Para Sempre escrita por JVB


Capítulo 9
George Scott


Notas iniciais do capítulo

rs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648637/chapter/9

Era sábado. Um lindo sábado. O sol raiava lá fora, os passarinhos cantavam, minha mãe tinha feito um belo café da da manhã e eu estava radiante.

– Julie, vamos visitar sua avó.

– Quando? – Perguntei sem prestar muito atenção no que ela dizia.

– Hoje.

Mas que merda. Meu dia estava bonito demais para acabar assim. Certo, eu gostava muito da minha avó, mas eu não sei o que diabos minha mãe estava indo fazer lá. Não sei o que diabos eu ia fazer lá – provavelmente ficar sentada no sofá o dia inteiro, ou conversando com o jardineiro.

– Por que não me avisou antes? Ia tentar marcar alguma coisa no dia para não ir junto.

Minha mãe soltou uma risada sarcástica.

– Sua avó quer nossa presença lá.

Bom, já que eu iria para a casa de minha avó, então eu poderia começar a executar o meu plano. Ela tinha muitas caixas com números telefônicos, fotos, cartas e provavelmente uma camisinha antiga. Sério, minha avó guardava tudo. A maioria dos álbuns de fotografia de minha mãe estão na casa dela. Minha mãe diz que é bom porque assim não acumula mais coisas dentro de casa.

Mandei uma mensagem para Steve na hora. Ele poderia ir também e me ajudar a descobrir alguma coisa sobre meu pai. Não queria perguntar diretamente para minha mãe, ela não ia querer me falar.

Comi algumas frutas que estavam na mesa e depois fui tomar banho. Arrumei meu cabelinho, coloquei um vestido e um all star sujo. Nada como um All Star sujo. Minha mãe achava que eu deveria usar sandalhas mas aquilo me causava bolhas.

Verifiquei o meu celular e Steve havia respondido que estaria lá em uma hora. Provavelmente almoçaria conosco e eu poderia apresenta-lo para minha família. Não como Steve, o neto da vizinha da minha avó e sim como: Steve, meu futuro namorado e pai dos meus filhos.

Fomos para a garagem e coloquei meu fone de ouvido para me distrair durante a viagem.

***

– Julie, por que você está olhando tanto pela janela? – O marido de minha avó, Augusto, perguntou. Eu estava parada em frente a enorme janela da sala, esperando Steve chegar.

– Bonita a vista – disse.

– O almoço deve estar quase pronto – minha avó disse.

– Eu vou dar uma volta pelo jardim – e eu fui em direção a porta. O ar livre me fez muito bem.

O jardim que ficava em todo o redor da enorme casa de Augusto era maravilhoso. As flores estavam sempre lindas e o verde das folhas era impecável. Me sentia uma princesa andando entre os arbustos.

– Olá, senhorita Julie – me virei e vi o jardineiro.

– Olá, Robin, quanto tempo.

Ele era um velho careca, magrinho e baixinho.

– Sim, nunca mais te vi por aqui.

– Vim no grande almoço de negócios do Augusto. O senhor provavelmente estava de folga.

Ele balançou a cabeça e sorriu.

– O que achou das flores?

– Estão lindas, como sempre. O senhor faz um ótimo trabalho. Nunca vi um jardim tão bonito.

– Obrigada, senhorita. Faço o que posso para manter as flores sempre delicadas.

Abri um sorriso gentil para ele.

Eu amava flores. Eu deveria me chamar Rosa ou Margarida.

O que?

Não.

Julie já é bem legal.

Fiquei tão distraída com os detalhes das flores que nem vi o tempo passar. A única coisa que me tirou do meu transe floral foi quando minha avó deu um grito, me chamando. Corri para dentro de casa novamente para encontrar Steve usando uma blusa azul escura e uma calça jeans quase da mesma cor. Sorri no mesmo instante em que vi aqueles olhos verdes me encarando.

– Oi, Steve – eu disse.

– Mas o que é isso?- Minha avó perguntou, achando graça de alguma coisa. – Senti algo nessa troca de olhares.

– Eu e Steve estamos nos conhecendo – eu confessei. Não tinha motivo para esconder.

Ele olhou para ela e sorriu.

– Mas que maravilha! Então você o chamou aqui para almoçar conosco?

– Sim. Desculpa não avisar.

– Espero não estar sendo um incomodo – ele falou de maneira educada.

– Ah, que nada. Depois mande um enorme beijo para sua avó.

O almoço foi bem tranquilo, cheio de risadas. Nem foi tão chato quanto eu esperava que fosse. Contei para todos na mesa que eu e Steve estávamos nos conhecendo e minha mãe ficou até que feliz, mas deve ter estranhado a minha troca de namorado tão rápida.

– Então vocês beijam na boca – Augusto comenta.

– Sim – Steve respondeu.

– Esses jovens...

Dei risada. O que ele queria, que fôssemos andar de mãos dadas no jardim e ficar falando poesias um para o outro?

Quando acabou o almoço, minha avó disse que iria fazer uma viagem para a nova casa que ela comprou. Uma casa no campo. Ela me convidou para ir e automaticamente convidou Steve também. Eu aceitei na hora, Steve também, mas minha mãe ficou meio na duvida.

– Acho muito cedo vocês viajarem juntos.

– Mãe, eu não vou viajar com o Steve, eu vou viajar com a minha avó. Ele só vai junto como convidado.

– Ela vai sim – minha avó disse. – Vai ser ótimo. Iremos na sexta depois que ela voltar da escola e voltamos no domingo.

– Não sei, não.

– Sra. Scott, pode ficar tranquila que eu não farei nada com sua filha.

Dei risada e minha avó também.

– Eles vão fazer muitas coisas lá. Ah, como eu queria ser jovem de novo...

– Não precisamos ser jovens para fazer certas coisas – Augusto disse e os dois começaram a rir de forma estranha.

– Meu Deus – eu disse. – Steve, vamos lá para o sótão.

– O que vão fazer no sótão? – Minha mãe perguntou.

– Preciso pegar uma foto minha. É para a escola – menti.

Levei Steve até o sótão, que era muito maior que meu quarto, e lá tinha um monte de coisa velha e empoeirada. O chão de madeira fazia barulho a cada passo dado.

– O que veio fazer aqui?

– Lembra do negócio que eu te disse do meu pai? Acho que minha avó deve ter algum número de telefone dele.

– Mas você concorda que aqui estão as coisas velhas? Seu pai já pode ter mudado de número. Ele não tem nenhuma rede social?

– Não, já procurei.

Peguei uma caixa qualquer e abri. Tinha umas coisas estranhas lá, decidi não mexer. Abri outra e mais outra.

– Não acho que vamos conseguir – ele disse, abrindo uma outra caixa.

– Seja legal e continue procurando. Apenas continue procurando.

Abri mais uma caixa e não achei nada que parecesse uma agenda telefônica.

– Aqui – ele disse, retirando um monte de bloquinhos. – Vamos ter que procurar em cada uma das agendas. Qual o nome do seu pai?

– George. George Scott.

– Certo.

Peguei alguma das agendas e fui procurando. Não estava em ordem alfabética, o que atrapalhou muito a minha busca.

– Achei um George – ele disse.

– Como saber se não é meu pai? Tira uma foto do número.

Continuamos procurando em cada agenda, página por página, nome por nome. Acabamos achando uns quatro George, dois George S. e dois George Scott. Um deles ou todos eles tem que ser meu pai.

***

Eu me encontrei em estado de choque quando Steve e eu sentamos no gramado do jardim para começar a ligar para todos os números que podem ser de George Scott – meu pai. Eu estava nervosa, ansiosa.

Eu também estava com medo.

E se ele não quisesse falar comigo? E se nenhum desses números forem dele?

Respirei pesadamente quando peguei o celular de Steve para ver as fotos dos números. Peguei meu celular e coloquei para discar.

– Calma – ele sussurrou para mim.

Fiquei aguardando na linha. Chamou uma vez, duas, três. Ninguém atendeu.

– E se for ele? – Eu sussurrei de volta.

– Ele atendeu?

– Chama mas ninguém atende. Pode não estar em casa.

Liguei mais uma vez. Ninguém atendeu. Passei para a próxima foto. Disquei o número e esperei para ver o que iria acontecer.

– Alô? – Era uma voz de mulher.

– Ah, hã – eu engasguei. – Tudo bem?

– Quem é?

– Estou procurando por George Scott.

– George Scott?

– Sim. Esse número é da casa dele?

– Não conhecemos nenhum Scott. George é meu marido mas não tem esse sobrenome.

– Ah, claro – minha avó poderia conhecer vários Georges. – Sinto muito, obrigada. - E desliguei. Olhei para Steve que parecia tão tenso quanto eu. – Não era a casa dele.

– Liga para outro.

Liguei para o outro número. Chamou umas duas vezes até que alguém atendeu:

– Alô? – Era a voz de um homem. Meu coração bateu mais rápido.

– Posso falar com George Scott? – Minha voz quase não saia.

– George Maclean faleceu faz duas semanas.

– Mas não é George Scott?

– Não.

– Ah, certo. Desculpe o incomodo – eu disse e desliguei em seguida.

Liguei para o único George que sobrou e não era o meu pai. Agora era a lista de George S. Liguei para um e automaticamente falou que o número não existia e o outro dava caixa postal. Ligamos para o número com o contato George Scott. Era um número estranho. O DDD era diferente. Liguei e tocou, tocou e tocou mas ninguém atendeu. Estava perdendo as esperanças. Aquele seria o último George para qual poderíamos ligar – mas ainda tinha aqueles dois que deram caixa postal. Enquanto eu discava, um número apareceu no visor do meu celular. Era o número estranho com DDD diferente. Atendi na hora.

– Alô! – eu meio que gritei no telefone.

Era a voz de um homem, mas não falava a minha língua.

– Você é George Scott?

– Ah, não vi o DDD. Sim, você lig... – desliguei o telefone. Ai. Meu. Deus.

– O que? – Steve perguntou preocupado, provavelmente vendo a minha cara de pânico.

– Acho...acho que achamos. – Eu disse. – Era George Scott. Mas ele disse “alô” em outra língua.

– E por que você desligou?

– E-eu...eu não sei o que falar. O que eu digo? Ah, oi, George. Eu sou Julie Scott, sua filha. Como você está?

– Seria uma boa abordagem.

George Scott ligou novamente. Demorei para atender – eu não queria atender.

– Alô – eu disse, meio nervosa.

– Você ligou por engano? Você ligou para outro país, mocinha. Sua mãe vai ficar brava com a conta do telefone.

– George Scott – foi só o que eu disse.

– Sim, sou eu. Espera aí...você sabe meu nome. Não foi engano. É a prima Deisy? – Meu Deus, nós tínhamos uma prima chamada Deisy.

– Não, é...quer dizer, ai meu Deus...

– O que? Você pode se identificar, por favor?

– Sou eu. Julie. Julie Scott.

O telefone ficou mudo e eu tinha certeza que ele iria desligar. Eu estava tremendo, eu estava muito nervosa.

– Julie – ele disse. – Hã... acho que isso não está acontecendo. Você é Julie Scott? Tipo, uma Scott?

– Sim. Eu sou Julie. Filha de Samia e George.

– Meu Deus – ele disse. Não sei se da para medir exatamente o humor de uma pessoa pelo telefone, mas ele parecia bem chocado. – Você...puxa! Com quantos anos você está?

Abri um sorriso involuntário.

– Dezessete.

– Nossa! Faz tanto tempo...e-eu não sei o que dizer. Estou me sentindo péssimo agora.

– Julie! Nós vamos embora! – Minha mãe gritou, já indo em direção ao carro.

– Ah, pai – droga. – Quer dizer, George, eu tenho que desligar. Olha, eu vou te mandar uma mensagem com o meu email e acho que deveríamos conversar. Eu te liguei para isso, na verdade, mas minha mãe não pode saber que estou falando com você.

– Sua mãe não sab...

– Mandarei o email. Tchau. – E desliguei.

Parecia que eu tinha acabado de sair de uma maratona de corrida. Eu estava tremendo, eufórica. Mal conseguia respirar direito.

– Está tudo bem? - Steve me perguntou, colocando as mãos nos meus ombros.

– Está sim. Você está com seu carro?

– O carro que é do meu pai? Sim, eu vim com ele.

– Se importa se ficarmos um pouco mais?

– Claro que não.

Corri para perto de minha mãe e disse que iria ficar até mais tarde e que Steve me levaria depois. Ela concordou e acabou indo sozinha.

Mandei uma mensagem para o número dele com o endereço do meu email. Seria muito mais fácil ter contato com ele por email. Eu poderia contar algumas coisas sem ter medo ou ficar com a voz tremula. Nossa, puta que pariu! Isso foi demais. Eu achei meu pai. Eu ainda não estava acreditando nisso.

– Ai meu Deus, Steve! – Eu corri e pulei na direção dele, levando nós dois para o chão. A grama era fofa mas provavelmente não impediu que ele sentisse alguma dor. Ele me abraçou com força enquanto eu repetia “achei meu pai, achei meu pai”.

– E agora, o que você vai fazer?

Apoiei meu braço no peito dele e fiquei olhando para os detalhes de seu rosto. Eu estava totalmente deitada sobre dele, espero que as vizinhas da minha avó não vejam isso.

– Não sei.

Ele abriu um sorriso.

– Gosto quando você fica assim.

– Assim como? – Perguntei.

– Feliz, sorridente. Você tem um sorriso lindo.

Ah, Steve, se você acha o meu sorriso bonito é porque ainda não reparou no seu, pensei.

Ele ficou mexendo no meu cabelo, que estava bem embaraçado, enquanto conversávamos sobre assuntos aleatórios. Logo surgiu a ideia de ir para um quarto para acalmar o libido que existia entre nós.

Claro que eu não sabia se isso ia dar certo. Claro que não ia dar certo, minha avó estava aqui.

– Não custa tentar – eu disse.

Minha avó estava dançando com Augusto, uma música antiga bem calma ecoava na sala. Passamos em silêncio e subimos a escada até o primeiro andar. Entrei em um dos quartos e tranquei a porta.

– E se ela subir aqui? – Perguntei.

– Ela...bom, vai ser bem engraçado.

– Steve!

– Julie, sua avó está dançando. Provavelmente vão fazer a mesma coisa que a gente quando acabarem.

– Eu ainda não quero dar pra você, Steve – eu disse.

– Dar – ele começou a rir. – Não sabia que você usava esse vocabulário.

Dei risada também.

Ele se aproximou de mim e me beijou. Aquilo foi se intensificando até ele me jogar na cama e tirar a blusa. Eu ficava encantada com toda aquela beleza. A pele tão branquinha, sem nenhuma marca, sem nenhum defeito.

Ele foi beijando meu pescoço, descendo, enfiando a mão por baixo do meu vestido, já acariciando meu sexo sobre a calcinha. Com as minhas mãos, eu procurei pelo botão da calça jeans dele e, de forma desajeitada, consegui desabotoar. Sua ereção era excitante. Excitante demais.

Steve era como uma droga para mim. Eu não conseguia parar, nem se eu quisesse.

Ele fez o favor de descer as calças e ficar só de cueca. Levantou meu vestido, mostrando só o que deveria mostrar. Se abaixou próximo a beirada da cama e colocou minha calcinha de lado. Sua língua brincava delicadamente com meu clítoris . Caralho, isso era demais para mim.

Ele me chupava sem dó. Eu estava louca para gemer e gritar quando gozei, mas me contive, caso contrário minha avó iria subir até aqui e acabar com tudo.

Steve se deitou na cama e eu desci sua cueca box preta até onde dava. Passei a língua suavemente por todo seu pênis e depois enfiei tudo o que eu conseguia dentro da minha boca. Eu podia ser boa, eu podia ser ótima para ele. Fiquei de quatro sobre ele, com a cabeça virada para seu sexo, deixando minha bunda totalmente virada para ele. Enquanto eu passava minha língua em torno da cabeça do pênis dele, Steve voltou a brincar com o meu sexo. Mexendo aqueles dedos de forma rápida e deliciosa.

Ele respirava muito forte, reprimindo qualquer gemido que fosse escapar. Fiquei satisfeita quando ele gozou, soltando a respiração, tentando fazê-la voltar ao normal. Ele me fez gozar novamente, muito mais forte do que da primeira vez.

Me deixei cair ao seu lado. Os dois satisfeitos – por um certo tempo. Aquilo era bom demais. Era recíproco, maravilhoso, quente, excitante... era tudo o que eu queria. Steve era tudo o que eu queria.

Ele estava me completando de uma maneira assustadora, e eu estava amando aquilo. Com todas as forças do meu corpo.

Nos vestimos rapidamente e descemos. Minha avó estava jogada no sofá, perdendo toda a classe que tinha adquirido.

– Nem vi que tinham subido – ela disse quando nos viu passar pela sala.

– Não queríamos atrapalhar você e o Augusto. Fomos devolver a foto lá no sótão.

– Deixaram tudo em ordem?

– Claro.

– Bom, até mais – disse Steve. – Já estamos indo.

– Voltem sempre! – Minha avó gritou lá da sala. No fundo, minha avó continuava a mesma porra louca de sempre.

Steve e eu fomos conversando sobre muitas coisas no carro. Já estava escuro quando chegamos em casa. Ele me deixou na porta mas antes de sair, ele me segurou lá dentro por um tempo.

– Seja minha, Julie.

– Já disse que sou sua.

Ele sorriu. Dei vários beijos de despedida antes de sair do carro. Quando cheguei em casa, falei com minha mãe e fui direto para o computador conferir meus emails. Será que ele tinha mandado alguma coisa?

Sim. Uma nova mensagem de George Scott.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Sempre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.