Under My Skin escrita por PandaRadioativo


Capítulo 3
II


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Agradeço aos comentários.
Espero que estejam gostando!



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Alma estava no campo de rosas negras da Guarda. Como sentira saudades daquele campo... Não. pensou. É apenas um sonho. Não é real.

Mas era tão difícil acreditar... As rosas estavam bem cuidadas, o caminho de pedras estava limpo e visível, e levava ao costumeiro castelo negro. Alma se arrepiou ao ver novamente a cede da Guarda. Sentiu uma mão fria em seu ombro. Virou a cabeça lentamente, e lá estava seu irmão.

– Valentim. - sussurrou quase em lágrimas. - O que você faz aqui?

Ela se virou para o garoto, que tentou sorrir. Ele a abraçou, como se não quisesse soltá-la.

Ah, minha irmã, senti tanta saudades de você. - ele a afastou de si, e, ainda com as mãos em seus ombros, suspirou. - Você está igual à mamãe.

Alma deixou cair uma lágrima.

– Porquê fez aquilo, Valentim? - ela soluçou.

– Fiz minhas escolhas, Alma. - ele disse. - Tem que entender isso.

– Não tem como entender, Valentim! - ela disparou, já chorando. - Por causa da sua traição, mamãe e papai foram mortos! Por causa da sua traição, eu estou amaldiçoada! Mataram a todos que tinham uma ligação mais forte com você. Você não percebe o que fez, Valentim? Não percebe no que isso te tranformou?

Valentim, não aguentava ser tão agredido verbalmente pela irmã, e Alma sentiu dor. Nunca havia sentido dor antes. Ela levou a mão até a bochecha, marcada pelo tapa que levara do irmão. Aquele não podia ser Valentim. Não o Valentim que a pegava nos ombros e ficava girando até que ela pedisse para parar, porque ia vomitar na cara dele. Não era o mesmo Valentim que a levava ver espetáculos dos Anjos. Não era o Valentim que honrava sua família a cada missão cumprida. Não era seu irmão.

Ela não conseguia parar de chorar, e começou a marchar para o castelo, dando às costas para Valentim. Ela iria pedir perdão aos Anjos. Afinal, ela também era um Anjo. Ela tinha o direito de pedir perdão, nem que, para que deixasse de ser amaldiçoada ela tivesse que morrer. Ela não aguentava mais conviver com o peso da culpa. De ser o que era. Mas quando estava chegando perto da grande porta, seu braço foi puxado para trás, e ela sentiu seu ombro ser deslocado. Masi umavez, com lágrimas nos olhos, ela se virou, apenas para constatar que era Valentim.

– Você vai falhar novamente, irmãzinha.

Ele soltou seu braço e se dissipou em sombras. O campo de visão de Alma ficava turvo. Ela não podia desmaiar. Se desmaiasse, ela acordaria. E era tudo que ela não queria. Viu alguém se agachar ao seu lado, e quase sem forças, virou a cabeça. Era um dos Soldados da Guarda. E ela sabia quem ele era. Antes de desmaiar, ela o viu pegá-la nos braços e caminhar até a Guarda.

Alma acordou assutada. Aqueles malditos Sonhos a atormentavam sempre. Ela se sentou na cama, e tocou seu ombro direito, e sentiu uma dor quase eletrizante passar pelo corpo. Ela mordeu o lábio inferior, sentiu o gosto de sangue. Era só o que faltava. Ela estava com o ombro deslocado. Essa era a parte má dos Anjos.

Ela escondeu o rosto nas mãos, decidindo se ía ou não à enfermaria. Não. Ela não iria.

Alma se levantou, caminhando até uma pequena maleta, parecida com uma maleta de primeiros socorros. Quando a abriu, viu várias ampolas com um líquido azul cintilante. Era um remédio que apenas Alma sabia como fazer, e tinha pego todo seu estoque quando virou humana. Aquilo faria seu ombro voltar ao normal.

Ela pegou uma seringa, abriu uma das ampolas, e encheu a seringa com o líquido. Ela respirou fundo, posicionou a agulha no ombro. A agulha perfurou sua pele, e Alma já podia sentir o efeito do remédio.

A parte ruim? Sono. E o sono era um dos maiores inimigos de Alma, porque ela sonhava com o irmão.

Ela se deitou na cama novamente, pensando na figura que a levara novamente para a Guarda. Ela reconhecera-o.

Era Adam Lee Walker.

Ela tentou dormir, mas a imagem de Adam lhe vinha na cabeça. Se ele era a guarda, porque estava ali?

Mas seria arriscado demais perguntar. Ou não? Ela estava muito indecisa.

– Alma, você está ferrada. - ela murmurou. Se levantou da cama, e resolveu sair do quarto um pouco. Talvez... Esfriar a cabeça não a fizessse pensar em Valentim. Ela deixou escorrer uma lágrima. O ombro já não doía tanto, mas o sono tomava conta dela.

– Não vou dormir. - ela resmungou. Ela foi em direção ao telhado da Academia. Talvez... Ver as estrelas a acalmasse.

Balançou a cabeça, afastando o sono. Subiu as escadas lentamente.

Demorou, mas ela chegou ao telhado. Aind era madrugada, e Alma gostava dessa tranquilidade. Um pássaro cantava, solitário, mas parou, como se o horário não mercesse uma bela canção. Os sentidos de Alma diziam que tinha alguém com ela. Ela não queria se virar e se ver frente a frente com Noah, e muito menos, com Adam. Mas uma hora ou outra ela teria que se virar, mas preferiu continuar olhando as estrelas.

– Não é nada comparado com a visão que tínhamos na Guarda, não é? - ela virou a cabeça, e seus olhos encontraram os de Adam. Ela logo se levanto, e agora, estava cara a cara com ele.

– Porque está aqui? - ela perguntou. - Sabe que essa missão é minha.

– Minha querida. - ele disse com falsidade. - Essa missão é sua a séculos.

– Por uma causa injusta! - ela quase cuspia as palavras na cara dele. Ela tinha medo de ser mais um sonho.

– Como vai o ombro? - ele perguntou, se aproximando. Alma deu um passo para trás. - Seu irmão não devia ter feito aquilo.

– Como você sabe disso?

– Eu tenho meus métodos de entrar no sonho de mortais. - ele simplesmente jogou essa palavra na cara de Alma.

– Para seu governo, eu não sou mortal. - ela revidou.

– Será? - ela disse, mais uma vez se aproximando. Alma deu um passo para trás. Ficou a menos de um passo da beirada, e isso a incomodava. - Anjos conseguem voar. Vamos ver se ainda consegue.

Ele a empurrou pelos ombros. Seus pés escorregaram da beirada do prédio cinzento.

Pronto. pensou. Agora minha maldição vai acabar.

Mas ela já não controlava seu corpo, eum belo par de asas brancas surgiram nas costas da garota. Ela revirou os olhos, e planou, contente com suas fiéis amigas, que já não estavam brigadas com ela. Ela pousou na calçada fria, e encarou o garoto incrédulo, apoiado na beirada do prédio.

– Vai ter que fazer melhor que isso.

Ela fez uma reverência desajeitada, e saiu caminhando.

Suas asas se comprimiram novamente, e logo, sumiram. Tantos anos sem usá-las... Ela tocou o local de onde as asas surgiram. Estava doendo. Normal. Concluiu, e continuou andando, sem nenhum rumo.

Começava a amanhecer, e o barulho matinal a incomodava. Ela só havia esquecido de um detalhe: Estava andando na rua, descalça, e de pijama. Voltou caminhando até a Academia. Estava tudo apagado, e Alma agradeceu mentalmente.

Entrou sorrateiramente no prédio anexo da Academia. Subiu até o seu andar, e começou a se trocar para o primeiro dia de aulas. Ela não estava muito animada, mas decidiu causar boa impressão. E com boa impressão, quero dizer... Ser ela mesma, já que Anjos chamam a atenção para si, mesmo que ninguém saiba que a pessoa é um Anjo, ou no caso de Alma, já foi um Anjo.

Ela desceu as escadas, indo em direção do refeitório. Ela não estava com vontade de comer, mas precisava se socializar.

Assim que ela entrou no refeitório, alguns comentários sobre ela passararam pelos alunos, ela pôde ouvir. Cada um:
Que garota estranha. Ela é nova aqui? Olhem a roupa dela!

Ela revirou os olhos mentalmente, e viu alguém, na multidão de alunos sentados, levantando a mão e acenando para ela. Sem vontade nenhuma ela caminhou até lá, e se viu sentada com Noah.

– Você está diferente. - ele disse. - Está... Bonita.

Alma tinha certeza que havia corado naquele momento. Ela só recebia elogios de seu irmão, e isso havia sido muitos... Séculos atrás.

– Olhe, Noah, desculpe por ter saído daquele jeito ontem. Eu não estava me sentindo muito bem.

– Não tem problema nenhum. - ele sorriu. Ele estava com uma calça jeans clara, uma camiseta branca, sua plaqueta militar, e a mochila estava na cadeira ao lado. Droga. A mochila. Alma havia esquecido a mochila no quarto.

– Ei, preciso pegar uma cois no meu quarto... Eu já volto. - ela sorriu descontraídamente, e se levantou. Noah se levantou em seguida.

– Eu te acompanho.

– Não precisa, mas... Obrigada.

– Vai recusar compania? - ela sorriu mais uma vez, e fez um sinal com a mão, chamando-o. Ele colocou a mochila sobre o ombro, e a seguiu.

Alma tinha decidido ganhar confiança de Noah. Dessa vez, ela conseguiria, e a Guarda não a veria como traidora.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez espero que tenham gostado, e obrigada por ler!


Link da Roupa de Alma:

http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=178877109



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