Ascendente escrita por Jessy F


Capítulo 11
Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648506/chapter/11

TOMEI O CAFÉ DA MANHÃ E FIQUEI UM TEMPO OLHANDO A ROSA. Ela era diferente de todas as rosas que já havia visto. Suas pétalas pareciam cintilar, era como se houvessem pequenas partículas de ouro que as fazia brilhar. Aproximei meu nariz da delicada rosa e senti um aroma de campo, um aroma doce e gentil. Sorri. Ao terminar o café da manhã levantei e comecei a andar pela aquela sala que me fazia lembrar uma enfermaria e depois voltei a maca e acabei dormindo novamente, tanto que acabei sonhando com a hora em que eu reencontraria a minha mãe.

O sol já estava se pondo quando acordei. Havia um burburinho de pessoas falando levantei e vi que todos os que trabalhavam ali estavam se organizando em filas, formando um corredor. Aquilo significava que o rei estava vindo.

Todos se curvaram enquanto ele passava, Phill vinha logo atrás dele. Continuei de pé próximo a minha maca. Quando ele chegou perto de mim olhou para Phill e logo foi se sentar na mesma cadeira que ele havia estado pela manhã.

–Como se sente Hanna? - Ele disse tirando as luvas e o capuz da capa da cabeça, Phill fez o mesmo.

–Estou bem, acredito que já posso sair daqui majestade. - olhei o rei e depois para Phill. - Alguma notícia da minha mãe?

–Sim Hanna, mas não é das melhores. - Phill disse se aproximando de mim.

–O que aconteceu com ela.

–Ela morreu a três dias Hanna. - Ele disse com um semblante de tristeza.

–Como assim morreu Phill? - Minha visão começava a ficar embaçada. - Porque não me avisaram?

–A carta que Alina mandou só chegou hoje. - Ele disse tirando um envelope amarelo do bolso e me entregando.

Eu não tive coragem de ler, mas minhas mãos não estavam em sintonia com os meus sentimentos. Então abri a carta e comecei a ler os rabiscos que Alina havia escrito.

Olá Hanna, eu estou aqui para dar uma das piores notícias que eu poderia te entregar, principalmente a essa altura do campeonato. A sua mãe morreu essa manhã minha amiga, eu estava dormindo e quando acordei para chamá-la ela não respondia. Sinto muito. A enterrarmos próxima ao seu pai. Sei que vai doer, mas continue ai, por ela. Ela sempre quis que você cumprisse o seu objetivo. Então vá em frente. Abraços calorosos. Alina.”

Comecei a chorar, eu não conseguia me controlar. Escondi o meu rosto com as mãos e me encostei na maca. Eu sentia um pesar dentro de mim, mas, ao mesmo tempo, eu senti um alívio ao saber que ela estaria agora do lado do meu pai, do lado de Yahweh. Ela estava em paz. Senti um abraço me envolver.

–Calma vai ficar tudo bem. - Phill dizia para me acalmar. - Você não está sozinha.

O abracei mais forte. Quando eu fiquei mais calma Phill se afastou e eu limpei as lágrimas. O rei continuava sentado na mesma cadeira e ele olhava para mim de uma maneira que eu não conseguia entender. Minha cabeça doía demais para tentar desvendar o que ele poderia está pensando.

–Quero ficar a sós com ela. - ele disse a Phill.

–Sim senhor. - Phill tocou a minha bochecha e saiu.

Limpei ainda mais o meu rosto e olhei para baixo.

–Sinto muito Hanna. - Ele disse se levantando. - Eu sei como é perder alguém que se ama. - ele sentou na maca ao meu lado. - Mas agora você precisa ser mais forte do que nunca.- senti a mão dele repousar no meu ombro e apertar levemente. - Eu sei que você consegue.

–Você não me conhece majestade.

–E nem você a mim Hanna, mas eu consigo ver o potencial das pessoas e seu é muito grande.

Pela primeira vez encarei o rei. Seus olhos azuis olhavam para mim de uma forma serena. Eu senti uma tranquilidade dentro de mim, mas, ao mesmo tempo, eu sentia medo de sair daquele lugar, voltar para o meu quarto e passar por outro atentado. Porém, eu ganharia pela minha mãe aquela coroa e eu precisava focar novamente nas minhas concorrentes.

–Obrigada majestade.

–Força senhorita Kringer, morrer faz parte do ciclo natural da vida.

–Tem toda a razão senhor.- coloquei meus cachos para trás. - O que aconteceu com Diana? - falei para tentar sair do foco do meu luto e voltar ao jogo.

–Ela foi morta ontem por uma garota.

–Quem?

–Kaira Koberlova. - Ele disse sério.- Agora só há vocês duas.

Aquelas palavras me fizeram gelar. Kaira era especialista em segurança poderia me matar em um piscar de olhos, assim como deve ter matado Diana. Eu teria que usar a minha inteligência para vencer caso contrário, a próxima seria eu.

–Espero que ganhe. - Ele desceu da maca e colocou as luvas de couro novamente. - Ou ficarei triste por perder alguém tão especial. - Acenei com a cabeça. - Não me decepcione. - Ele colocou o capuz da capa e saiu.

Passei a noite inteira planejando o que eu faria, eu precisava de uma estratégia eficaz. Ao voltar ao meu quarto coloquei minhas armas debaixo da cama e quando eu dormia eu sempre ficava com uma faca debaixo do cobertor. Após algumas semanas eu estava voltando do banho quando vi uma das almofadas da cama um pouco tortas. Peguei uma das minhas facas e respirei fundo.

–Pode sair de onde estiver Kaira. - falei com um tom desafiador, eu não sabia se ela estava mesmo ali e também não acreditava que aquilo era uma das melhores frases a se dizer, mas foi a primeira que escapou pelos meus lábios.

–Só restaram nós duas nesse fim de mundo. - Ela disse saindo de trás da cortina. - Acredite eu não vim aqui pra matar você.

Olhei para ela com desconfiança.

–Se não veio para isso porque entrou assim no meu quarto? Porque se escondeu?

–Eu não sabia onde estava, não sabia como reagiria ao me ver. - ela se aproximou de mim. - Eu vim para dizer que desisto disso tudo.

–Não adianta falar isso pra mim.- Dei um passo para trás. - Apenas o rei pode fazer algo quanto a isso.

–Na minha província isso não seria bem-visto. - Ela tirou uma faca da sua cintura e jogou no chão.- Prefiro morrer ao dar tal desonra a minha família.

–Acredito que não posso fazer nada quanto a isso.

–Claro que você pode.

–Não. Eu acredito que não.- Dei outro passo para trás.

–Você não entendi. - Kaira deixou uma lágrima cair dos seus olhos e pegou a faca que havia deixado no chão. - Eu não quero ser uma rainha, essa não é uma escolha minha.

–Está aqui também não foi uma escolha minha.- Segurei mais forte a faca.

–Seus princípios são diferentes dos meus. - Ela chorou. - Não posso voltar para casa como uma perdedora.

Ela foi até a parede de vidro e começou a chutá-la até rachar.

–O que está pensando em fazer?

–Eu não sou de pensar, sou de agir. - Ela disse se afastando da parede de vidro. - A coroa será sua.

Ela pegou impulso e correu em direção a parede de vidro. Fechei os olhos e senti um vento tocar no meu rosto. Quando abri os olhos vi a parede quebrada. Me aproximei da margem e vi Kaira no chão. Pessoas começaram a se aproximaram e a olharar para cima.

–Ali está ela, no terceiro andar.

Dei um passo para trás. Eu não sabia qual era a pior sensação, se era matar alguém ou se era ser culpada por matar alguém. Ouvi baterem na porta e quando abri era Phill.

–Você está bem?

–Estou. - respondi. - Eu não matei ela Phill.

Ele me olhou confuso.

–Você tem que sair daqui.

–Porque?

–O quarto será interditado. - Ele foi até a parede de vidro quebrada.- E depois será lacrado.

–Porque tem que ser assim, tão imediato?

–Porque o rei quer vê-la … Agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ascendente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.