A Noiva do Drácula escrita por Chrissy Keller Books


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Pra escrever esse foi um porre. Mas até que valeu a pena.

Se quiserem, também podem acompanhar pelo blog oficial: http://chrissykellerbooks.blogspot.com.br/2016/01/a-noiva-do-dracula-capitulo-16.html



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O bar era um tanto barulhento. Apesar de ter só músicas da antiga, era bem movimentado. 

Os carros de David e Fred estacionam em frente ao bar. Fred desce do carro e o contorna, abrindo as portas dos lados de Jéssica e Luana.

Luana desce do carro, olhando encantada para o bar movimentado. Fred dissera que era um bar, porém parecia mais uma discoteca. Ela olha de esguelha para o carro já estacionado de David. Ele estava segurando a mão de Nina, ajudando-a a sair do carro. Ambos estavam sorridentes. Luana consegue sorrir. Estava feliz que David estava começando a se entrosar com os demais. Bem melhor do que vê-lo a beira das sombras. Afinal, Nina era uma boa mulher, e saberia alegrá-lo. Jéssica a abraça por trás, sorrindo de alegria.

—-- Ai, Luana. Mal posso esperar! --- diz, entusiasmada.

Luana se vira do abraço e encara a amiga, sorrindo.

—-- Para dançar a noite inteira até cansar?

—-- Também. --- Jéssica solta Luana com um sorriso bobo no rosto. --- E por outra coisa. --- Jéssica faz um gesto com o olho, apontando para Fred.

Luana olha para Fred. Ah, sim, se lembrava. Seria nesse bar que Fred pediria Jéssica em namoro. Luana sorri para sua amiga. Estava muito feliz por ela. Depois de dois anos de um amor quase platônico, finalmente eles ficariam juntos de verdade.

—___________________________________________

Era impressão dele, ou Luana estava olhando enquanto ajudava Nina a sair do carro? David bufa.

Grandes coisas ela ter olhado, quando nem ao menos quis vir comigo.

—-- David. --- Nina chama-o, ainda sorridente.

—-- Ah, oi.

Ela segura sua mão, olhando em seus olhos.

—-- Vamos entrar?

David olha para os outros que já estão entrando no bar. Ele olha para Nina e sorri.

—-- Ah, sim. Vamos.

Era um tanto estranho estar de mãos dadas com Nina. A mão dela era um tanto suave, mas não se comparava com a textura macia das mãos delicadas de Luana. Nos dois anos que tinha conhecido Nina, David sabia que ela era uma mulher meiga, delicada e divertida. Era, também, muito dedicada e sensata. Além de bonita, claro. Por quase todo o tempo que morara na cidade tinha recebido inúmeras cantadas de todo o tipo de mulher, todas muito atiradas. David não gostava de mulheres atiradas. Ou melhor, não gostava de nenhuma mulher, a não ser Luana. Por mais interessante que Nina fosse, era Luana quem ele queria. E hoje, no melhor clima de festa, conversaria com ela. Iria saber o que estava acontecendo com ela. Chega de joguinhos!

Afastando-se de seus pensamentos, David sorri para Nina e segura sua mão, entrando no bar.

—__________________________________________

Ele estava segurando a mão dela. Mais pareciam um casal de namorados daquele jeito.

—-- Aqui, gente.

Jéssica aponta para uma mesa no canto do bar onde tinha um sofá vermelho de couro em volta. Luana se adianta a sentar e vê uma Jéssica muito apaixonada chegar com um Fred também muito apaixonado. Nina também estava com um sorriso de boba apaixonada segurando a mão de David que, por sua vez, não encarava Nina, mas a ela com aqueles olhos predadores. Como ele podia estar tão “envolvido” com Nina – por falta de palavra melhor – e encará-la daquele jeito como se quisesse arrancar sua roupa? Luana desvia o olhar, envergonhada.

—-- Ai, gente, que lugar legal. --- Jéssica fala, sentando-se à mesa, ao lado de Luana.

Fred se senta ao lado de Jéssica, e Nina senta ao lado de David, que está bem ao seu lado, deixando-a no meio.

Do meu lado. Ah, meu Deus, ele está do meu lado.

—-- Então, Nina. Hoje à noite promete? --- Jéssica pergunta a Nina, dando uma piscadela num sinal sugestivo.

O quê?

Luana olha para Nina, que está arregalando os olhos para Jéssica como um tipo de mensagem secreta, sorrindo de orelha a orelha, olhando rapidamente para David. Ela suspira, olhando de esguelha para David, que a encarava de volta com algo pecaminoso no olhar. Se Nina estava rosa depois de comentário de Jéssica, Luana já estava começando a ficar vermelha. Como eles não reparavam no olhar que ele estava dando para ela?

—-- E aí, gente. --- Fred pergunta, olhando para todos. --- O que vamos pedir para beber?

—-- Ah, amor. Seria melhor se pedíssemos algo para comer também. --- Jéssica sugere, praticamente se jogando em Fred. --- Beber sem comer nada faz mal.

—-- O que vocês sugerem, então --- ele pergunta.

—-- Pode ser um petisco. --- sugere Nina.

—-- O que para petisco? --- Jéssica pergunta.

—-- Pode ser uma batata-frita? --- a voz de David surge, surpreendendo a todos, que o encaram.

Nina sorri para ele.

—-- Eu topo.

—-- Também topo. --- diz Jéssica, lançando um olhar cúmplice para David e Nina.

—-- Ok, então. Batata-frita. --- Fred se levanta. --- Ei, David, tem como você vir me ajudar a pegar as coisas?

—-- Claro. --- David se levanta. --- Ãh... Nina... --- ele pede mais espaço para Nina deixá-lo passar com um gesto educado.

—-- Ah, sim. Desculpe. --- Nina abre mais espaço para ele. --- Não demore.

Luana olha para David e para Nina. Será que eles?...

Quando Fred e David se afastam, Jéssica se debruça na mesa, segurando a mão de Nina.

—-- E aí, amiga, como é que está indo?

—-- Ah, ainda não conversamos muito. --- Nina diz, encabulada.

Luana olha de Jéssica para Nina.

—-- Do que vocês estão falando?

Jéssica solta a mão de Nina e volta a se sentar, olhando para Luana.

—-- Estamos falando sobre David.

—-- Ah... sim. --- Luana respira fundo e encara Nina. --- Você e David estão juntos?

Nina passa a mão no cabelo, alisando-o.

—-- Por enquanto, não. --- ela sorri tímida. --- Mas eu sinto que hoje a noite vai rolar.

Luana não consegue para de encará-la.

—-- É assim que fala, Nina. --- Jéssica sorri. --- Você é tímida, mas David é mais ainda. Você tem que tomar alguma atitude em relação a ele.

—-- Estou tentando.

—-- Eu sei. Mas David é assim mesmo, muito tímido. Não é, Luana?

Luana encara Jéssica. Já estava se enchendo daquele assunto. Mesmo assim, consegue sorrir.

—--Ah. É, sim. Ele é muito tímido.

E intenso.

—-- Mas não se preocupe, Nina. --- diz Jéssica. --- É só você fazer charme.

As duas desatam a rir. Luana tenta rir com s amigas, mas não consegue.

Que droga...

Tinha desistido de ficar com Drácula no intuito de se divertir com os amigos, mas a noite já estava começando a ficar chata. Para não dizer insuportável.

—___________________________________________

David e Fred estavam sentados nas banquetas altas junto ao balcão, esperando a batata-frita ficar pronta, bebendo whisky.

—-- Elas vão ficar malucas se a gente demorar mais um pouco. --- diz Fred.

David bebe um pouco mais de seu whisky. Não gostava muito de ingerir bebida alcoólica, mas aquela estava com o gosto um tanto amargo. David faz uma careta.

—-- O que foi? A bebida está ruim? Ou andou pensando em algo?

David encara a bebida, depois encara Fred.

—-- A bebida que está ruim mesmo. --- ele e Fred sorriem.

—-- Eu acho que está boa. --- Fred diz, bebericando sua bebida.

—-- Valeu, Fred.

—-- Ah?

—-- Por ter me convidado.

—-- Que isso, cara. Você é um amigo.

David dá um sorriso afetado para ele. Que bom que era ainda ser reconhecido como amigo.

—-- Obrigado.

—-- Algo te preocupa, David?

David olha para ele.

—-- O quê?

—-- Você parece... Sei lá, meio impotente.

—-- E estou. --- David acaba com a bebida que está em seu copo numa única golada.Nossa, isso está horrível. --- Muito.

—-- Quer me contar?

David o olha atentamente. Não queria ter que dividir aquilo com Fred, mas era bom desabafar de vez em quando.

—-- Olha, Fred, não posso te contar tudo o que acontece na minha vida, mas posso te dizer o essencial.

Fred pousa o copo na bancada.

—-- Ok. Mas o que é o essencial?

—-- Sua amiga, Nina. Sei que ela está interessada em mim. Mas eu não estou interessado nela.

—-- Ela te disse isso?

David sorri.

—-- Ainda não. Mas dá para perceber.

Fred ri.

—-- É, realmente. Parece que ela está muito afim de você.     

—-- Sim, sei disso. --- David diz, brincando com o copo vazio. --- Mas não quero ter que dar falsas esperanças a ela.

—-- Está afim de outra garota?

David sorri amargamente e olha para Fred.

—-- Exatamente.

—-- É a Luana não é? --- Fred pergunta com um meio sorriso no rosto.

David o encara, mudo. Qual é a desse cara?

—-- Vem cá, você lê mentes?

Fred desata a rir, sendo acompanhado por David.

—-- Não, eu não leio. Por quê?

—-- Já estou começando a achar que você é um vampiro. Já está lendo a mente das pessoas. --- David diz, brincando.

Fred ri.

—-- Vampiro? Acho que você está lendo muito esses livrinhos de romance vampírico.       

Ah, Fred, se você soubesse...

David sorri.

—-- Não preciso ler esses livros.

—-- Nem os filmes?

—-- Nem os filmes.

—-- Batata-frita prontinha no capricho.

Uma mulher alta e loura aparece atrás do balcão com um prato enorme cheio de batata-frita s e lingüiças calabresas recheadas com catchup.

Fred sorri para ela.

—-- Obrigado. Um momento. --- Fred tira a carteira do bolso, enquanto a loura encara David com desejo no olhar. Ele simplesmente ignora. --- Me traga também uma garrafa de vinho. Meu amigo aqui não gostou do whisky.

David continua a ignorar os olhares da loura e nota Fred tirar uma nota de cinqüenta do bolso.

—-- Não, de jeito nenhum.

—-- O quê?

—-- Você não vai pagar tudo isso sozinho. Deixe que eu ajudo no gasto. --- David diz, tirando a carteira do bolso traseiro da calça.

—-- Não precisa, David.                   

—-- Precisa, sim. --- ele olha para a loura. --- Quanto deu?

A loura alta desfaz o olhar de desejo e tenta assumir uma postura profissional.

—-- Bem, cada copo de whisky custa cinco, a garrafa de vinho é cinqüenta, e a abatata com calabresa custa vinte.

—-- Oitenta. --- David olha para Fred. --- Para ser mais justo, cada um paga quarenta.

Fred suspira, convencido.

—-- Ok, então. --- Fred tira duas notas de vinte da carteira, David faz o mesmo. --- Aqui, senhorita. --- Fred estende as notas para a loura, pegando o prato com as batatas.

—-- Aqui. --- David também estende as notas para a mulher, que não para de encará-lo.Era uma situação um pouco constrangedora. Se desse duas notas de cinco, ela nem mesmo notaria de tanto que o encarava. David pega a garrafa de vinho e os copos limpos emborcados um no outro. --- Obrigado.

—-- Espere! --- a loura o chama, quando ele e Fred se afastam do balcão.

Eles voltam a atenção para a loura. Ela pega um cartão dentro de uma gaveta do balcão e estende toda sorridente a David.

—-- Aqui. É o telefone do bar. Se quiser voltar...

David olha do cartão estendido para a loura. Aquela mulher estava dando em cima dele na cara dura. Mas, para ser educado, ele pega o cartão.

—-- Ok. Obrigado.

A loura o retribui com um sorriso sedutor, mordendo o lábio.

Quando eles se afastam do balcão, Fred sorri de soslaio para ele.

—-- David, David, arrasando corações...

David sorri, mais para si mesmo. Na verdade, era o coração dele que estava arrasado.

—-- Que isso, Fred.

—-- A lourinha se interessou em você.

David balança a cabeça em descrença.

—-- Ah, é.

Fred gargalha, olhando para David.

—-- É, David. É a Nina, é a loura... Está fazendo bem seu papel de galã. Quem falta agora?

David fica sério e evita responder, deixando Fred caminhar na sua frente.

Quem faltava...

Quem faltava não queria saber dele.

—________________________________________

Luana poderia dizer que estava se sentindo entediada, mas até que as músicas eram legais. Naquele instante tocava “Say You, Say Me”, do Lionel Ritchie. Ela gostava de músicas da antiga. Eram um tanto relaxantes.

Mas entediada não era bem o caso, apesar de Nina, Fred e Jéssica estarem tagarelando sem parar. A palavra certa era sem fôlego. David não conseguia tirar os olhos dela, até mesmo quando Nina flertava com ele na cara dura. Luana pega mais duas batatas recheadas e come, olhando para tudo, exceto para ele.

—-- E aí, gente. A festa está legal? --- Fred pergunta em meio aos risos de Jéssica e Nina.

Luana sorri para ele.

—-- Muito. --- ela responde, apesar de não estar se divertindo tanto quanto queria.

Fred sorri satisfeito.

—-- Que bom. A música é das antigas, mas dá para aproveitar.

—-- Mas eu gosto de músicas antigas. Acho legais.

Fred torce o nariz, brincando.

—-- É, até que são bem legais.

Ele e Luana sorriem.

—-- O que é que vocês estão falando? --- Jéssica para de falar com Nina, interrompendo a conversa.

Ela estava um pouco alegrinha demais. Nina também estava um pouco, mas não tanto quanto Jéssica. Amava as amigas, mas não queria ter que aturar gente bêbada.

—--Estamos falando sobre as músicas, amor. --- Fred responde. --- Não são legais? --- ele pergunta, passando o braço pelos ombros de Jéssica.

—-- Eu não acho. --- ela emburra a cara. --- Prefiro umas batidas mais pesadas. Essas músicas antigas são muito melancólicas.

Luana sorri para a amiga.

 --- Eu acho legais.

Jéssica toca seu braço.

—-- Mas, fala, Luana. Está gostando?

Luana sorri para ela.

—-- Fred acaba de me perguntar isso. Estou gostando, sim.

—-- Mas...?

Luana franze o cenho, confusa.

—-- Mas, o quê?

—-- Não sente saudade de seu namorado?

Luana se lembra de Drácula e sorri.

—-- Ah, sim. Ele não é meu namorado, é meu noivo. --- ela toma um gole do vinho de seu copo. --- E até que estou sentindo a falta dele, sim.

Jéssica também toma um gole do vinho e a encara.

—-- Estaria louca se não estivesse.

—-- Hum? Louca? Por quê?

—-- Um cara que te dá uma aliança como essa aí --- Jéssica aponta a aliança com um gesto. --- e você não sentir falta... Só mesmo estando louca.

—-- Jéssica, não estou com ele pelo dinheiro.

—-- Eu sei. Mas ele te conquistou, não foi? Para logo quererem se casar.

Luana sorri. Era verdade. De todos os homens com quem se relacionara Drácula a conquistou de um modo inexplicável. Além de ser lindo e gentil, era um verdadeiro cavalheiro. Não tinha como não gostar dele.

—-- Sim. Foi meio que um amor à primeira vista. --- Luana diz, se lembrando dos acontecimentos.

Jéssica a olha atentamente, bebericando mais um gole de vinho. Ah, não. Se Jéssica continuasse daquele jeito, iria acabar ficando bêbada.

—-- Você o ama?

—-- Como? --- Luana pergunta, surpresa.

—-- Você o ama? --- Jéssica volta a perguntar.    

Luana desvia o olhar, pensando bem na resposta. Será que o amava? Será que o que sentia por Drácula era tão forte que poderia ser identificado com amor?

—-- Er... Sim. Acho que sim. --- responde, tentando soar convicta.

Jéssica a encara, olhando no fundo de seus olhos.

—-- Você acha, ou tem certeza?

—-- Ai, gente, vamos! --- surge a voz animada de Nina, interrompendo a conversa.

Jéssica encara Nina, confusa.

—-- Vamos para onde?

—-- Dançar um pouco. --- Nina sorri. --- Minha bunda já está doendo aqui. --- diz, fazendo uma careta.

—-- Ok. --- Jéssica diz, e olha para Luana. --- Você vem?

—-- Não, não, obrigada. --- ela sorri educadamente. --- Vou ficar aqui por enquanto.

—-- Ok, então. --- Jéssica se levanta, pegando sua bolsa, e se abaixa até o ouvido de Luana. --- Mas a senhorita não escapa daquela conversa.

Luana desvia o olhar para seu copo ainda na metade. Pela primeira vez na vida gostara da interrupção de Nina.

Jéssica se levanta e puxa a mão de Fred.

—-- Você, vem.

Ele sorri para ela.

—-- Claro, amor.

Fred sai, dando espaço para Jéssica passar. Nina estava falando algo no ouvido de David. Luana franze o cenho. Será que eles estavam ficando mesmo? Nina sorri para ele e caminha ao lado de Fred e Jéssica, rumo à pista de dança. Até que a música era legal: La Bamba, de Los Lobos.

Luana olha para David. Tinha apenas os dois ali. Se soubesse que ele iria ficar, já teria ido com os outros. Gostava muito dele, como amigo. Mas ele simplesmente queria mais, e isso ela não poderia dar. Além de emanar perigo por todo o seu corpo. David era uma boa pessoa, mas ele era muito sinistro. Naquele momento ele estava parado, olhando fixamente para seu copo ainda cheio de vinho. Parecia que ele não tinha dado um gole sequer.

Qual o problema dele?

—___________________________________________

Sangue.

Aquele vinho parecia sangue.

A cor, a textura, o cheiro... até mesmo o gosto.

David dera um gole para não dar mais. O whisky também estava ruim, mas nada que fosse comparar com aquele vinho.

Não é possível...

Já não tinha acordado com o raiar do Sol, agora isso?

Não. Ele não queria sentir sede de sangue, pois sabia o que iria acontecer. Ficaria completamente descontrolado, e não queria aquilo.

Oh, céus...

Então, ele percebe. Nina tinha falado para ele que iria dançar um pouco. Jéssica e Fred também foram. Só restavam Luana e ele naquela mesa. Ele a olha atentamente, que mais parecia um ratinho encurralado por um gato. Com certeza devia estar com medo dele.

Ele sorri para ela.

—-- Luana.

Ela dá um meio sorriso.

—-- David. Por que não foi?

—-- Dançar?

—-- Sim.

Dava para ver que ela estava engolindo em seco.

—-- Não gosto muito. --- ele sorri. --- Que bom que você está aqui.

Ela assente, meio nervosa.

—-- É-É.

Ele a analisa bem. Assim como ele, ela estava toda de preto. Estava linda, exceto por aquela maldita aliança que envolvia seu dedo.

Ele chega mais perto dela que, por sua vez, recua um pouco.

Pronto. Começou o jogo de gato e rato.

—-- Luana, fique aí. --- ele diz com a voz grave. Aquele jeito dela de sempre querer fugir dele o irritava. Ela estava parada, olhando-o com medo. David respira fundo e abranda um pouco mais sua expressão. --- Desculpe. Não queria falar desse jeito com você. Só me deixe chegar um pouco mais perto.

—-- S-Sim. --- ela gagueja, assentindo.

David chega tão perto ao ponto de ficar a pouquíssimos centímetros dela. Podia sentir sua respiração alterada, o levantar e abaixar de seus seios. Oh, seus seios... Ela era tão perfeita...

Luana o encara, com menos medo que antes.

—-- O que você quer, David? --- sua respiração ainda estava um pouco alterada.

Boa pergunta. O que mais ele queria? Ser um homem normal? Ter os pais de volta? Ter Luana só para ele? Eram tantas coisas...

—-- Você, Luana. --- responde sincero. --- Eu quero você.

A respiração dela altera mais ainda.

—-- David, você sabe que eu estou noiva de outro cara.

Luana levanta a mão onde está o anel para mostrá-lo, mas David a abaixa com um movimento abrupto.

—-- Não! --- ele encara os olhos arregalados de Luana. --- Não precisa me mostrar essa aliança de merda. --- ele solta a mão dela. --- Não precisa esfregar na minha cara que você ama outro.

—-- D-David, eu... --- Luana gagueja.

Os olhos dela, de medo, passaram para pena. Ele não queria a maldita pena dela!

—-- Eu não quero sua pena, Luana. --- ele diz, com a voz dura, encarando-a como um predador. Sua pena é a última coisa que quero.

Ela olha no fundo de seus olhos e abaixa a cabeça.

—-- Luana. --- ele a chama, segurando gentilmente o queixo dela para fazê-la olhar para ele. --- Não tem nenhuma forma de eu fazer você me amar?

Ele encara os olhos castanhos que o encara volta. Podia sentir aflição ali. Podia sentir a dúvida em seu olhar.

—-- David, eu... --- Luana tenta olhar para qualquer canto, menos para os olhos dele. --- Eu não posso...

David suspira frustrado.

—-- Nem mesmo como um amigo?

Ela volta a olhar para ele. David solta seu queixo, colocando uma mecha de cabelo dela para traz da orelha.

—-- Você é meu amigo, David.

—-- Não, Luana, eu não sou. Pelo menos não é assim que você me vê. --- diz com a voz dura. --- Cada vez que eu falo com você, cada vez que eu toco em você, você é hostil a mim.

—-- Me desculpe. --- ela diz com a voz quase inaudível.

—-- Eu não quero suas desculpas, merda! --- ele ralha, fazendo-a pular de susto. --- Eu não quero suas desculpas! Eu só quero você, Luana. --- diz desesperado de paixão. --- Do jeito que for.

Ela tenta se afastar, mas ele a impede.

—-- O que é, Luana? Vai fugir de novo? Vai me ignorar, como sempre? --- David aninha os dedos no cabelo dela, fazendo-a olhar para ele. --- Por que você é tão hostil a mim, Luana? Por quê? --- pergunta desesperado. --- O que foi que eu fiz para você?!

Ele a encara, fervendo de ódio. Luana tinha uma forma de súplica nos olhos. Mas, o que ela tanto escondia? O que tanto temia?

—-- Por favor, David...

—-- Não, Luana. Me fale!

Ela abaixa os olhos para depois voltar a olhar para ele, mas com os olhos lagrimando.

—-- Porque você me assusta.

Mas, o quê?

David não podia crer naquilo que ouvira. Ele a assustava?!

Ele a olha, sem entender, tirando a mão de seus cabelos.

—-- M-Mas... Eu te assusto? --- pergunta, consternado. --- Como?

Ela respira fundo antes de encará-lo com aqueles lindos olhos castanhos.

—-- Bem... Isso foi há um ano.

Um ano... De novo isso.        

—-- Como?

Ela o olha hesitante.

—-- Você começou a ficar estranho. Mal falava comigo e com os outros. Vivia num canto o tempo todo. --- ela pausa um pouco antes de tornar a falar. --- Ficava me encarando desse jeito... --- ela olha para outro canto que não seja os olhos dele. --- E ainda encara!

David, atônito, ri mais para si mesmo do que para ela.      

—-- Ah, então você deixou de falar comigo só porque eu mudei? --- ele pergunta incrédulo. --- Não estou acreditando nisso! --- ele a encara, com raiva. --- E o que eu mais não posso acreditar é que você disse que eu não falava com você. --- ele ri com desgosto. --- Luana, eu vivia tentando falar com você, tentando chamar sua atenção. --- ele diz com os dentes cerrados. Estava prestes a perder o juízo. Mas tinha que se acalmar. Não queria assustá-la. Só o pensamento o faz rir novamente. --- Assim como agora. Mas você sempre me ignorava. Assim como agora!

David fala mais alto, já não conseguindo se controlar de tanta raiva. Luana recua para longe dele.

—-- Luana, vem aqui! --- ele chama-a, mal se controlando de tanta raiva.

—-- Não, David. Nossa conversa acabou. --- ela diz se contorcendo para fora do sofá.

Luana consegue sair antes que David consiga alcançá-la.

—-- Luana, vem aqui AGORA! --- David chama-a já gritando.

—-- Tchau, David. --- ela diz, olhando-o com os olhos lagrimando, e começa a correr em direção à pista de dança para perto dos outros.

David a vê indo embora e usa todo o seu alto controle para não socar a mesa do bar, como fez com a do escritório.

—-- INFERNO!!

—-- Ele tenta se controlar, mas sem sucesso. Era isso o que ela queria? Tudo bem, então, Luana. Você não perde por esperar. Eu juro!

—__________________________________________

—-- Ah, meu Deus...

Luana põe a mão no coração que batia acelerado. Nunca ter que lidar com David seria fácil. Ele estava ficando melhor do que antes. Seria melhor ficar longe dele.

—-- O que foi, Luana? --- Jéssica para de dançar, olhando preocupada para ela. --- O que houve? Você está branca como um papel. Aconteceu alguma coisa?

Luana tenta sorrir para ela. Não queria ter que contar o ocorrido para ela.

—-- Não. --- diz tentando acalmar as batidas frenéticas de seu coração. --- Está tudo bem.

Jéssica a olha com desconfiança.

—-- Tem certeza?

Luana sorri.

—-- Claro. Só bebi demais.

—-- Ok, então. Jéssica sorri e segura sua mão. --- Vamos dançar.

—-- Ok. --- Luana olha em volta e repara que Fred e Nina não estão na pista. --- Jéssica, onde estão Fred e Nina?

Jéssica também olha em voltada pista de dança, procurando-os.

—-- Sei lá. Devem ter ido descansar um pouco.

—-- E você? Não vai descansar?

Jéssica ri alto.

 --- Descansar? Que nada, eu quero dançar. --- Jéssica puxa Luana até o centro da pista quando começa a tocar Livin on a Prayer, do Bom Jovi. --- Ai, adoro essa música!

Luana sorri com o entusiasmo da amiga. Ela respira fundo. Bem, o remédio seria dançar para esquecer as coisas ruins.

—_________________________________________

Que ódio...

David estava sentado em uma das banquetas observando Luana. A vontade que sentia era de arrastá-la pelos cabelos até os confins da Terra para tê-la só para ele. O mais engraçado é que ela estava lá, dançando e rindo como se nada tivesse acontecido. E aquilo o matava de ódio. Se ela ao menos pensava que aquilo que acabara de acontecer o afastaria de vez, estava muito enganada. Agora mesmo que ele iria partir para cima. Fazê-la se derreter ao seu mais leve toque. Não era só porque ela fazia questão de ignorá-lo, ou porque estava noiva de um imbecil qualquer que ele iria desistir do amor que sentia por ela. Mas não mesmo!

—-- David. --- Fred o chama, tirando-o de seus pensamentos perversos. Estava acompanhado de Nina.

—-- O que foi? --- tenta perguntar com um tom mais calmo.

—-- Você está bem? --- Fred pergunta. --- A gente não viu você na pista.

David olha para os dois.

—-- Não gosto muito de dançar.

—-- Ah... ok... --- Fred se dirige à Nina. --- Nina, poderia nos dar licença um minuto?

—-- Ah, sim. Claro. --- Nina responde sem entender.

Fred deixa Nina sozinha puxando David para outro banco mais distante.

—-- O que houve, cara? --- pergunta em um tom baixo.

—-- O que houve, o que?

—-- Você está com uma cara sinistra, cara. Parece até que quer matar alguém. E, por coincidência, vejo Luana com uma cara estranha.

David desvia o olhar, irritado.

—-- Não foi nada. Nós discutimos, só isso.

—-- Discutiram feio, então.

David não responde. Estava com muita raiva para poder argumentar alguma coisa.

—-- Cara, esquece ela. --- David o encara como se ele fosse louco. --- Mas é verdade, David. Sabe que ela nunca vai querer você. Sabe que ela ama esse tal do noivo. Esquece, cara!

David sorri amargamente.

—-- Nunca, Fred. --- diz enfaticamente. --- Nunca vou desistir dela. Ela é minha. --- diz com os dentes cerrados.

—-- Tenha um pouco de amor próprio, cara. A garota não te quer. --- Fred diz quando David começa a rir. --- Entenda isso! A Nina, coitada, ela é doida por você. Ela gosta de você, David.

David para de rir e o encara irritado.

—-- E eu com isso?

—-- David... por favor, dê uma chance à ela.

David olha mais adiante onde Nina está. Ela estava encarando eles. Parecia que ela realmente gostava dele. Isso era óbvio depois de tantos flertes que lhe dera. Mas e Luana? David olha para a pista de dança onde Luana e Jéssica dançavam agora ao som de “You Give Love a Bad Name”, também do Bon Jovi. Parecia feliz. Longe dele, principalmente.

Não por muito tempo, Luana.        

David encara Fred mais uma vez e o afasta, indo em direção aonde Nina estava. Ela o encara apreensiva.

—-- Nina. --- ele chama-a. --- Vamos conversar?

—___________________________________________

Luana já estava incomodada com o olhar de Jéssica. Tinha lhe contado que seu noivo se chamava Drácula, e o que ele era na verdade. Agora Jéssica a olhava como se ela fosse louca. Ambas estavam no banheiro feminino, poucas mulheres entrando; Jéssica encostada na pia e Luana encostada numa parede em frente à ela.

—-- O que é, Jéssica? --- Luana ralha, já perdendo a paciência com o silêncio de Jéssica.

Jéssica a encara mais uma vez e arqueia as sobrancelhas surpresa.

—-- Bem, amiga... --- diz Jéssica depois de um longo tempo calada. --- Acho que você está ficando louca.

Luana a encara, absorvendo a informação. Realmente era louca por ter lhe contado aquilo. Não deveria ter contado, mas já que ela insistira tanto... Luana também achava que estava louca quando vira e ouvira aquelas coisas de Drácula. Mesmo agora, depois de dois dias do ocorrido, ainda achava que estava louca. Que nada daquilo acontecera.

—-- Sei como é difícil acreditar; eu mesma acreditei. Mas é a verdade. --- Jéssica ainda a olha como se ela fosse louca. Luana suspira quase desistindo. --- Eu juro, Jéssica. Você acha mesmo que eu contaria uma coisa dessas se não fosse verdade?

—-- Então, você quer me dizer que não só conhece vampiros, como está noiva do mais poderoso dos vampiros? --- Jéssica pergunta sarcasticamente.

Luana franze o cenho confusa.

—-- Mais poderoso? Por quê?

Jéssica ergue as sobrancelhas.

—-- Ué, vai dizer que você nunca leu livros sobre vampiro? Drácula é, nada mais nada menos, que o criador e mais poderoso dos vampiros.

Mais poderoso? Criador? Nossa, aquilo era um tanto novo para ela. Sabia que Drácula era poderoso, mas não o mais poderoso de todos os vampiros. E como assim a história dele estava nos livros?

—-- Bem, eu... Eu não sabia. Mas o que eu estou dizendo para você é a verdade, e você tem que acreditar em mim. E eu vou fazer você acreditar em mim. --- Luana diz decidida.

—-- Olha, Luana, você vai ter que ser muito boa nisso. --- Jéssica desencosta da pia. --- Vamos voltar?

Luana sorri. Estava claro que aquela missão não seria nada fácil. Nem ao menos queria contar! Mas agora que já tinha falado faria todos eles acreditarem nela. Desde que aquilo não interferisse na vida privada de seu noivo e dos outros, claro.

Jéssica e Luana chegam à pista de dança prontas para arrasar novamente. Luana agora estava mais alegre, e não era por conta da bebida, mas as brincadeiras de Jéssica a fez se esquecer de seus problemas com David. Não que Jéssica soubesse, é claro. Luana não queria que ninguém soubesse dos problemas que enfrentava com seu melhor amigo. Ela e Jéssica dançam com toda a energia a música “What a Feeling” quando a amiga para de dançar para falar no seu ouvido.

—-- Vou guardar as bolsas. --- Jéssica tenta falar mais alto que a música. --- Volto já.

—-- Ok.

Luana observa Jéssica ir de encontro ao Fred que estava sentado na mesma mesa onde todos estavam antes. Luana sorri. Mas é claro que ela não tinha ido lá apenas para guardar as bolsas. Ela franze o cenho. Nem David e nem Nina estavam lá. Vai ver que David tinha ido embora depois do ocorrido, e Nina tinha ido ao toilete. Luana abaixa a cabeça derrotada. Não queria que David fosse embora daquele jeito. Queria tanto que as circunstâncias fossem diferentes para os dois. Ela suspira frustrada. Nunca mais sua amizade com David seria a mesma.

Então Luana, por alguma razão, levanta a cabeça na direção do balcão com as muitas banquetas ocupadas por clientes. E em uma delas estavam Nina e David se beijando.

 


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Notas finais do capítulo

Por essa acho que ela não esperava...
É brabo.

Continuem acompanhando, porque a próxima promete.



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