A – Amizade

Tudo começou com esse pequeno sentimento em relação a Capí. Hugo sempre fora desconfiado, mas por algum milagre o capixaba conseguira ganhar a sua confiança.

B – Baixinho

Hugo era frequentemente caçoado pelos Anjos, em especial Abelardo por causa de altura. Capí apenas dizia para ele deixar pra lá, como o próprio pixie fazia.

Bem que Hugo gostaria de realizar essa proeza.

C – Casa

Aquele contêiner enferrujado, quente e cravejado de balas não era um lugar para se chamar de casa.

Hugo acreditava que ele e sua mãe ficariam bem na Vila Ipanema, e ele estava certo.

Pela primeira vez Hugo teve um lugar para chamar de lar.

D – Dandara

As coisas que Hugo fizera por sua mãe não eram de se orgulhar. Ele faria de tudo para ver Dandara sã e salva, e mesmo sem nunca ter tido uma mãe, Capí parecia ser o único que o entendia.

E – Erros

A violência, a cocaína e tudo o mais que Hugo fazia parecia sempre ser um grande erro.

Índio talvez estivesse certo.

Hugo não passava de um faveladinho sem valor. Mas Capí discordava, e o faria até o fim.

Para ele, Hugo ainda não era algo para se chamar de Caso Perdido.

F – Faísca

Aquele pássaro salvara a sua vida duas vezes. A primeira, naquele lixão nojento do Santa Marta, quando ele estava muito próximo de fazer algo que realmente se arrependeria depois. A segunda vez, no confronto com os bandidos no morro.

Bela e rápida.

Aquela fênix merecia o nome que tinha.

G – Gislene

Aquela garota chata e extremamente sem sal que namorava o babacão do Gueco.

Mesmo assim, era impossível para Hugo odiá-la. A amava como se Gislene fosse uma irmã mais velha que nunca tivera, e inclusive já perdera a conta de quantas vezes Gislene o ajudou ou salvou a sua vida.

É, realmente. Era impossível para Hugo odiar Gislene.

H – Homossexual

Beni era.

Viny, mais ou menos.

O que o impedia de ser?

I – Idá

O seu nome verdadeiro, aquele que passara tanto tempo tentando acobertar, fora tão facilmente descoberto pelo velho Griô, e logo após pelos Pixies.

Mesmo assim, não fez mal em esconder aquele nome que carregava tanto poder.

J – Jovem

Ninguém merecia passar por aquilo.

Eles eram jovens demais, jovens demais...

K – Kanpai

A enfermeira mais bruta que Hugo já havia conhecido, irmã do detestável Rudji. Aquela dupla de irmãos causava ataques de raiva em Idá.

Às vezes Hugo perguntava pra Capí o porquê do pixie nunca ir visitar Kanpai para tratar aqueles calos e marcas de queimadura. Nunca recebeu uma resposta decente, e por muito tempo Hugo acreditou que o capixaba tinha medo de Kanpai, como muitos outros alunos da Korkovadô.

L – Lago

Hugo nunca se esqueceria daquele lugar, o Lago da Verdades.

E Capí nunca se esqueceria daquele lugar também, mais precisamente do momento em que soube que ganhara a confiança de Hugo.

M – Morte

Era algo que os perseguiria até o fim.

Abaya, Luana, o irmão de Viny...

Aqueles fantasmas os assombrariam até o último dia de suas vidas.

N – Napoleão

Hugo odiava aquele apelido que Areta lhe dera, logo no primeiro dia de aula. Mas com o tempo, Idá passou a ignorar, e aquilo se tornou mais uma piada interna entre eles.

O – Olímpia

Aquela velha safada o ajudara muito, e inclusive dera para Hugo um livro, de quebra.

Olímpia era a avó safada-assassina-ex-cafetina-mas-não-macumbeira que Hugo nunca tivera.

P – Pixies

O grupo mais famosos de toda a Korkovadô.

O liberal Viny Y-Piranga, com todo aquele seu jeito de malandro pra cima dos outros. A linda Caimana Ipanema, aquela garota que fez da vassoura um objeto radical de surfe. O rabugento Virgílio Ouro-Preto ou Índio, como era mais conhecido, sempre tão sério que nem parecia fazer parte dos Pixies. Ítalo Twice ou Capí, o mascote da escola e o garoto mais gentil que Hugo já conhecera em toda a sua vida. E é claro, ele próprio, Hugo Escarlate, ou Adendo, como era chamado pelos pixies.

E enquanto aqueles nomes continuarem circulando pelos estreitos corredores da escola, todos saberiam que estava no poder.

Q – Quase

Hugo quase morreu.

Capí quase morreu.

Enquanto o “quase” ainda estiver na mesma frase que o verbo “morrer”, eles sabiam que ainda tinham uma segunda chance.

R – Raiva

Hugo sentia raiva de tudo.

Capí não sentia raiva de nada.

Hugo invejava a pureza de Capí. Aquele garoto era praticamente um anjo aos seus olhos.

S – Saravá

“Tendo certeza absoluta de que agora funcionaria, Hugo fechou os olhos, deixando que toda aquela alegria se agigantasse no peito, e então, apontando sua varinha para o vazio do quarto, disse, com tudo o que estava sentindo de mais bonito dentro de si:

‘Saravá.’”

T – Tudo

E ao mesmo tempo que eles tinham tudo, também não tinham nada.

U – Único

Capí era único aos olhos de Hugo. As chances de conhecer alguém tão especial quanto o capixaba em sua vida eram mínimas, e por isso mesmo que Hugo era feliz de conhecer Capí de forma tão íntima.

V – Vida

“Um presente que temos que proteger até o fim”, era o que o grande dicionário mágico de Capí dizia.

X – Xangô

O protetor de hugo, orixá da justiça e do equilíbrio. Sua cor é o vermelho, em um bonito tom de escarlate.

Z – Zero

E você sabe quantas vezes Capí desistiu de Hugo?

...

Exato.

~x~