Pov Tobias Eaton
Hoje é meu baile de formatura, não via a hora de poder finalmente finalizar essa etapa da minha vida e começar uma nova. Foi tudo bem cansativo, mas cada cansaço vai valer a pena, eu tenho certeza disso.
Me olho no espelho. Já estou pronto.
Fico me observando por um bom tempo e pensando: será que sou um cara tão ruim assim? Tão canalha? Desde que eu era pequeno, minha mãe sempre me ensinou a respeitar as mulheres e isso me favoreceu muito pois sempre tive a boa fama de cavalheiro.
Mas o que me entristece é saber que fui tão estúpido em dizer aquilo para a Beatrice. Nunca vou me perdoar por ter magoado uma garota como ela.
– Pronto? - diz minha mãe entrando no meu quarto enquanto me olho no espelho.
– Estou sim mãe - digo sorrindo e olhando pra ela, está deslumbrante como sempre.
– Está lindo meu bebê - ela me abraça - Te acho mais gato que seu pai - ela cochicha - Nosso segredo, okay?
– Okay! - digo sorrindo. Me olho mais uma vez no espelho e ajeito meu smoking, logo acompanho ela até a sala onde meu pai e Marlene nos esperam.
– Pronto, agora só falta ela... - diz Marlene revirando os olhos.
– Tente ser simpática minha filha.
– Falsa você quis dizer né pai? Ninguém merece...
A campainha toca e Johanna corre para atender. A porta se abre e revela uma mulher encantadora, minha parceira para o baile de hoje.
– Seja bem vinda minha querida- diz minha mãe a cumprimentando.
– Muito obrigada senhora Eaton - diz simpática e logo cumprimenta meu pai e Marlene que revira os olhos quando ela vem me cumprimentar.
– Olá, Tobias. Devo dizer que está encantador - ela esboça um lindo sorriso.
– Devo dizer o mesmo - pisco pra ela. Marlene continua do outro lado da sala revirando os olhos, seguro a risada para não passar vergonha.
– Então, vamos? - pergunta meu pai animado e todos concordamos.
Fomos todos no carro de minha mãe, Boa parte do caminho foi silêncio total, soltamos pouquíssimas palavras.
Quando chegamos nos sentamos em nossa mesa e ficamos conversando e tomando uns drinks. Logo teve a cerimônia e depois a pista de dança foi liberada.
– E então, já sabe o que vai fazer agora que se tornou um engenheiro? - pergunta Lauwren enquanto caminhamos pelo imenso salão.
– Procurar emprego - rimos - E você, quando se forma? - pergunto.
– Já me formei - ela sorri e eu a acompanho para não ficar sem graça, ela é um ano mais nova porém começou a faculdade antes de mim - Mas não estou trabalhando, estou em casa cuidando do meu pai. Você sabe né, ele está doente...
– Ah, é uma pena - olho para o lado e vejo uma garota muito conhecida. É a garota que tirou a Beatrice de mim quando a vi na praia - Lauwren, só um minuto, eu já volto.
– Tudo bem.
Corro até a garota deixando Lauwren para trás e seguro em seu braço, ela me olha assustada.
– Oi... é desculpa.
– Oi - responde desconfiada tirando minha mão de seu braço.
– Podemos conversar? - ela concorda com a cabeça e a levo para fora do salão.
– É sobre a Beatrice? Porque se for eu só te digo uma coisa... Esquece ela.
– É que eu...
– Você e ela não vão ficar juntos. Me desculpe te desiludir, mas ela não quer te ver nem pintado de ouro. Esquece ela, a melhor coisa que você pode fazer - ela sai e me deixa sozinho.
– Mas espera! - grito e ela volta bufando
– O que foi? Já disse que ela não te quer - ela grita.
– Se acalma tá bom? - falo no mesmo tom e logo me arrependo, pois a garota abaixa a cabeça desconfiada- Desculpa. Ela está bem? Fiquei esperando no hospital, você não me mandou notícias dela... - digo mais calmo.
– Sim, ela está ótima. Melhor impossível - diz debochada. Falando assim parece nem ser amiga da garota - Satisfeito? Agora preciso ir - diz saindo apressada.
Garota grosseira.
Começo a andar de um lado para o outro pensando no porque de tudo isso.
Eu fui um burro mesmo, um idiota. Deve ser por isso que a amiga dela também me tratou mal, quem leva a sério um cara que diz aquele tipo de coisa para uma mulher? Porque fui inventar de falar aquilo pra ela na casa da Lynn? Meu Deus.
Pra piorar quando fui vê-la para pedir desculpas ela desmaiou em meus braços, parecia um anjo dormindo. Tão pequena e frágil, tinha até medo de machucar.
No hospital, foi embora antes que eu pudesse ter contato com ela. Sua amiga e uma outra senhora me disseram que ela não queria me ver, e como estava um pouco mal das ideias era melhor deixar ela quieta, assim eu fiz, mesmo querendo estar ao seu lado me desculpando.
☆☆☆
A formatura foi tudo de bom, exceto algumas partes. Tive oportunidade de conhecer mais Lauwren, a socialite como diz Marlene, me parece uma ótima moça com quem meus pais adorariam que eu me casasse.
– Tobias você não sabe da maior - diz Marlene entrando na cozinha enquanto eu faço minha vitamina.
– O que foi?
– Fiquei sabendo que um amigo dos nossos pais, doutor Maycon, estava oferecendo uma criança pra eles!
– Como assim oferecendo uma criança? Marlene você pirou? - pergunto assustado.
– Parece que uma garota aí foi no consultório dele e disse que não queria criar a criança, nem abortar, nem colocar no orfanato. Aí ela estava atrás de algum casal pra doar a criança.
– Que sem noção essa garota. Pelo menos ela não vai fazer algo tão ruim né?
– Não, mas eu jamais faria isso. E parece que ela tem uma boa condição financeira, é mais uma socialite da vida. Mas voltando ao assunto, nossos pais ficaram interessados, mas quando foram decidir as coisas pra adoção descobriram que a mãe da criança é filha de um inimigo mortal do papai, aí ele desistiu na hora.
– O que mais me surpreende é o fato dos nossos pais não terem comunicado nada com a gente. E sobre essa garota, deve ser uma dessas mente vazia que só se importa consigo mesmo. Nunca faça isso viu irmãzinha?
– E nunca deixe uma namoradinha sua fazer isso viu irmãozinho? - sorrimos.
– Mas me diz, sabe quem é o inimigo mortal do papai?
– Não, como eu iria saber? - ela pega uma maçã e da de ombros, logo sai da cozinha.
Fui tirar a limpo a história com meus pais na hora do almoço, eles me contaram a mesma coisa que Marlene só que um pouco mais detalhada.
Eles me disseram também que a garota já havia conseguido um casal para cuidar do bebê. Segundo meu pai é o socio da clinica dele mais a mulher que irão pegar a criança.
Fiquei aliviado pois não seria muito bom para os meus pais ou para o bebê se eles realmente estivessem prestes a adota-lo.
Meus pais já não estão mais tão novos, eu e Marlene já estamos crescidos e começar tudo de novo aqui daria uma enorme bagunça, não que eu não goste de bebês.
Muito pelo contrário, meu sonho é me casar e ter muitos filhos.
Espero que dê tudo certo pra essa criança, que essa desalmada da mãe tome juízo e cuide dele.