Somebody's Watching Me escrita por Mad Naomi


Capítulo 1
Como Foi o Último Dia


Notas iniciais do capítulo

ALÔOOO!
Bem, essa história de capítulo único é uma das primeiras que posto aqui no Nyah!
Simples obra inspirada na música e clipe Somebody's Watching Me do Rockwell com apenas algumas mudanças necessárias.
Recomendo que vejam a tradução e o clipe antes ou depois de ler (para melhor compreensão.)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648759/chapter/1

Todos os dias sou acordado pelo meu cachorro por volta das oito da manhã. Como deixo ele dormir no quarto comigo, quando desperta, Paco começa a latir para que eu vá abrir a porta. E lá vou eu.

- Bom dia pra você também, Paco. - Digo enquanto destranco a porta e o vejo correndo para a sala. Após isso, começo a me preparar para ir trabalhar.

Sempre deixo a luz da sala acesa, e a casa arrumada e muito bem trancada antes de sair às nove. Me mudei para esse bairro há duas semanas, por causa do meu novo emprego. Não conheço nenhum dos vizinhos e fico apenas de minha casa para o trabalho. As residências encontram-se quase coladas umas nas outras, divididas apenas por um cercado de grades pintado de branco. Meu novo lar, assim como a maioria das moradias do bairro, tinha uma pequeno jardim apenas de grama na frente com uma passarela de pedras que leva até a porta e tinha também um primeiro andar.

- A rua está sempre tão movimentada. - comento para eu mesmo enquanto ando até o carro. Depois de tirá-lo da garagem, já pronto para dirigir até meu local de trabalho, um homem chega ao lado de onde eu estava no veículo.

- Você é o novo vizinho, certo? - pergunta o homem.

- Sim, me mudei há duas semanas. - retruquei tentando manter uma boa expressão no rosto.

- Bem-vindo. - Fala ele estendendo a mão - Meu nome é Walter.

- Obrigado. Meu nome é Felipe. - Disse apertando sua mão em seguida.

- Então Felipe, poderia me dar uma carona? Eu costumo pegar um táxi, mas não há nenhum passando por aqui e estou um pouco atrasado.

Eu hesitei quanto a resposta. Não queria dar carona a um completo desconhecido; porém, não queria agir de forma desagradável com a primeira pessoa desse bairro que vem falar comigo. Por fim respondi:

- Claro. - disse o que não queria realmente ter dito. Imediatamente, Walter entrou no carro no banco de passageiro, sorridente. Sentia um mau pressentimento quanto a ele.

- Vamos, estou atrasado! - Walter exclamou. Comecei a dirigir em silêncio e olhando apenas para a frente.

Algumas ruas depois ele me pediu para parar o carro diante de uma loja com um nome estrangeiro muito estranho.

- Pronto, é aqui. Obrigado mesmo! - agradeceu dando outro aperto de mão, abandonando o veículo e encaminhando-se rapidamente até à loja.

- Sem problemas. - falei e continuei a dirigir, dessa vez para onde eu trabalhava. Enquanto me distanciava aos poucos daquele local, olhei pelo retrovisor e, sério, não foi uma visão muito agradável: Walter permanecia parado na calçada diante da loja, totalmente sério olhando em direção ao meu carro, ao mesmo tempo que as pessoas passavam por ele. Desviei o olhar e passei a olhar para frente novamente, acelerando.

...

Como de costume, cheguei em casa pouco depois das cinco da tarde. Estacionei o carro na garagem e desci. Felizmente, já me sentia mais tranquilo. Peguei o jornal que estava jogado no meio da grama e o olhei rapidamente

- O que? – estranhei ao ver que estava escrito em outro idioma. O folheei por completo, e não encontrei nada que eu conseguisse ler. Embora fosse algo misterioso, busquei deixar isso de lado e peguei minha chave para abrir a porta, logo entrei. Paco estava parado na sala, me encarando. Tranquei bem a porta, me virei pra ele e o cumprimentei:

- Oi, rapaz. - disse passando a mão em sua cabeça - dia cansativo...

Percebi que havia um vaso quebrado em cima de um banquinho de madeira, depois fixei os olhos em Paco. Só poderia ter sido ele, mas quis ignorar. Subi as escadas até meu quarto. Estava com a terrível sensação de que tinha alguém me observando desde que cheguei em casa. Olhava para cada canto do cômodo enquanto retirava minhas roupas e as deixava sobre a cama. Peguei uma toalha e segui rapidamente para o banheiro. Fechei a porta, pendurei a toalha num gancho na parede e iniciei meu banho. Mal pisquei os olhos, sentia que se os fechasse por alguns segundos, veria alguém parado me encarando quando os abrisse. Ao terminar, me enxuguei e enrolei a toalha na cintura. Quando estava pronto para sair, antes de abrir a porta, ouvi barulho de passos vindo pelo estreito corredor que leva ao meu quarto. Permaneci imóvel até não ouvir mais. Nervoso, esperei um tempo seguro até sair. Agora, a casa estava completamente escura. Andei lentamente até meu quarto, ascendendo todas as luzes que pude durante a trajetória. E para minha sorte não havia nada de diferente. Aos poucos, fui ficando mais calmo; vesti uma camiseta branca com uma bermuda azulada. Pouco depois de me retirar de lá, escutei um ruído do fim do quarto. Virei-me em espanto e apenas vi a janela aberta com o vento soprando fortemente contra as claras cortinas. A única coisa que se podia ver através daquela janela era a casa ao lado, que também tinha uma janela que dava vista para a minha moradia; mas dessa vez o que vi me deixou completamente perturbado. O mesmo homem que vi hoje de manhã estava parado olhando através da janela, inexpressivo. Acenei para ver se ele reagia de alguma forma, e sua reação foi a mais inesperada possível: Walter levantou até a altura dos ombros uma lápide de pedra que segura com ambas as mãos... nela havia meu nome escrito com algo que aparentava ser tinta. Com o horror em minha face, fechei a janela e as cortinas para não ver mais aquilo. Saí do quarto, desci com cautela as escadas enquanto ouvia um barulho que se intensificava à medida que eu descia. Na segunda sala, a televisão estava ligada. Curioso, parei para assistir um pouco. Passava a cena de um filme em que uma cara estava amarrado a uma cadeira e era interrogado por dois homens de ternos. Eles gritavam e o agrediam com tapas e socos no rosto. Para ficar ainda mais sinistro, o nome do homem que estavam sendo interrogado era Felipe. Isso me deixou boquiaberto. Depois que o “Felipe” ficou inconsciente, os dois homens que trajavam ternos vieram em minha direção e berraram: “Responda!”

- O que está acontecendo?! – gritei sentindo que ficaria louco.

Um telefone começou a tocar no primeiro andar. O que me deixou ainda mais assustado era o fato que eu não tinha um telefone. Mas como não queria passar muito tempo no mesmo lugar da casa, comecei a andar lentamente até às escadas. Enquanto subia, me espantei ao olhar os quadros pendurados nas paredes. Todas com um fundo escuro e com a figura de um olho humano revirando de um lado para o outro de maneira insana. Apressei o passo, chegando ao quarto em poucos segundos. A janela estava quebrada, e tinha um telefone jogado no chão junto aos estilhaços de vidro; como se alguém o tivesse jogado ali pela janela. O aparelho tocava freneticamente, mas eu não atendi. Esmaguei com algumas pisadas, deixando somente as peças soltas pelo chão. Ouvi alguém chamando meu nome lá na frente da casa. Abri a porta da varanda do meu quarto, que dava uma vista para o bairro e meu jardim.

- Senhor Felipe, correspondência! – exclamou o carteiro lá da calçada, balançando um pedaço de papel no ar.

- Eu... Eu não estou esperando nada! – retruquei, confuso.

- É importante! Diz aqui que é da sua mãe! – ele respondeu após examinar a carta que trazia na mão.

Senti uma repentina felicidade. Não via minha mãe há um ano.

- Estou indo! Um minuto! – respondi, finalmente, com uma expressão de alegria.

Desci a escadaria às pressas. Só pensava em ler o que minha mãe tinha escrito pra mim. Destranquei a porta e saí. O carteiro vinha em minha direção em passos lentos com a correspondência entre os dedos. Foi nesse momento que um pensamento me atingiu como um raio. Minha mãe tinha morrido há um ano. Arregalei os olhos e senti vontade de vomitar. O carteiro já estava na minha frente com o braço estendido e a carta na mão pra eu pegar. Minha mão trêmula quase não me permitia apanhar o papel que eu encarrava com tanto medo.

- Você está bem, Felipe?

Olhei para ele, pois conhecia aquela voz. Simplesmente, o carteiro era o Walter. Mas como? Sem que eu pudesse fazer alguma coisa, ele retirou uma arma da bolsa que trazia consigo e encostou em minha cabeça... A última coisa que vi foi um sorriso se formando em seu rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Deixem comentários para que eu saiba a opinião de vocês a respeito!
Valeu!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Somebody's Watching Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.