Arthur ON

- Tem certeza que esta tudo aí querido?
Minha mãe estava falando em um tom baixo e tentando ao máximo não me deixar com raiva, mas já estava cansado de escutar seus melodramas com a minha vida já estando sendo um...

Não estava viajando para passar o tempo, por obrigação de alguém ou da minha escola, muito menos para me divertir com meus amigos (apesar de ter de ir com minha prima) que na verdade estavam todos lá para se despedirem de mim. Ainda nem cheguei no aeroporto, mas já posso garantir que essa será a pior viajem da minha vida.

- Uhumm... - respondi a minha mãe olhando para o chão forçando a mim mesmo a não chorar.

Ela me puxo e deu um abraço com toda a força que tinha no momento e logo depois deu um beijo em minha bochecha. Olhei para o lado e todos os meus amigos estavam já se posicionando para darem um abraço em grupo comigo no centro (não deu muito certo) e logo depois fui em direção ao carro parado em frente da minha casa que já estava com a porta aberta apenas me esperando.

- Art, você está bem?

Anne, minha prima perguntou assim que escutou a porta do carro sendo fechada do seu lado direito e apesar de nunca ter sido grosso com ela, dessa vez apenas me virei para a janela do carro sem responder nada e como imaginava, passamos o caminho inteiro sem ouvir uma palavra sequer, apenas me despertei dos pensamentos ao escutar a voz do motorista falando "chegamos".

A chegada no aeroporto foi o mais difícil, não porque não conseguia me virar, mas sim porque nos atrasamos e tivemos que correr o mais rápido possível para não perdermos o voo e podem ter certeza, correr com uma mala pesada no meio de outras varias pessoas não é fácil, principalmente se você tem de levantar sua prima desastrada que acabou tropeçando umas duas vezes no caminho enquanto reclama que você esta correndo rápido de mais. Mesmo estando em uma situação um tanto delicada até nesses momentos as besteiras de Anne Davis consegue me fazer dar pequenas risadas, mesmo que inaudíveis.

O caminho até o avião foi calmo a partir do momento em que percebemos que o avião também havia se atrasado, podendo assim andarmos como pessoas normais e eu ter de pedir desculpas para minha prima de dez em dez segundos.

- Art. - olhei para ela mirando em seus olhos, ela só me chama de Art em três ocasiões: se esta com medo, quer perguntar/pedir alguma coisa, ou se quer falar algo que pode me magoar. - Me desculpe por falar isso, mas tenho medo que não passemos mais tanto tempo juntos... Afinal...

- Anne, meu pai morreu, mas isso não significa que por algum motivo deixei de ser seu primo. - não deixei ela terminar a frase e me intrometi no meio de sua fala

Ela deu um grande sorriso, adoraria fazer o mesmo, mas não consegui e percebi que ela logo notou, pois desmanchou o seu devagar e continuou olhando para mim com seus olhos lacrimejando.

- Você é o único amigo que tenho. - ela olhou para o chão

Confesso que fiquei bastante surpreso com o que minha prima acabara de me dizer, eu já sabia a bastante tempo que ela não tinha amigos na escola e nem em lugar algum, sempre fui cauteloso para que não houvesse perigo de magoa-la, mas ela nunca havia admitido isso para mim.

Finalmente chegamos em nossos acentos do avião, a primeira coisa que fiz foi pegar meu celular que estava no bolso da minha mochila. Peguei meus fones de ouvido e os coloquei. Olhei para os lados pensando se Anne estava bem, minha tia não conseguiu comprar os acentos um perto do outro, pois foi uma viajem de ultima hora e então por enquanto estou por conta própria.

O avião começou a decolar e estava escutando uma mulher falando no fundo coisas do tipo "desliguem seus aparelhos eletrônicos" e todas aquelas besteiras que nunca prestei atenção, ao invés de desligar meu celular apenas aumentei a música e a coloquei no máximo, encostei minha cabeça na cadeira e cochilei.

Passaram-se não sei exatamente quanto tempo e despertei por conta do barulho (sim o barulho no avião estava maior do que minha música no volume máximo) me inclinei para a frente assustado e avistei Anne na fila de cadeiras da diagonal toda encolhida e chorando aos prantos, percebi que todos a minha volta estavam gritando de desespero e só então notei o movimento estranho que o avião estava fazendo ele estava indo para baixo, mas não para pousar, o avião estava caindo...

Arthur OFF