Hope escrita por Roxanne Evans


Capítulo 3
Mudança 03 – Amar?


Notas iniciais do capítulo

Música do fanfics – You Found Me (Kelly Clarkson)

Música do capítulo – See Me In Shadow (Delain)



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"Um garoto que não sabia sorrir e uma garota que não sabia chorar..."

Mudança 03 – Amar?

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Depois disso Heero se tornou cada vez mais frio e distante, fazendo a bela dama perder toda e qualquer esperança que possuía na vida.

Sabia que o tempo reservado aos dois estava acabando, não sabia como, mas apenas sabia. Aquilo a deixava nervosa e desconcentrada de seus deveres diários.

Heero era tudo o que possuía, tudo o que queria, tudo o que amava... Desde quando aprendera a amá-lo? Não saberia dizer, mas o que sabia é que sem ele sua vida, que agora havia achado seu sentido em continuar, perderia todo o seu sentido.

O amor é um sentimento complicado... Invade sua vida tomando posse de tudo o que você possui, sem se importar se você quer aquilo ou não. Clama para si toda a atenção de seu dia, fazendo com que a pessoa passe o dia inteiro, ou grandes porções desse desejando estar com a pessoa amada.

E quando você finalmente a encontra, como se já não bastasse, seu coração acelera, deixando você em um nervosismo sem igual, você não sabe o que dizer ou ao certo como agir. Sente as velhas borboletas a rolarem no estômago e seus pés a saírem do chão...

Você passa a se preocupar com o que essa pessoa pensa e o que ela sente, prestando atenção em tudo o que ela diz, como se só ela importasse, muitas vezes se esquecendo de seus deveres e obrigações, apenas para divagar ou para estar com aquela pessoa.

Essa seria uma ótima definição de amor para a pequena e frágil Relena, se não fosse o fato de ela ter de esconder esse amor.

Não podia suspirar pelos cantos, nem ao menos se distrair no que estava fazendo.

E como a pessoa que amava se via cada vez mais distante dela, cada vez mais frio e fechado, a única coisa que sentia crescer em seu peito era o sentimento de mais profundo desespero.

E tudo graças àquele dia, se não fosse por esse, tudo estaria bem... Tudo graças a seu medo de um dia terem de estar separados.

"-Relena, você tem de relatar isso a alguém, ele não pode continuar a tratá-la dessa maneira, ele pode acabar te matando. – Era visível o tom de urgência em sua voz, algo que não poderia ser silenciado...

-Mas Heero, se eu o fizesse, e partisse daqui, para onde iria? – A verdade é que tinha medo, não de não ter para onde ir, que no momento era a menor de suas preocupações, mas medo de não mais poder estar ao lado de quem se ama.

-Esse não é o problema, se isso acontecesse, você poderia vir morar na casa de meus tios até ter um lugar melhor, é uma opção mais aceitável do que a que você se encontra agora...

-Se você insiste tanto Heero, eu te peço que espere... Espere ao menos até que eu me arranje antes de fazê-lo...

-E como você pretende fazer isso? – Agora era possível ver a irritação em sua voz, algo de quem não gosta de receber um não.

-Eu... – Faz uma pausa, pensativa – Eu me arranjarei... Apenas prometa que esperará... – O olhou nos olhos com esperança e um tom de coragem nunca antes usado por ela. Ele a encarou de forma igualmente corajosa e então soltou um suspiro de descaso.

-Se é assim que você quer... – Sua voz possuía um tom provocativo, quase agressivo... Um tom que ele antes nunca usara para se dirigir a ela."

Sabia que era essa promessa que a afastava de seu amor, mas ainda assim, era covarde demais para fazer algo a respeito.

E se seu pai não fosse preso? E se ele fosse atrás de Heero?

Tais pensamentos a seguiam, não importando onde ela estivesse. Durante a noite, tinha sonhos horríveis, dos quais ela não se lembrava pela manhã, quando acordava, ainda cansada e com lágrimas no rosto.

E mais do que tudo sentia saudades de Heero, do seu toque... De sua proteção, de suas mãos quentes contra as suas.

Sua ternura esquentava o coração da pequena jovem, e ela não queria perder isso, não quando havia aprendido a dar tanto valor ao que tinha.

Os machucados e arranhões acumulados em seu corpo já não a incomodavam mais, nem os xingamentos que eram acompanhados todas as vezes que eram feitos.

A única coisa que realmente importava era ele! Fechava os olhos e o via em sua mente, em sua perfeita e mortal, rara beleza. Seus olhos tristes e profundos, os únicos que conseguiam entendê-la.

Suspirou olhando pelo que parecia ser a centésima vez, pela janela do pequeno restaurante em que Heero trabalhava. O lugar estava quieto, o movimento estava baixo. Desvia seus olhos, discretamente, arriscando espiar o que Heero fazia, mas quando o fez ele a encarou de volta, fazendo-a desviar os olhos e voltar para a janela, suspirando novamente.

O tempo passou lentamente, sem que a pequena loira percebesse.

Surpresa, Relena sente os braços de Heero se colocando em volta dela, a abraçando por detrás da cadeira, carinhoso e protetor. Apenas relaxa, imóvel, sentindo o toque daquele que amava.

Ele beija seu pescoço, delicadamente e a dama suspira.

-Apenas lembre-se de uma coisa... – A voz dele saía rouca e aveludada – Eu te amo, não importa o que aconteça.

Nós últimos dias, todas as vezes que ouvia aquela declaração de Heero, sentia-se subitamente insegura e sua garganta fechava, ao mesmo tempo em que sentia uma imensa vontade de chorar.

Algo em seu tom o denunciava, algo que dizia adeus, a machucando cada vez que declarava aquelas palavras delicadas, mas ainda assim todas às vezes escondia seu choro, e apenas o deixava prosseguir.

Ia virar-se para beija-lo, mas ele levanta-se, soltando seus braços dela, e se afastando.

-Vamos embora? – Sua voz era indiferente, o que a machucava – Eu te acompanho até em casa...

Os dois andaram em silêncio enquanto Heero a levava de volta para a casa. O silêncio era incomodante e quase a sufocava. Por que ele estava tratando-a daquela forma?

Como se ela fosse quebrar, como se fosse uma boneca de porcelana...Aquilo a deixava desconfortável, era perto dele, unicamente, que ela encontrava seu refúgio e podia, finalmente agir como ela mesma.

Os dois pararam em frente ao doujo em silêncio, nenhum deles fazendo menção de se mover.

-Eu acho que deveria ir indo... – Heero diz, se virando, voltando-se para a rua e voltando a caminhar lentamente, mas Relena, tomada por um impulso, corre atrás dele e o abraça, com algumas lágrimas nos olhos.

-Por favor, não faça isso Heero... – Estava desesperada e nem ao menos sabia por quê.

Queria apenas poder continuar a ouvir a voz aveludada de Heero enquanto eles conversaram, queria apenas sua companhia.

O rapaz parece não entender se virando para encarar a moça, surpreso ao perceber que ela chorava.

-Por favor, Heero, não vá... – A voz dela saía em um fio, e ela abaixa a cabeça, escondendo seus olhos e com eles, seu choro.

-Relena... – Ele tinha um tom carinhoso enquanto falava – Eu não vou a lugar nenhum... – Ele levantou o rosto dela, beijando-o com ternura e voltando a encará-la – Não enquanto você precisar de mim ao seu lado... Estarei aqui...

Ela levantou o rosto, manhosa o encarando nos olhos.

-Você me promete? – E por um momento ela viu, um pequeno hesitar em seus olhos, que desapareceu logo em seguida.

-É lógico que eu prometo... – E ele a beija de novo, suave e docemente – Bobinha...

Heero a abraça, colocando seus braços em torno da delicada cintura de Relena, e ela suspira...

Naquele dia, Heero deixa a loira em sua casa com um peso nas costas.

O que ele estava prestes a fazer era certo? Era o mais correto ou ele estaria enganado? Tinha medo daquilo... Medo de errar e perder a pessoa mais importante de sua vida.

Mal conseguiu dormir com tais pensamentos atormentando sua mente, e quando finalmente foi vitorioso em sua luta, seus sonhos eram todos escuros e sombrios.

Acordou atormentado, e mal prestou atenção na escola, assim como procurou evitar os olhos de Relena, fato que pareceu fazer com que a loira ficasse nervosa, quase aos prantos.

Tudo aconteceria naquela noite, que chegou mais rápido do que esperava, do que queria.

Estava em seu quarto, terminando seus deveres, quando ouviu o barulho da campainha, e o barulho de alguém abrindo a porta, logo seguido de uma conversação.

Heero levantou-se suspirando e pôs-se a descer as escadas, lentamente.

-Você é o amigo de minha sobrinha? – Ouve alguém dizer, e pode ter certeza que havia sido visto.

-Sou eu sim – Limita-se a responder, chegando ao final da escada, e avistando uma altiva moça sentada em um sofá na sala a seu lado. – Sou Heero Yuy, muito prazer.

A moça se apresenta com simpatia, não deixando de notar o quanto o moreno tinha um olhar profundo e triste.

Devia muito a ele, sabia disso, e estava realmente muito grata por tudo o que ele tinha feito.

-Eu sempre soube que ele não prestava, mas Sayuki nunca me ouviu, ela sempre me ignorava dizendo o quanto ele era maravilhoso e a fazia feliz, embora eu sempre suspeitei que ele batesse nela.

O silêncio era total na sala, com todos os participantes a prestar atenção a narrativa da senhora.

Ela era tia de Relena, irmã da mãe dessa e havia vindo para levá-la com ela, para a grande e tão agitada Tóquio.

O coração de Heero doía ao pensar nisso... Será que Relena o perdoaria? Tinha certeza de estar fazendo o melhor para ela, mas será que ela saberia disso?

Sabia que se falasse com ela, a mesma jamais concordaria...

Se pudesse, também ficaria ao seu lado para sempre, mas sabia que o melhor para ela naquele momento não era isso!

Mas não era só por isso... Tinha uma parte de si, mesmo que egoísta que não se revelasse, que queria se provar digno dela...Tinha de mostrar a ela seu valor, assim como mostrar o dela, mostrar de não precisavam um do outro para viver, que eram fortes o suficiente, mesmo sozinhos, e sabia disso mais do que gostaria de ter consciência.

Imagina a casa de Relena naquele momento...Seu desespero em meio a tantos policiais... Talvez devesse ter ido junto...

Assim que a história da tia de Relena terminou, todos ficaram em silêncio, como que esperando o próximo passo.

Não sabia se deveria ter contado o que acontecia com a moça para sua família, mas não teve outro jeito, e pareceu ser o mais sensato a se fazer... Os pensamentos de que Relena não o perdoaria pelo que fez não saíam de sua mente, atormentando-o.

Seus pensamentos são interrompidos por alguém batendo na porta, novamente. Sente seu coração bater mais forte, antes de parecer parar dentro de seu peito.

Corre para a porta, já sabendo o que esperar quando a abrisse, e não se decepciona ao fazê-lo.

Um policial estava lá parado, de farda, ao lado de uma menina delicada, cuja altura só chegava abaixo de seus ombros.

Parecia assustada, mas nenhuma lágrima caía de seus olhos magoados.

Heero sente uma dor em seu coração ao vê-la daquela forma, não se demorando em abraçá-la com desespero, fazendo-a assustar-se.

-Heero... – Chama por ele com uma voz fraca, respondendo ao abraço. Os dois ficam ali, sentido o aroma um do outro.

O rapaz acariciava os cabelos sedosos, detentores de sua atenção em seu primeiro encontro. Lembrava-se tão bem... Como poderia se esquecer?

Suspira fundo, ao que parecia ser a décima vez em tão longo dia.

-O que houve? – Ouve a voz de veludo da pessoa que amava, perguntando.

Então apenas a conduz pela mão, se despedindo do policial, até a sala, onde todos aguardavam, pacientes.

-Relena, querida! – A tia levanta-se, correndo em sua direção para abraçá-la – Senti tanto a sua falta querida! Não pude acreditar no que estava acontecendo, mesmo depois de ouvir tudo!

A garota dos fios dourados sentia-se assustada. O que sua tia fazia ali? Será que ela... De repente tudo parece fazer sentido em sua mente!

O distanciamento de Heero, seu olhar de culpa na despedida de dias atrás... Seu tom de voz triste, sem que ela soubesse o motivo.

Tudo parecia fazer sentido agora!

Mas se Heero havia feito aquilo, ele a queria longe? Balança a cabeça, afastando tais pensamentos, já sabendo a resposta.

A conduziram para um quarto, falando algo sobre estar cansada, embora na verdade estivesse agitada demais para dormir. O pensamento de ter de separar-se de Heero cortava seu coração.

Deitada na cama imaginava como seria sua vida sem ele, tudo voltado ao preto e branco...Sentia um buraco em seu coração crescendo.

Levanta-se não conseguindo mais permanecer deitada, sentindo-se desesperada demais para isso.

Caminha com cautela, com medo de acordar alguém de fora, abrindo a porta e em seguida, dando um pulo de susto para trás, cobrindo a boca para não gritar.

-Heero, o que faz aqui? – Sussurra, baixinho.

-Eu... – Dá uma pausa, como se pensasse no que responder, bagunçando os cabelos – Estava cogitando se entrava ou não, estava com medo de que você já estivesse dormindo... Aliás, por que você não está?

-Não conseguia dormir... – Respondeu a loira, em um fio de voz, abaixando a cabeça e permitindo que a franja lhe cobrisse a expressão. O silêncio que se seguiu era frio e estranho, até agora desconhecido entre eles, e para acabar com tal sentimento, Heero foi o primeiro a se manifestar.

-Ahn... Gostaria de um chocolate quente? – Já se virava no corredor para seguir a direção das escadas, mas sente Relena abraçando-o por trás.

-Por que Heero? Por que? – Lágrimas pesadas vinham a seus olhos com uma velocidade tão grande, revelando seu desespero eminente, trancado antes em seu interior. – Agora que estava...A gente... Eu tinha... – Mas as lágrimas a impediam de formar uma frase completa e terminar um pensamento conexo.

-Hey... – Ele se vira, abraçando-a, embalando-a – Calma, calma... Estou apenas fazendo o que é melhor pra você...

-Se estar separada de você é o melhor para mim, não o quero... – Murmura a garota, escondendo seu rosto no peito do moreno, molhando sua blusa.

-Calma Relena – Ele levanta seu rosto e a encara, profundamente, limpando algumas das lágrimas que escorriam do rosto de boneca. – Não quero que fiquemos separados também, mas é o que é melhor para você... E eu prometi que sempre a protegeria, não importando como... E se esse é o melhor jeito, é assim que farei...

-Mas, mas...Como conseguirei...?

Heero a beija apaixonadamente, tomando seus lábios com violência, como se aquilo fosse tudo de que precisava para sobreviver, como se aquilo fosse tudo que ambos precisavam naquele momento... Um do outro...

Relena o abraçava com força enquanto se beijavam. Separam-se, olhando um para o outro, decorando cada detalhe, um do rosto do outro.

-Então apenas prometa que não será para sempre... Não saberia viver sem você... – As lágrimas não cessavam, apenas ficando mais grossas e fortes, à medida que vinham.

-Apenas confie em mim, confie em você mesma! Enquanto nós existirmos no mesmo mundo, jamais estaremos sozinhos, mesmo que separados... E se algum dia você achar que é demais para você agüentar, me chame que aparecerei na mesma hora! Jamais deixarei algo acontecer com você, jamais... – E assim ele a abraçou com mais força, tentando passar um sentimento de confiança – E acredite, apenas acredite, pois enquanto estivermos aqui, sempre acharei um jeito de te encontrar, e não importa como, acharei um jeito de ficar com você...

A moça havia parado de chorar, apenas o rosto molhado como vestígio, e o encarava, séria.

-Promete, que não importando como, virá me encontrar? E que, se for demais para eu agüentar, você virá ao meu encontro?

-É uma promessa... – Responde, beijando-a, dessa vez com ternura, jamais largando mão de abraçá-la, fechando os olhos, tentando recordar sempre de seu cheiro e textura, com medo de que ele próprio não conseguisse agüentar a distância.

Mas a verdade era que os dois sabiam que, na vida de uma pessoa, são poucas as pessoas realmente importantes, e são menos ainda as que são permanentes, mas que eram permanentes, um na vida do outro, e que não importava a distância entre eles ou o tempo em que permanecessem separados, uma hora, não importava como ou quando, teriam de aprender a viver sozinhos, aprender a viver com eles mesmos, e mesmo que antes não tivessem um motivo para levantar e lutar por eles mesmos, agora eles tinham, e por mais que gostassem de ficar juntos, precisavam aprender a ficar de pé sozinhos, um pelo outro, para serem bons o suficiente um para o outro, para virarem pessoas com quem o outro pudesse contar em todas as horas, que não estivessem sempre quebrados, precisando de ajuda, como sabiam que fariam se estivessem juntos...

E então, enquanto um aprendesse a ficar de pé sozinho, o outro estaria fazendo o mesmo, e se não pudessem agüentar, lembrariam um do outro e tentariam seguir em frente, porque nunca se esqueceriam de que quando fossem fortes o bastante, se reencontrariam... E então, nunca mais precisariam se separar...

E assim, os dois se despedem, prontos para começar uma nova jornada, para batalhar por um novo amanhã, para provarem a si mesmos que conseguiriam, e para se provarem dignos um do outro.

E no dia seguinte, não se despediram, sabendo que se caso se encontrassem novamente, não seriam capazes de se separar.

E à medida que o carro de Relena se distanciava, ela já não mais chorava, mas sabia que teria de ser forte se quisesse encontrar Heero de novo.

Sabia que tudo ia ficar bem, e que conseguiria fazer aquilo sozinha, pois não importava o que acontecesse, sempre teria o amor ao seu lado, para que se levantasse e seguisse para um novo amanhã, cheio de esperança e luz...


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Notas finais do capítulo

Wow, obrigada NightmareBlake! Não achei que fosse terminar de postar essa fic aqui, mas parece que eu estava enganada! ^^ Muito obrigada pelo comentário! ^^
O próximo capítulo é pequeno e é apenas a finalização, o desfecho...



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