Landon não gosta nem um pouco das palavras de Robert, pois, além de não entender nada de garotas, ele ainda parece questionar uma ordem, o que não agrada o príncipe. Além de tudo, a sua esposa está carregando o seu filho, então é sua obrigação protegê-la.

— Eu não me lembro de ter colocado o assunto em questão.  – a voz de Landon se faz ouvir – Isso é uma ordem, Robert, caso você não tenha entendido.

— Entender eu entendi, Landon, mas se você quer a opinião de um amigo, vai tomar café da manhã e repensa um pouco melhor, porque sinceramente você está exagerando, amigo.

— Mas acontece que eu não quero a sua opinião Robert. Se eu a quisesse, teria pedido, mas não o fiz. E, como já disse, não me lembro de ter colocado o assunto para questionamentos, é uma ordem.

— Landon...

— Você não entende, Robert! A Cat está grávida! Ela carrega o meu filho em seu ventre, você tem não do que isso significa? E se ela cair? E se ela se machucar? Ela está em um momento delicado da vida dela, precisa ser protegida o tempo todo para que nada aconteça com ela e com meu filho. E, como no momento eu não posso estar ao lado dela para fazer isso, é você quem vai fazer. Eu fui suficientemente claro, Robert?

— Mais claro que isso impossível, Landon. Embora eu ainda ache que...

— Você não acha nada, eu já disse e volto a repetir que não coloquei o assunto em discussão!

— Não falo mais nada, Landon.

— Assim é melhor. – o príncipe sorri.

— Até porque amigo, quando você quer, sabe ser teimoso. E quando você dá um desses seus ataques de teimosia, ninguém em todo Emperius é capaz de te fazer mudar de ideia.

— Não sou teimoso, estou apenas pensando no bem estar da minha esposa e do meu filho que está a caminho. Se não entende, paciência. Apenas cumpra a minha ordem.

*****

Em Alkavampir, Daithi está em seu escritório particular. O rei Alkavampiano desfruta de uma taça de vinho enquanto trabalha, escrevendo cartas que deverão ser encaminhadas as províncias de seu reino, todas relativas a coletas de impostos que estão atrasadas.

Mas, por mais que o rei Alkavampiano esteja trabalhando nisso, sua mente está concentrada no dito reino livre de Zardren e, em seu plano para acabar de uma vez por todas com todos daquele lugar, principalmente com aquele principezinho chorão e herdeiro ao trono, para então ele ser de fato o senhor de Emperius.

Para concretizar essa sua ambição, tudo o que precisa é isso e, graças a Companhia dos Dragões das Sombras e o Grande Oráculo, seu plano já está traçado, e, ele está apenas esperando o momento certo para agir, e, para quem já esperou tanto tempo, uns meses a mais não farão a mínima diferença, pois tudo é para um bem maior, a destruição definitiva do dito Reino Livre de Zardren.

E este sim, será o seu momento de maior e total triunfo!

Talvez, e só talvez, pense em manter o principezinho vivo, mas somente para acorrenta-lo e fazer com que ele veja a queda do reino que ele erroneamente sempre achou que iria governar, para aí sim mata-lo, da forma mais cruel possível.

Pensar nessa possibilidade faz com que um sorriso extremamente cruel estampe os lábios de Daithi e, isso faz com que o rei alkavampiano fique cada vez mais satisfeito, pois, ver a queda do único reino que em mil anos resiste a Alkavampir será o melhor dos deleites, principalmente se aquele principezinho chorão puder assistir a tudo de camarote, aí sim será o melhor dos deleites.

*****

Catelyn está sentada em uma confortável poltrona no jardim, um grande guarda-sol ao lado de sua cadeira, lendo um livro enquanto toma um copo bem gelado de limonada e, a seu lado, encontra-se Lorde Robert, apenas observando e, tentando entender a lógica que ele considera absurda de seu amigo, e, consequentemente, sem conseguir entende-la.

Mas, já que está de “guarda-costas” da esposa de um de seus melhores amigos, pode muito bem aproveitar a oportunidade para continuar o assunto que havia iniciado com Catelyn e, que por motivos de desmaios e enjoos por parte dela não pode ser continuado.

Sem perder tempo, o jovem Lorde da Terra se senta ao lado da jovem princesa e, vai logo perguntando:

— Cat, se importa de continuarmos aquela conversa de onde paramos ontem?

— Não, Lorde Robert. – Catelyn responde, com um sorriso – Mas, se bem me lembro, eu havia te dito que, infelizmente, eu não sou capaz de te ajudar.

— E por que não? Você é mulher, a Lady Sophie é mulher... Certamente isso deve ser bem mais fácil para você do que pra mim.

— A questão não é essa, Lorde Robert.

— Então qual é?

— A questão é que você tem que ter confiança em seus próprios sentimentos. Chegar até a Lady Sophie e dizer a ela como se sente, abrir seu coração completamente.

— Foi assim que o Landon fez com você?

— Exatamente assim.

— E se ela debochar de mim como outras Ladies já fizeram?

As palavras de Robert só faz com que Catelyn ria ainda mais.

— Lorde Robert, pode ter a mais absoluta das certezas de que Lady Sophie jamais fará uma coisa dessas.

— E como pode ter tanta certeza?

— Porque se ela não tivesse interesse em sua pessoa, não dançaria com você em todos os bailes desde o meu casamento com Landon.

Ao ouvir as palavras da esposa de seu amigo, Robert para e pensa, achando que realmente ela tem razão. Desde que era um rapaz e começou a entender a importância de uma dama na vida e, desde então, começou a perceber que nunca levou o mínimo jeito com elas.

A única dama que realmente o interessou foi lady Sophie e, fora ela quem sempre tomara a iniciativa, o incentivando a convidá-la a dançar. Agora, as palavras de Cat o fazem refletir, e, talvez ela tenha razão... Talvez ele deva mesmo fazer como Landon fez e seguir o seu coração.

— Acho que você pode estar certa, Cat. – comenta o jovem Lorde da Terra.

— Faça isso, Lorde Robert. – Catelyn não deixa de sorrir – Siga o seu coração, e não irá se arrepender.

— Basta saber se eu consigo seguir o meu coração.

Catelyn está prestes a responder, mas, deixa cair o livro que ela tem em mãos no chão e, quando está prestes a se abaixar para pegá-lo, percebe que Robert age mais rápido e pega o livro, o entregando em seguida.

— Obrigada, Lorde Robert. – agradece a princesa.

— Não há de que. – responde Robert, sem muito interesse.

— Sabe de uma coisa, está em seus olhos que você ama a Lady Sophie.

— É mesmo? – a voz de Robert é de pura curiosidade, e seus olhos brilham como os de uma criança ao ganhar um brinquedo novo.

— Sim. E, se você for conversar com a sua Lady da mesma forma que está conversando comigo neste momento, dará tudo certo.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque eu sou mulher, e, nós sabemos quando um homem está sendo sincero. Acredite em mim, Lorde Robert, você e Lady Sophie acabarão juntos, são como almas gêmeas, feitos um para o outro.

— Obrigado, Cat. De verdade, você salvou a minha vida! Prometo que nunca mais vou reclamar quando o Landon me mandar servir de guarda costas pra você?

— O que? – Catelyn se mostra totalmente surpresa com as palavras de Robert.

O jovem Lorde da Terra parece se dar conta de que disse algo que não deveria e, propositalmente, vira o rosto de forma bem sutil e começa a assobiar, como se não tivesse dito nada. E, essa sua atitude só faz com que Catelyn tenha certeza de que Lorde Robert está lhe escondendo alguma coisa.

— Lorde Robert, o que acaba de dizer?