Última carta escrita por tsukuiyomi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Caso não tenha ficado claro, a fic se passa em Ordem da Fênix. Boa leitura!



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Prongs,

Você se lembra de como nos conhecemos? Espero que sim, porque se você já tiver esquecido vou enfiar uma vassoura você-sabe-onde.

Estávamos na Plataforma 9 ¾, meus pais me acompanhando por obrigação e você todo feliz com os seus, que lhe sorriam sempre que você os encarava. De princípio, fiquei com inveja. Os Potter tinham aquela aura de felicidade e conforto que me deixava enciumado. Meus pais nunca me dirigiam sorrisos por bobagens como essa. Às vezes, eu achava que eram incapazes de sorrir. 

Vi que você segurava o exemplar de Manual de Vassouras que eu estava juntando dinheiro para comprar e senti inveja de você novamente. Os Black eram uma família muito, muito rica, entretando eu jamais ganharia dinheiro para comprar esse "Incentivo-a-atividades-não-produtivas", palavras de Walburga. Mas minha curiosidade foi maior, eu queria ver como era o Manual, detalhes. Foi por isso que me aproximei de você, talvez cogitando surrupiar de alguma maneira aquilo do menino idiota que imaginei que você seria.

Acabei me surpreendendo. Além de parecer realmente animado com minha aparição, você não criou problemas em me deixar folhear o seu Manual de Vassouras. Ninguém nunca tinha me emprestado nada antes. O gesto era diferente demais para não chamar minha atenção. 

Seus pais também pareceram gostar de mim, embora observassem disfarçadamente o lugar onde meus pais estavam. Lembrei-me que Dorea, antes de ser Potter, era Black. Não quis saber se eles se gostavam, porque estava muito concentrado observando o livro.

Foi quase natural que conversássemos, e a ideia de roubar de você já não me passava mais pela cabeça. Mesmo quando entramos no trem, e tivemos que compartilhar o vagão com o Snivellus e a Evans, não me importei. Eu sabia que tinha um amigo, James.

Você se lembra do Chapéu Seletor, James?

Eu entrei para a Grifinória.

Nunca me senti tão orgulhoso na vida, vendo os olhares de assombro nos rostos do resto de pessoas da família Black, sentados à mesa da Sonserina. Sorri enquanto me levantada do banquinho, encarando o olhar levemente surpreso da Prof. McGonagall e percebendo que não só ela me encarava assim.

Todos pareciam chocados que um Black não tivesse entrado na Sonserina.

Mas não me senti isolado, excluído ou arrependido. Além de satisfeito por irritar minha família, também encontrei grande conforto por você também estar lá, James. Sorrindo entusiasmado da nossa mesa para você, fiquei mais feliz por ter entrado na Grifinória quando você sentou-se ao meu lado. Obviamente, James Potter era grifinório. Sirius Black também era. E eu estava feliz.

Você se lembra de como conhecemos Remus e Peter, Prongs?

Foi meio sem-graça. Apenas conversamos uma vez e nos tornamos amigos. Inseparáveis. Os Marotos foi um termo que surgiu no terceiro ano e combinou muito conosco. Eu e você éramos perfeitos traquinos, Remus era mais quietinho e Peter era sempre um apoiador ávido.

Os Marotos. Peter, Remus, Sirius e James.

Fizemos história por Hogwarts e foi um tempo que realmente valeu à pena. Minha felicidade só aumentava. Tinha amigos, era popular, bom nas aulas, bom com garotas. Mas era Sirius Black, um grifinório que encarava a família todas as férias (mesmo que algumas fossem passadas em sua casa).

Você se lembra de quando me convidou para morar com você, James? Você se lembra da maneira que eu encarei você, sem acreditar? E, de como quando finalmente consegui assimilar a ideia, aceitei sem pensar duas vezes?

E eu fugi. Fugi para sua casa. Porque os Potter eram mais família para mim do que os Black jamais foram. Fui bem recebido. Seus pais me trataram a todo o momento da mesma forma que trataram você. Dorea e Charlus Potter foram meus pais e eu agradeço por tê-los tido.

Mesmo quando Dorea me deixou de castigo por um mês, porque fiquei bêbado com firewhisky. Ou quando Charlus me deu um sermão por cada detenção que levei. Ou, por Merlin, quando eles pegaram todas as minhas revistas de mulheres e motocicletas trouxas.

Você lembra quando conseguimos nos tornar animagos, Prongs?

Caralho! Estávamos tão felizes e Moony tão emocionado! Isso pode soar meio estranho, e eu me odeio por estar dizendo isso, mas foi a coisa mais gratificante que já fiz na vida: ajudar Moony com seu probleminha peludo. Exploramos Hogwarts, controlamos Remus, fomos Marotos mais uma vez.

Você se lembra de quando eu te aguentei falando a todo o momento de Lily Evans, James?

Pois é! Eu não conseguia entender o porquê de você gostar tanto de uma ruiva revoltada que te dava o fora todas às vezes, e ainda por cima era amiga do Snape!

Mas não te xinguei, nem nada. Talvez no fundo porque sabia que você era louco mesmo. Talvez porque você sempre me apoiou e eu não podia não te apoiar em sua primeira paixão verdadeira.

Eu só não esperava que fosse a primeira e última paixão verdadeira.

Confesso que fiquei um pouco encabulado com suas mudanças, porque foram muitas. De repente, você era responsável e estava com a Evans. Mas eu entendi, porque — você pode dizer o que quiser — nunca ninguém entendeu você como eu.

E fiquei feliz. Até comecei a gostar da Lily. E, um pouco depois de sairmos de Hogwarts, você resolveu casar com ela!

Sei que era óbvio que me escolhessem para ser padrinho, claro. Mas ainda assim fiquei lisonjeado. James Potter se casando com Lily Evans, e Sirius Black de padrinho!

Então veio Harry. Podia imaginar um pequeno James aprontando por aí. Claro que sabia que seria o padrinho dele também, lógico. Ainda assim, também fiquei feliz quando se concretizou.

A primeira palavra. A primeira vassoura. Eu estava lá. Talvez Lily me considerasse um pouco intrometido. Mas no fundo eu sei que não. Ela gostava de mim também, do mesmo modo que aprendi a gostar dela. Harry era incrível, e eu estava extremamente contente por vocês dois.

Você se lembra da Ordem da Fênix, Prongs?

É claro que você se lembra. Os sacrifícios que fizemos, os desafios que enfrentamos. Mas tudo valia a pena no final do dia — quando murmurávamos nossos Nox após relatórios intermináveis e fechávamos os olhos ­—, porque sabíamos que estávamos fazendo a coisa certa.

Combater os Comensais se tornou algo muito presente no nosso dia-a-dia. Nossa amizade — minha, sua, de Remus e de Peter — ajudou a continuarmos firmes. Nosso companheirismo e nossas lembranças de tudo o que já havíamos feito juntos não nos deixava hesitar. As perdas. O medo. Nada era comparado a nossa amizade.

Então vieram mais riscos.

Uma profecia vinda sabe-se-lá-da-onde, ameaçando o nosso Harry. Ameaçando a todos nós. Porque no fundo nós sabíamos que seria ele, não adianta. Sabíamos o que ele teria de suportar. Que para derrotar Voldemort ele iria ter de passar por muita coisa.

Só não esperava que o preço fosse tão alto.

Você se lembra de 31 de Outubro de 1981, James?

Sinto minhas mãos tremerem de raiva enquanto escrevo isso. Até hoje não posso acreditar no que Peter fez com você, com Lily, com Harry. Comigo.

Encontrar Hagrid foi o ponto alto. A prova de que tinha mesmo acontecido. Deixei o pequeno Harry com ele (obrigado pela lealdade de Hagrid a Dumbledore) e saí para me vingar — o que talvez tenha sido o pior erro da minha vida.

Wormtail conseguiu me enganar. Enganar a todos. E eu fui para Azkaban. Mas nada era pior do que pensar no que havia acontecido. Nada. Nem os dementadores, que me afetavam lentamente. Eu me lembrava da sua casa destruída em Godric’s Hollow e tinha vontade de chorar todas às vezes. Doía demais pensar em você e Lily mortos.

O garoto que me emprestou um Manual de Vassouras. Acolheu-me na própria casa. Convidou-me para padrinho de casamento e do seu filho... Estava morto.

E a garota que conquistou esse garoto, mãe do meu afilhado, a bruxa mais extraordinária que conheci, também.

Lily e James Potter estavam mortos.

Sei que você se lembra de tudo isso, Prongs.

Queria te contar que saí de Azkaban. Fugi. Também devo confessar que deixei Peter escapar quando tive a oportunidade de matá-lo. Não consegui resistir ao pedido de Harry, James, tão parecido com você. E ele fugiu depois, enquanto Remus se transformava. Fui condenado a receber o beijo do dementador. Achei que estava tudo acabado. Que ia perder toda a felicidade que me restara na vida. As lembranças dos nossos momentos em Hogwarts e tudo o mais.

Mas então Harry veio e me salvou, junto de Hermione e montado num hipogrifo!

Você soube fazer o garoto.

Tentei ser o melhor possível para Harry em todo esse período, mesmo que fosse difícil, eu sendo um fugitivo. Pelas barbas de Merlin, não posso descrever o quanto fiquei preocupado quando ele foi selecionado para o Torneiro Tribruxo. Era uma tramóia das grandes, eu sabia. Queriam matar Harry Potter do mesmo modo como mataram você e Lily.

Quase entrei em colapso quando soube que Voldemort tinha voltado. Sua morte e de Lily seriam, então, em vão? O Maior Bruxo das Trevas de Todos os Tempos enfim ceifaria Harry, depois de não ter conseguido tantos anos atrás?

Não.

Estamos combatendo isso a cada dia. A Ordem foi reaberta, mesmo com as dificuldades e com o idiota do Fudge não admitindo que Voldmort voltou. Está sendo muito difícil. Não posso sair e me sinto tão impotente quanto você se sentiu na época em que tinha que se esconder com sua família.

Mas eu tenho esperanças. Não da mesma forma que você teve, confesso, porém guardo dentro de mim a esperança de que tudo isso vai acabar. De que vamos conseguir finalmente torturar, estuporar, cortar, matar, matar e matar o “Lorde das Trevas”.

Você acredita que estou tendo de aturar Snivellus?

Queria te escrever isso, porque sinto sua falta. Gostaria de conversar pessoalmente com você, para te agradecer por tudo o que fez por mim. Mas, como não posso, vou recorrer ao recurso levemente infantil de te escrever uma carta que eu sei que não será recebida. Precisava contar a você, Prongs.

Não posso me esquecer de comentar que Harry cresceu bem. Às vezes eu fico um pouco irritado por ele ser tão prudente, e me esqueço que ele não é só seu filho. É de Lily, também. Mas afora minhas imaturidades, ele é um bom garoto.

Sinto que agora temos muitas chances de vencer esta maldita guerra. Esta maldita guerra que nos tirou tantas coisas.

É isso, James. Talvez a gente se encontre mais cedo do que eu espero — não sendo pessimista, claro.

Levemente irritado com você por ter ido,

Padfoot.


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Notas finais do capítulo

Se algo tiver ficado muito estranho, perdão. Os nomes Dorea e Charlus foram utilizados porque nunca vou me acostumar com Fleamont e Euphemia. Snivellus é o mesmo que Ranhoso, para quem não sabe (meio difícil).
Repito palavras muitas vezes, então se virem algo muito absurdo em repetições, podem avisar. Revisei, mas erros sempre passam despercebidos: se virem algo, avisem por favor.
Foi minha primeira one de HP. Críticas construtivas são bem-vindas.
Eu tinha colocado divisórias, mas como é em estrutura de carta (mesmo que meio bugada), achei melhor tirar. Se tiver ficado confuso, eu recoloco!
Reviews SEMPRE fazem muito bem, viu? Eu os amo e respondo com carinho ♥
Beijos!



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