Um novo Norte e Sul escrita por Lumus Strike


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Capítulo em homenagem a Enya Flowers que tanto me inspirou com os seus comentários!



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Na manhã que se sucedeu, Margaret estava tão envergonhada da sua decisão que resolveu encontrar Mr. Thornton o mais cedo possível. Mas ela simplesmente não sabia como lidaria com a situação. Ela sorriu ao perceber que nunca estivera tão insegura em relações aos seus clientes. Antigamente, ela sempre sabia o que fazer era por isso que tinha chegado ao lugar que estava hoje.
De alguma maneira,Margaret não queria decepcionar Mr. Thornton. Queria desvendá-lo, queria que tudo desse certo e que ambos fossem felizes nos negócios, mas ela sabia que não era apenas isso...
Antes de sair, ela passou no quarto da mãe para vê-la e a encontrou indisposta. Mais uma vez uma dor cortou o seu coração. Queria ajudar e ela iria.
Chegou cedo a Marlborough Mills. Ela percebia que a fábrica já funcionava a pleno vapor. Também observou que os trabalhadores a olhavam com estranheza. Ela tomou coragem e se aproximou de uma das funcionárias que descansava próximo a ela.
– Oi.
–Oi. – disse a moça com indiferença.
– Sou Margaret. – ela estendeu a mão e a moça a cumprimentou com estranheza. – Eu estou conhecendo a fábrica e eu gostaria de saber se você gosta do trabalho?
A moça riu, mas respondeu.
– Ninguém me perguntou isso antes. Gostar do trabalho? Se eu pudesse eu não estaria aqui, mas fazer o que? Aqui eu ganho bem. Embora não sobre muito no fim do mês...
– O que você faria se pudesse gastá-lo todo com coisas que gosta?
– Eu sairia do país e compraria roupas caras. –ela sorriu de leve e continuou: - Mas isso faz parte apenas dos meus sonhos não é?
– Você pensa em aderir à greve? Quero dizer, se isso acontecer... Todos estão comentando...
Ela abriu a boca para responder,mas corou e olhou fixo para algo que estava atrás de Margaret. Ela virou-se e viu que Mr. Thornton estava escutando o que dizia.
– Mr. Thornton? Bom dia.
– Bom dia Miss Hale.
–Vim cumprir a minha promessa de conhecer os seus negócios.
– Ótimo! Seja Bem- Vinda. Queira me acompanhar.
Margaret o seguiu e os dois foram para a Fábrica. Ela percebeu que ele estava bastante grave, talvez ainda irritado com ela.
– Vejo que você se interessa muito com o que os trabalhadores querem.
– Você não?
– Miss Hale, Eu sou o patrão, o meu dever é pagá-los em dia e cobrá-los. Não de ser o pai deles e vigiar o que eles fazem depois daqui.
– Devia saber. Talvez essas pessoas precisem de mais educação, mais saúde. Talvez se essas pessoas tivessem mais assistência produziriam mais, trabalhariam mais satisfeitas.
– Eu não sou o primeiro ministro Margareth. – ele sorriu um pouco. – Já tenho problemas demais.
Ele abriu as postas da fábrica e entraram. Ela percebeu que o lugar era organizado, porém sujo por conta dos fios pequenos que saiam das máquinas. Era extremamente desnorteante. Mr. Thornton pegou a mão dela e a orientou pela fábrica mostrando-a todos os processos da produção.
Mr. Thornton fez questão de mostrá-la tudo cada parte da sua indústria. Ele percebeu que ela prestava atenção em tudo e parecia estar bem interessada e também perdida. Era óbvio que Margareth não conhecia esse tipo de indústria, mas ele apreciou o interesse a dedicação dela.
Eles terminaram a excussão em seu escritório. Ele começou a mostrá-la os números e como funcionava a distribuição. Ela parecia completamente absorta no que ele a mostrava. John nunca havia conhecido uma mulher que se interessasse pelos negócios dele a não ser a sua mãe.
“Ela poderia ser uma ajudante e tanto.” Pensou ele. Mas o que ele estava pensando? Ela só está querendo acabar com você! Não seja tolo! Por que ela o deixa assim? Por que ela era tão interessante?
–Meus parabéns Mr. Thornton! Você conduz os negócios muito bem.
– Ainda não viu quase nada Miss Hale. Tenho também muitos problemas ainda sou iniciante.
– Normal.
– Aprecio a sua dedicação Miss Hale.
– Eu procuro conhecer o melhor possível sobre os negócios dos meus clientes para que se caso eles aceitem a nossa proposta, possamos fazer o melhor para ele.
Margaret percebeu que ele não queria entrar nesse assunto. Ele olhou para o relógio e pareceu espantado.
– Desculpe Miss Hale mais preciso ir a um almoço. Se não fosse algo relacionado a negócios, eu até poderia convidá-la.
Margaret corou e abaixou a cabeça rapidamente para que ele não percebesse.
– Tenho que ir também.
Ele acompanhou-a até a porta e ela se lembrou das desculpas que devia a ele.
– Mr. Thornton.
Ele parou e olhou para ela.
– Eu quero me desculpar pelas minhas atitudes ontem e eu...
– Não precisa se desculpar. Nós formos indelicados ontem à noite.
Margaret sorriu em agradecimento, mas sentiu que só isso não valia. Ela ia saindo quando se lembrou de que talvez Mr. Thornton tivesse o número do Dr. Donnalson
– É mais uma coisa... Você tem o contato do Dr. Donnalson?
– Está doente? – Ele perguntou preocupado.
– Não, mas a minha mãe está. Foi por isso que eles vieram para Milton por que aqui tinha esse médico muito bom.
– Desculpe, eu não tenho, mas a minha mãe tem e ela estava mesmo querendo visitá-los e então ela pode levar o endereço e o telefone dele.
– Obrigada.
John viu Margareth seguir até a saída. Agora teria que convencer a mãe a visitar os Hale.
...
Assim como combinado, Mra. Thornton e Miss Thornton foram visitar os Hale na manhã seguinte. Hannah estava odiando o fato de ter que fazer isso, mas ela não queria desagradar o filho. Ele parecia encantado com esta moça e ela queria saber o que Miss Hale tinha de tão especial.
Mrs. Thornton era tímida. Somente nos últimos anos passara a ter tempo suficiente para frequentar a sociedade, e mesmo assim não era coisa que apreciasse. Sentia satisfação em oferecer um jantar, ou criticar os jantares dos outros, mas sair para fazer amizade com estranhos era algo muito diferente. Sentia-se pouco à vontade, e parecia mais severa e circunspecta do que o normal quando entrou na pequena sala de visitas dos Hale. Elas foram recebidas por Margaret que as conduziu até a sala.
Com o passar do tempo o clima se tornava mais obscuro. A conversa não estava nada animada, elas apenas trocavam frases curtas e Mra. Thornton não via a hora de poder ir embora.
– Então você mora em Londres. – Miss Thornton perguntou.
–Sim, tenho uma residência fixa lá.
–Eu queria poder morar em Londres, mas mamãe odeia essa cidade.
– Eu gosto de Londres, mas acho que seria mais feliz se morasse em Helstone. – Margaret sorriu para a mãe.
– Então não gosta de uma vida agitada Miss Hale? – perguntou Mra Thornton com curiosidade.
– Prefiro uma vida mais tranquila, embora eu goste da minha rotina em Londres.
– Deve estar odiando Milton.
– Odiando não é a palavra certa. Eu a vejo como todas as outras cidades que precisei ficar a trabalho.
– Pois eu não gosto de Milton. – retrucou Miss Thornton – Mas a mamãe adora. Eu não consigo entender.
– Nunca se interessou por outro lugar Mra Thornton? – perguntou Mra. Hale.
– Não. Foi aqui em Milton onde tive maiores vitórias. Aqui que o meu filho construiu o seu pilar. Tenho orgulho de saber que o nome de John Thornton de Milton é conhecido em qualquer lugar. Ele também é muito disputado pelas moças daqui Miss Hale.
– Bom, nem todas não é. – Margaret deu um sorrisinho.
Mra Thornton ficou com raiva da resposta de Margaret, mas não deixou transparecer. Como ela ousa em dizer isso do seu filho? Hanna resolveu terminar o chá e em seguida deixou a casa com a filha torcendo para que não fosse forçada a voltar.
...
Os meses se passaram rapidamente. A cidade estava ficando agitada. Os trabalhadores estavam decididos a entrar em greve. E enquanto os patrões estavam decididos a não cederem às exigências. Era uma luta constante.
Quando o dia marcado para a paralisação chegou foi algo triste de se ver. Margaret nunca havia visto isso e ela tinha a sensação de impotência principalmente ao ver Mr. Thornton. Ele estava desesperado, sua expressão era de pura tristeza. Ela queria poder ajuda-lo de alguma forma, mesmo sabendo que tudo poderia ser resolvido de outra forma.
Enquanto sua relação com ele, bom, tudo estava melhorando. Quanto mais tempo passava ao lado dele na fabrica mais ela se apegava. Mr. Thornton era uma pessoa agradável e comprometida. Ela estava adorando poder conhecê-lo melhor.
Quanto mais ela aprendia sobre a fábrica, mas ela sabia que seria difícil conseguir a parceria. John estava amando a presença de Margaret. Ele estava cada vez mais decidido que ela é a mulher que ele procurava e que queria conquista-la. Porém, ele sabia que não seria assim tão fácil. Eles ainda discutiam bastante, as suas ideias eram contrárias em algum ponto.
John já a conhecia bem o bastante para saber como contornar a fúria de Margaret. Ele fazia o possível para vê-la feliz. Ele constantemente enviava cestas de frutas para Mra. Hale e a visitava sempre que podia. As conversas com Mr. Hale tornavam mais frequentes. Era satisfatório para ele ver o sorriso no rosto dela quando ela via os pais dela felizes.
Ele já havia tentado de várias formas de chama-la para sair, mas ela sempre dava um jeito de escapulir. Mas ele tinha um plano para hoje e ele sabia que ela não resistiria.
Margaret havia tido um dia difícil. Sua mãe havia tido uma recaída e ela ficou a todo nervos. Ela estava fazendo um tratamento com o Dr. Donalson e havia tido melhoras, mas também várias recaídas. Margaret estava pensando em fazer algo drástico que era comunicar ao irmão, Fred, sobre a doença da mãe, mas ela sabia que seria complicado o irmão aparecer em público.
Ela balançou a cabeça tentando não pensar nisto quando viu uma pequena bandeira branca balançando na portinha do correio. Ela riu e abriu a porta. Mr. Thornton estava a sua frente com um saco de biscoitos.
– De aveia com gotas de chocolate. O seu preferido. – falou
– Você não desiste.
– Eu queria trazer flores, mas você não tem cara de quem gosta de receber flores.
Margaret pegou os biscoitos e fez sinal para ele entrar.
– Como soube que eu gostava desse tipo de biscoitos?
– Tenho minhas fontes.
–Fontes?
– Sim.
– Não vai me dizer não é.
– Desculpe, mas não.
Ela colocou os biscoitos no prato e começou a comê-los.
– As suas fontes acertaram.
– Que maravilha!
– Eu também gosto de rosas. Eu não teria coragem de recusá-las e atirá-las em você se foi isso que pensou.
– Foi exatamente isso que eu pensei. Você também recusaria sair comigo hoje...
– Talvez não... Quais são os seus argumentos.
– Eu quero conhecê-la melhore quero que se divirta. Sua expressão não estava muito boa quando me recebeu.
– Ótimo argumento. Me convenceu.
– Eu sempre tenho ótimos argumentos.
– Convencido! Espere alguns minutos, ok?
Margaret subiu animada. Por que estava tão ansiosa para encontrá-lo? A verdade é que a convivência com ele está fazendo que surjam muitos sentimentos dentro dela. Ela também queria conhecê-lo, muito na verdade. Será que ela estava se apaixonando?
Minutos depois eles foram para um restaurante, o mesmo que eles haviam se visto pela primeira vez. Ela se sentia feliz por estar tendo esse momento de paz.
– Então alguma notícia sobre a greve. – ela começou.
Ele segurou na sua mão interrompendo-a.
–Não vamos falar de negócios esta noite.
– O que mais podemos falar?
– De nós.
Margaret olhou para o lado tentando disfarçar o seu constrangimento.
– O que a garota da cidade grande gosta de fazer em seu tempo livre.
– Eu não sou muito badalada. Gosto mais de estar com amigos em um bar ou em um restaurante colocando o papo em dia.
– Eu também não sou de badalação.
– Até parece! Você deve sair com quase todas as mulheres de Milton.
– Na verdade não. Elas não me agradam. E eu também não tenho tanto tempo livre assim.
– O que lhe agrada Mr. Thornton.
– Você.
Ele apertou a mão dela e Margaret sentiu uma emoção estranha. Algo como nervosismo ou medo, ela não sabia decifrar.
– Eu não posso acreditar. Nós discutimos tanto. Eu sou tão desagradável.
– Você não se ver tão bem, sabia.
Margaret não tinha como responder por que ela mesma não sabia a resposta. Como Mr. Thornton poderia gostar dela? E o que ela estava sentindo por ele?
Por sorte o garçom trouxe a comida e eles comeram em silêncio. John sabia que ela havia ficado incomodada e teria que levar tudo com calma.
Ao terminar o jantar, eles caminharam por Milton. John apresentava a ela os seus lugares preferidos, contava histórias de sua infância e percebeu que Margaret parecia muito interessada e que ela estava se divertindo. Margaret também contou um pouco de sua infância em Helstone. Ela contava de uma maneira tão doce que o fez ficar com vontade de conhecer o lugar.
Mas tarde, ele levou-a para casa. Ele estava muito feliz por ter tido a oportunidade de estar com ela essa noite.
– Amanhã você estará no jantar em minha casa, não é?
– E perder a chance de vê-lo de smoking? Jamais!
– Não vai se decepcionar. Eu prometo.
Eles caminharam até a porta da casa, ela já ia entrar, mas ele a puxou de volta.
– Eu adorei estar com você esta noite.
–Eu também. Obrigada pelo convite.
– Me dê uma chance de convidá-la de novo.
– Quantas quiser. – Ela nem acreditava que havia dito isso.
Ele inclinou-se para beijá-la e ela já estava pronta para o ato, mas foram interrompidos por Mr. Hale.
–John! Você por aqui.
– Mr. Hale. – falou desconcertado. – É um prazer em vê-lo.
– O que o traz aqui.
– Ele veio me deixar em casa papai. Formos conhecer a cidade.
– E foi divertido?
Margaret olhou para Thornton e piscou.
– Foi incrível.
Thornton sorriu e fez um sinal que iria embora. Despediu-se de Mr. Hale e sussurrou no ouvido de Margaret:
– Te vejo amanhã.
E saiu. Margaret respirou fundo e deixou-se ser conduzida pelo pai a entrada da casa.


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