Reviravolta escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 5
Prova


Notas iniciais do capítulo

E aqui chega mais um capítulo da história! Enjoy ;)



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Na semana seguinte, Eduardo veio me buscar no mesmo horário como de costume. Seguimos até um restaurante italiano, no bairro do Bexiga, e conversamos por horas, tudo acompanhado por um bom vinho.

De repente:

— Posso te perguntar uma coisa?

— Lógico.

— Tenho uma reportagem para realizar e gostaria que você fosse comigo. Topa?

Antes que responda, ele já dá a dica:

— É bem longe...

— Longe? Longe quanto?

— Hum... é em outro país.

— Caramba! Qual?

— Adivinha! – me desafia sorrindo.

— Sei lá. Argentina?

Ele balança a cabeça negativamente.

— É mais longe?

— É! – me responde dando aquele sorriso como tivesse aprontando algo.

— Estados Unidos?

— Hum... Passou longe.

— Poxa! Algum país da Europa?

— Ih, tá morno ainda...

— Fala logo, Du!

Ele ri e me informa:

— Sabe o que é? Fui escolhido para fazer uma reportagem sobre as indústrias automobilísticas japonesas que estão tendo lucros absurdos. E lógico, se são indústrias japonesas...

— Então é no Japão? – indago.

— Muito bem, garota! Acertou! – ri e leva à boa a taça de vinho.

— Topo! Quando?

— Olha acho que daqui há um mês no máximo! É que preciso acertar os detalhes dos passaportes, os contatos. Bem, eles adoram marcar tudo com muita antecedência.

— Oba, Japão!!! - comemoro.

Na segunda pela manhã, converso com a Patrícia, a editora-chefe da revista de cultura, que trabalho como freelancer fixa.

— Caramba, Cathe! Será que dá para fazer alguma matéria lá? Mas você não vai demorar, né?

— Não! Acho que no máximo daqui uns 15 dias a um mês. Nossa, Patrícia, se ficar complicado...

— Hum... dá para esperar.

— Por que, Patrícia?

— Gostaria que você assumisse o cargo de editora-assistente. Assim a prepararia por uns 2 meses, aí tiraria as minhas férias merecidas.

“Pronto! Vou sofrer um enfarte”, reflito toda entusiasmada. Não sei se pulo, grito ou a abraço.

— Patrícia, que maravilhoso!!! Você está falando sério?

— Então, faremos o seguinte: sabe aquela matéria de cosplayers que tanto queria fazer? Pois então, você começa a realizar aqui em São Paulo e faz um comparativo com o pessoal de Tóquio. E assim que você terminar a reportagem, aí você assume o seu novo cargo. Certo?

— Claro!! Poxa, obrigada, Patrícia! - declaro superfeliz e a abraço.

Mas, aí me lembro que quando voltar, estarei em um cargo de editora-assistente, isso significa que terei que pedir afastamento do meu outro frila, a da editora das revistas de farmácia e medicina. E isso inclui, também, ficar longe dos fechamentos e o bom trabalho com a Marta.

Entretanto, há um lado muito bom: ficar definitivamente longe de Giovanni. E assim o fiz. Expliquei os motivos e Marta entendeu. O mais bacana que não saberia que iria levar sua amizade por longos anos.

Depois de um mês, malas prontas, passaporte em dia e lá estamos rumo a Tóquio, Japão.

*****


O voo dura um bocado de horas, mas o cansaço não nos impede de desfrutar de pisar pela primeira vez em solo japonês.

Confesso que mesmo sabendo dominar a língua, estar in loco no país de origem desta é prova de fogo. Para não passar feio, algumas vezes, recorremos ao inglês. Mas o encanto e a graça de cada pedaço de Tóquio não escapam aos nossos olhos. As pessoas vestem-se do modo tradicional até o mais exótico. E tudo com muita naturalidade.

A arquitetura permite que o velho conviva com o moderno e o tecnológico. Também, vale ressaltar as inúmeras luzes neon dos letreiros. Dentro do táxi, enquanto estamos indo a caminho do hotel, sinto um misto de medo, alegria e curiosidade.

Chegamos ao hotel morrendo de fome. Fomos até o quarto para deixar as malas e já tentamos praticar os costumes daquele país: tirar os sapatos quando se entra no quarto, utilizar um chinelo para quarto, outro para banheiro, fazer uma pequena reverência como cumprimento e por aí vai.

O jantar japonês (pelo menos do hotel) se apresenta com uma riqueza de detalhes e sabores que vai além de qualquer experiência gastronômica que conhecemos. E a culinária japonesa vai além do sushi, sashimi, temakis e yakissoba. Há também curry, gyudon, combinados... Um mais gostoso do que outro.

— Estamos se saindo até que bem, hein? – reflete o Du enquanto leva mais um copo de saquê à boca.

— Chega, chega!!. Amanhã você precisa levantar-se cedo. Se esqueceu?

— Tá bom, pode deixar!

Subimos para o quarto. Enquanto ele prepara o futton, eu escovo os dentes. Mesmo cansada, não quero dormir. Tanta novidade, tanta coisa a ser descoberta, mas algo me diz: "Acalme-se, Cathe, as suas experiências não podem criar 'pernas' e saírem andando. Simplesmente, elas esperam que as conheça cada uma, sem pressa”.

Mais tarde, aconchego-me ao seu lado. E quando o meu corpo começa a ficar relaxado, sinto que Edu me beija levemente no rosto e desce para o pescoço. A sensação é tão boa, que apanho seus cabelos com a mão. O puxo e o beijo. Um beijo ardente, e que me acende por dentro.

— Seja minha, Cathe! – ele sussurra em meu ouvido.

Mordo levemente o lóbulo de sua orelha. E respondo:

— Sim!

Rapidamente, tiro a camiseta do seu pijama, o beijo e o guio para se deitar. Subo sobre seu corpo e beijo seu pescoço, mamilos e ventre. Tudo com calma e sem pressa. Ele me puxa pelos braços, de modo firme, sem ser violento. Nos encaramos e ele retira a minha camisola. E percorre meu corpo com as mãos curiosas...

Minutos mais tarde...

Estamos mais calmos, as luzes que ultrapassam os vidros da janela, ainda insistem chamar nossa atenção. Mas com insucesso, porque agora, nada mais me importava. Estou à vontade, com a cabeça no seu peito e nossas roupas de dormir jogadas no chão e longe do futton.

— Obrigado por ter vindo. Essa viagem seria sem graça sem você... – me diz sussurrando, enquanto alisa meus cabelos.

Esboço um sorriso de satisfação e o cansaço gostoso me faz adormecer mais rápido.

No meio da noite acordo sobressaltada. Não me lembro de que sonhei. Só sei que estou aflita e com um medo incompreensível. Inclino o corpo sobre o Edu. Mas ele está dormindo tão tranquilo que posso ouvi-lo ressoar baixinho.

Afasto com força qualquer pensamento ou sensação que me deixa neste estado, abalada. E com certa dificuldade, volto a dormir.

*****

E lá se foram trinta dias surpreendentes, onde aprendemos um pouco de tudo: os costumes, novos pratos e cultura. Além disso, a viagem serve de termômetro como está nossa fluência na língua japonesa. E, agora, posso dizer: regular.

Desembarcando no Brasil, hora de desfazer a mala, redigir a reportagem e retomar a rotina.

Logo que chego, entrego o texto e com o briefing das fotos. Consigo tirar muitas fotografias, e, principalmente, de garotas que saiam às ruas vestidas como fossem seus personagens preferidos. E isso é mais comum do que se imagina.

Depois de verificar cada uma das fotos, Patrícia fala:

— Poxa, Cathe, a riqueza de detalhes! Que coisa maravilhosa! Pensando bem, acho que ainda vou dar um pulo lá. Olha essa menina vestida de bonequinha!

— Patrícia, essa é uma cosplayer que está representando a Shinku, personagem do anime Rozen Maiden.

— Quem diria, você é realmente uma viciada no assunto. – E se abre em um sorriso. - Preciso aprender ainda muito sobre esse universo. E se a Cecília ver isso, vai logo querer fazer algo parecido. É, mãe padece! - completa com um suspiro.

Não sei exatamente o porquê, mas a última frase me dá um embrulho de estômago, um enjoo que não sei explicar.

Volto à minha mesa meio febril, e preparo o briefing para orientar a arte na diagramação da matéria. E o enjoo torna-se cada vez forte a tal ponto que saio correndo para o banheiro.

Esse sintoma persiste pela manhã e passa no decorrer da tarde. Quando me dou conta, a minha menstruação está atrasada.

Decido não contar nada para Eduardo. Até ter certeza. Talvez seja as comidas diferentes experimentadas do outro lado do mundo, no país do Sol Nascente. Ledo engano...


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Notas finais do capítulo

E esse final, hein? Será isso mesmo? No próximo capítulo você confirma ou não sua suspeita! Então, quarta-feira venho com 6º e penúltimo capítulo de Reviravolta. Até lá! E não se esqueça da campanha: “Faça uma autora feliz, deixe seu review!”.
Beijos e até lá!



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