13º Instituto Remanescência escrita por Vico


Capítulo 8
Capítulo 8 - Pesquisa




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Lentamente, Vico começa a abrir seus olhos. Olha primeiramente para o chão, que tinha enormes cerâmicas brancas de um metro quadrado de área; tão limpas que chegavam a refletir os objetos do local. Ao levantar a cabeça, nota que há algumas bancadas encostadas na parede. Virando o rosto, nota que seu ombro esquerdo está encostado na parede. Percebe então que o lugar é um laboratório, cheio de equipamentos, como os três microscópios dispostos em uma das bancadas. Quando olha para o outro lado, vê que o laboratório é estreito, tendo praticamente a mesma largura que o corredor. Supõe que atrás de si há muito mais espaço que não consegue visualizar. Ele sente a respiração um pouco quente e logo conseguiu associá-la a uma máscara que tinha sobre a face. Tentou erguer a mão para tirá-la, mas ela estava amarrada na cadeira.

– Estava com medo de que você virasse um Crank - ele escuta alguém falar enquanto desamarra a corda. - Mas acho que você não teve um contato muito direto com o vírus. Alguma eventual manifestação pode demorar a ocorrer. Só recomendo que não tire a máscara, ela pode te ajudar.

As mãos de Vico ficam livres e ele levanta da cadeira, virando e olhando para a pessoa que o libertou. Era um rapaz baixo de cabelos lisos e loiros, embora fossem escuros. Usava um óculos que escondia um pouco a cor de mel dos seus olhos. Tinha uma aparência de jovem, exceto pelos fios de barba pelo rosto misturados a um tom acinzentado de barba recém-feita. Estava trajando um jaleco tão branco que chegava a combinar com a cor do laboratório.

– Vico! Fiquei preocupada! Você desmaiou - disse Thaís.

Vico corre até onde ela estava sentada e se abaixa para poder conversar.

– Você está bem?! Eu te vi cair! Te vi ser pega por um deles! - Vico pergunta em um tom de desespero.

– Estou bem, sim. Pensei que morreria ali, mas só consegui um corte na perna e alguns arranhões- ela indica o ferimento, que já estava coberto por gases.

Vico olha para a perna da menina e vê o tecido manchado de vermelho. Ele processa a informação até logo ficar angustiado e sem palavras.

– Não se preocupe. Ela é imune ao Fulgor. Para ela, o único risco são as bactérias presentes na unha do Crank - diz o rapaz cientista.

Vico demora para processar a informação. Sente que está com o pensamento lento, talvez devido ao fato de acabar de ter acordado de um desmaio por ter batido a cabeça enquanto lutava com um Crank que desejava estraçalhar-lhe o rosto.

– E como... - Vico tenta iniciar uma pergunta.

– Antibióticos e esterilização. - responde o garoto enquanto se dirige ao computador de uma das bancadas.

– Como você sabe que ela é imune? - conclui a pergunta.

– Um teste. Vejo como suas células reagem ao vírus. Foi bom, em parte, isso ter acontecido a vocês. Tenho as amostras de que precisava para fazer o teste. Planejo fazer em você e nas meninas assim que concluir a etapa atual das anotações da minha pesquisa. - diz o cientista ao sentar em um alto banco de madeira.

– Que... - Vico inicia uma outra pergunta.

– A pesquisa que não é realizada nesse Polo Remanescente. Essa pesquisa é realizada em outros polos, mas principalmente no 7º Polo. Nosso polo não tem os recursos necessários para estudar o Fulgor da maneira correta, mas mesmo com a nossa escassez eu consigo estudar as características básicas do vírus. Essa situação atual da escola está fornecendo recursos úteis para a evolução da pesquisa e em breve eu conseguirei encontrar a cura. Se ainda existisse Nobel, ganharia até um. - responde o garoto dando um sorriso.

– Que garotas? - Vico conclui a pergunta novamente.

– Aquelas três. Débora, Luana e Rayane. Agora, me dê licença. Já te dei todas as informações necessárias e preciso voltar à minha pesquisa.

– Hum... obrigado. - Vico agradece pelas informações, mesmo que não as tenha entendido muito bem - Qual o seu nome?

O rapaz não responde. Está concentrado digitando e elaborando uma tese.

– Victor. - responde Débora ao se aproximar de Vico e Thaís. Débora era a mais baixa do trio de amigas. Tinha cabelos pretos e lisos e lábios relativamente grossos.

– Como vocês estão se sentindo? - pergunta Luana. Ela era a mais alta das três, tinha um cabelo castanho muito ondulado e usava óculos assim como Débora.

– Minha perna dói um pouco. - responde Thaís.

– Normal, Thaís. Você levou um corte um tanto que profundo - consola Rayane. Ela tinha cabelos castanhos em um tom que puxava tanto para o ruivo quanto para o loiro. Seu corpo magro a fazia parecer uma modelo.

– Vocês sabem explicar o que está acontecendo? - Thaís espera que as garotas saibam de algo além do que o que ela sabe.

– Nada. Apenas corremos até subirmos em uma cobertura do Bloco C. O Victor nos viu da janela que dava para essa cobertura e nos chamou para dentro. Perguntamos a ele se ele sabia de algo, mas ele também não está entendendo nada do que está acontecendo. - responde Rayane.

– Como vocês salvaram a gente? - Thaís coloca para fora mais uma dúvida.

– O Victor tem um revólver com silenciador. Ele atirou no cérebro dos dois Cranks que estavam atacando vocês. Antes de tudo, nós quatro estávamos vendo toda a movimentação pela janela de vidro fumê daquela parede, que mostra todo o corredor superior do Bloco C. Vimos o professor entrar e depois a mulher, em seguida vimos o grupo de Cranks derrubar a porta e vocês todos correrem até só restarem vocês dois no chão. Fomos até lá e trouxemos vocês. - dessa vez é Débora quem dá a resposta.

– Ele ficou triste, pois queria um Crank vivo para estudar o seu cérebro. - diz Luana enquanto aponta para Victor.

– Ele não me parece bater bem da cabeça - Vico faz um comentário um tanto desnecessário. - Pensa unicamente nessa pesquisa enquanto o certo a se fazer é dar o fora dessa escola. E por que ele não está usando máscara? Ele é especial?

– Vico, querido. Pensa um pouco. Se a escola está assim, imagina o resto da cidade. E, assim como eu, ele também é imune. - Thaís fala com um tom que expressa o quão óbvia é a sua afirmação.

– Pode ser que as coisas não estejam tão ruins assim. - Vico tenta argumentar, enquanto reflete sobre o quão pareceu idiota.

– Vamos começar o teste. - Fala Victor enquanto de levanta e pega uma espátula em uma gaveta. - Quem quer ser o primeiro?

Antes que alguém pudesse responder, a conversa é interrompida pelo apagar das luzes. O laboratório branco se torna tão escuro quanto o céu lá fora.


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