Você passa as mãos pelo rosto.

– Eu sou uma pessoa problemática, Mateus – você diz, bagunçando os cabelos – o melhor que você faz é não se envolver. Desculpe não atender suas expectativas.

Encaro-o enquanto a conclusão daquela sentença entra por osmose em meu cérebro.

– Você tá me dispensando? – pergunto.

Seus ombros endurecem e isso me preocupa.

– Eu amo você – sussurro.

– Que? – Você me olha assustado.

Não me importo com o lugar, nem com a plateia, tampouco com as fofocas. Vou justapor essas variáveis na pilha de descarte.

Apesar da probabilidade semota de dar certo, agarro na única carta que tenho sobre a mesa.

– Me apaixonei por um cara de humanas. Ele me deu uns beijos, mas acha que é problemático demais pra ficar comigo, acha que vou fugir disso ou me arrepender.

– Como você sabe se não vai?

– Porque eu te amo.

Você balança a cabeça, provavelmente me achando muito idiota. Então, ali, no meio do corredor, você se aproxima e me puxa pela cintura.

– Não acha que há problemas de sintaxe nessa sua afirmação? – Vejo você tentar esconder o riso enquanto sua boca avança na minha direção.

– Não sei, – digo, com um sorriso crescente em meu rosto – sou de exatas.