Minha cabeça gritava: corra...

Mas meu coração gritava: fique...

Fiquei igual a uma boba, olhando a porta de entrada daquele lugar que nunca me pertencerá de fato.Eu sou um fardo para eles, um tipo de praga . Sou tirada de meus devaneios quando um corpo masculino surge em frente a mim, com uma mochila nas costas e um casaco azul marinho ao corpo.

–Vamos, antes que eles vejam agente! –Falou baixo segurando a minha mão e correndo para o final da rua. –Isso é loucura, eu deveria te impedir como qualquer bom irmão mais velho.

–E por quê não o faz?. –Arqueei uma sobrancelha. –O que houve com o todo certinho Katsu?

–Ele levou um tiro por alienígenas e levado para outra dimensão, colocando um sócia no lugar. –Ele falou com naturalidade.

–Desse jeito eu não te conheço mais. –Ele soltou um risinho e fez sinal para o ônibus que vinha de longe.

O nosso destino é a nossa antiga casa,um viajem de ônibus que segue para o oeste da cidade já é o suficiente, para chegar lá.Vejo a imagem rápida pela janela. Casais fugitivos correndo da chuva, parecem tão felizes juntos, como se nada na vida os machucarem. Mães protegendo suas filhas com o seu casaco e alguns homens segurando guarda-chuva, dando prioridade a pequena barreira de chuva a suas mulheres.

Observo pela janela do ônibus as pequenas gotas descerem lentamente pelo vidro da janela, escolhendo a minha gota para apostar corridas contra a que esta ao seu lado. É uma coisa tão boba...mas me distrai tanto do mundo ao meu redor.

–Ela te magoou não é? –Falei sem o encarar.

–O que? . –Ele me olha confuso.

–Ela te machucou? Você sabe, eu to falando da Mei. –Virei para o encarar.

–Ela...arrumou alguém do nível dela. –Seu tom de voz parecia magoado.

–Esqueça, não vale a pena abaixar a cabeça pelos outros...assim é a vida, você caí sete e levanta oito. –Pausei, voltando a fitar a janela. –Ela não era a pessoa certa para você, não se preocupe , uma hora ou outra a garota dos seus sonhos vai aparecer, confie em si mesmo. –Terminei.

–Você até que é engraçada... –Ele falou.

–O que? –Virei para o olhar melhor.

–Você tem conselhos para todo mundo, menos para si mesma. –Ele falou com um sorriso brincando em seus lábios.

–Eu sou o tipo de pessoa que sensibiliza com a dor dos outros. –Respondo.

–Mais nunca com a própria dor. –Ele completa.

–Eh...tipo isso, eu sou um caso perdido. –Acrescento. –Igual a uma peça quebrada e sem conserto.

–Você mergulha tão de cabeça naquilo que dizem...você pode mudar, largar esse seu lado Emo sofredor.

–Eu nunca vou conseguir me livrar desse complexo comigo mesma. –Digo. –Eu sou assim...procuro um lugar onde só haja paz e felicidade, é só isso o que eu quero, misturado com uma dose de acreditar cem por cento em mim ,mesma.

–Isso só depende de você. –Ele diz.

–Não...isso só depende dessa sociedade fútil, que só se importa com os rótulos.

–Sakura somos humanos e não produtos.

–Fala isso para a sociedade, pra ver se eles acordam pra vida...porque, eles não estão só estragando as vidinhas infelizes deles, mas também ha de várias pessoas.-Falo abaixando o olhar. -Mas tem várias pessoas por aí com problemas com a alimentação, afinal se você come demais é gordo, se você é magro demais é drogado.

–É, se você é Bisexual é confuso e se você é gay é pecado. –Ele completa. –Se o mundo continuar assim então estamos todos fudidos.

–Será que essas pessoas não conhecem a palavra paz dentro delas? –Questiono-me.

–Hoje em dia as pessoas tem que fuder com a vida das outras pra se sentirem bem.

–Verdade... –Concordo, virando-me para a janela.

***

–Esse lugar fica diferente a cada vez que agente vem aqui. –Falou Katsu, enquanto descíamos do ônibus.

–Hum...verdade, olha já esta amanhecendo. –Falei observando as fresta do sol iluminarem o céu ainda coberto por um lençol de estrelas.

Olho para a grande casa, um quintal mal cuidado com grama alta e algumas bolas de brinquedo sobre a grama, parece que tiveram medo de busca-las.

–Seja bem-vinda. –Comentou, dando passagem a mim a dar o primeiro passo.

Andamos pela pequena estrada de pedras e parando na frente do carpete, abaixo dele esta a chave dessa casa, a nossa casa, como sempre foi.

–Ta tudo empoeirado. –Comento, dando alguns passos pela casa.

–O que você queria? Faz uns seis anos desde que nos mudamos daqui. –Ele tirando o casaco e o jogando no sofá empoeirado.

–Não posso acreditar que ninguém quis comprar esse terreno, dá pra fazer tanta coisa nele. –Falei.

–Essa casa é um pouco velha, e o terreno nem é tão grande assim, não é de interesse para pessoas compradoras de imóveis. –Ele soltou alguns risinho, parecia que estava afogado em memórias. –Lembra? Quando agente achava que a casa era amaldiçoada. –Ri diante a lembrança.

–Não me lembre daquele balão vermelho flutuando pelas escadas. – Avisei.

–É difícil não lembra.

–Cala a boca, palhaço! – O reprovei.

–Tá bom...vamos tentar dar uma geral aqui. –Sugeriu ele, pegando uma vasoura na cozinha, por incrível que pareça a casa estava mobilhada, meus pais não quiseram muita coisa desse lugar, então a maioria das coisas estão em seu devido lugar, do jeitinho que eu lembrava.

–Me obrigue. –Me joguei no sofá, levantando uma grande quantidade de poeira. –Ating

–Bem feito. –Ele riu da minha cara, afinal ele adora rir da minha cara. –Agora limpa aquilo ali. –Ele jogou um pano em mim.

–Ahh...piedade Kami-sama.

–Aqui não tem Kami-sama coisa nenhuma, eu sou mais velho e estou no comando.

–Ah...ridículo. –Falei com um tom de voz brincalhão e ele riu. –Tudo eu nessa casa, parece até que não tem duas mãos.

–Quatro mãos trabalham melhor do que duas.

–Ta parecendo um velho falando esse ditado do tempo dos dinossauros. –Falo. –Dinossauros são tão kawai’s.

–Lá vem você com o kawai.

–ah...qual é eles são tão ka-ka-kawai.

–Eu vou virar um dinossauro e comer o seu pé se você não limpa essa poeira.

–Tá bom, seu chato. –Levanto do sofá e esfrego uma porcelana de lesma, ela é tão kawai.

.

.

.

.

.

.