A Noiva do Drácula escrita por Chrissy Keller Books


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Agora que começa a aventura de Luana.



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–-- Ah, não... Merda!

Luana acorda meio desorientada e vê que o ônibus já passou do ponto que deveria soltar. Ela limpa a baba que tem no canto da boca com as costas da mão e se levanta num pulo.

–-- Motorista! --- ele não a atende. --- Motorista! --- chama mais uma vez, e o cara a atende, mal-humorado.

–-- Que foi?

–-- Já passou do meu ponto!

–-- E eu com isso? Você que tinha que ficar ligada e apertar o sinal. --- ele responde com grosseria.

Lidar com aquele cara não seria fácil. Luana fecha a cara. Era melhor descer do ônibus e procurar ajuda com outra pessoa.

–-- Ó! Decide logo onde tu vai ficar, porque eu já vou levar o ônibus para a garagem!

–-- Vou ficar aqui mesmo!

–-- Aqui, onde? --- no motorista mal-humorado pergunta, dirigindo tão rápido que Luana estava se segurando em duas barras para não cair.

–-- Pode ser aqui mesmo!

Ela olha para o interior do ônibus. Estava vazio. Só tinha ela. Não era possível que tinha dormido tanto. O ônibus para.

–-- Pode descer! --- fala a criatura insuportável.

Luana o olha de cara feia e desce. Logo depois de descer, o ônibus parte num arranco. Ela vê o ônibus indo embora na estrada deserta e olha para o lugar onde soltou. O lugar era um breu, apenas com alguns postes de luz iluminando, mas a grande maioria com as lâmpadas falhando.

Luana engole em seco.

Não esperava soltar em um lugar tão deserto assim. Poderia até ser assaltada! Senão, pior...

Ela toma coragem e anda pela estrada deserta, no sentido contrário de onde o ônibus partiu. Tinha que achar alguma casa por lá. O que mais queria era achar um lugar e pedir para deixarem ligar para sua madrinha. Dizer que demoraria para chegar em casa. Mesmo até que ouvir sermões, como sempre. Se seu celular não estivesse no conserto, daria para ligar.

Meia hora depois de andar, e já com os pés reclamando de dor, apesar de estar exausta demais, Luana continua no breu, mas acha uma casa.

Bom, estava um pouco longe, porque só dava mesmo para ver o portão de grade de ferro e o jardim. Mas aquilo não era uma casa – era um palácio.

Algumas luzes estavam acesas. Podia ir lá, procurar ajuda. É claro que a casa era meio sinistra, combinado com o lugar, mas era a única casa que ela viu depois de todo aquele caminho percorrido. Tinha que tentar.

Luana chega perto da grade, mas vê que não tem nenhuma campainha. Bom, o jeito é no grito mesmo.

–-- Ô, de casa! --- ela chama, mas parece que ninguém ouve. --- Ô, de casa! --- ela chama novamente, mas ninguém ouve.

Também, como vão ouvir minha voz nessa casa gigantesca?

Ela se inclina mais para a frente para chamar novamente, quando o portão se abre.

Ué, estava aberto esse tempo todo?

Mas, será que deveria entrar? Era falta de educação.

Que se dane a falta de educação. Estou perdida, e preciso procurar ajuda.

Luana entra com cautela, fazendo força para empurrar o portão pesado, observando o jardim. Mesmo à noite, dava para ver a beleza daquele lugar. Mas não podia se fixar naquilo. Tinha outras coisas para se preocupar.

Ela fecha o portão, com a mesma dificuldade que abriu, e caminha até a casa.

Aquilo, realmente, parecia um palácio. Mas tinha detalhes negros na casa. Dava medo.

Luana chega até a porta e toca a campainha. Bom, pelo menos a porta tem campainha. Até o som da campainha era... esquisito.

Luana dá uma espiada pela frecha de uma janela. As luzes da casa eram baixas. Iluminavam, mas não tanto. A casa era tão grande por fora, quanto por dentro. Tinha até um lustre! Mas, o resto não dava para olhar.

–-- Olá!

Luana pula de susto, e repara que têm duas mulheres olhando para ela. Ambas com vestido curto de filó e cabelos cheios. Uma era branca igual a papel, a outra era mulata. Ambas eram lindas.

–-- O-Oi... --- ela gagueja, olhando para os rostos sorridentes das duas. --- E-Eu... estou procurando por ajuda.

–-- Ooooowwwwnnnn.... Ela está procurando por ajuda, Shartene. --- fala a branca azeda, fazendo cara de que achou fofo.

–-- Claro que podemos ajudar, Miranda. --- responde a outra, com a mesma cara.

Shartene e Miranda...

–-- É que eu... acabei me perdendo...

–-- Não se preocupe! --- as duas falam e uníssono. --- Vamos te ajudar!

Nossa. Parecia que uma lia a mente da outra. Luana sorri, aliviada.

–-- Obrigada.

AS duas a puxam para dentro. Luana é empurrada para um sofá. Realmente a casa era linda. E o lustre era enorme. Ela olha para a escada. Parecia aquelas escadarias de palácio mesmo. E mesmo com aluz baixa, a sala era iluminada.

–-- Aceita um cafezinho? --- Shartene pergunta.

–-- Ah. S-Sim. Obrigada.

–-- Não há de quê.

Pela as agitações das duas, café era o que elas mais ingeriam.

–-- Já vamos pegar para você. --- Miranda sorri para ela e acompanha sua "gêmea" até um cômodo que parece ser a cozinha.

A casa era delas? Se fosse, era muito grande só para as duas. Com certeza tinham mais pessoas morando lá.

Shartene e Miranda voltam com uma xícara de café apoiada numa bandeja prateada. Elas não conseguem fazer nada separadas?

–-- Bon apetit. --- Shartene coloca um lencinho sobre as pernas juntos de Luana e Miranda oferece a xícara com o pires.

–-- Obrigada. --- ela sorri para as duas e toma um gole de café. Nossa, estava delicioso. Mas aí ela lembra... tinha que ligar para sua madrinha. Ela coloca a xícara em cima da bandeja que está numa mesinha ao lado. --- Preciso ligar para alguém. Vocês deixariam?

As duas desatam a rir. O que era tão engraçado?

–-- Nós não temos que "deixar" nada. --- fala Miranda.

–-- É. Somos apenas criadas. --- completa Shartene.

–-- Criadas?

–-- Sim. --- Uma voz grave surge atrás dela.

Luana fica de pé e se vira para ver quem é. Dois homens estão parados perto do sofá, ambos de preto. Um era mais velho, não tão em forma, cabelos curtos e grisalhos. O outro era um pouco mais jovem, tinha cabelos negros até o pescoço jogados para trás e bela aparência. Ambos tinham olhos azuis profundos. Eles lembravam muito... David.

–-- B-Boa noite. --- ela gagueja.

O homem mais jovem vai até ela e segura sua mão.

–-- Boa noite, minha bela. --- ele beija sua mão.

Mas que tratamento cortês! De onde eles vieram?

–-- Queira se sentar, minha querida. --- fala o homem mais velho, o dono da voz grave, e se senta numa poltrona. Ela faz o que ele manda, o outro cara ainda segurando sua mão e se sentando ao lado.

–-- Desculpe incomodar vocês. Sei que isso não é hora, mas...

–-- Que isso, a noite é uma criança. --- o mais jovem fala, apertando de leve sua mão. Parecia loucura, mas estava gostando do toque dele.

–-- É-É que eu... fui de ônibus para casa, só que acabei cochilando e parei aqui. Com certeza, estou à quilômetros de casa, e queria pedir ajuda a alguém. Também tenho que ligar para minha madrinha, ela deve estar preocupada.

–-- Ah, sim. --- responde o mais velho. --- Shartene, Miranda, tragam o telefone. --- ele ordena para as duas.

–-- Sim, milorde. --- as duas respondem em uníssono e saem da sala para outro cômodo.

Milorde? Mas, o que...

–-- Pronto. --- o mais velho olha para ela. --- A propósito, esquecemos de nos apresentar. Meu nome é Ivan. Prazer em conhecê-la, milady.

Milady?... Nossa.

–-- Também esqueci de me apresentar. --- o mais novo sorri para ela, ainda segurando sua mão. --- Meu nome é Drácula. --- ele sorri sedutoramente e levanta sua mão para beijar.

Luana fica anestesiada por esse gesto cortês e sorri para ele, que sorri de volta, os olhos azuis brilhando. Realmente, lembrava muito o David.

Drácula?

Ela nota o olhar de repreensão que Ivan dá à... bem... Drácula. O que houve?

Shartene e Miranda voltam com um telefone sem fio servido numa bandeja.

Mas será que tudo aqui é servido numa bandeja?

–-- Oh. Obrigada. --- ela pega o telefone e disca o número.

–-- Ainda vai querer café, milady? --- Miranda pergunta, agachada para pegar a bandeja.

Milady...

–-- Oh, não. Obrigada.

Enquanto ainda está chamando, ela vê Shartene e Miranda levando a bandeja com a xícara ainda cheia , e Drácula desviando o olhar de descontentamento de Ivan. Alguém atende. Ufa!

–-- Alô.

–-- Alô, madrinha, sou eu, Luana.

–-- Onde você está, Luana? --- a preocupação em sua voz era reconhecível.

–-- Acabei passando do ponto perto de casa, dinda. O ônibus me deixou em um lugar bem longe.

–-- Ah, meu Deus...

–-- Mas, calma, já comprei os seus remédios.

–-- E eu lá quero saber de remédio, sua boba? --- sua madrinha se exalta, a voz embargada. --- Quero saber como você está!

–-- Estou bem, dinda. Não se preocupe. Vou ver se consigo pegar uma carona e ir para casa.

–-- Carona?! --- a madrinha grita. --- Você quer ser estuprada, menina?!

–-- Não, madrinha, vai ficar tudo bem. --- diz para tranquilizá-la.

O pior é que nem sabia o que fazer. Já estava quase entrando em pânico.

–-- Com sua permissão... --- Luana nota Drácula pegando o telefone e colocando no ouvido. O que ele iria fazer? --- Boa noite, madame. Sua afilhada se perdeu, e já vou levá-la para sua casa. Não se preocupe.

Ele... iria levá-la para casa?

–-- Sim... sim... Não, não. Não se preocupe... Sim.

Estava com pena dele naquele momento. Do jeito que sua madrinha era estressada...

–-- Tudo bem. La revedere. --- ele se despede no que parece ser uma língua romena e desliga o telefone, olhando para ela. --- Pronto, Milady...?

–-- Luana.

–-- Pronto, Bela Lua. Tudo resolvido. --- ele se levanta. Vou te levar para casa. Venha.

Bela Lua? Mas o que esse cara tem na cabeça?

Luana aceita a mão estendida dele e se levanta.

–-- Então, vocês já vão? --- Ivan pergunta.

–-- Sim. Obrigada, seu Ivan. Foi um prazer conhecê-lo.

–-- Igualmente. --- ele sorri, e se dirige ao mais novo. --- Cuide dela, hein... Drácula. Ele enfatiza o "Drácula" com uma certa ironia.

–-- Pode deixar. --- Drácula pega um casaco no cabideiro e dá para ela. --- Está frio. --- ele sorri.

O homem era mesmo muito bonito. Era como se fosse uma versão mais velha de David. Era estranho. Eles eram muito... parecidos.

Drácula abre a porta para Luana passar primeiro. Luana veste o casaco e se agasalha. Realmente estava frio. Ela olha para o lado. Havia uma carruagem bem pomposa, meio no estilo século XVII, toda adornada de vinho e algo que parecia ser ouro. Na frente, dois cavalos imensos e negros com caras de mau relincham e batem com seus cascos no chão. A imagem era um tanto... medonha.

–-- Vamos, Bela Lua. Vamos até o carro.

Carro? Que carro?

Luana olha novamente. No mesmo lugar da carruagem com os cavalos medonhos estava uma Lamborguini vermelha com detalhes dourados.

Ué? Mas, cadê a carruagem?

Ela pisca duas vezes. Devia ter sido imaginação.

Eles chegam até o carro de luxo, e Drácula abre a porta do carona para ela.

Que cavalheiro!

–-- Obrigada.

Ela entra no carro, e o vê contornando o carro para abrir a porta do motorista. Uma vez lá dentro, ele sorri para ela.

–-- Não precisa se preocupar. Vou te levar sã e salva.

Seu medo era tão aparente assim? Mas, apesar de temer um pouco aquilo tudo, era evidente que o homem era um cavalheiro. Parecia com David na aparência, mas não no jeito. Não que David não fosse um cara legal, é que ele era muito... selvagem.

–-- Pronta? --- Drácula pergunta, tirando-a de seus pensamentos.

–-- S-Sim. --- ela sorri para ele, que lhe sorri de volta. --- Mas, é que... eu não sei direito o caminho...

Ele sorri, tranquilizando-a.

–-- Não se preocupe.

Ele roda a chave e arranca com o carro. Estava tão rápido que ela teve que se segurar no banco. O carro passa pelos portões abertos.

Quem abriu os portões?

–-- Não se preocupe, Bela Lua. Logo, logo chegaremos em sua casa.

–-- S-Sim.

Que bom. Mal podia esperar para chegar em casa... apesar de não poder mais ver o tal de Drácula.


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Notas finais do capítulo

O que será que vem pela frente? Será que Luana chega em casa a salvo? Será que ela e Drácula vão voltar a se ver? E o que será de David.
Isso nós veremos nos próximos capítulos.

Vcs tbm podem acompanhar no blog oficial: http://chrissykellerbooks.blogspot.com.br/



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