Nosso Eterno TK escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 1
A Morte de uma Voz


Notas iniciais do capítulo

Acho que já disse tudo na sinopse e nas notas da história. Realmente fiquei muito triste com a morte do Caio César, dublador do TK, e essa fic é para mostrar que, embora o personagem ainda continue, ele nunca mais será o mesmo.
Vamos ler com carinho, tanto pelo Takeru quanto pelo dublador que nos permitiu conhece-lo em português, como TK.

Aproveitem :)



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– TK... TK... – Patamon chamava por seu parceiro, com o tom de voz evidenciando sono. O irritante som do despertador já ecoava por todo o quarto. – Vamos, é hora de levantar.

Takeru se remexeu um pouco na cama até seu braço alcançar a cômoda, onde desligou o estridente aparelho. Sentou-se por alguns segundos, enquanto seus olhos azuis acostumavam com a pouca claridade que vinha da janela. E nesse meio tempo, também olhou para Patamon, dando um sorriso antes de dizer:

– ...

Nada. Não saiu nada.

– Heim? – O Digimon laranja pareceu ficar tão confuso quanto Takeru.

O loiro pigarreou, achando que fosse alguma falha em sua garganta. E tentou de novo:

– ...

– TK, você sabe que eu não sou bom com leitura labial. Não pode só falar de uma vez? – Questionou o Digimon, achando que o parceiro estivesse brincando.

E Takeru tentou. De novo, de novo e de novo. Nada! As simples palavras “Bom dia, Patamon” pareciam não querer sair de sua boca! Mas como nunca perdia as esperanças, resolveu por falar outra coisa:

– ...

Ok, “Vamos tomar o café da manhã” também não saía. Como última alternativa, tentou gritar:

– ...!

Nem um mísero som! O que estava acontecendo?!

– TK, o que deu em você? – Patamon perguntou, agora preocupado com o parceiro.

Takeru, dessa vez, pôs a mão no pescoço, fazendo um sinal de negativo com a cabeça. E rezou internamente para que seu Digimon entendesse a mensagem.

– Não pode falar?

Ele assentiu, com a cabeça novamente.

– Por quê?

Subiu e desceu os ombros, sinal de que também não sabia.

– Está com dor de garganta ou algo assim?

Outro sinal negativo.

Patamon franziu a testa, pensando em qualquer coisa que tivesse causado a perda de voz do loiro. Até que se lembrou! Pode ser que não soubesse de mais nada, mas uma pessoa com certeza saberia.

– Vamos falar com a sua mãe!

“Isso!”, Takeru teve vontade de exclamar, mas novamente nada saiu. Ambos rapidamente se puseram para fora do quarto e foram até a cozinha, onde Takaishi Natsuko terminava sua xícara de café.

No começo, a mulher achou que aquilo fosse um tipo de brincadeira ou desculpa para faltar na escola, mas logo reconsiderou. Nem Takeru nem Matt jamais tinham feito algo assim. E quando viu o medo crescente nos olhos do filho, ela também se desesperou, partindo com o garoto e Patamon para o hospital o mais rápido possível.

Já no consultório, Natsuko torcia as mãos nervosamente. O Digimon laranja também não parecia muito contente ao ver seu parceiro sendo examinado pelo médico.

– Muito bem, abra bem a boca. – Indicou o doutor, e Takeru obedeceu prontamente.

– E então, doutor? – A mulher não pôde mais ficar calada. Já estavam ali há meia hora, esse era o terceiro médico que entrava na sala para checar o garoto que, embora parecesse perfeitamente bem, jurava não conseguir falar.

– Não há nada de errado com ele. – O médico repetiu o que os dois últimos já haviam dito. Ajeitou seus óculos de lentes grossas, olhando seriamente para Takeru: - Meu jovem, desperdiçar tempo médico por causa de uma birra é muito sério.

O loiro arregalou os olhos, negando desesperado com a cabeça e tentando se explicar, mas imagina que alguma palavra iria sair.

– O TK nunca faria isso! – Patamon exclamou, indignado com a desconfiança do homem.

– Pois essa é a única explicação lógica aqui. – O doutor retrucou, voltando-se para Natsuko. – Minha senhora, desculpe ter de falar assim, mas a senhora foi enganada por um garoto de onze anos. – E sem dizer mais uma palavra, se retirou.

Natsuko olhou para o filho, sem saber o que fazer.

– TK, se tudo isso for uma brincadeira, me diga. – Ela exigiu, a voz tremendo, olhando bem nos olhos do loiro. – Me diga agora.

Takeru estava desesperado, negando freneticamente com a cabeça, mãos, de todas as formas que podia! Ele não estava inventando nada daquilo e já estava ficando assustado também, não ajudaria em nada sua mãe tê-lo como mentiroso.

Natsuko, que viu que pressionar o filho não adiantaria de nada, apenas suspirou e ajeitou sua bolça no ombro.

– Vamos embora. Você ainda tem de ir para a escola. – Acrescentou a última parte na esperança de, assim, acabar com o plano do garoto. Mas Takeru apena assentiu, seguindo-a com Patamon sobre sua cabeça.

Porém, ao saírem da sala, ambos ficaram surpresos.

– TK! – Matt e Hikari exclamaram ao ver o loiro saindo, e foram até ele.

– Matt! O que está fazendo aqui? – Natsuko repreendeu, mas o filho mais velho apenas a ignorou.

– TK, você está bem? – Ele perguntava para o irmão.

– O que aconteceu? – Hikari também parecia aflita. E Takeru se culpou por isso, deveria ter dado mais informações na mensagem que mando para ela, pedindo que avisasse ao professor de seu atraso para ir ao hospital. Somente com isso era mais do que óbvio que ela ficaria preocupada. – Anda, TK, me responde. – Ela pedia.

– Ele não está conseguindo falar. – Quem explicou foi Patamon.

– E por quê? - Matt questionou mais uma vez. – Vocês acabaram de sair do consultório. O que o médico falou?

– Que o TK só está fazendo birra. – Patamon respondeu mais uma vez, entortando a cara ao lembrar das palavras do doutor.

– Não há nada de errado com ele. – Explicou Natsuko, vendo as faces perplexas de Matt e Hikari. – Eu realmente não sei em quem devo acreditar.

– Claro que é no TK! – O loiro mais velho exclamou, mas foi a sua vez de ser ignorado pela mãe, que continuou:

– Mas por enquanto, o melhor a fazer é ir para casa e esperar. – E dizendo isso, começou a se afastar pelo corredor, na direção dos elevadores.

– Depois me conta sobre isso direito. – Falou Matt antes de também seguir a mãe. Agora que viu que seu irmãozinho estava bem, precisava voltar para a aula.

E por fim, só sobraram Takeru e Hikari. Eles deveriam seguir com Natsuko, mas a morena não deixaria seu amigo para trás e o loiro parecia absorto demais em pensamentos. Takeru questionava a tudo. Desde como aquilo foi acontecer tão de repente, até em como seriam as coisas de agora em diante.

– Ei. – O chamado, doce e gentil, o fez voltar para a realidade. Ergueu seus olhos até que encontrassem com os de Hikari, que lhe dava um sorriso encorajador. – Vai ficar tudo bem.

Takeru devolveu o gesto, dando o sorriso mais animado que conseguia naquele momento. Hikari estava certa, ele deveria ter esperança. Ele era a Eperança. Mas algo lhe impedia de acreditar que, algum dia, sua voz iria voltar.

E isso por que ele sabia. De alguma forma, Takeru sabia. Ele podia ainda estar ali, vivo, de corpo e alma. Mas sua voz...

Sua voz estava morta.


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