13º Instituto Remanescência escrita por Vico


Capítulo 1
Capítulo 1 - Dentro dos muros


Notas iniciais do capítulo

Alguns termos desse capítulo podem ser desconhecidos por aqueles que não são fãs da série original na qual se baseia a história, contudo, eles serão explicados ao longo deste capítulo e de capítulos posteriores.



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Era sábado, e Vico não estava nem um pouco animado para ter aula de reposição. Sua escola, o 13º Instituto Remanescência, funcionava onde antes tinha sido uma Escola Técnica e ficava ao lado da Prefeitura, onde antes fora uma Universidade Federal. Depois das chamas solares, a organização das cidades mudou drasticamente. Ao menos nas únicas cidades que sobraram.

No Brasil, apenas as capitais dos antigos Estados ficaram de pé. Algumas sofreram com impactos diretos das chamas, outras com a desertificação, outras com o colossal aumento do nível do mar. Esse último caso atingiu a cidade onde Vico mora, antiga Recife e atual 13º Polo Remanescente. O mar agora está onde antes era o antigo prédio da Justiça Federal do Estado. Os muros foram levantados bem próximos da nova praia e, por isso, a prefeitura e o 13º Instituto ficam situados juntos à grossa parede de concreto com sua crista de vidro.

Seu posicionamento não é mais central, mas continua sendo estratégico, pois a única entrada da cidade fica no outro extremo dos muros, no agreste. Caso alguma ameaça passe pelas várias camadas de portas com seus soldados, seus vários detectores de presença de vírus e suas diversas armas automáticas, haveria tempo o suficiente para que os políticos e cientistas fugissem para um lugar seguro através de algum transportal.

Havia mais outras vinte e seis cidades como a de Vico espalhadas por toda a extensão do país, que era a terceira maior economia do mundo antes das chamas solares acometerem o planeta e tornarem desnecessárias tais comparações. As cidades sobreviviam em conjunto, fornecendo umas às outras os bens e a energia que consumiam. O grande risco e gasto era transportar os bens de uma cidade à outra, pois, do lado de fora dos muros de cada cidade, havia uma região esquecida e tomada por cranks. Algumas exportações eram feitas em caminhões e outras feitas em bergs, dependendo do tipo do produto e da distância a ser percorrida.

O país teve sorte com a catástrofe, não sendo tão ferozmente atingido e conseguindo se reerguer com velocidade considerável. Além de ter tido sorte em receber tardiamente o Fulgor batendo em sua porta.

Quando as notícias do surgimento do Fulgor começaram a viajar pelas cidades sobreviventes, o país teve tempo o suficiente para erguer seus muros e colocar pra fora das cidades protegidas grande quantidade de pessoas que apenas aumentavam a densidade populacional e punham em risco a duração dos recursos. Quando o Fulgor entrou em território, se deparou com um punhado de miseráveis jogados pelas ruas destruídas e com muros que o impediam de se alastrar pelo país em sua totalidade.

É assim que estava o país de Vico e o mundo. Pessoas loucas e em condições de sobrevida correndo pelo planeta tão louco e destruído quanto elas, com suas furiosas tempestades negras e seus desertos de areia e destroços, enquanto pessoas sortudas vivem confinadas em cúpulas protetoras e se preocupam com reposições de aula.


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