Sleeping Smile escrita por larygou


Capítulo 13
I Will Find You




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 “Seu olhar penetrava aos meus de  forma quase sentenciante. Eram de um azul celeste quase mórbidos, quase sem vida... Naquele momento eles lutavam contra a morte quase iminente  como uma dança traiçoeira à beira de um abismo.”

                                                  ***

                                                  Agora         

                                          Storybrooke- Maine                

 

            Sigo os passos agitados de Ruby, a menina de longos cabelos negros que era conhecida pelo seu sorriso irônico e calmo, agora corria freneticamente a nossa frente adentrando  pelas infinitas árvores que formava o bosque de Storybrooke; seus olhos quase não se fechavam e de longe podia escutar a forte batida de seu coração.

            Minha cabeça permanecia ainda perdida com a rápida mudança de intensidade da cidade que antes era sinônimo de indolência . Ou isso era a droga de um Karma por ter saído de casa vestindo um pijama de unicórnios, ou as histórias de  Henry começaram fazer o mínimo de sentido. Um esbouço de um genuíno sorriso nasce no canto de meus lábios, acreditar nessa história era loucura.

             Estávamos próximos da entrada do bosque quando um estridente estrondo de um fino feixe de luz rasga o céu demostrando a nós toda a sua superioridade. Ventos frios se formam  atrás de nós manipulando os leves galhos fazendo com que eles se açoitassem contra nossa pele.

— Ruby- Grito com a esperança de que ela escutasse. Estávamos a alguns muitos metros de distancia da menina e as inúmeras arvores que o compunham o local não ajudava na propagação do som. Queria que ela escutasse para que assim pudesse acalma-la. De fato era difícil acompanhar aquela garota sapeca.

           A menina continua a correr aos prantos até suas pernas cederem e Ruby ficar de joelhos contra a grossa camada de areia escura que se estendia por todo o bosque. Ela enfim crava suas unhas de maneira agressiva à terra num choro alto que parecia estar segurando dentro de si por uma eternidade. Um choro quase humano.

— Emma, ele estava aqui.... Ele estava aqui- Sua voz quase não podia ser ouvida sair de sua boca. Finalmente a alcanço, ela balançava as mãos ao vento soluçando ainda mais. O lugar estava tomado por sangue. Um sangue vívido e vermelho. Ruby estava certa, algo acontecera aqui e eu iria descobrir o que era, ou eu não me chamava Emma Swan.

         O sangue se misturava com a areia escura do local, fazendo meu coração acelerar por uma fração de segundo. Fios de lagrimas curiosos saltaram fora de meus olhos e quase de repente me vejo agarrada a cintura definida de Killian como uma criança que se agarra a seu ursinho de pelúcia quando inicia-se uma tempestade. Segurava forte. Fecho meus olhos de maneira brutal, tentando não pensar no que estava passando em sua cabeça maldosa e nas piadinhas que veriam a seguir... Mas ele somente me abraça de retorno e permanece calado.

           Por algum motivo eu estava vulnerável, algo naquele sangue me despertou uma dor e um medo que eu a tempos não sentia: O medo de ficar sozinha. A dor de não ter pais. Somente quando então sinto suas mãos habilidosamente dançarem entre meus cabelos que me acalmo e consigo  dispersar aqueles pensamentos.  Finalmente o largo sentindo-me corar.

— Você está bem?- É o que sai da boca do pirata que a minutos atrás me cantava  por conta de um pijama. Olho nos seus olhos de maneira analisadora tentando ver algum sinal de ironia. Nada. Sorrio em fim.

— Tudo.- Hook continua me olhar com sinceridade, sorrindo aliviado. “Aquilo estava estranho”, penso me perdendo nos dois redemoinhos azuis que ele chamava de olhos. Por um breve instante esqueço de meus problemas, esqueço da cidade, esqueço do homem e que ele estava perdido em algum canto da cidade... Naquele momento só conseguia ver o pirata que talvez estivesse abrindo as portas enferrujadas de meu coração. Ele estava ali em minha frente;  com um sorriso maroto irritante desenhando seus lábios  e com  uma barba à fazer que lhe dava um certo charme. O seu constante cheiro de rum barato me desnorteia juntamente com o cheiro de sangue fresco.... Cheiro de sangue. Cheiro de sangue. Acordo de meus pensamentos me sentindo corar.

— Vamos, temos muito a fazer! O sangue ainda está fresco, ele não deve ter ido longe...Ainda mais machucado.

— Você acha que ele está vivo?- diz Ruby com seus olhos ainda arregalados.

— Não posso te prometer isso, Ruby.- Acaricio seu rosto. A menina que eu  considerava uma quase irmã estava assustada e ao dançar com meus dedos por sua pele branca, parecia que acariciava uma enorme geleira.- Mas nós vamos o encontrar, não se preocupe.- A abraço ignorando o meu coração que insistia em temer o pior.

                                                   ***

— Eu disse para você me deixar- Digo marchando batendo forte com meus pés  contra a areia espessa.

               Todos haviam se separado para procurar o homem misterioso , seria mais rápido assim e sinceramente não sabia se conseguiria lidar com o estado de choque e vulnerabilidade de Ruby. Todos haviam se separado, menos um.

— A floresta pode ser muito perigosa, love. É bom ter um pirata irresistível por perto para te salvar as vezes.- Reviro os olhos cansativa, meus nervos estavam a flor da pele, o pirata estava se aventurando com o perigo. Um belo chute em seu “mastro” lhe cairia bem.

—Desculpe tirar o seu gosto, mas a  única pessoa que me salva sou eu mesma.

                    Aquela manhã estava muito fria. O ar parecia congelado e respirar agora não era mais uma atividade fácil, mas eu não me importava com isso. Nem estava vestida o suficiente para estar fora de casa, ao menos para uma caminhada - ou qualquer lugar... A menos que calça de unicórnio esteja na moda em algum lugar desse planeta que não seja na cama- Mas isso também não era um problema para mim. Deixo Hook para trás e caminho um pouco menos rápido sentindo o cheiro das folhas me penetrarem o nariz . Tudo mudara tanto desde que cheguei nesta misteriosa cidade... Meus pensamentos intercalam entre minha antiga casa em New York City e na época em que um terraço mal-acabado era tudo que eu sonhava.

— Emma, espere.- Tenho meus pensamentos abruptamente cortados quando sinto algo metálico e saliente segurar-me em meu braço.

—Não tenho tempo para conversa, Jones.- Digo jogando seu gancho para o lado provocando-o. Seu nome me irritava, seu olhos me irritavam.... Tudo nele me irritava!

—Mas você precisa conversar. Algo esta te incomodando e venho percebendo isso desde quando conversamos nas docas no seu aniversário.

 “Sim! Estou apaixonada por você, loucamente apaixonada por você! Pelo seu olhar maldito, pela sua boca maldita, pelo seu cheiro de perfume barato..” Era o que se passava em minha mente naquele momento. Olho para a grossa areia que se mantinha abaixo de nós, não podia olhar para ele, pois toda vez que o fazia.... Sentia-me como se estivesse sendo despida pouco a pouco, sentia como se ele lesse os meus pensamentos mais secretos.

     Andava sem rumo o deixando sem resposta. O pé tomado pela pegajosa lama me faz pensar porque diabos esqueci de pelo menos por uma bota antes de sair de casa (naquele altura do campeonato não me importava com a droga da calça de unicórnios). Queria somente achar o corpo da pessoa antes que fosse tarde demais. O céu tingiu-se de uma cor mais escura e os ventos se atiçaram. Mesmo que agora a penumbra  reinasse no bosque... Continuo a caminhada como se nada estivesse acontecendo, estava ocupada demais com os meus próprios pensamentos. Somente queria afastar-me de Killian o quanto eu pudesse. Rugido animalescos ecoam pelas arvores e chegam nas extremidades de meus ouvidos.

  “Onde diabos este homem se meteu?”, penso se decepcionando  comigo mesma, esquecendo por um breve momento os olhos azuis que me seguiam a alguns metros atrás. Talvez  eu tenha perdido a prática de agente de fiança. Maravilha , Emma Swan! Espero que pelo menos  ainda seja capaz de dar um bom golpe na cara de alguém. Nossa como precisava dar um belo soco em alguém, olho para Killian atrás de mim andando atencioso... Não valia a pena.

      O tempo passava depressa agora na cidade e a floresta estava viva ali, já não passara a hora de eu perder as esperanças de o homem ainda estar vivo? Eu, me conhecendo, já não teria desistido de o procurar? Talvez estivesse passando tempo demais com Mary Margaret e seus rotineiros discursos sobre esperança estivessem começando a fazer-me efeito. 

          Desacelero meu passo ao encontrar um caminho afastado da trilha que estávamos seguindo. Era um caminho deitado pela escuridão e com sons estranhamente atraentes e tentador. Talvez a filha dos reinos precisasse de uma maior aventura. 

— Emma...- Killian finalmente se manifesta acelerando seus passos ao ver-me infiltrando por aquela trilha. Paro analisando-o com as mãos cruzadas e a cabeça erguida. Ele realmente estava assustado.. Ou preocupado... Ou ambos.- Love, eu não entraria por esse caminho, dizem quem coisas estranhas acontecem com quem se aventura por essa trilha.- Killian aponta meticulosamente para uma placa parcialmente comida por cupins famintos.

“Perigo” advertia a placa quase apagada. Analiso com um sorriso insolente.

— Ah caramba, já disse para não me chamar de “love”!- Paro irritada em sua frente com as sobrancelhas coladas aos meus olhos me sentindo tomada pela raiva de mim mesma.-  Eu vou por onde quiser, sei que está querendo me por medo, pirata! Agora, se não quiser vir comigo vá por outro caminho já que, para inicio de conversa, nem convidado você foi.

Adentro a trilha com entonação.

                                                ***

Devia aprender a parar de correr atrás daquela mulher, Emma era teimosa como uma pedra. Com um olhar atento e ardiloso a observo cada vez mais adentrar pelas profundezas do Caminho Proibido. Ela não iria parar e eu sabia disso. Suspiro profundamente antes de dar o primeiro passo sentido, ainda extasiado, o cheiro das folhas molhadas penetrar-me as narinas. Com toda certeza não era hoje o dia que pararia de correr atrás daquela loira.

Com um olhar atento observo as coisas a minha volta: A floresta estava muito densa; era de se esperar se tratando de um caminho proibido. Estávamos muito longe da cidade e muito próximo da magia. Centenas de anos de pirataria deram-me o bom senso de saber que nenhum nome é dado à um lugar sem ter um significado e, naquele momento, “Caminho proibido” não soava nem um pouco deleitante aos meus meticulosos ouvidos de pirata. Quis voltar. Sabia o que a magica podia fazer e não sentia curiosidade de investigar o caminho, se estava tão no coração do bosque da cidade, boa coisa não devia ser. Mas se cogitei a ideia de dar meia volta e correr para minha Jolly Roger, já era tarde demais, pois eu já estava adentrando ao Caminho Proibido. Eu poderia ter os piores defeitos do mundo, mas não seria capaz de deixar Emma sozinha.

De repente era noite . No alto do céu a lua já podia ser vista e a floresta parecia estar mais viva agora. A escuridão toma o lugar que segundos atrás era banhado pelos raios de sol da cidade, era assim no Caminho Proibido: A noite era eterna.

— Não acho uma boa ideia nos aventurarmos mais, love.- Minha voz sai tremula e nervosa, mas não estava com medo da morte... Eu sou um sobrevivente e esta não mais me assustava. Mas o medo que estava me consumindo era outro... Um bem pior de qualquer morte existente: Estava com medo da perda.

— Pare de ser tão menininha, maneta! Ainda posso te jogar de um penhasco.- Acentuou Emma ainda determinada continuando sua eterna caminhada, mas apesar de tudo pude perceber no canto de seus lábios uma crescente curva de sarcasmo e provocação.

— Eu duvido muito, love. Sabemos que não teria coragem de ficar sem esse pirata diabolicamente lindo.- Levanto involuntariamente uma de minhas sobrancelhas, lançando um sorriso igualmente provocante quanto o dela. Permito-me chegar mais perto colocando meu rosto contra seu ouvido esquerdo, Emma permaneceu quieta e um pouco assustada. Podia sentir seu cheiro destoar meus sentidos e esquecer por uma fração de segundo minhas longínquas motivações que me fizeram ser quem eu sou. Sua respiração estava pesada e quente assim como a minha, por aquele momento nenhum de nós sabíamos o que iria acontecer. O vento ríspido e gélido do Caminho Proibido que antes nos açoitava, agora desapareceu dando origem a uma sensação de estarmos nas profundezas do Submundo tendo nossos corpos grudados por  fogo. Finalmente, depois de segundos retorno a minha repleta sanidade e digo.- Eu me preocuparia muito mais com os estragos que este caminho poderia me causar do que com você.

       Swan ainda destoada, sorri vitoriosa. Ela tinha uma resposta.Ela sempre tinha.- Eu faria muito mais estragos,  pirata.

—Oh, love... Disso eu não duvido nada.- Me permito voltar a caminhar lançando à ela uma maliciosa piscadela enquanto a loira permanece inerte muito provavelmente pensando em alguma resposta.

Emma revira os olhos relutante com sua pele completamente vermelha por conta da raiva, mas a inciativa inicial ainda reinava dentro daquela cabeça dura. Ela não iria parar até encontrar o maldito corpo.

— Se me permite, Swan... O tempo agora voa nessa cidade, então acho melhor continuarmos nossa aventura ao invés de somente ficarmos parados analisando como sou belo.

— Pensei que não quisesse continuar por este caminho.

—É que agora eu tenho uma motivação.- Sorrio

— Você sabe que eu não vou tirar os olhos de você, não é mesmo maneta?

Sorrio para ela abrindo os braços ironicamente.- Entraria em desespero se o fizesse.

          Voltamos a caminhar  por aquele misterioso e sombrio caminho, agora lado a lado. A analisava sorrindo com os cantos de meus olhos enquanto ela insistia em permanecer com suas barreiras  indescritíveis, que para mim era como um verdadeiro livro aberto. As árvores dançavam conforme o vento aumentava sua frequência, era um pequeno concerto da natureza: Os galhos que agitavam-se com a intensidade  da rajada eram os maestros, as folhas que esvoaçavam-se em terríveis e energéticas açoitadas... Eram os violinistas e os sons animalescos sibilantes de animais assustados eram o rítmico desordenado do soar dos instrumentos. De olhos arregalados e coração disparado contra o peito, observo um raio traçar o céu com toda sua fúria fazendo com que a floresta toda se calasse de temor. Emma parecia assustada e sua respiração agora era pesada. Levo minha mão boa ao encontro com a de Emma, que se assusta ao toca-la.

—Eu posso andar sozinha.- Diz ela com a voz quase inaudível por causa do medo que a consumia.

— Você está tremendo de medo, Emma.- Minha voz sai como algo rasteiro e calmo.

— Eu sei cuidar de mim mesma, obrigada. – A observo por um longo instante ,percebo que seu semblante estava assustado e seu cenho completamente franzido, seus olhos inquietos observavam toda a floresta.  O som exorbitante das fortes rajadas dos ventos faziam querer arrancar meus ouvidos. Em seguida sinto tocar em minha pele  algo que se parecia com pequenas gotículas de água e que, depois de uma fração de segundo, se transformou em uma incrível enxurrada. O som das árvores mais pareciam agora como risadas agonizantes.  Toco seu ombro com minha mão e sacudo na tentativa de a acordar para realidade de que estávamos correndo perigo, sabia como tempestades eram traiçoeiras- Tanto em alto mar, quanto em terra firme- e tínhamos que sair dali o mais rápido possível.

— Escute, sabe que estamos correndo perigo, né?- Digo com o rosto quase colado em seu rosto. Emma me olha  com os olhos arregalados e sua testa franzida, seu cabelo estava completamente encharcado e seu corpo completamente molhado. – Tenho experiência e você sabe disso, floresta nunca foi um bom lugar para se refugiar... Então precisamos sair daqui!

— Eu não te obriguei a vir comigo! A culpa não é minha, porque está gritando comigo?- Sua voz sai como de uma criança assustada preste a chorar.

— Não disse que a culpa é sua, Emma! Você não está pensando claramente... Vim porque eu estava preocupado com você, apesar de uma cidade pequena, Storybrooke consegue ser muito traiçoeira.

— Acabou sua cota de mentiras, Killian! Ninguém se preocupa comigo, porque eu não sou ninguém e nunca fui!

— Pode ser difícil para você enxergar, mas você é um “ninguém” muito importante...Não somente em minha vida, mas como a de Mary e do menino. Por um momento acredite que algumas pessoas simplesmente conseguem amar você, Swan.

  Ela olha para mim ainda com seus olhos verdes arregalados, mas agora não era de preocupação.- Porque você seguiu este caminho mesmo sabendo que iria ser perigoso?

— Como disse, eu me preocupo com você... Embora não consiga acreditar nisso- Disse sinceramente.

                                               ***

Ouço aquelas palavras saírem de sua boca atentamente. Elas colam em minha mente como um eco que nunca perdia a intensidade. A chuva não se cessara e a lama pegajosa que se formara em questões de segundo no chão impedia quaisquer tentativa de movimento. Estávamos encurralados  contra uma rocha atrás de nós. Suas mãos permaneciam coladas aos meus ombros na tentativa bravia de me proteger.

            Observo seus olhos azuis penetrarem de forma doce em minha alma tentando me acalmar. Não estava acostumada a ser amada ou a ser protegida, era como um sonho distante para mim que agora estava muito tocável e real. Em um movimento rápido e caloroso com minhas mãos, o puxo pelo seu colarinho de couro preto trazendo-o para mais perto de meu corpo. O beijo com toda a ardência e violência que nunca beijei nenhum homem, nossos lábios pareciam uma incrível fonte de energia e de fogo. Nossas línguas se encontravam de forma completamente harmônica a fim de se explorarmos por cada milímetro. Sinto suas mãos deslizarem por minhas costas e acariciar meus cabelos. No meio daquele beijo sinto um sorriso inocente se formar e permito-me olhar em seus olhos azuis que, assim como os meus, brilhavam  de uma forma sobre-humana. Sorriso escaldante como a tempos não sorrio. Killian leva a mão de jeito doce ao meu rosto o acariciando enquanto, sua outra mão que continha um gancho no lugar, brincava por entre meus cabelos. Voltamos a nos beijar, mas dessa vez ele que inicia... De um jeito calmo e intenso.  Eu conhecia aquele beijo. Eu conhecia aquele beijo... Dou um passo para trás retomando meus sentidos. Minha barreiras estavam reerguida.

— Isso é algo que acontecerá somente uma vez, entendeu pirata? Não me siga.- Falo sentindo meu coração querer pular fora de meu peito. Killian se encontrava de pé, encostado na mesma rocha que segundo atrás estávamos se beijando, sua expressão carregada de surpresa e compreensão me fazia pensar que de fato ele me entendia mesmo com todas minhas complicações. Ignoro totalmente a extrema queda d'água acima de mim e caminho para o mais longe possível.

                                                      ***

                A chuva estava em seu fim somente deixando algumas miseras gotas saltar do céu, mas percebo olhando em minha volta que ela se foi deixando seu rastros: Galhos foram arrancados e estavam por toda parte, arvores caídas jogadas como brinquedo ao chão e um grunhido....Um grunhido quase humano que se formara em instantes.

— Quem está ai?- Levo de imediata precaução as mãos até meu revolver que jazia na parte interna de minha blusa de moletom molhada, talvez Killian estivesse certo... Eu não devia nunca ter seguido esse caminho.

     Continuando a caminhar de forma precisa e atenciosa, percebo que atrás de um tronco caído revelava, com longos e finos cabelos loiros jogados sobre a face; um homem com olhar ainda cansado completamente ensanguentado. Ele buscava forças para se manter em alerta e vivo; um corpo esgotado, e agora minuciosamente desenhado em curvas  de dor.  Seu olhar penetrava aos meus de  forma quase sentenciante. Eram de um azul celeste quase mórbidos, quase sem vida... Naquele momento eles lutavam contra a morte quase iminente  como uma dança traiçoeira à beira de um abismo.

— Ei!- Digo sentando em desespero ao seu lado sem me preocupar o que a lama faria com minhas roupas. O homem não era capaz nem de se quer mexer um músculo. Ele iria morrer na minha frente, nas minhas mãos. Uma tristeza involuntária chega ao meu coração me sufocando, eu não podia o perder. Não podia.- Você pode me falar seu nome?

           Os olhos do rapaz relutavam para não se fecharem, eram estranhamente parecidos com os meus. Ele sorri para mim se sentindo aliviado de finalmente ser encontrado, presumo eu. Sinto uma onda de uma estranha alegria percorrer-me nas veias e fazer querer o abraçar.

— David...- Diz em fim o homem com um imenso esforço.- Eu acho que me chamo David.


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