The Bus escrita por Carlos Eduardo


Capítulo 1
A Garota do Ônibus




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Foi nesse dia que eu a encontrei pela primeira vez, de inicio só reparei em seus grandes fones de ouvidos. Ela estava ouvindo uma música bem animada, mas pude ver que seus olhos que já haviam chorado bastante e se seguravam para não chorar mais. “Todos têm seus problemas” pensei, enquanto tentava voltar minha atenção para meu livro, mas não conseguia tirar os olhos daquela estranha garota. “Deixe isso para lá James... você não tem nada a ver com isso” pensava, tentando conter a vontade de ir perguntar à ela o que a estava afligindo. E mesmo que eu quisesse perguntar, eu não conseguiria (sou muito tímido) então só a observei até o momento em que desci do ônibus. Ao chegar em minha casa, encontrei minha irmã menor na sala próximo a televisão.

–Se você ficar tão perto vai ter problemas de visão, sabia disso Sophie? - Disse a segurando pelos ombros e a puxando para trás.

–É, eu sei - ela respondeu sentando no sofá sem tirar os olhos da televisão - Amy veio aqui mais cedo te procurar e disse para que você ligasse para ela depois.

– Está bem. - disse indo para meu quarto. Quando entrei no meu quarto só me joguei na cama para dormir, mas ficava pensando na estranha garota do ônibus, pensava no por quê dela estar chorando, quem ela era, e se a veria novamente, até que peguei no sono.

Dias foram se passando e nada da estranha garota do ônibus eu não sabia muito bem o por quê de me interessar tanto nela, eu estava totalmente vidrado nessa garota. Todo o dia ia correndo para o ponto de ônibus ansioso para vê-la novamente, mas como não sabia de onde ela era, era difícil saber a hora que ela pegaria o ônibus ou onde desceria dele. Depois de uns dias sem encontrá-la, e já sem esperança, resolvi desistir, aliás, era um pouco estúpida essa minha ideia. E mesmo se eu a encontrasse, o que eu falaria? ''Oi, eu sou James poderia me dizer por que estava chorando na semana passada?'' Ela iria me achar a pessoa mais estranha do mundo. Perdido em minhas leituras, tão desconcentrado em tudo, não percebi que ela havia sentado ao meu lado seu "Boa tarde" veio de uma forma gentil e com um sorriso no rosto, já eu acenei com a cabeça por não saber o que dizer. Eu não estava esperando que ela aparecesse. Ela tinha um cabelo preto longo com uma franja que cobria parte dos olhos que por sua vez eram bem curiosos, pois o esquerdo era azul e o direto era vermelho, ela usava uma blusa verde que dizia “Enfermagem” e ela ainda tinha uma mania de morder o lábio inferior (o que a deixava muito mais sensual). Não pude deixar de perceber a quão bela ela era. Algum tempo depois, ela se levantou e desceu um pouco antes de mim e vi que um rapaz que a esperava no ponto do ônibus “Aquele deve ser o namorado dela” pensei, enquanto o ônibus partia deixando-a para trás. Mesmo aquele rapaz podendo ser o seu namorado, eu não havia desistido havia algo nela que me trazia toda minha teimosia "Eu irei pelo menos saber como ela se chama" Pensei olhando ela enquanto o ônibus se afastava. Desde o momento que desci do ônibus até a hora em que cheguei em casa fiquei procurando formas de ir falar com ela. Nunca fui muito bom com indiretas femininas, mas sabia quando as indiretas não eram direcionadas a mim. Em casa encontrei Sophie vestida como uma fazendeira enquanto preparava o jantar. Apesar da pouca idade, ela era uma ótima cozinheira. Sophie morava comigo há 2 anos, havia vindo alguns dias depois a morte de nossos pais.

– O que está fazendo? - disse assustando ela, que estava distraída dançando e cantando.

– Nada... estou cozinhando. - ela disse abaixando a música para que eu não escuta-se.

– Não tira a musica não, aumenta! - e assim ela fez. Era uma musica dos Backstreet's Boys, eu comecei a dançar enquanto ela ria de mim até que eu estendi a mão para ela, e ela me acompanhou na dança pela cozinha.

Ao contrario de mim, Sophie havia puxado muito nossa mãe. Tinha os cabelos pretos com uma mecha vermelha (algo que havia visto em um desenho que gostava) A meu ver, Sophie era normal, mas os rapazes a sua volta não cansavam de dizer o quanto ela era linda (era cansativo ter que ficar espantando esses abutres de perto da minha irmã) e recentemente ela estava saindo com um rapaz chamado Jake então ela talvez pudesse me ajudar com a garota do ônibus.

– Sophie... Você teria coragem de falar com uma pessoa desconhecida?

– Não, afinal, não devo falar com estranhos. - Devo admitir que senti um certo orgulho de minha irmã pela resposta, mas também fiquei nervoso devido o seu sarcasmo.

–Não é isso que eu quis dizer, idiota!

– Eu sei James - ela riu - dependeria muito do motivo, mas qual o motivo dessa pergunta?

Contei a ela o que havia acontecido no ônibus e ela ficava com um sorriso debochado e fez piada comigo por achar que eu estava afim dessa estranha garota. Algum tempo depois de termos terminado o jantar estávamos na sala assistindo series na televisão quando a campainha toca e Sophie foi atender. Escutei gritos vindos da porta e corri para ver o que tinha acontecido. Ao chegar lá, vejo Sophie abraçada com uma garota um pouco mais alta que ela, que eu reconheci na hora em que vi seus cabelos loiros presos por um rabo de cavalo e os olhos verdes sem expressão nenhuma e escondidos embaixo dos óculos. Por mais irritante que fosse, ela e Sophie faziam isso sempre que se viam. Quando ela me viu, veio correndo para me abraçar, também eu todo inocente abri meus braços e fechei os olhos, mas só o que senti for uma dor profunda e já conhecida, a dor de um cruzado de esquerda na boca do estômago.

– James Mustang, como ousa me deixar esperando? - ela disse cerrando os punhos se preparando para mais um cruzado.

– O que eu fiz dessa vez Amy? - disse com dificuldade para respirar, podia não parecer, mas aquela garota tinha uma força sobre-humana (odeio admitir, mas era ela que me protegia na escola).

– O que você não fez seria a pergunta certa! - ela me disse me levantando para me acertar outra vez.

– Não, foi minha culpa Amy, eu que não avisei, desculpa - disse Sophie tentando acalmar a fera loira.

– Ah sim, nesse caso você é inocente James - ela sorriu como se nada tivesse acontecido - mas jamais me deixe esperando, entendeu?

–É, eu entendi. Sabe de uma coisa Amy? Se não para de ser assim, jamais arrumara um namo... - Minha frase foi interrompida por um soco que me fez desmaiar.

Quando acordei, deveria ser por volta de 01:00. Sophie já estava dormindo e Amy estava na cozinha sentada no chão observando o celular com a tela apagada. Ela estava estranha. Tentei fazer com que me contasse seu problema, mas ela se recusava em desabafar comigo desde que comecei a fazer psicologia "não quero passar pelo detector de mentiras" ela sempre dizia isso. Apesar de toda essa raiva, Amy era a minha melhor amiga desde sempre, ela nem sempre foi assim. Houve uma época em que ela era bem feminina, mas a vida é uma caixinha de surpresas. Quando a conheci, Amy havia sido vítima de um assalto, e devido a seu corpo já desenvolvido para a idade, seus assaltantes resolveram abusar dela, mas eu estava passando por aquela rua e resolvi ajudá-la e consegui, mas acabei levando um tiro no ombro direito e ela sentiu toda a culpa e quis me proteger desde então. Mas dessa vez havia algo de errado em Amy, por mais que ela não falasse, eu pude ver que algo não estava certo, então pedi para que passasse a noite em minha casa.

– Eu sei sobre ela, Sophie me contou. - Ela disse sem tirar os olhos do celular – Parece que você gosta dela, certo?

– Gostar dela? Não, é apenas curiosidade... - Disse tentando disfarçar meu interesse.

– Sei exatamente o que deve fazer para se aproximar dela... - Ela disse sorrindo e por algum motivo eu podia jurar ter visto tristeza em seus olhos, mas talvez fosse paranoia minha.

Resolvi seguir os conselhos de Amy para me aproximar da estranha garota, mas eu nunca mais a vi, e exatamente quando pensei em desistir ela aparece. ''É agora" pensei enquanto sentia meu coração subir pela garganta. Ela estava logo ali, eu iria me aproximar e cumprimentá-la.


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Notas finais do capítulo

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