You Belong With Me escrita por Sofia Brandão


Capítulo 1
Everything Has Changed


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem da história e por favor comentem se gostarem, autores precisam de incentivo. Beijos e ate o próximo capítulo.



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Everything Has Changed

Eu não suportava mais a monotonia que era minha vida. Dia após dia era sempre a mesma coisa, eu não podia sair de casa ou manter contato com qualquer pessoa além da minha mãe. Eu tenho quatorze anos e nunca pude conhecer a ilha onde vivo ou ter amigos, estou sempre trancada aprendendo os deveres de uma princesa e tentando ficar mais bela para que assim um dia possa me casar com um príncipe.

Desde criança minha mãe sempre me disse que a coisa mais importante em uma pessoa é a sua aparência. Seguindo seu raciocínio decidi que teria que ser a mais bela de todas, assim quando tivesse a oportunidade de fazer amigos todos iriam gostar de mim. Testava maquiagens todos os dias e nunca deixava um fio de cabelo fora do lugar, eu estava sempre deslumbrante esperando que um dia, por algum milagre, eu pudesse finalmente sair de casa.

Apesar de tudo, viver trancada pelo menos me permitiu descobrir a paixão que eu tinha por leitura. Eu lia aproximadamente três livros por semana e dos mais variados temas, minha mãe apesar de achar leitura uma grande idiotice sempre me trazia novos títulos para que eu pudesse aumentar a minha coleção. Estava justamente no meio de um dos meus clássicos prediletos, Dom Quixote, quando a porta do quarto foi aberta.

― Evie, querida, o jantar está pronto ― minha mãe analisou rapidamente a minha aparência e se aproximou um pouco ― Fez a sua sobrancelha hoje?

― Fiz sim, mãe ― falei enquanto marcava a página do livro.

― Bom, não parece ― ela disse enquanto me avaliava melhor ― Ah, esqueci de avisar, vou resolver algumas coisas depois do jantar na cidade e vou voltar muito tarde então não precisa me esperar.

― Tudo bem ― assenti.

Estava acostumada a ficar sozinha. Minha mãe passava pouco tempo em casa, geralmente ela passava as lições pela manhã e eu só a via novamente na hora do jantar. Acabei aprendendo a lidar com a solidão, não era fácil, mas eu sempre mantinha em mente a ideia de que tudo isso era apenas temporário.

O jantar foi silencioso, a cada garfada eu sentia o gosto horrível da comida da minha mãe. Achei que com os anos ia me acostumar, mas isso não aconteceu. Porém, eu não a culpo, ela sempre foi da realeza e nunca precisou aprender serviços domésticos. Ela tinha empregados para cozinhar, lavar, passar... Até que isso acabou. Bom, acho que todos sabem como aquela coisa albina destruiu a vida da minha mãe, justamente por isso espero arranjar um bom marido, para poder devolvê-la tudo que perdeu.

― A comida estava boa?

― Estava ótima, mamãe ― menti.

― Bom, já estou indo ― ela se levantou da mesa ― Até amanhã, querida.

― Até amanhã ― respondi.

Voltei para o quarto e resolvi ler mais um pouco antes de dormir. Fiquei tão concentrada na leitura que nem ao menos vi a hora passar, já se aproximava da meia noite quando terminei o livro. Me levantei para guardá-lo na cabeceira e me peguei olhando pela janela. A rua estava movimentada apesar do horário, eu nunca entendi, mas as ruas da ilha sempre ficavam mais movimentadas durante a noite. Observei por um tempo as pessoas que passavam quando de repente um barulho alto me chamou atenção.

Meus olhos percorreram a rua procurando a origem daquele som, mas não avistei nada. O barulho se fez presente de novo e dessa vez mais alto. Parecia vir do telhado. Abri a janela e procurei algo nas telhas quando um vulto caiu na minha janela. Me afastei completamente assustada. Duas mãos estavam segurando firmemente a janela e a pessoa começou a tentar subir.

Estava aterrorizada. Podia ser um ladrão, um sequestrador e eu não saberia lidar com a situação, procurei algo para ajudar a me defender e de repente lembrei do punhal que ficava guardado na gaveta. Corri até a cômoda e puxei o punhal e no mesmo instante um rosto surgiu na janela.

Era um garoto. Ele tinha longos cabelos negros cobertos por um gorro e olhos ônix. Ele conseguiu subir e entrou no quarto. O garoto parecia aliviado até que notou a minha a presença. Ele era muito alto e musculoso para ser apenas um menino, deveria ser alguns anos mais velho.

― Quem é você? ― perguntei reunindo toda a coragem que possuía dentro de mim.

― Não se preocupe, só entrei aqui para me esconder ― ele deu um sorriso e seus olhos pararam no punhal que eu tinha em mãos ― Pretende me machucar com isso?

― Não vou deixar você fazer nada comigo ― afirmei.

― Não se preocupe, garotinha, não pretendo fazer nada de mal com você ― ele observou o ambiente e se sentou na minha cama ― Como disse antes, só estou me escondendo.

Eu me sentia um pouco mais tranquila. Sabia que não podia confiar em um desconhecido, mas ele parecia estar falando a verdade.

― De quem está se escondendo? ― perguntei.

― Do dono de uma loja ― ele tirou um colar muito bonito do bolso.

― Você roubou isso? ― questionei.

― Vai me dar uma lição de moral? ― ele deu um sorriso de deboche.

― Não, só fiquei curiosa.

Seus olhos se fixaram em mim e ele me analisava de forma minuciosa. Estava bastante envergonhada com aquele olhar tão intenso sobre mim.

― Nunca a vi na ilha ― afirmou.

― Eu nunca saí de casa ― minhas palavras trouxeram uma expressão curiosa para o seu rosto.

― Nunca? ― inquiriu.

― Minha mãe diz que o melhor é que eu fique em casa e aprenda como ser uma boa princesa.

― Espera um pouco, você disse princesa? ― ele parecia confuso ― Não existem princesas na ilha.

― Eu sou uma princesa, aliás, princesa Evie.

― É filha da rainha má? ― perguntou.

Eu assenti e ele sorriu.

― Bom, é um prazer conhecê-la, princesa.

― Qual o seu nome? ― questionei.

Deixei o punhal na cômoda e me aproximei da cama onde ele agora estava deitado.

― Meu nome é Jay ― ele piscou pra mim ― O seu pior pesadelo.

― Você não parece tão ruim ― comentei.

― As aparências enganam ― ele voltou a se sentar.

Por algum estranho motivo eu não queria que ele fosse embora. Gostei de ter alguém para conversar e ele poderia acabar sendo meu amigo.

― Você conhece bem a ilha? ― questionei.

― Eu cresci nas ruas.

― Deve ter muitos amigos ― falei pensando sobre como seria viver pelas ruas, sem ficar presa a algum lugar.

― Nem tanto, só dois.

― Como eles são? ― eu estava curiosa.

― Eles são legais, tenho certeza que você iria gostar da Mal e do Carlos. Se quiser, posso te apresentá-los depois.

― Eu adoraria, mas não posso sair, lembra?

― Você pode fugir ― sugeriu.

― Minha mãe me mataria ― eu já havia cogitado essa ideia várias vezes, mas sempre desistia quando pensava nas conseqüências.

― Ela não precisa saber ― ele foi se aproximando da janela ― Vem comigo.

― Eu não posso, Jay ― estava receosa quanto aquilo.

Ele estendeu sua mão para mim.

― Vem comigo, Evie.

Encarei sua mão estendida. Não iria desperdiçar aquela chance, pela primeira vez em anos eu tinha uma oportunidade de sair daquela casa, não podia ter medo. Nossas mãos se tocaram e ele sorriu para mim.

Jay pulou da janela e caiu sobre a lona de uma barraca, ele fez sinal para que eu também pulasse. Estava apavorada, mas não podia desistir agora. Fechei os olhos e pulei. Quando voltei a abri-los estava ao lado de Jay. Ele me ajudou a descer e simplesmente não pude acreditar. Pela primeira vez em minha vida eu estava fora daquela casa, estava na rua, perto de pessoas.

― Isso é incrível ― afirmei.

― Que bom que gostou.

Caminhamos pelas ruas e eu gostava cada vez mais de tudo. Esse era provavelmente o dia mais feliz de toda a minha vida. Eu percebia que as pessoas me encaravam, algumas curiosas e outras com um olhar de admiração.

― Todos estão olhando para mim ― comentei.

― O que você esperava? Você é incrivelmente linda, não se tem garotas como você nessa ilha.

Por algum motivo as palavras de Jay me deixaram um pouco envergonhada. Eu sabia que era bonita, mas ouvir isso de alguém foi diferente, me fez sentir ótima.

― Você conhece algum príncipe? ― perguntei.

― Um príncipe? Não temos príncipes aqui ― ele disse isso como se fosse uma coisa óbvia ― Acho que você e sua mãe são as únicas pessoas da realeza aqui.

― Isso é sério? ― eu estava desolada.

― Por que essa cara? ―ele inquiriu.

― Bom, eu tenho que conhecer um príncipe, preciso me casar e me mudar para um castelo.

― Você teria que ir para Auradon e isso está fora de questão ― ele riu ― Mas se seu medo é ficar só, garanto que vai conhecer alguém.

― Minha mãe diz que só posso me casar com um príncipe.

― Não devia escutar tudo que sua mãe diz ― ele sorriu para mim.

Jay era definitivamente um garoto legal. Era fácil conversar com ele e em apenas algumas horas já sentia como se fôssemos amigos. Ele disse que me apresentaria Mal e Carlos e que em outra oportunidade me levaria para conhecer o resto da ilha. Eu estava tão animada com nossa conversa que quando me dei conta do horário tomei um susto. Já era mais de três da manhã.

― Jay, eu preciso voltar ― falei preocupada ― Minha mãe vai me matar se perceber que não estou em casa.

― Tudo bem, eu te levo de volta.

Fomos correndo pelas ruas e quando chegamos perto da minha casa ele me ajudou a subir em um telhado por onde eu conseguiria entrar facilmente na minha janela. Nós dois entramos no quarto e quando percebi que era o momento de se despedir senti meu coração apertar.

― Acho que isso é um adeus ― murmurei.

― Não seja boba, eu prometi que apresentaria meus amigos, lembra?

― Mas...

― Eu venho te buscar, eu prometo, Evie.

Não pude conter o sorriso que se formou em meu rosto. Dei um abraço apertado em Jay e percebi que ele ficou um pouco envergonhado, mas mesmo assim retribuiu o gesto.

― Obrigada por essa noite, foi a melhor de toda a minha vida ― falei baixinho em seu ouvido.

Ele sorriu e tirou do bolso o colar que eu havia visto mais cedo.

― Quero que fique com ele, é a garantia de que eu vou voltar.

― Tem certeza? Parece ser muito valioso.

― Tenho certeza que vai cuidar bem dele ― ele me ajudou a colocá-lo no pescoço e percebi que havia um pequeno pingente de cobra ― Boa noite, princesa.

Jay se afastou e foi em direção a janela. Eu podia dizer que tinha um amigo e por algum motivo desconfiava que essa se tornaria uma grande amizade.

― Boa noite, Jay.


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