Pov Tobias Eaton

Entreguei as chaves do carro pra ela. Quero ver o que ela vai aprontar dessa vez, adoro essas suas loucuras.

– Vai devagar moça - digo enquanto observo ela dirigir. Postura ereta, cara fechada e linda claro.

– Não estou correndo - diz sorrindo e olhando pra frente.

– Ah não? 80 quilômetros por hora em uma avenida de 40 quilômetros, claro que você não está correndo - ela sorri e tira os olhos da pistas por um instante para me olhar, logo ela vira novamente e continua a dirigir.

– Estamos chegando já. E dá pra parar me olhar?

– Eu não estou te olhando - É claro que estou olhando pra ela, estou olhando pra ela desde que eu a vi parada na frente do Sánchez.
Para com isso Tobias, ela não gosta de você e você está com a Lauwren.

– Eu sei que você está me olhando. Posso não estar vendo você me olha mas eu sei que está porque estou sentindo isso.

– Nossa - continuo olhando pra ela.

– Tá bom, eu já entendi que você não vai parar de me olhar. Mas a gente chegou. - ela desliga o carro e me olha - Vamos?

– Cemitério? É sério que você me trouxe no cemitério? O que a gente vai fazer aqui? - digo descendo do carro e começo a seguir ela até a entrada do cemitério que não está muito cheio - Dá pra você me contar qual é a maluquice que você vai fazer aqui?

– Cala boca Tobias - diz extrovertida - Eu quero te mostrar uma coisa, vem aqui - ela começa a andar em direção aos túmulos e então eu a sigo até que ela para na frente de um e me olha, estou a muitos passos atrás dela e saber o que fazer, não sei o que deu nela - Vem - esboça um sorriso calmo.

Fico parada ao lado dela - Meus pais compraram esse túmulo aqui e também um caixão, nele eles enterraram o corpinho do nossa filha. Eu queria te mostrar isso.

Fico sem saber o que dizer. Eu não sabia o que tinha acontecido com o corpo dela, eu tive vontade de perguntar mas nunca coragem.

Dou um passo pra frente e para tentar ler o que está escrito na pedra de mármore escuro que tem duas flores vermelhas jogadas na frente.

– Pequena Prior Barra Eaton - ela diz atrás de mim - Eu não tinha um nome pra colocar, decidi colocar isso.

– Foi uma ótima escolha - Me abaixo e encaro a pedra. Consigo ler o que está escrito " Em memória da pequena Prior/Eaton"

– Trago flores aqui todo domingo. Eu me apaixonei por ela sem ao menos conhecer - olho para trás e vejo ela encher os olhos. Me levanto na mesma hora e abraço ela.

Me sinto tão mal por não poder ter conhecido minha filha, mesmo sabendo que ninguém teve culpa.

Meu coração aperta só de pensar que a perdi, que nós a perdemos.

– Obrigada por ter feito isso e por ter me contado sobre isso. Vou vir visitar ela sempre que puder. E assim como você eu me apaixonei por ela mesmo sem conhecer.

– Acho melhor a gente ir. Não quero que se atrase no seu trabalho e meu pai também deve estar preocupado comigo - diz limpando os olhos antes que as lágrimas escorram. Assinto com a cabeça e então a gente sai do cemitério.

Durante o caminho nós conversamos bastante sobre como seria se nossa provável vida se nossa filha tivesse nascido. Ela pareceu tão animada com o assunto, tenho certeza de que essa gravidez despertou um lado materno nela.

Eu não consigo não rir com suas ideias doidas.

Por mais idiota que fosse a ideia de doar a criança ela me jurou que depois da noite que me viu na praia ela decidiu que ia ficar com a criança, só estava querendo causar discórdia.

Deixei ela na imobiliária do pai e ela se despediu com um obrigada e um beijo na bochecha. Eu ganhei o dia.

Meu Deus qual é o meu problema? Vou ter que me acostumar em receber carinho dela e não acreditar que isso quer dizer alguma coisa além de amizade.

Isso vai ser muito difícil porque eu sei que estou gostando dela, quem eu quero enganar?

☆☆☆

Sai do trabalho e fui pegar minha namorada na casa dela. Combinamos de ir ao cinema de noite e durante todo o passeio Lauwren abriu a boca poucas vezes. Quando cheguei á sua casa decidi me manifestar, precisava saber o que estava acontecendo.

– Não vai me contar o que está acontecendo? - pergunto dentro do carro parado em frente a sua casa.

– Desde quando você fica dando presentinhos pra ela? - pergunta sem nem me olhar - E antes que me pergunte estou falando da minha vizinha.

– Como assim? - pergunto confuso.

– Ela pediu pra eu te agradecer pelo perfume hoje de manhã - lembro-me ter ter presenteado ela com um perfume em seu aniversário, isso faz tempo. Porque ela mesmo não me agradeceu já que ficamos bastante tempo juntos hoje?

– Bem, eu dei sim um presente pra ela mas isso foi no começo do ano no aniversário dela. A gente nem estava namorando - ela por fim me olha - Eu também quero dizer que eu e ela somos amigos agora. Não quero você com implicância porque já disse que estou com você e amo você.

– Mas se ela te desse bola com certeza você me daria um bolo– cochicha e então eu a puxo e beijo ela.

– Para com ciúmes- digo segurando seu rosto que agora esboça um sorriso. Seus olhos azuis são lindos e até com a luz fraca do poste eu consigo enxerga-los - Eu te amo.

– Eu também.

Nos beijamos mais uma vez, então ela desce do carro e acena pra mim quando fecha o portão.

Sigo devagar com o carro e passo na frente da casa da minha nova amiga, ela está na varanda e a luz do seu celular ilumina seu rosto. Dá pra perceber que está com apenas uma camiseta grande e com o cabelo amarrado em um coque, eu gosto bastante do jeito que ela se veste. Dou um buzinada, ela olha para baixo e sorri ao me ver. Logo dá um tchauzinho e então vou embora.