E agora, Legolas? escrita por Primadonna


Capítulo 3
II: A primeira lâmina


Notas iniciais do capítulo

Oi, mores! Queria primeiramente agradecer às leitoras ativas da fanfic. Vocês são uns amores, obrigada por estarem comentando e me incentivando, esse capítulo é pra vocês.
Eu estourei um pouco o limite de duas semanas mas teve um motivo: provas, ENEM e escola. Gente, que coisa mais terrível! E eu ainda vou ter seriado, o que piora tudo. Tô quase infartando aqui.
Bem, aqui vai o capítulo. Perdão pela demora e espero que gostem!



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Seis meses

A mão de Thranduil estava caída ao seu lado enquanto ele encarava um mapa mal feito da Terra-Média. Fazia caretas ao ver os traços desproporcionais e uns reinos maiores que os outros quando, na verdade, deviam estar ao contrário. Queria caçar o autor daquilo, amarrá-lo em cima de uma águia e fazer com que ele visse tudo da forma que realmente é.

Quando levantou o membro solto para poder enrolar o pergaminho, sentiu um pequeno peso puxando-o para baixo. Deu uma olhadela, vendo Legolas praticamente mastigando seu dedo. O garotinho babava ao redor, massageando a gengiva e recusando-se a abrir a boca para soltar. Mal havia percebido a porta aberta e se perguntou quanto tempo ele levara para engatinhar até ali, uma vez que estava apenas aprendendo.

— Eu percebi que seus dentes estão nascendo, Legolas — ele pegou o elfo no colo, ainda olhando para o mapa. Limpou o dedo babado nas próprias vestes, analisando algum outro erro. Legolas bateu as pequenas mãozinhas em cima do mapa, atrapalhando a visão do rei. — Não era pra você estar com alguma criada?

É óbvio que ele não teve resposta e estava apenas iniciando a batalha contra Legolas pelo mapa mal feito. Por mais que ele desviasse, a sua cópia infantil esticava a coluna atrás do pergaminho e ameaçava chorar caso não ficasse próximo o suficiente dela.

— Está um desasseio, de qualquer forma — ele suspirou, entregando o mapa para o filho. Do contrário que Thranduil pensava, Legolas não colocou o pergaminho na boca ou rasgou-o de uma só vez, mas ficou olhando para o pedaço por um bom tempo. — O que foi? O que você vê? — uma pontada de esperança se acendeu em Thranduil e Legolas apagou-a no mesmo instante, colocando o material na boca. O pai riu tristemente, tomando-lhe aquela preguiça.

Legolas começou a resmungar baixinho, sentindo-se contrariado por demais. As grandes órbitas azuis se viraram para Thranduil, como se perguntasse o que ele poderia morder agora.

— Não me olhe assim. Se você comesse aquilo, ficaria com dor de barriga por semanas — ele fez uma careta, lembrando-se da última vez que aquilo ocorrera. Não conseguia sequer dormir porque o fedor de Legolas era forte demais. Como uma criança daquela podia produzir tanta porcaria? — Vamos dar uma volta.

O rei pegou o loirinho no colo e saiu de sua sala, passeando pelos corredores. Sempre que via um passarinho atravessando as colunas, ele levantava as mãos como se pudesse alcançá-las e soltava risadinhas, esquecidas por outra distração do lado de fora. As serviçais que passavam por ali sorriam abertamente para o rei, coisa que não acontecia quando Eleniel ainda era viva.

— Parece que você está traindo sua mãe, Legolas.

Desde que a rainha havia partido, as mulheres pareciam ter se enchido de pólvora, esperando Thranduil atear fogo. É claro que ele mal reparava, não tinha nem cabeça para aquilo e se sentia um pouco incomodado, mas ele culpava a douçura do filho pela maioria dos flertes que recebia ou decotes mais ousados. Elas sempre usavam Legolas para se aproximar.

— Oh, aí está você! — uma elfa de traços extremamente finos exclamou, aliviada. Seu rosto estava quase tão rubro quanto os cabelos, com medo da reação de sua Majestade. — Me virei por um segundo para preparar o banho desse miúdo e ele simplesmente fugiu, Majestade!

— Ele já conhece bem os corredores desse lugar, não é mesmo? — deu de ombros.

— Parece que sim. Encontrou bem o caminho para o seu conforto. Agora, venha aqui, querido, temos que levar você para a água — ela esticou os braços, se aproximando do rei. Legolas relutou um pouco antes de passar para os braços da outra, mas acabou cedendo quando ela começou a falar como um bebê. — Obrigada, Majestade, e perdão pelo ocorrido.

— Está perdoada.

— Se o senhor também quiser um banho, porventura, é só me avisar — piscou. Thranduil não falou sobre a audácia porque ela já caminhava para longe. Se virou para o seu escritório, contraindo a mandíbula.

— Legolas, você vai acabar me matando.
Na outra semana, os dentinhos de Legolas já começaram a aparecer. Ele mordia tudo o que aparecia pela frente para aliviar o incômodo que era sentir aquelas lâminas feitas de ossos rasgarem sua pele para nascer. Sempre que algo sumia, Thranduil sabia que provavelmente estava no seu escritório ou na boca de Legolas. Até mesmo sua espada, cujo cabo era feito de um material macio, o filhote de elfo havia conseguido pegar e mordiscar até furos minúsculos ficarem transpostos.

Thranduil havia saído naquela manhã para fazer uma visita à mãe de Eleniel, Leyna, em seu reino, que há muito não via. Ele não prentendia voltar ao lugar, para ser franco, mas a elfa havia pedido para ver o neto uma última vez.

O palácio, totalmente diferente do seu, com cores claras que lembravam o cristal da água e o brilho das estrelas, estava exatamente como ele havia visto pela última vez. Assim como em seu lar, contudo, havia um jardim igualmente cuidado por Eleniel e era lá que Thranduil deveria se encontrar com Leyna.

A recepção dos dois foi um pouco mais calorosa, uma vez que estavam todos babando por Legolas. Mesmo estranhando o local, o bebê se comportou melhor do que Thranduil estava esperando. Eles foram cortando caminhos por corredores — Thranduil se lembrava bem de quando passava noites ali e ainda não podia dormir com Eleniel. Os dois viviam fugindo pelos corredores durante a noite para apreciar a fase noturna juntos sem que ninguém os visse — até chegarem ao jardim.

— Eu sabia que você estava com saudades de sua avó — Leyna disse quando Legolas riu ao ver seu rosto. A elfa de cabelos prateados estava com a mesma aparência que tinha quando completou vinte anos, mas era visível a coloração mais pálida da pele e o cansaço exposto abaixo dos olhos verdes. Eleniel era exatamente como ela. Ela foi até o genro, levando os dedos ao peito e afastando-os em seguida em cumprimento, e pegou o neto em seguida, que parecia muito feliz em estar ali. — É bom ver você, Thranduil. Venha, sente-se — e assim o fizeram. Cada um em uma cadeira de madeira, de frente para o local.

Havia uma cachoeira em um canto que parecia jorrar água de prata. O cheiro das rosas brancas misturado com o do gramado era pacífico, os poucos pássaros que ali viviam, piavam alegremente e a sensação de estar ali era de estar em casa, seguro. Era a sensação de ter Eleniel ao lado, o que dificultava as coisas para os dois adultos presentes.

— Você está um pouco agressivo, menino — Leyna riu para Legolas, tentando desviar a mão de sua boca com delicadeza.

— Os dentes de Legolas estão nascendo, o que lhe dá uma necessidade enorme de morder tudo o que vê pela frente que pareça macio — Thranduil disse suave, dando um meio sorriso para a sogra.

— Cheio de vida, exatamente como deve ser.

— Abençoado por Eru Ilúvatar.

— Claramente — Leyna sorriu cansada, colocando Legolas sobre o gramado e olhando para o elfo ao lado. — Eu estou morrendo, Thranduil. A morte de Gurdaer — mencionou o marido — já havia tomado metade do que eu considerava vida, e parece que Eleniel levou o resto consigo.

Thranduil nada disse. Ele sabia exatamente como era a sensação e temia que se algum dia ele perdesse o filho também teria a parte boa de si que lhe restava arrancada.

— Eu estou partindo para Valinor. Meu reino já não parece o mesmo e eu pressinto que não vou ser necessária para os próximos sóis estão trazendo.

— O que…

— Coisas grandes estão acontecendo ao redor, meu querido — Leyna olhou para frente, fixando os olhos em Legolas, que estava se divertindo à beça na terra recém molhada. — Coisas grandes vão acontecer e haverão grandes heróis para equilibrar o nosso mundo. É por isso que eu pedi para que viesse com Legolas. Não é uma despedida.

— É um pedido — Thranduil afirmou, encostando-se no corpo da cadeira, um pouco atordoado. Leyna sorriu secretamente.

— Eu sei que Eleniel pediu para que você cuidasse dessa criança mais que a própria vida, mas você precisa fazer mais que isso. Legolas vai ser um grande elfo, vai ser conhecido por cada canto da Terra-Média assim como você.

— Tem sido difícil, minha senhora. A ausência que Eleniel me deixou é algo que ainda me consome, está apenas se tardando um pouco mais. É difícil pensar no futuro da forma que tudo está.

— Mas você é forte, ainda tem um grande ciclo para completar. Você sabe que eu não sinto errado — ela se virou para ele outra vez, sorrindo. — É bom estar preparado para o pior para não sentir tanto impacto da próxima vez.

Aquela indireta atingiu o rei da Floresta Verde como um soco. Ele se viu ansioso por alguns instantes, acreditando que Leyna se referia a uma suposta morte: a morte de Legolas. Ele olhou para o mais novo, que deixava apenas os pés à mostra no meio de um monte de grama alta.

— Eu vou fazer o meu melhor, Leyna.

— Eu sei que vai.

Legolas apareceu, sujo de terra e com uma coisa enorme — pelo menos perto dele — e brilhante na boca. Leyna o olhou com um sorriso explêndido enquanto Thranduil se apressava em retirar a flecha fina e suja dos lábios do filho. Ele sabia que aquela era uma das flechas da falecida esposa. Era toda delicada e possuía na ponta uma sigla pertencente à ela.

— Curioso — a avó colocou a mão no queixo. — Ele é mais parecido com Eleniel do que eu imaginava.


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Notas finais do capítulo

Aos outros doze leitores acanhados, não tenham medo de mim u_u aliás, meu pato chama Fred e ele adora se alimentar de reviews, mesmo que seja um review escrito 'biscoito'. Digam oi para o Fred :V
Obrigada por terem lido e deixem seus comentários. Até o próximo!