Antes de toda a existência que conhecemos hoje, existia apenas o tempo e o espaço, Yan e Oda, como são chamados em nossa língua. O tempo e o espaço sempre estiveram lá, "desde quando?" é impossível dizer, eles simplesmente sempre estiveram lá, mas nem sempre eles tiveram consciência de suas existências, embora o tempo sempre existisse, antes de que ele tivesse consciência disso, o tempo não corria, não existia horas, minutos nem segundos, tão pouco dias, meses e anos, assim como o tempo, o espaço também sempre existiu, mas ele não possuía largura, cumprimento nem altura, o espaço existia, mas não existia onde existir dentro do espaço.

Então aconteceu o que chamamos de Ragast, o início da contagem do tempo, que aconteceu quando Yan, o tempo tomou conhecimento da sua existência, assim que isso ocorreu, o tempo começou a correr, segundo por segundo, e nunca mais parou. Para Yan, fazer correr o tempo é natural, como respirar é para nós, ele não precisa concentrar suas forças para que isso aconteça, isso simplesmente acontece.

Durante o primeiro momento, o primeiro instante de Ragast, Oda também tomou conhecimento de sua existência e começou a se expandir, e nunca mais parou, assim como o tempo, expandir acontece naturalmente para Oda.

Yan e Oda também possuem personalidades, mas suas personalidades são demasiadamente complexas para o nosso entendimento, o mais próximo que se pode dizer acerca disso é que, Yan tem uma personalidade séria, gosta de tudo exatamente do jeito que deve ser, cuidadosamente faz que todos os segundos passem com a mesma velocidade, sem atrasar nem adiantar, sempre muito preocupado se está tudo correto, Yan é também muito justo e tem um bom coração. Já Oda é divertido, brincalhão e sempre está fazendo bagunça, ele gosta de mudar as coisas de lugar, criar e destruir, forçar coisas a acontecerem, Oda é também muito selvagem e impulsivo, não entende muito se certas atitudes podem prejudicar ou ajudar e não possui noção do certo ou errado.

Oda foi o primeiro a criar, ele achou que o seu espaço estava vazio e chato, sem graça, então decidiu criar pequenas formas de existência, mas nada acontecia, elas existiam, ocupavam um lugar no espaço, mas estavam estáticas, imóveis, sem ação nenhuma, mas Oda não sabia que elas podiam ter vida e ficava bastante contente com as pequenas formas de existência que ele havia criado daquela maneira mesmo.

Certo momento, Oda entrou em contato com Yan, sugerindo que admirasse suas criações, Yan foi contra a criação no começo, mas um pequeno sentimento de discórdia surgiu em seu consciente, ele ficou curioso em saber o que era essas criações, então ele mudou de ideia e acompanhou Oda até onde estavam suas pequenas criações, no momento em que estavam os dois juntos, Tempo e Espaço, muitas das pequenas criações tomaram vida e explodiram em chamas, essas chamas começaram a girar em torno de si formando pequenas esferas de chamas e estas chamas iluminavam ao seu redor, chamamos de Khadjin ou Estrelas no idioma dos humanos, mas Khadji também pode se referir à Vida. Houve também outras que não explodiram em chamas, porém as explosões das estrelas fizeram com que essas fossem despedaçadas e espalhadas por todo o espaço próximo às Khadjin, esses pedaços espalhados envolta das estrelas começaram se aglomerar em outras pequenas esferas, que também giravam em torno de si e, além disso, elas se apaixonaram pelas Khadjin e começaram a dançar ao redor das estrelas, tornando esferas de diversas cores, das quais nós chamamos de Khondjin, houveram também algumas pequenas esferas que se apaixonaram pelas Khondjin e dançam entorno destas, essas outras nós chamamos de Khon. Aquele acontecimento durou muito tempo, acredito que milhões de anos, mas Yan e Oda são eternos, eles passaram esse tempo todo admirando o Ragast, e quando tudo começou a se estabilizar e criar uma rotina, e as Khadjin se afastaram muito uma das outras, Oda se voltou para Yan e agradeceu, dizendo que aquele admirável acontecimento só foi possível graças a presença de Yan, então os dois tomaram a consciência que juntos eles poderiam criar coisas e dar vida a elas.

Ragast acabou quando a primeira Khadji se apagou, Yan e Oda pela primeira vez sentiram o sentimento de tristeza, eles chamaram aquilo de Disgast, os humanos chamam de Morte, como os dois são eternos eles não compreendiam o Disgast, Yan e Oda são as duas únicas consciências que não chegam ao Disgast e por isso eles ficam tristes por todas as outras formas de existências chegarem a isso em algum momento. Oda chegou até a pedir para Yan fazer com que o tempo passasse mais lentamente apenas para que a vida durasse mais, porém Yan negou e discordou, dizendo "O que há de ser, será. Se qualquer Khadji há de chegar ao Disgast, não devemos adiar nem apressar." e Oda o compreendeu, concordou com Yan, mas em seu interior ainda havia a vontade de criar existências que não chegassem ao Disgast e essa vontade nunca desapareceu de dentro dele.

Momentos após acontecer o primeiro Disgast, Yan e Oda sentiram vontade de criar mais, criar algo que preenchesse as pequenas esferas que pareciam tristes e sem vida enquanto as Khadjin brilhavam majestosamente e alegremente durante sua existência. Então eles criaram a vegetação, que cobriria em partes aquelas esferas, criaram também a água e várias dessas esferas receberam essa vegetação e água, e ambos sorriram, pois quando a luz e o calor dos Khadjin tocavam a vegetação estas sorriam de volta para as Khadjin e cantavam, porém, como as Khondjin estavam girando em torno de si, havia momentos que a Khondji não recebia a iluminação de nenhuma Khadji, porque as Khadjin ficavam excessivamente longe uma das outras e os Khondjin dançavam sempre próximos de alguma Khadji, além disso, as destroços que não estavam perto das Khadjin acabaram não se transformando em Khondjin, ao invés disso, se despedaçaram cada vez mais até se tornarem poeira pelo espaço, e essa poeira atrapalhava e impedia que as chamas de uma Khadji iluminasse bem as Khondjin de outras Khadjin. Embora possamos ver as Khadjin, sua luz não nos ilumina tanto quanto à Khadjin do qual dançamos envolta.

A água já não se importava com os Khadjin, porém era apaixonada pelo movimento dos Khondjin e dos Khon, e ela parecia querer imita-los, mas ela não podia simplesmente girar pois ela não conseguia preencher toda a superfície dos Khondjin, então ela decidiu dançar pelo caminho que ela pudesse alcançar e então criou-se o movimento das ondas e das marés.

Mesmo que não se importasse muito com os Khadjin, a água ainda agradecia à elas, pois graças ao calor que suas chamas proporcionavam, a água era capaz de levantar voo e tocar outros lugares que não podiam tocar quando não estavam aquecidos, mas esse voo só era possível pelo calor fazer a água tomar uma forma diferente do normal, porém essa forma não podia ser tocada, podia apenas tocar, e nós chamamos essa forma de nuvens.

Já a canção da vegetação não produzia sons, por outro lado produzia gases que preenchiam entorno dos Khondjin por onde nem a vegetação e nem a água pudesse estar, e esses gases se moviam graças à força que a água exercia ao levantar voo em contato com o calor dos Khadjin, e criavam aquilo que chamamos de ventos.

Yan e Oda se encantaram com a vida que os Khondjin receberam e com a beleza que eles passaram a possuir, mas eles não podiam tomar conta de tudo o que acontecia em todos os Khondjin ao mesmo tempo, então eles decidiram criar quatro guardiões para tomar conta de algumas coisas por eles, esse guardiões não teriam forma física, ou seja, não ocupariam um lugar no espaço, mas teriam a consciência e a força de vontade como Yan e Oda, as únicas coisas que esse guardiões não poderiam fazer seria criar e dar vida, e assim foi criado Ovath Sug, o guardião dos Ventos, Suihc Iniv, o guardião das Florestas, Onah Ibaf, o guardião das Águas, e Ekir Neh, o guardião das Chamas. Cada um deles possuíam sua própria personalidade e agiam diferentes uns dos outros, com ideologias diferentes, conceitos diferentes e até vontades diferentes, e assim como Yan e Oda, suas personalidades e pensamentos são difícil compreensão para os seres vivos.

Após a criação dos Guardiões, houve a Reunião, da qual os seis discutiram sobre a criação dos seres vivos. Eles se reuniram em volta de uma Khondji, então Yan e Oda deram a permissão para que os guardiões criassem os seres vivos, mas eles só tomariam vida pela vontade de Yan e Oda, e assim ocorreu, o primeiro a se manifestar foi Onah, ele criou os seres que viveriam onde a água tocasse, assim ele criou os Peixes, os Tubarões, as Baleias e os Golfinhos, Onah disse que eles iriam passar a existir através da reprodução, para que sozinhos eles pudessem se espalhar pelo Khondji, e todos se admiraram na criação dele, Yan e Oda não hesitaram em dar vida ao belos seres que Onah havia criado, e assim a vida surgiu nesse pequeno Khondji. Ovath se manifestou diante de seus irmãos, ele já havia imaginado os seres que viveriam sob os céus e usaria os ventos ao seu favor, ele criou as Pássaros, as Águias, as Corujas e os Morcegos, ele deu a ideia também de que alguns deles deveriam dormir enquanto não houvesse a iluminação de um Khadji, e outro deviam dormir enquanto os outros estavam acordados, isso faria com que eles descansassem e recuperassem suas energias, além de manter um equilíbrio. Yan e Oda compreenderam e admiraram as intenções de Ovath, e concederam a vida aos seres voadores, e eles enfeitaram os céus majestosamente. Então Suihc pediu a palavra, ele parecia empolgado e ansioso, e então ele criou, montantes de ideias surgiram de Suihc, uma mais bela que a outra, algumas estranhas e outras mais simples, mas todas elas estariam onde a vegetação toca, ele citou também que eles precisariam se alimentar para sobreviver, com a intenção de não gerar uma superpopulação de nenhum ser vivente, alguns deles se alimentariam da vegetação, outros se alimentariam de outros seres e isso criaria uma harmonia e um equilíbrio na vida, Yan e Oda se espantaram, Oda gostou da ideia, mas Yan ficou triste, pois esse tipo de alimentação faria com que os seres vivos chegassem ao Disgast com muita frequência, porém, mesmo triste Yan compreendeu e acabou concordando, e Yan decidiu que todos os seres, criados precisariam se reproduzir, dormir e alimentar, pois não seria justo que isso fosse parcial, e todos concordaram, assim foram criados os seres terrestres, aquáticos e voadores.

Quando chegou a hora de Ekir criar, ele não parecia animado, e quando ele foi chamado para apresentar suas ideias Ekir simplesmente disse que não havia pensado em nada, seus irmãos se entristeceram, pois estavam ansiosos para ver as criações que Ekir poderia apresentar, Ekir pediu licença e se afastou, e nenhum dos outros, nem Yan ou Oda compreenderam seus pensamentos, Ekir disse que precisaria de mais tempo para pensar, deixou a Reunião e começou a vagar pelo espaço. Os outros decidiram deixar Ekir ficar com seus pensamentos por um tempo e voltaram a se concentrar na criação dos seres, eles criaram seres híbridos e mestiços, seres terrestres que poderiam voar por pouco tempo, seres terrestres que poderiam visitar as águas, seres que se alimentariam tanto da vegetação quanto de outros seres, criaram seres pequenos e gigantes, e pouco a pouco a criação foi preenchendo aquele Khondji com muita vida e com muita beleza.

No fim, os guardiões esgotaram suas ideias e encerraram suas criações, mas Yan e Oda não haviam terminado, como o rugido de um trovão, Oda solicitou a presença de Ekir, este prontamente se apresentou de volta à Reunião, mas trouxe a triste notícia que não conseguira pensar em nada. Mentira dele, ele havia pensado em vários seres, mas os seres que ele havia imaginado só traria destruição para os outros seres viventes e para o próprio Khondji, porém nem seus irmãos, nem Yan e Oda poderia imaginar o que se passava na mente de Ekir. Yan disse ao Ekir que ele teria todo o tempo que precisasse para pensar em suas criações, e quando tivesse pensado, que poderia apresentar se nenhum grande problema, e todos concordaram. Por último Yan e Oda apresentaram suas criações, seus próprios seres vivos, que coexistiriam com todos os outros seres criados pelos guardiões, esses seres foram os Elfos, e existiria um tipo de Elfo para cada um dos tipos de seres. Assim como a ordem em que os guardiões se manifestaram, os Elfos marinhos foram os primeiros as serem criados, eles viveriam debaixo das águas, podendo à sua escolha andar normalmente por toda Khondji, os Humanos têm o costume de chamar esses Elfos de Tritões e Sereias, em seguida foram criados os Elfos dos céus, esse possuiriam a mesma aparência que todos os Elfos, com exceção de uma característica que apenas os seres voadores possuíam, as asas, então foram criados os Elfos selvagens, esse Elfos viveriam entre os outros seres terrestres, mas seriam subdivididos em outros três tipos, os Elfos da floresta, os Elfos das montanhas e os Elfos das planícies, e por último, Yan e Oda chegaram a um consenso e criaram os Elfos negros, esse Elfos, acima de qualquer outro, teriam grande admiração pela Khadji responsável por aquecer aquele Khondji, e os Elfos negros serviriam de motivação para que Ekir criasse seres que os fariam companhia. Ao ver os Elfos vivos e caminhando pelo Khondji houve uma luz no interior de Ekir, ele pediu a permissão para apresentar suas ideias, e todos ficaram animados para finalmente conhecer os seres que Ekir havia criado. O primeiro deles foi o Humano, se pareciam muito com os Elfos da Planície, porém chegavam ao Disgast com muita facilidade, e teriam a mente muito perturbada com isso, os Humanos seriam privados do conhecimento da existência de Yan, Oda e dos Guardiões, também seriam privados de se comunicar com os outros seres que não fossem os Elfos, Oda achou muito interessante e queria ver como os humanos agiriam sem ter esses conhecimentos, já Yan e os outros Guardiões ficaram perturbados com a ideia de Ekir, mesmo assim ficaram impressionados com a diferença entre a criação dele. Ekir apresentou seu próximo ser, que acabou mexendo com todos, o Orc, seria um ser que teria medo da Khadji e viveria se escondendo dela, com o tempo, o medo dos Orcs acabou se transformando em inveja dos outros seres e por último ódio, sentimentos que apenas Oda e Ekir conseguiam compreender, então Ekir continuou apresentando seus seres, todos muito parecidos com os Elfos, seres como Minotauros, Centauros, Faunos, Anões, Halflings e Fadas que conseguiriam coexistir com outros seres assim como os Humanos, ou como os Diabretes, Goblins, Trolls, Demônios e outros monstros, que possuiriam os sentimentos dos Orcs. Oda se admirou com a inquietação que esses seres causaram nos outros Guardiões e até mesmo em Yan, e estava empolgado com como tudo aconteceria com a existência desses seres, Yan por outro lado, sentiu medo dos seres, sentiu que muitos deles eram propensos a trazer os outros seres ao Disgast, causando uma enorme perda constante na vida desse Khondji, porém ele não achou justo dar vida aos seres criados pelos irmãos de Ekir e não aos dele, então concordou junto ao Oda em dar vida a esses seres. Por último, Ekir apresentou o Dragão, um ser grande e aparentemente terrível, que poderia voar, nadar e andar entre os seres terrestre, o Dragão teria a chama de uma Khadji dentro de seu corpo e poderia colocar essa chama para fora assim como a vegetação fazia com os gases. Yan prontamente discordou em dar vida a esse ser, acreditou que ele seria muito terrível e que poderia acabar sozinho com a vida desse Khondji, mas Ekir disse que os Dragões, apesar da liberdade de ir e vir como qualquer outro ser, seriam extremamente leais aos Elfos negros, servindo-os como grandes parceiros, e Yan acabou concordando.

E assim aconteceu, aquele pequeno Khondji ganhou vida, ficou bela e movimentada, então eles decidiram colocar um nome para o Khondji, Oriohn. Por muito tempo Yan e Oda observaram admiraram Oriohn como os pais observam o filho brincar com algo e admiram a graciosidade daquela criança e seus movimentos. Mas logo Yan e Oda sentiram vontade de criar mais, outras formas de vidas, outros tipos e existências, e então eles deixaram Oriohn sob os cuidados dos Guardiões, dando a eles permissão para tomar forma física como e quando quisessem, para que eles pudessem interagir com os seres viventes em Oriohn, e eles aceitaram orgulhosamente a obrigação, cuidando para que o equilíbrio de Oriohn permanecesse por toda a primeira grande era. Enquanto isso, Yan e Oda provavelmente criaram novos seres, para serem novos Guardiões de um novo Khondji onde receberia vida, igualmente como ocorreu com Oriohn. Pouco a pouco, Yan e Oda preencheram todo o Espaço de Guardiões e Khondjin com nomes próprios e vida própria, cada um com suas particularidades, as vezes com seres bem parecidos uns com os outros, mas nunca igual. Incrivelmente, vários Khondjin possuíam algum espécime parecido com os seres humanos, criados por Ekir.

Então chegou um ponto que Yan e Oda consideraram que o espaço estava consideravelmente preenchido com vida e decidiram descansar, apreciando a beleza que o espaço havia adquirido com toda aquela vida. Esse momento foi considerado o fim da primeira grande era, a era da criação, dando início a segunda grande era, conhecida com a era da vida. Dizem que há de chegar ao fim a segunda grande era, quando Yan e Oda chegarem ao seu Disgast, mas particularmente não creio que isso chegue a ocorrer, talvez há de acontecer um Disgast de toda a existência, dando fim a segunda grande era, fazendo com que Yan e Oda tenha que recomeçar a criar a vida, porém não há como dizer ao certo o que o futuro nos aguarda.