dizer, quando a gente se trombou por lá você já o conhecia, não é?

— Hey, eu não sou um tarado! — Jin exclamou e Taehyung riu — Tá rindo do que? Você também estava lá! Se eu sou um tarado, ele também é.

— Aish, não vem querer me enfiar nisso ai não — Taehyung bateu na mão que Jin apontava para ele.

— Concordo, ele também é um tarado — Bom abriu um enorme sorriso assim que disse isso, dá para ver claramente que ela ama brincar com a cara dos outros.

— Banheiro? — Kyungsoo indaga. Consigo sentir seu olhar em mim.

— Espera, por que o Taehyung e o Jin seriam tarados do banheiro? — Sehun questionou e eu olhei para Bom, sem saber o que responder.

— Hmmm, pelo visto vocês vão ter que me contar mais do que uma história — Dong Wook olhou para Bom que desviou seu olhar e começou a encarar com bastante atenção a toalha da mesa — Correto, Sra. Park?

Silêncio. Ninguém diz nada e Dong Wook ri baixinho.

— Não pensem que vão se safar de me contar essa história — ele comenta — Depois que a comida vier, vou querer saber todos os detalhes.

O que se decorreu depois foi algo totalmente inesperado. Acontece que Dong Wook não é uma pessoa ou um professor ruim, ao contrário do que eu esperava, ele nos ouviu atentamente — depois de esperar pacientemente Bom devorar seus dois lanches, tomar sua vitamina e comer sua banana split de sobremesa — e foi bem legal ao dizer que não contaria nada para ninguém, nem do incidente da quadra ou do banheiro. No final, cada um pagou sua conta com exceção de mim — Kyungsoo e Sehun que pagaram — e de Hyun — já que Jin pagou a parte dela, uma atitude fofa que rendeu vários beijos no lado de fora da lanchonete — e fomos embora. Quero dizer, eu fui embora porque tenho academia, levando Kyungsoo e Sehun de brinde, já que os dois resolveram me levar até lá pois de acordo com eles "uma garota como eu não deve andar sozinha por ai". Em minha opinião, eles são dois grudentos, isso sim.

— Falta muito para a gente chegar? — Sehun questionou pela décima vez, suspirando em seguida.

— Pare de ser preguiçoso, o caminho da escola até a academia é muito maior, eu o percorro todo dia e não fico reclamando igual você, parecendo um velho — resmungo, apressando meus passos para passar na frente de Sehun.

Todavia, antes que eu pudesse continuar seguindo em frente rapidamente, sinto braços rodearam minha cintura e de repente os lábios de Sehun estão em meu ouvido.

— Não seja tão má assim, Alexia. Eu só digo aquilo pelo Kyungsoo, o coitado mal consegue se manter em pé.

Ignorando totalmente os arrepios que a voz dele causou em mim, me desprendo dos braços de Sehun e olho para trás, deparando-me com um Kyungsoo com aparência cansada e um tanto sofrida. Ando até o menino, o parando e puxando para sentar-se na calçada mesmo.

— Hey, você está bem? — pergunto, preocupada com ele. Kyungsoo está mais branco que o normal. Sinto meu coração perder uma batida.

— Sim, é só que...— ele respira fundo, seus lábios pálidos e sua testa encharcada de suor — Me deu um pouco de falta de ar, só isso.

— Só isso? — minha voz se eleva na pergunta e Kyungsoo me olha com uma expressão estranha — Kyungsoo, você está todo suado. Tá, até eu estou um pouco suada, mas você está tão pálido e ainda sentiu falta de ar! Tem certeza de que está bem?

— Qualquer coisa, nós podemos chamar um táxi para você, D.O — a voz de Sehun parece um tanto preocupada, mas não sei dizer ao certo se ele realmente está preocupado ou não — Não se preocupe com Alexia, eu faço questão de levá-la até a academia.

A expressão no rosto de Kyungsoo muda assim que ele ouve o que Sehun diz e mais uma vez não consigo identificar que tipo de cara ele está fazendo. O garoto respira fundo e abre um sorriso um tanto quanto fraco para mim.

— Eu estou bem, deve ser só uma canseira estranha. Vamos continuar, faço questão de acompanhá-la também.

Olho para o garoto sentado a minha frente. Kyungsoo é menor que Sehun em questão de altura, mas não posso dizer que ele fica para trás em questão de beleza. Mesmo agora, com o rosto pálido, os lábios entreabertos e o suor que gruda alguns fios de cabelo em sua testa, o garoto não perde seu charme.

— Okay, okay. Você pode ir comigo, só vamos esperar um pouco, sim? — digo e viro-me para Sehun que nos observa sem expressão nenhuma — Sehun, você poderia ir comprar alguma garrafinha de água para o Kyungsoo? Eu acho que seria bom se ele tomasse um pouco de água agora.

Mesmo quando eu falo sério as vezes e você não acredita

É engraçado quando sem percebemos o vinho e o chá já acabaram

Mas há algo que faz com que eles pareçam como se não tivessem sido tocados

— Por que você não vai comprar enquanto eu fico aqui com ele? — Sehun questiona, apontando para Kyungsoo com o queixo.

— Porque eu não conheço muito as coisas daqui, morei fora por três anos, lembra? — tento fazer uma gracinha para ver se Sehun aceita meu pedido, mas ele continua somente a me olhar — Ah, por favor, Sehun! Vá comprar uma garrafinha, okay? Você não vai perder um braço por isso.

— Só a garota que eu gosto... — ele resmunga tão baixinho que me pergunto se realmente ouvi certo. Sinto meus olhos se arregalarem e vejo os de Sehun também se arregalarem. Talvez não fosse para eu ter escutado? Mas ele realmente disse aquilo que eu ouvi?

— Desculpe, mas o que você disse?

— Nada não, eu vou...— ele olha para mim e parece fazer um esforço para concluir a frase — Vou comprar a garrafinha, já volto.

Sehun dá meia volta e então começa a andar para longe. Continuo a fitá-lo, até ele virar uma esquina.

— Alexia?

Viro-me para Kyungsoo que me observa atentamente. Sorrio para o mesmo e coloco minha bolsa no chão, abrindo-a e pegando o paninho com meu nome bordado — ganhei de Alice — para então começar a secar a testa suada de Kyungsoo.

— Sabe, você realmente me deixou preocupada agora mocinho — comento, enquanto passo delicadamente o paninho em sua testa, desgrudando os fios de cabelo da mesma.

Eu estava tão sozinho, você sabe como eu me sinto

Eu estive o dia inteiro

— Isso é bom — ele diz e posso afirmar que o menino está sorrindo apenas por ouvir seu tom de voz. Olho para baixo e me deparo com um brilho em seus olhos e o pequeno sorriso de Kyungsoo.

— Isso é bom? — devolvo sua afirmação em tom de pergunta e ele aquiesce com a cabeça — Por que isso é bom?

— Porque isso significa que você se importa.

Paro de secar sua testa quando ouço o que ele diz. Kyungsoo encara meus olhos por um curto momento para então desviá-los para meus lábios, umedecendo seus próprios lábios.

— Eu...— eu o que? Encosto minha mão em seu rosto devagar e o observo fechar os olhos por um segundo e então abri-los novamente.

— Só peço isso, Alexia. Que você se importe — ele sussurra e eu não sei porque mas isso causa uma desconforto em meu estômago, será que eu também estou mal?

— Kyungsoo, eu...

Tentando me afastar de você por conta própria, lembra?

Você finge ser forte mas é mais delicada que qualquer pessoa, meu amor, amor

— Aqui está — a garrafinha de água vinda do nada entre eu e Kyungsoo me faz acordar para a vida e me afastar um pouco de Kyungsoo. Olho para Sehun que possuí uma expressão estranha em seu rosto, a mesma que estava há alguns minutos no rosto de Kyungsoo.

— O-Obrigada — gaguejo e tenho vontade de cavar um buraco e me enfiar dentro dele, mas não sei porque sinto isso, afinal, não estava fazendo nada de errado, não é? Droga, se é assim por que essa expressão de Sehun me deixa estranha? É como se algo não estivesse certo.

— Não agradeça, quem tem que fazer isso é o D.O — Sehun diz e então joga a garrafinha em D.O que a pega antes que caia no chão — Depois disso podemos ir? Tenho que ir logo, acabei de lembrar que tenho um compromisso.

Kyungsoo aquiesce, abrindo a garrafinha e tomando longos goles de água. Após o menino terminar, começamos nossa caminha de novo, entretanto, dessa vez em completo silêncio. Como não faltava muito para chegarmos, dentro de alguns — muitos — minutos eu já conseguia ver a academia, então fui diminuindo o ritmo.

— Bem, acho que chegamos — Kyungsoo disse, assim que paramos em frente ao estacionamento. Antes que eu pudesse sequer concordar com algo ou até mesmo dizer, Kyungsoo me puxa para seus braços, me abraçando apertado — Obrigada por me dar uma chance.

Após um momento assim, Kyungsoo me solta e abre um enorme sorriso, mas não qualquer sorriso, ele abre o sorriso enorme. Aquele que o deixa com uma expressão engraçada e que eu conheço desde pequena.

— Bem, eu já vou embora — ele junta as mãos e eu percebo o quanto seus ombros são estreitos — Até amanhã, Alexia.

Kyungsoo nem ao menos espera por Sehun — esse que está de cabeça baixa, observando algo interessante no chão, suponho — e já começa a seguir seu caminho.

— Tome cuidado no caminho! — as palavras saem antes que eu possa controlar e de longe consigo ouvir a risada de Kyungsoo.

Sinto minhas bochechas corarem, então desvio os olhos de Kyungsoo e olho para Sehun que suspira e dá um passo para trás.

— Eu também já vou — sua voz parece normal, mas eu sinto que algo está errado.

Você está com a mesma expressão triste que eu

Você não vai ficar comigo? Venha para mim

— Hey, espera...— mais uma vez minha boca age antes de eu pensar e solta as palavras no ar. Sehun levanta o olhar para mim, encarando-me — Obrigada. Sabe, por comprar a garrafinha, por ter pago metade do meu lanche...

— Não foi nada — ele dá de ombros, nos deixando em um silêncio constrangedor para ambas as partes.

— É sério, isso foi muito legal da sua parte — digo e suspiro. Minhas mãos começam a suar e mais uma vez aquele sentimento estranho se apodera de mim.

— Foi apenas um ato de gentileza normal — ele novamente dá de ombros e então morde o lábio inferior — Eu já vou.

Sabe aqueles momentos em que você apenas faz algo, sem realmente entender o porque de fazer aquilo? Esse é um desses momentos. Algo totalmente inesperado não só para mim, mas também para Sehun, afinal, não é todo dia em que eu abraço suas costas.

Se alguém nos visse agora, provavelmente pensaria que temos uma relação amorosa, o que não é muito legal. Inspiro o cheiro de Sehun que está em sua camisa e aperto meu abraço. Droga, nem eu mesma me entendo. Ontem mesmo eu disse claramente que não seria amiga dele nem ferrando, então por que agora eu estou agindo assim?

Talvez seja porque eu gosto da forma que ele ri. Sério, Sehun ri de um forma muito fofa, que deixa seus olhos completamente em fendas e a boca dele fica em uma forma bonita, na realidade, todo seu rosto se harmoniza quando ele sorri. Acho que pode ser por causa do jeito irritante dele de tacar bolinhas de papel em mim durante a aula para conversar ou o jeito alegre e animado que ele chega em minha mesa no intervalo, falando besteiras e contando piadas. Também pode ser o cabelo. É tão brega e vergonhoso todas essas cores na cabeça, mas isso o deixa tão fofo que as vezes, só as vezes, eu não ligo por ser brega e vergonhoso.

Mas isso não é tudo. Eu também me sinto assim com Kyungsoo. Não sei, talvez seja por que são os dois rapazes com quem eu mais converso no momento atual? Não, se fosse assim, poderia colocar Jongin na lista também. Ah, isso é tão estranho.

Embora seus lábios digam não, seus olhos dizem que você me quer

Você não vai ficar comigo? Venha para mim

— Por que você está me abraçando? — questiona baixinho, suas mãos tocando as minhas.

— Não sei.

— Você é estranha.

— Eu sei — dou risada e então solto Sehun que se vira para me olhar. Seu rosto não possui mais aquela expressão estranha, agora está...Ele está com uma expressão serena e um tanto brincalhona.

— Mas sabe um segredo? — nego e Sehun ri, abaixando-se para conseguir encostar seus lábios em minha orelha — Eu sempre gosto mais das pessoas estranhas.

Não sei porque mas eu dou risada. E fico quente. Provavelmente estou vermelha também. Bem constrangedor. Sehun se endireita e então me fita com um sorriso brincalhão.

— Nos vemos amanhã na escola? — pergunto, desviando meus olhos dos seus.

— Pode ter certeza que sim — ele diz e então sinto seus lábios em minha bochecha — Até amanhã, Alexia.

E tão rápido quanto Kyungsoo, Sehun começa a seguir seu caminho. Respiro fundo e solto o ar mais de uma vez antes de entrar na academia, preciso me acalmar antes de ficar horas na esteira ou na aula de hoje.

Por alguma razão desconhecida por mim, acabo ficando mais tempo do que o normal na academia. Não encontro com Tao — seu tio disse que ele teve que ficar em casa ajudando a mãe na limpeza — mas acabo trocando olhares com Chanyeol. Não é aquele tipo de olhar "Você é legal, eu sou legal, vamos ficar", ou aquela coisa romântica onde ele fica fazendo caretas fofas pra mim e eu me acabo de rir, na verdade, nós apenas compartilhamos daquele olhar que você dá para a pessoa mas não sabe o porque, aquele olhar que me faz encarar outro lugar sempre que nossos olhos se encontram e eu me pergunto o que raios estou fazendo na vida.

Quando deu seis horas da tarde, resolvi parar por ali e ir embora, já que logo mais escureceria. Depois de tomar um banho por lá mesmo, volto a usar meu uniforme de escola e ando em direção a saída da academia.

— Alexia!

Me viro e vejo um Chanyeol com calça preta apertada e camisa do Radiohead correndo em minha direção, parando a poucos centímetros de mim.

— Sim...? — olho para o garoto, sem saber o que falar.

— Você está...— ele se apoio nos joelhos, respirando fundo para então voltar a se endireitar, abrindo um sorriso bonito que o deixava com cara de travesso — Está livre hoje?

Tenho certeza de que fiz uma careta pois o sorriso de Chanyeol diminuiu um pouco, mas ele continuou me olhando, esperando por uma resposta.

— Hoje? — questiono, mordendo o lábio inferior e passando minha mão por meu cabelo, que está úmido porque o lavei durante o banho — Acho que não.

— Acha que não? — Chanyeol tem uma expressão engraçada no rosto — Ou você tem certeza?

Suspiro. Será que ele não podia ter perguntado isso outro dia? Duvido muito que eu vá prestar atenção em qualquer coisa que ele fale.

— Sabe, é que eu malhei muito hoje — digo, apontando para a academia — E já são seis horas, eu to com o uniforme da escola e cabelo molhado, não tem como eu sair para algum lugar hoje. Sem contar que eu nem sei se estou animada para fazer alguma coisa, acho que só vou...Me jogar na cama e dormir até amanhã.

— Aish menina, não seja tão preguiçosa assim! — Chanyeol põe suas enormes mãos em meus ombros e me chacoalha — Você pode perder o melhor dia da sua vida se não for comigo hoje.

— Hey, calma ai — bufo e o olho cética — Até parece que hoje, especialmente com você, vai ser o melhor dia de toda a minha vida.

— Bem, você nunca vai saber se não vir comigo — ele dá de ombros, enquanto dá uma piscadela para mim me arrancando um riso. Argh, eu estou rindo por tudo hoje, que horror.

— Você tem um ponto, Chanyeol — me desvencilho de suas mãos e cruzo meus braços — Mas é só um ponto. Me dê dez motivos para ir com você, e se eles forem bons, eu vou.

Chanyeol me encara como se tivesse sido desafiado para uma luta e então abre um sorriso totalmente travesso.

— Motivo número um: Você vai sair comigo. Tem coisa melhor? — Chanyeol se aproxima mais de mim — Número dois: Te prometo muita dança para onde vou te levar e eu sei que você gosta de dançar. Número três: Comida de graça, olha que esse é um motivo e tanto, devia até mesmo valer por dois motivos — reviro os olhos e Chanyeol continua contando os motivos nos dedos — Número quatro: vai ser divertido. Tenho certeza, não precisa duvidar de mim. Número cinco: você vai estar em boa companhia e eu não afirmo isso só porque eu vou estar lá. Número seis: Já disse que vai ter comida de graça?

— Ah! Fala sério, o lugar em que você quer me levar é tão bom assim? — questiono e Chanyeol concorda com a cabeça, mordendo o lábio inferior ao mesmo tempo em que ergue a sobrancelha direita.

— Número sete: o lugar em que quero te levar é a minha casa. Preciso te alertar que agora eu divido um apartamento com algumas pessoas, o local em si pode não ser grande mas é bem aconchegante. Número oito: você não tem nada melhor para fazer em casa. Número nove: se você quiser pode usar as minhas roupas para se sentir confortável, e o seu cabelo, eu tenho um secador no apartamento.

Chanyeol parece querer muito que eu vá para seu apartamento. Dá para ver isso na forma que ele me olha, ansioso, maltratando seu lábio inferior ao ficar muito tempo mordendo-o.

— E qual seria o ultimo e melhor motivo?

— Número dez — Chanyeol é muito alto. Então, quando ele começa a dizer o décimo motivo, ele olha realmente para baixo e faz a cara mais fofa que algum dia eu já vi nele, aquela cara de criança que sabe que está fazendo arte mas se finge de inocente — Você nunca vai saber se esse não é o melhor dia da sua vida se não vier comigo.

Só nós dois andando pelas ruas a noite, como fazíamos antes

Tão próximos que qualquer um poderia pensar que somos namorados

Eu realmente não sei o que me deu, o porque de eu estar assim hoje,  mas seja lá o que for, está me fazendo cometer ações que eu nunca faria antes. Uma delas, por exemplo, é acompanhar o Chanyeol para seu apartamento. Abraçar Sehun também não foi um ato normal meu, e aquela coisa que eu nem sei definir o que foi com o Kyungsoo? Claramente eu não estou em meus melhores momentos. O que acontece é que nesse instante, eu estou parada em frente a porta do apartamento de Chanyeol, esperando o mesmo encontrar a chave em algum de seus bolsos. Durante o longo caminho, Chanyeol me contou que divide o apartamento com Baekhyun e o resto dos integrantes da sua banda, com exceção da Minji — ou Minzy, para os fãs da banda — , pois aparentemente, ela é a única que ainda vive com os pais.

— Aigoo, acho que alguém deixou a chave no outro lado. Não to conseguindo abrir a porta — Chanyeol bufa e então dá um soco na porta — Hey! Tem alguém ai?

— Você não disse que seus já estariam ai? — pergunto, observando um Chanyeol frustado sentar-se no chão e encostar-se na porta.

— Disse e era para eles estarem ai — ele resmunga e então funga de maneira dramática — Acho que eles só vão vir mais tarde.

— E agora?

— O jeito é esperar...— ele levanta o rosto e olha para mim, a expressão chateada — A não ser que você queira ir embora, eu vou entender.

Suspiro e sento-me ao lado dele, na famosa pose de indinho, apoiando meus cotovelos em minhas pernas e meu rosto e minhas mãos. Olho para o lado e percebo que a expressão de Chanyeol mudou para surpresa.

Dançando um com o outro na boate lotada

Hey, talvez você flerte comigo um pouco

— Que foi? — pergunto, franzindo o cenho.

— Você não vai embora? — ele perguntou, piscando rapidamente os olhos.

— Por que iria? Você me prometeu dança, um local aconchegante para ficar e comida de graça. Vou ficar aqui até receber o que me prometeram — respondo, abrindo um pequeno sorriso.

— Yay! — Chanyeol passou seus braços enormes por mim e me puxou até seu peito, me apertando. Ele tem um cheiro amadeirado, talvez por causa de algum perfume? Não sei dizer — Eu sabia que você tinha virado uma pessoa legal.

— Argh, menino, me solta! — dou uns soquinhos na lateral de sua barriga — Você vai me sufocar assim.

— Eu não sufocaria a garota mais bonita que conheço — ele me solta, rindo.

— Aish! — exclamo, empurrando seu ombro — Olha as coisas que você diz para mim, fala sério...

Chanyeol gargalha e eu fico parada o olhando. Qual é, eu nem contei alguma piada para ele rir tanto assim.

— Por que você tá rindo, hein? Tem algum probleminha?

— É porque você está voltando a suas origens coreanas. Você fala "aish" tão bonitinho — ele aperta minhas bochechas e eu dou um tapa em suas mãos.

— Não faz isso, idiota. E desde quando eu sou coreana pra ter origem coreana?

— Você morou aqui por bastante tempo. Só falta mudar o formato dos seus olhos que você vira uma coreana, sim.

— Claro, uma coreana super falsa, né — reviro os olhos — Você tem cada uma, Chanyeol.

— Mas você gosta, não é? — consigo sentir o tom malicioso em suas palavras. Olho para seu rosto e ele possuí um sorrisinho presunçoso nos lábios.

— Aaaaish, menino, realmente....

— Realmente? Eu que digo realmente — em um ato rápido, Chanyeol me puxa mais para seu lado, passando o braço por meus ombros — Estou com frio, Alexia.

— Problema seu — comento, tentando me afastar, mas o aperto de Chanyeol em meus ombros é forte.

— Você poderia me esquentar?

"Só nos seus sonhos, querido" é o que eu pretendia responder. Pretendia, pois quando abro minha boca para começar a falar, a porta de trás se abre e Chanyeol cai no chão, consequentemente me levando junto.

Olho para cima e dou de cara com a garota da banda, Minji me encarando tão vermelha quanto seus cabelos, ao seu lado, está...Se eu não estou me enganando e ainda possuo uma boa visão depois de bater a cabeça no chão, o rapaz ao lado de Minji é o Taehyung.

— Aish, garota! Quer me matar é? — Chanyeol se levanta num pulo, massageando a parte de trás da cabeça.

— Sorry, esqueci que você ia vir pra cá — Minji responde, dando de ombros, ainda vermelha. Ela então volta seus olhos para mim e um sorriso aparece em seus lábios — Ainda mais acompanhado.

— O que há com essa maliciosidade em suas palavras, hein? — Chanyeol olha para a menina um pouco bravo e então oferece a mão direita para mim, que aceito e assim sou levantada num puxão.

— Maliciosidade? Você que está vendo coisa onde não tem, Park Chanyeol — Minji diz, rindo. Ela se vira para Taehyung, dando um beijo em sua bochecha — Mais tarde você me liga, ne?

O observo cerrar os olhos para ela e então assentir com a cabeça, devolvendo o beijinho na bochecha.

— Até mais Chanyeol — ele acena com a cabeça e então olha para mim — Alexia.

Após Taehyung sair, Chanyeol ainda briga um pouco mais com Minji por ela estar ali sendo que ela nem morava com eles e então me leva até seu quarto.

— Pode ficar a vontade. Se precisar de algo é só falar, vou ligar para os rapazes agora — ele diz e então sai do quarto.

Você está bêbada pelo álcool e eu pelos seus olhos, nariz, boca, corpo

Sua respiração que sussurra em meu ouvido me paralisa

Olho em volta, constatando que o pequeno quarto possuí três camas, um guarda roupa e uma pequena estante. Sento-me na cama ao lado da porta e suspiro. Será que vir aqui foi uma boa ideia? Coloco minha bolsa em cima da cama e tiro os sapatos, deitando-me por completo, sem nem ligar para meu cabelo que continua úmido. Talvez eu tenha um problema com isso mais tarde, mas como eu disse, isso é só mais tarde. Pisco algumas vezes e percebo que estou cansada, me agarro mais ao travesseiro e começo a fechar devagarinho os olhos...

— Aish, Chanyeol, você tem que começar a avisar quando vai dar essas suas festinhas aqui — um Baekhyun entra no quarto igual um furação, largando uma mochila no chão e tirando os tênis no meio do caminho.

— Baek, espera....— Chanyeol aparece no quarto mas já é tarde demais. Baekhyun está somente com sua camisa grande do Star Wars, pois a calça foi parar em algum lugar dentro do pequeno quarto — A Alexia está aqui.

Baekhyun me olha meio abismado e eu tento não olhar para baixo, mas é meio impossível. Outra coisa que é impossível é ignorar a cueca vermelha do homem de ferro e as enormes coxas do Baekhyun. E a risada também.

— Ai meu Deus, me desculpa por rir — ponho a mão na boca para tentar controlar a risada, entretanto, não adianta muita coisa.

— E-Eu...— Baekhyun gagueja, começando a ficar todo rosado — Eu vou no banheiro.

Baekhyun começa a sair do quarto e então volta, mais rosa que antes.

— Você também, Chanyeol — puxa o amigo pelo braço e o arrasta para fora do quarto.

Consigo ouvir os gritos de Baekhyun, o que me faz rir ainda mais. Nossa, como as coisas tomaram esse rumo? Volto a me aconchegar na cama, porém com essa cena incrível de Baekhyun, não consigo voltar a dormir. Suspiro e sento na cama, sem nada para fazer.

— Oh, agora entendo o motivo dos gritos — o garoto que me acompanhou até em casa, o mais novo da banda, acho que Jeong Guk, parou na porta do quarto com uma expressão curiosa — Baekhyun começou a tirar as roupas na sua frente, não é?

— Esse é um comportamento normal dele? — rio, incrédula.

— Sim, ele vive fazendo isso quando só tem a gente aqui — Jeong Guk diz, dando de ombros — A propósito, não sei se você se lembra de mim, mas eu sou o vocalista da banda do Chanyeol. Jeong Guk, mas pode me chamar de Jungkook. Sabe, aquele carinha que te acompanhou até sua casa.

— Eu me lembro de você — digo, revirando os olhos — E eu sou Alexia, nada de Ayla, por favor.

— Também me lembro de você — ele diz e suas bochechas ficam vermelhinhas — Bem, quer ir lá pra sala? O Suga está lá na sala junto com a Minzy  preparando as bebidas.

— Bebidas? — questiono um pouco chocada — Alguém aqui tem idade pra beber?

— Tem — Jungkook diz mas acaba fazendo uma careta — Na realidade, só o Suga tem, mas a gente ignora isso.

Mas que ousadia desses garotos. E da Minzy. Apesar que eu mesma já tomei alguns goles de várias bebidas alcoólicas, mas é diferente, porque eu bebia em festas para socializar.

— Em minha defesa, o que está acontecendo aqui é só um drink pra fazer a social — Jungkook comenta, saindo do quarto. O sigo e vamos para a sala, onde Minzy está parada com uma garrafa de groselha nas mãos.

— Hey, a gente meio que se reencontrou de forma estranha, não é? — ela anda até mim, rindo, e aperta minha mão — Prazer, sou Minji, mas me chame apenas de Minzy que é melhor.

— Hey, Minzzzzzzzzzzzzzzzzzy! — tenho certeza de que o grito que Chanyeol dá é capaz de ser ouvido até pelos vizinhos — Tá tudo pronto ai?

Chanyeol aparece na sala, arrastando Baekhyun que está quase sendo sufocado pelo maior, mas mesmo assim possuí um sorriso no rosto.

— Falta só a vodka. Suga? — o outro rapaz que estava sentado esse tempo todo no sofá quieto, se levanta num pulo e corre para outro cômodo.

— Posso fazer uma pergunta?

— Além dessa? Claro que pode — Baekhyun, que já foi largado por Chanyeol e agora veste uma bermuda, diz.

— Aish — ignoro a piadinha e me viro para olhar Jungkook — O que é exatamente aqui? Quero dizer, eu concordei em vir porque Chanyeol disse que teria comida de graça.

— Chanyeol! Já está comprando a menina usando meus salgados?! — pergunta Minzy  e bate no ombro de Chanyeol, que ri e tenta se esconder atrás de Baekhyun.

— Eu tinha que convencê-la a vir! Ela ia para a casa dormir até amanhã, não podia deixar isso acontecer!

— É sério? — Jungkook pergunta e eu confirmo — Deus, Alexia! Tá pior que eu. SUGAAAAAAA! Anda logo com essa vodka, foi fabricar é? Temos uma Careta aqui.

— Careta? — Suga aparece no momento seguinte com a garrafa de vodka em uma das mãos e copos de plásticos na outra — Vish, temos que acabar com isso.

— Temos mesmo. Tá vendo esse novinho aqui? Ele era um Careta — Minzy aponta para Jungkook que abre um enorme sorriso, então anda até Baekhyun e o abraça pela cintura — E esse aqui? Ha! Esse com toda a certeza foi o maior Careta de todos! Mudá-lo foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, o menino não saia pra nada, só estudava! Graças a Deus, agora que saiu do ensino médio, parou de ser Careta.

Baekhyun fica novamente naquela tonalidade fofa de rosa e empurra levemente Minzy para longe, resmungando algo como "eu não era tão Careta sim".

— Temos que tirar essa Careta de você e libertar o seu eu interior — Chanyeol diz, pegando animadamente um dos copos da mão de Suga.

— Vocês só querem me embebedar! — exclamo, causando risos em todos presentes.

— Bem, você pode ver dessa forma — Suga comenta, empurrando Baekhyun que soltou um "é exatamente isso", e se aproxima de mim, oferecendo um dos copos de plástico — E ai, vai encontrar seu eu interior?

Agora, querida, vou te levar pra casa

Vou te abraçar forte pela última vez

— Alexia, pode me soltar agora — sinto mais do que escuto a risada de Baekhyun em meu ouvido, o que me causa arrepios. Há quanto tempo estamos assim?

— Não quero — resmungo devagar e me aperto mais em Baekhyun. Por que eu devia soltá-lo? Ficar assim está tão bom.

— Chegamos na sua casa — ele ri e eu ignoro. Continuo abraçando-o. De repente o banco do carro não é mais visível e eu me encontro nos braços de Baekhyun, sendo carregada para fora do táxi.

Se eu tenho plena consciência do que está acontecendo? Não muito, apenas sei que é isso que está ocorrendo porque Baekhyun está narrando o que faz — Agora eu vou tentar tocar a campainha para alguém abrir a porta.

— Minha mãeee vai me matar — dou risada porque sei que há verdades em minhas palavras. Ela vai ficar tão chateada em me ver assim. Mas não é como se eu ligasse muito, eu acho.

Foi nessa varanda, naquela manhã

Você se lembra? Nos despedimos com um aperto de mão

Nos olhamos de maneira tão perfeita naquele dia

Mas eu me viro sozinho mais uma vez, caindo, caindo

Como eu estou nesse estado um tanto quanto deplorável? Bem, não tenho lembranças muito fixas na mente, pois descobri ser um tanto quanto fraca para álcool, mas de acordo com que me lembro,  depois de tomar o primeiro gole com Minzy e os outros, todos começamos a conversar, rir a toa e comer. Comer muito. Me lembro que até mesmo fiz uma aposta com Chanyeol pra ver quem comia mais dos salgados de Minzy, e ele venceu, é claro, mas  só porque eu não estava com tanta fome assim.

— O que aconteceu? — minha voz está estranha. Sinto como se estivesse falando normal, mas sei que estou enrolando todas as palavras. E Baekhyun está se divertindo com isso.

— Agora? Bem, acabamos de passar por sua mãe. Ela ficou um pouco chocada com você nesse estado, ainda mais amanhã tendo aula, mas eu vou conversar com ela depois — no momento seguinte, me sinto num mar de almofadas fofas. Acho que Baekhyun chegou ao meu quarto e me colocou na cama, não tenho certeza.

— Não, não. O que aconteceu lá? — espero que ele entenda o que eu quero dizer com "lá", mas, ah, está tão obvio, não está?

Você está com a mesma expressão triste que eu

Você não vai ficar comigo? Venha para mim

Embora seus lábios digam não, seus olhos dizem que você me quer

Você não vai ficar comigo? Venha para mim

— Oh, no apartamento? — Baekhyun questiona e eu tento balançar a cabeça para confirmar, mas não consigo, então digo apenas um sim que sai mais um um sibilo — Você bebeu. Muito. Acho que mais do que está acostumada, pois começou a dançar sozinha e a devorar toda a comida. Teve um momento que eu pensei que você fosse chorar mas então você começou a rir sozinha, foi bem estranho. Mas não precisa se preocupar, todos agiram de modo estranho também. No final, você desmaiou de sono no sofá e Chanyeol desmaiou de sono em cima de você, foi um pouco depois disso que resolvi te trazer pra casa.

Sei que devia prestar atenção no que Baekhyun dizia, mas só conseguia olhar para a franjinha que cobre sua testa, o deixando com um ar angelical. Ergo a mão e bagunço a franjinha, rindo do modo como ela ficou depois.

— Você não está prestando atenção, né? — ele pergunta e então ri baixinho — Acho que já vou agora. Ainda tenho que esclarecer as coisas para sua mãe.

— Você é rosa — concluo que Baekhyun é uma daquelas pessoas que é naturalmente rosa. Uma graça — Rosa, rosa, igual a cor que está no cabelo do Sehun.

— Devo ser — ele fez um biquinho fofo e então suspira, parecendo meio chateado. Ou não. Talvez essa seja sua cara mesmo — Até mais, Alexia.

Baekhyun se abaixa e beija minha testa, de maneira fofa. Não espero ele sair para me virar de costas e abraçar o travesseiro.

Durante este momento

Eu não consegui dizer uma palavra sequer

Quando esta noite passar

Um novo dia vai começar

Eu só tenho você

Você é o meu único amor

Hey, não hesite e assim como você é, fique comigo

O dia seguinte eu acordei de ressaca, e para piorar, ainda tenho que ir para a escola. Minha mãe não ficou muito feliz com minha saidinha ontem e me deu um sermão bem na hora do café da manhã, piorando minha ressaca. Mas o que realmente me deu dor de cabeça foi encontrar um Yifan parado no lado de fora da casa, encostado em seu carro, vestindo terno e gravata, enquanto olhava algo no celular.

— O que você tá fazendo aqui? — não fiz questão de ser educada. Não com uma dor de cabeça dos infernos.

— Olá para você também, Alexia. Como você está? Eu estou maravilhosamente bem — ele abriu um daqueles sorrisos de modelo e guardou o celular no bolso da calça — Bem, hoje eu vou te dar uma carona.

— Aish, aish, por que você vai me dar uma carona? Eu tenho amigas que me levam, sabia? — resmungo, parando em sua frente — E o Sehun e o Jongin? Não tem que buscá-los também?

— Entra no carro que eu te respondo tudo.

Amaldiçoando o dia de hoje, entrei contra a gosto no carro de Yifan, puxando a porta com força na hora de fechar. Yifan deu a volta calmamente, provavelmente ignorando meu temperamento totalmente rebelde sem causa e entrou no carro com elegância e delicadeza, bem diferente de mim.

— Sua mãe me pediu para levá-la e eu aceitei, não se preocupe, ela ligou para suas amigas informando que não precisaria dos seus serviços hoje — ele dá risada, e liga o rádio do carro — e sim, nós vamos buscar Sehun e Jongin daqui a pouco. Quis vir buscar você primeiro.

— Não entendo o porque disso, você deve ter coisa mais importante para fazer do que buscar uma pirralha pra levar para a escola.

Para o melhor ou para o pior

Só fique comigo para sempre

Para o melhor ou para o pior

Só fique comigo para sempre

— Se você tivesse me falado isso há algum tempo atrás, eu concordaria. Na realidade, nem sei porque ainda levo aqueles folgados para a escola. Mas sabe, eu mudei de opinião.

— Mudou de opinião sobre o que? — questiono, estranhando essa conversa. Já entramos no carro, mas em momento algum Yifan o ligou.

— Sobre o que eu sentia e o que eu sinto, sobre tudo, você — seus olhos possuem um brilho diferente e Yifan está parecendo mais feliz do que em todos os momentos que me lembro dele.

— Sobre mim? — Deus, do que raios ele está falando?

Yifan dá risada, aquele tipo de risada gostosa de se ouvir, e então se aproxima de mim, e eu claro, me afasto, me afasto até bater no vidro da janela e não ter mais para onde ir.

— Sim, sua bobinha — seu hálito faz cócegas em meu rosto e seus olhos fitam demoradamente os meus, para só então se desviarem para meus lábios e se fixarem ali — Você.

No instante seguinte, tudo o que eu sinto é a pressão dos lábios de Yifan nos meus.

Você está com a mesma expressão triste que eu

Você não vai ficar comigo?

Venha para mim

Embora seus lábios digam não, seus olhos dizem que você me quer

Você não vai ficar comigo?

Venha para mim