Pov Beatrice Prior

A festa de ano novo já assou e eu permaneci no meu quarto esses dias todos com o Theo e com a Violet. Eu não estava no clima de me explicar e muito menos de ver gente e família às vezes não tem o famoso desconfiômetro. 

Deixei meus familiares no aeroporto, me despedi do meu gordinho Theo e senti mais uma parte de mim ir embora. Droga, eu amo tanto aquele bebezinho lindo..

Peguei meu carro e fui para o Centro da cidade, queria beber. Entrei em um barzinho rústico que estava um pouco cheio, eu tive meu primeiro porre com quatorze anos aqui, sorri ao me lembrar daquele dia. 

Me dirigi até a bancada de atendimento onde tinha um jovenzinho que ao jugar pelas roupas, era um garçom.

— Posso ajudar? - perguntou de um jeito um pouco assustado. Ele encarou meu decote e depois sorri pra ele.

— Quero uma mesa pra quatro - disse.

— A senhorita está esperando mais alguém?

— Não, já estão todos aqui - ele me encarou confuso.

— Mas...

— Mesa pra quatro: pra mim, para o meu egoísmo, para o meu arrependimento e para os meus sentimentos destruídos - dei um sorriso sedutor e ele ficou meio voado. Olhei em volta e avistei uma mesa vazia com quatro lugares - Olha só, achei uma! - disse contente e segui até lá me sentando na cadeira.

— O que a senhorita vai querer? - perguntou me seguindo. Peguei o cardápio e olhei o que serviam. Após alguns segundos decidi.

— Quero quatro doses de Bourbon, dois potes de frango frito, uma porção de batata frita e... vocês tem brigadeiro? - perguntei fazendo bico. Ele que estava meio perplexo.

Eu também ficaria perplexa comigo mesma mas já estou acostumada com as minhas ideias. 

— Não senhorita - disse um pouco sem graça.
— Quero alguma coisa com bastante chocolate, vê pra mim o que tem e traga duas porções.
— Mais alguma coisa? - ele perguntou um pouco assustado.
— Sim. Quero cerveja, uma lata de coca também. Acho que só isso mesmo.

Ele saiu de pressa.

— Não demora que eu estou com fome! - gritei.  

Fiquei lá sentada curtindo a música que tocava, era dos piores tipos, um country bem antigo do Texas. Mesmo assim eu movia minha cabeça de acordo com o ritmo. 

Logo chegou um outro garoto e me entregou as quatro doses de Bourbon, ele estava com um olhar de " você vai beber e comer isso tudo mesmo? ". Eu sorri e agradeci, coisa que nunca faço.

Logo as outras coisas chegaram e minha mesa estava farta e eu estava sozinha. Assim como na minha vida, eu era rodeada de coisas no plano exterior, mas sempre vazia por dentro, essa era e sempre foi a minha realidade.

Percebi que as pessoas me olhavam. Senti raiva e como dizia tudo que eu queria e estava bêbada, decidi abrir a boca.

— O que foi que vocês perderam aqui!? - disse alto com frango na boca. Minha mãe me mataria se me visse fazer isso - Nunca viram uma rica linda e gostosa comer e encher a cara!? - comecei a rir - Uhul! Troca essa música , vou ensinar vocês o que é se divertir após levar um pé na bunda duplo! - disse animada. As pessoas abriram um sorriso, a maioria já estava bêbada e muito animada.

Corri até o garçom e obriguei ele a colocar uma música boa mas ele alegou que não tinha outros CDs. Conectei meu celular na caixa de som via Bluetooth e comecei a tocar as minhas músicas. 

A primeira foi Rather Be - Clean Bandit (Lash remix). As pessoas se olharam e começaram a mexer as cabeças

— Animação gente! - disse animando as pessoas que se levantaram e começaram a se movimentar. O bar já estava mais cheio e já era noite.

Todos ali estavam contentes, eu estava uma lixo, estava arrasada mas eu sou Beatrice Prior, posso estar no estado que for, não abaixo a cabeça por nada. 

Subi na mesa e peguei a garrafa de Whisky do garçom, comecei a dançar como louca e a beber o líquido da boca da garrafa. Cantei junto com a música e fiz do Whisky meu microfone, as pessoas estavam adorando aquilo, era insano demais. Minha cara.

— Gostosa! - gritou alguém lá em baixo. 

— Muito! - gritei de volta. 

Outras pessoas se encorajam e subiram na mesa e nas cadeiras, eu havia causado uma bagunça no bar e os funcionários estavam malucos.

De repente, vi um rosto conhecido pela multidão. Eu até pensei que era os efeitos do álcool mas quando se aproximou até parei de dançar para vê-lo melhor. 

Era Tobias. Eu sorri ao vê-lo mas sua expressão era bem ruim, reconheci o garoto que estava com ele, era o tal Zeke que estava sorrindo. Tobias começou a nadar entre a muvuca de gente até parar em frente a mesa onde eu dançava, seu amigo veio logo atrás.

— Oi Tobias! - disse derretida - Nossa, você tá lindo - ajoelhei na mesa e ele tomou a garrafa de mim entregando para Zeke que logo deu uma golada. Segurei seu rosto, ele continuava com a cara feia até que colei minha boca na dele mas ele se distanciou.

— O que você está fazendo, Beatrice? - perguntou com raiva e preocupado - Desce daí, vou te levar pra casa agora! 

— Não! - levantei - Não vou sair daqui até você me perdoar e voltar a ser meu namorado - me levantei de novo e cruzei os braços encarando ele com raiva. Ele respirou fundo e me olhou com os olhos do gato do Shrek.

— Desce daí, você está sendo ridícula - agachei e peguei a bebida de Zeke. 

— Você não é meu namorado, não pode mandar em mim - falei encarando ele e depois me levantei. 

— Um brinde ao meu ex namorado que acha que manda em mim mas não manda em merda nenhuma por que me deu um pé na bunda! - gritei contente levantando a garrafa, logo virei ela na garganta sentindo prazer na queimação que descia pela minha garganta. 

As pessoas sorriam sem entender nada e gritavam um "uhul" quando eu chamava para o brinde.

— Tris! - ouvi uma voz feminina me chamar, olhei para baixo e vi Christina. Me agachei um pouco e coloquei as mãos no joelho para olhar pra ela, logo sorri.

— Chris! Que bom que você veio também - disse emocionada. 

— Tive que vir né Beatrice! O Will me mandou essa foto sua - ela me mostrou o celular, tinha uma foto minha em cima da mesa com as mãos pra cima provavelmente dançando. Sorri ao ver aquilo. Will apareceu do lado dela e deu de ombros.

— Nossa eu tô linda, me manda essa foto... uau, olha a minha bunda super empinadinha! Lembra quando eu tive meu primeiro porre aqui? - comecei a sorrir - Lembra, Will!?

— Tris, desce daí agora! - Christina puxou meu braço.

— Não! - respondi birrenta ficando em pé novamente. Logo comecei a tirar a jaqueta - Tá esquentando gente! - disse rindo e jogando a jaqueta em Tobias.

— Tira a roupa! Tira tudo! - alguém gritou. Sorri com a ideia. 

Logo peguei a bainha do meu cropped e comecei a levantar ele até que ouvi Tobias dizer irritado:

— Agora chega! - ele me agarrou as pernas e eu perdi o equilíbrio soltando minha blusa e me apoiando em seus ombros. Tobias me jogou em seu ombro e começou a me levar pra fora do bar. A verdade é que eu acabei dormindo ali sem saber o desfecho da história. 

Droga, fiquei bêbada e perdi a oportunidade de beijar ele. 

☆☆☆

Abri meus olhos, estava deitada na minha cama confortável e olhei em direção a minha janela. A persiana roxa estava fechada e o quarto estava pouco iluminado pelo abajur. Olhei para o outro lado e vi Christina. Ela estava sentada no meu puff e me olhava, um sorriso a lá Monalisa estava presente em seu rosto.

— Chris? - perguntei perplexa.  Ela se levantou de lá e se sentou na cama ao meu lado. Logo segurou minha mão.

— Você está bem? - perguntou

— Não - respondi derrotada passando as mãos pelo cabelo - Minha cabeça está explodindo!.. - respirei fundo e então olhei pra ela - Chris, quero dizer que eu sou a pior melhor amiga do mundo! Eu fui uma egoísta, uma ridícula, uma...arh, eu errei muito com você mas acho que te amo demais e não quero te perder - deixei que meus olhos marejassem. Ela me olhou e sorriu.

— É, eu sei de tudo isso... você só precisava de um toque pra descobrir. E foi o que eu, como sua fiel e legítima amiga fiz. Já superei tudo aquilo, vamos recomeçar... Não sei como posso viver sem você, e nem como você pode viver sem mim. 20 anos de amizade não podem ser jogados no lixo por motivos tão não muito importantes. 

— Foda-se a Lynn? - perguntei limpando os olhos. 

— Foda-se a Lynn - confirmou. 

— Te amo, Chris - disse emocionada

— Eu também te amo, Tris...

— Vem aqui, deita comigo - puxei ela que se deitou ao meu lado e então nós nos abraçamos e ficamos assim por um bom tempo. 

— Sabe o Tobias? - ela perguntou baixinho e eu olhei pra ela curiosa - Ele estava aqui à alguns minutos, esperando você acordar. Ficou doido da cabeça quando viu que você tinha dormido, ele achou que você estava em coma alcoólico ou que você tinha desmaiado. Quis te levar pro hospital, entrou eu, ele, o Zeke e o Will no carro pra ir com você e no meio do caminho você acordou, olhou pra ele e disse que amava ele, depois voltou a dormir encostada no peito dele. 

— Eu... eu fiz isso? - perguntei assustada. 

— Fez sim - ela riu. 

— E ele, o que ele fez? - perguntei. 

— Bom, o Tobias beijou sua testa e fechou os olhos com cara de quem estava sofrendo. Eu vi tudo pelo espelho, meu coração ficou apertado ao ver aquela cena.

— Ai Chris... - senti meu rosto ficar quente. 

— Mas, antes dele sair daqui, me disse que eu precisava falar pra você que nunca daria certo. Ele precisa de tempo, que você era confusão demais, que ele tinha que ir e que ia tentar te esquecer. Que seria melhor para vocês dois - sentei na cama e abracei meus joelhos. Senti meu queixo pesar, o nó na garganta me enforcar e os olhos marejarem. 

— Mas eu amo ele - disse baixinho. 

— Dê tempo ao tempo. 

— Ele devia ter me falado isso - limpei agressiva, as lágrimas que caíam. 

— Ei, para - ela segurou minhas mãos - Ele ia falar, mas teve que ir. 

— Eu não acredito que estou chorando de novo por um cara - falei me afogando no choro - Isso dói, Chris, isso dói! Dói tanto....- falei sensibilizada - Nada nunca da certo! Porque doí tanto? O que tem de errado comigo? 

Christina se emocionou e me abraçou. De repente começou a fazer cafuné no meu cabelo enquanto eu chorava todas as minhas dores no seu colo.

Tudo doía, absolutamente tudo. 

— Não tem nada de errado com você - ela cochichou com voz de choro - Você vai ficar bem, eu estou aqui com você, pode chorar a noite toda, não vou embora enquanto você precisar de mim. 

— Então por favor, não vá embora nunca - Apertei a mão dela e senti conforto em estar ali com alguém que realmente queria o meu bem, alguém que eu amava.