Cheers And Champagne escrita por Sango Soryu


Capítulo 1
Adeus Ano Velho




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 Tinha acabado de terminar com Ruki naquela noite. Realmente não era a melhor maneira de se passar a virada do ano, mas teria que fazer isso de uma vez por todas. O pequeno já não o amava mais, amava Reita, como não percebeu isso antes?

 O acompanhante da noite de Uruha era apenas uma garrafa - a segunda - já quase vazia de champagne. O loiro nunca dispensou uma bebida e, principalmente nessas horas, elas eram suas melhores amigas.

 Estava fitando o céu estrelado da sacada, a noite estava tão bonita, tão calma... Mas a agitação atrás de si não o alegrava em nada, apenas servia para lembrá-lo de que estava sozinho em época de festa, que estava sofrendo enquanto outros amavam. Que angústia horrível era aquela que se apossava de seu coração? Se fosse assim pelo resto do ano que agora se iniciava, jurou para si mesmo que cortaria os próprios pulsos, mas não agüentaria um ano inteiro apenas com as garrafas como companheiras.

 Virou-se para fitar a festa que ocorria atrás de si e estava tudo tão bonito. As decorações, balões, a música, vários rostos felizes conversando e rindo, por que tinha que acontecer justo com ele? E por que justo naquela noite?

 - Olha só pra ele. - Mirou Ruki que já dançava com Reita na pista - Parece que já me esqueceu. - Começou a gargalhar, gargalhava da própria solidão, talvez pela adição de álcool, ou talvez ria para não chorar. Mas não adiantou. Lágrimas se misturavam às suas risadas e logo se transformavam em soluços.

 Cada gota que saia de seus olhos castanhos com um significado, uma ância, um desejo. Cada soluço como um grito, uma exclamação, uma mensagem do coração que não podia falar por si só, e que doía mais do que a própria alma.

 Em meio a tantos pensamentos nem notou a aproximação de um moreno que vinha por trás, até sentir uma mão em seu ombro.

 - Ei, tudo bem com você? - perguntou o homem que se aproximava cada vez mais em tom preocupado.

 - Vai embora, não preciso de nenhum mala me consolando agora, quando precisar te chamo. - disse com dificuldade tirando a mão que se apoiava no seu ombro. Mas o moreno insistente continuou por lá e se sentou ao seu lado.

 - Credo, Uru. Falando assim até parece que não é mais meu amigo. - disse fazendo um bico falso, fingindo ligar para isso.

 - Ah vá, Aoi! Me deixa!

 - Por que você tá assim? - olha na mesma direção do olhar do loiro e entende o porquê disso tudo - É por causa do Ruki?

 - E se for? O que te importa? - ressalta Uruha com a mesma voz embriagada e já perdendo a paciência com o moreno.

 - Ow, calma! Eu só quero conversar.

 Agora ambos ficaram em silêncio, Uruha voltava a se perder no vasto negro céu estrelado envolto em seus pensamentos abstratos e sentindo o vento calmo lhe acariciar a face. Estava com frio. Fechou os olhos para tentar esquecer que dia era aquele e se abraçou para dispersar o incomodo arrepio que lhe percorria o corpo. Mas sentiu algo mais quente do que apenas os próprios braços, sentiu outro corpo se amoldar ao seu, mais alguns braços lhe envolverem e outro arrepio, mas esse não era incomodo, era uma sensação boa a se aposar do seu corpo e era... Quente.

 - A... Aoi...?

 - Se continuar assim vai pegar um resfriado, Uru. - sussurrou Aoi ainda abraçando as costas do loiro e sentando-se ao seu lado - Não fica assim, Uru. As coisas vão melhorar, anime-se! Sabe o que eles falam, não é? Ano novo, vida nova!

 - Mas como é possível viver uma vida nova se não tem por onde recomeçar?

 - Tentando de novo, esquecendo o passado! Hakuna Matata, Uruha!

 Aoi gargalhou um pouco e abraçou mais forte o loiro que parecia não querer se animar nem um pouco com o que quer que ele dissese o que o fez ficar sério novamente.

 - Se você veio pra tirar sarro da minha cara então pode ir embora.

 - Não foi pra isso que eu vim, vim pra tentar te animar. É ruim ver que todos estão se divertindo com os amigos menos você, então vim te fazer companhia.

 - E você vai perder a diversão por minha causa? - Uruha ainda não perdera o tom frio nas palavras e não encarava Aoi de jeito nenhum.

 - Eu decido com quem quero passar a última noite do ano. E achei que seria mais divertido passar a noite aqui com você. Sem falar que as estrelas estão lindas, não é?

 Aoi mira Uruha com um sorriso calmo no rosto. Típico dele, mas uma ação tão típica que sem explicações fez Uruha corar e afirmar com a cabeça em resposta.

 - A hora que quiser desabafar, pode falar, ok? Estou todo ouvidos. - Aoi pega a garrafa de Uruha que estava no chão e dá um gole nela também, esperando o silêncio do loiro por um tempo, mas aconteceu o que não esperava.

 - Arigatou, Aoi...

 E antes que o moreno pudesse terminar seu gole sentiu-se abraçar forte pelo loiro, quase o fazendo engasgar de tão de repente que fora. O mais novo afundava o rosto no peito do mais velho chorando mais um pouco, o que quebrava o coração do mesmo.

 - Uru... - sem palavras, apenas acariciava os fios loiros do outro.

 - Pensei que... Fosse passar essa noite sozinho... - era atrapalhado por um soluço -... Mas você... Foi o... Único... Que se preocupou comigo... Arigatou.

 Aoi sorriu e suspirou. Respeitou o sofrimento do mais novo em silêncio, apenas esperando para que Uruha se abrisse com ele quando quisesse e, enquanto isso, continuava a afagar os fios loiros.

 - E é... Muito difícil, começar um ano novo vendo a pessoa que dizia que te amava ontem, tão normal e displicente dançando com outro na pista. É uma sensação horrível.

 - Tudo bem, Uru. Eu sei exatamente como é.

 Uruha piscou algumas vezes confuso e fitou Aoi com o mesmo ar de dúvida.

 - Sabe, é?

 Aoi sorriu daquele mesmo jeito adorável e continuou enquanto ao fundo podiam-se ouvir várias vozes fazendo a contagem regressiva.

 - Sei sim. É difícil começar um ano novo vendo a pessoa que ama chorando e infeliz. Eu te amo, Uruha.

 Final da contagem e início de um novo ano. Vários fogos de artifício explodiam nos horizontes e iluminavam o antes céu escuro, deixando a paisagem maravilhosamente colorida e os olhos de Uruha que refletiam toda essa beleza, agora mais abertos e marejados, mas não de tristeza, mas de alegria.

 Ao som dos fogos os dois se beijaram. Uruha afundou as mãos nos fios da nuca de Aoi para aprofundar o beijo e num ato de não querer se separar de Aoi, como se fosse o último beijo de sua vida.

 Aoi sorriu em meio ao contato que lhe era oferecido, feliz por ser correspondido. Beijava Uruha na mesma intensidade e se virava melhor para apreciar o beijo, enlaçando a cintura de Uruha com seus braços.

 Ao término do beijo estavam um pouco ofegantes e Uruha tremia um pouco com a face bem corada. Várias pessoas dentro das salas se abraçavam e brindavam, riam como nunca e os fogos ainda colorindo o céu noturno de um novo ano. Aoi alcança a taça que havia deixado em cima da mesinha da varanda e a enche novamente com a champagne da garrafa, entregando a mesma de volta para Uruha.

 - Feliz ano novo, itoshii.

 - Hai. - sussurra Uruha em um tom tímido - Feliz ano novo.

 Os dois brindaram e deram um gole na champagne, logo em seguida se beijaram novamente, cada um sentindo ainda o gosto frizante da bebida na boca do outro. Um ano novo e um início de vida nova para ambos.


[Fim]

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Notas finais do capítulo

Feliz 2008, people! /o/



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