Answer – One-Shot

Foi um dia qualquer da nossa rotina para Juvia, mas não para mim. Hoje era o dia em que eu me uniria à Avatar, queria saber de tudo sobre E.N.D., queria acabar com a raça dele e de Zeref. Já estava tudo planejado com Erza, que me alertou a não dizer nada para Juvia porque não devíamos causar danos ou chamar atenção desnecessariamente.

Ou seja, eu teria que abandoná-la. Sem direito a nenhuma explicação. E isso seria muito fácil, é claro que seria.

Então por que eu sentia aquele aperto no meu coração só ao pensar nisso?

A verdade é que eu não a via mais como uma stalker, ou uma irritante, ou uma estranha, ou aquela que fazia pães estampados com minha pessoa e eu também não sabia definir o que realmente sentia por ela. E nem tinha tempo também, não era minha prioridade.

Eu tinha que derrotar E.N.D.

Pelo meu pai.

— Gray-sama, o jantar está servido.

Jantei pela última vez com ela.

— Gray-sama...

— O que? – enquanto eu limpava a mesa e ela lavava a louça.

— Juvia quer uma resposta.

— Que resposta?

— Juvia quer saber os sentimentos que Gray-sama tem pela Juvia. – disse determinada.

Parei de esfregar a mesa com o pano e a encarei, mas ela continuava a lavar a louça. Por que ela estava falando sobre isso? Logo hoje? Eu não sabia o que responder, tentava desesperadamente arrumar alguma desculpa só que ela continuou seu monólogo.

— Não precisa ser os mesmos sentimentos que Juvia tem pelo Gray-sama. Juvia... Juvia realmente ama Gray-sama, então... Juvia quer muito ouvir uma resposta.

Talvez já fosse a hora de definir o que sinto por Juvia.

...

— Boa noite, Gray-sama – me desejou antes de fechar os olhos e adormecer.

— Boa noite, Juvia – sussurrei.

Saí de casa e encarei a lua cheia brilhando no céu estrelado. Soltei um longo suspiro e liguei para Erza, confirmando a continuidade do plano.

— Sim, estou saindo daqui a pouco.

— Ok, avisarei o Jellal. E a Juvia?

— Está dormindo, eu vou deixar um bilhete.

— Está tudo bem em sair assim?

— Sim, eu tenho que derrotar E.N.D.... Mas eu não queria deixa-la também – falei a última frase num sussurro que provavelmente ela tenha escutado, pois ouvi uma risada abafada do outro lado da linha.

— Ligue de novo quando chegar lá. – não perguntou mais pela Juvia.

Sinceramente, eu queria falar sobre o que tinha ocorrido no jantar para Erza já que ela sempre parecia interessada no nosso relacionamento desde os Grandes Jogos Mágicos, contudo sabia que agora não era o momento mais apropriado para isso.

— Tudo bem – e desligou.

Entrei e tentei fazer o mínimo de barulho possível para não acordá-la, coloquei a mochila na mesa e comecei a colocar minhas coisas em seu interior. Confesso que em um momento eu parei de colocar minhas coisas na mochila e fiquei a observando dormir.

Fios azuis espalhados pelo travesseiro, um braço apoiado em sua barriga e outro esticado pelo colchão, quase pendendo sua mão para fora da cama. Era a última vez que veria ela assim e era a primeira vez que a achara mais linda que o normal.

Larguei tudo e fui até ela, agachando a poucos centímetros de sua cama. Não me permiti a tocá-la senão poderia acordá-la. Dei-me ao luxo de observar sua beleza de perto pela última vez, tentando acompanhar a sua respiração.

Que bom que tenho você, Juvia.

Admiti para mim mesmo que sentiria a falta dela. Que sentiria falta dela me chamando de Gray-sama. Que sentiria falta dos nossos treinos. Dos nossos trabalhos. Da nossa rotina. Da nossa casa. Da nossa vida juntos.

Comecei a me lembrar de todos os nossos momentos juntos enquanto a fitava.

Tirei esses pensamentos da minha cabeça, levantei e voltei a arrumar minha mochila. Tinha uma missão a cumprir.

— Gray-sama vai sair de novo? – sua voz estava sonolenta. Ah, por que acordara Juvia?

— Sim – respondi em um murmúrio.

— Vai ficar muito tempo fora?

— Eu... Não sei – menti.

— Juvia estará te esperando aqui como sempre. Boa sorte, Gray-sama – ela sorriu de leve para mim e voltou a dormir.

Aquilo foi como uma facada em meu peito.

Concedi-me a última olhada antes de fechar a porta por trás de mim. Saí de casa – da nossa casa – com o coração apertado. Pelo menos não tive que deixar um bilhete em cima da mesa como planejado, mas isso tornou a partida mais dolorosa para mim. O que me confortava era que ao menos ela estaria segura. E então virei para a casa e jurei baixinho:

— Quando eu voltar, eu te explicarei tudo. E eu vou te dar uma resposta, então espere por mim.

Espere por mim, Juvia.

— Gray-sama... – ela me tirou dos meus devaneios e com isso percebi o meu intocado doce em mão ainda.

— Juvia! – mordi o primeiro pedaço – Quer uma mordida?

— O-Os restos do Gray-sama? – enquanto encarava o doce já em mãos. Seu rosto estava corado e eu admito que gosto disso.

— Que bom que tenho você – tornei aquele pensamento daquele dia em palavras. E observei aquele rosto ficar mais vermelho ainda, até um pouco assustado. – Você está sempre ao meu lado.

Mesmo tendo feito tudo aquilo. Por ter a feito sofrer por tanto tempo. Por ter feito a mulher-chuva voltar. Obrigado por não ter desistido de mim. Obrigado por ter me esperado. Eu sei que deveria demonstrar mais gratidão.

— Err... Bem... A Juvia... – tentava formular alguma frase, porém eu a cortei.

— Quando essa luta terminar, eu vou te dar uma resposta. – eu vi seu rosto virar para mim, surpresa. Talvez ela tenha pensado que eu esquecera. – Mas por enquanto, vamos nos concentrar.

— Sim... – concordou soltando um sorriso.

Diferente daquela época, eu tenho a resposta. Eu estava confuso e sedento por mais e mais conhecimento sobre E.N.D. e por isso não soube o que responder. No entanto, quando estava na Avatar, ao mesmo tempo em que pesquisava sobre E.N.D. e Zeref, eu me pegava pensando nela, formulando alguma resposta e analisando sentimentos. Cada vez mais.

E depois de tudo, agora eu sei exatamente o que sinto por Juvia.

Amor.

♥ THE END ♥