Jacob POV

A vida era realmente uma droga! Pelo menos comigo. Minha maré de azar não passava nunca. Bella iria se casar com um sanguessuga, Aria era teimosa e rabugenta, o que só dificultava a situação, e agora tinha aquele mauricinho escocês que estava atrapalhando minha vida.

Eu estava plantado na casa Aria em minha forma humana. Não tinha conseguido dormir, porque só a ideia de imaginá-los fazendo coisas inadequadas, me deixava louco. Aria ainda me mataria do coração com essas atitudes.

— Aria, vamos! Estamos atrasados. – gritou alguém saindo da casa.

— Lachlan, ainda não acredito que você vai voltar ao colégio! – respondeu a garota.

— Ele vai estudar conosco? – perguntei carrancudo. Ainda mais essa!

— Black! Você dormiu aqui?

— Isso não importa.  Que história é essa dele ir estudar?  

— Não é da sua conta burraidh. – disse o mauricinho.

— Como é? – Ele estava me xingando?

— Esquece isso Black. Estamos atrasados.  – Interrompeu Aria.

Ela subiu em seu Jeep acompanhado do loiro, e eu estava sendo deixado de lado. Como as coisas tinham acabado assim?

— Você não vem? – Ela estava me convidando para irmos juntos? Em seu Jeep?

— Eu? – perguntei incrédulo.

— Não Black, eu estava falando com a árvore. Vamos logo.

Subi em seu carro, me arrependendo logo depois. O cheiro de vampiro estava impregnado ali dentro, irritando meu nariz.

— O que houve Black? – perguntou Aria pelo retrovisor.

— Esse carro está fedendo.

— Eu o roubei de Emmett. – Isso explicava o porquê do cheiro fraco de vampiro dela.

— Você poderia ser uma ladra profissional, Ari. Até hoje espero que você me devolva o CD dos Beatles. – falou Lachlan.

— Nunca disse que iria devolver. – Defendeu-se ela brincalhona.

O resto do caminho se passou assim, com Aria e Lachlan brincando como se fossem recém-casados. E eu estava ficando farto disso.

Entramos no colégio atraindo olhares da maioria dos outros alunos. Não sei se por eu estar chegando com Aria, ou por causa do escocês novato. Provavelmente eram os dois.

— Parece que vai ser bom estudar aqui. – disse Lachlan empolgado.

— Já fez sua matrícula? – perguntou Aria.

— Digamos que eu dei um jeito. – Sorriu malicioso.

Fomos para sala de aula juntos. Eu não os deixaria sozinhos nem que fosse necessário me tornar a sombra de Aria.

— Bom dia pessoal. – disse o treinador Carter, professor de educação física, para a turma. – Antes de começarmos a aula, quero avisar que o segundo período, será destinado a testes para a equipe basquete. Quem estiver interassado, deverá se dirigir a quadra. O restante dos alunos estará dispensado.

***

Estávamos agora reunidos no refeitório. Lachlan não tinha saído do pé dela. E eu também não.

— Aria, por que não se senta com a gente hoje? – Apontei para o lugar.

— Eu não acho que seja...

— Vem! - Arrastei-a para a mesa, onde os outros membros da matilha já estavam.

— Por que a convidou Black? – perguntou Paul mal humorado.

— Ele está marcando território, cara! – disse Embry.

— Relaxa Aria, Paul é legal no fundo. – falou Seth.

— Eu sei. Já deu para perceber que ele é o esquentadinho do grupo. – brincou causando risadas em todos. Mas antes que Paul pudesse retrucar, um invasor, sentou-se ao lado de Aria.

— Então aqui é o covil dos lobos? – brincou Lachlan. Quem o tinha convidado mesmo?

— Contou para ele sobre nós? – perguntou Jared espantado.

— Agradeça ao seu amiguinho aqui, se não fosse por ele, eu não teria dito nada. – Aria deu de ombros. – De toda forma, uma hora ele ia acabar descobrindo.

— Black! – Repreendeu Jared. – Está nos expondo demais.

— Relaxem. Assim como eu, ele é um elementar do ar. Vocês não poderiam esconder por muito tempo.

— Sou Lachlan. – apresentou-se o loiro.

— Quanto tempo vai ficar em La Push? – perguntou Seth.

— Depende da Ari. – deu de ombros. – Para onde ela for eu vou. – Eu devia ter cuidado com esse cara. Ele é um perseguidor!

— Vocês são namorados ou algo assim? – perguntou Embry, recebendo um beliscão de Jared ao seu lado. – O quê eu fiz?

— Já fomos casados. – Gargalhou Aria.

— CASADOS?! Como assim casados? – Eu não estava conseguindo segurar minha indignação. Já era estranho saber que ela era velha, mas divorciada também?

— Um casamento de exatamente cinco minutos. – explicou. – Nos casamos de mentirinha quando éramos crianças.

— Somos velhos amigos. – Continuou Lachlan, abraçando Aria. Sentia meus dedos adormecerem tamanha a força com que apertava a mesa. Essa intimidade toda está me dando nos nervos! – A propósito, temos que retomar os sábados do game!

— Sábados do Game? – perguntou Embry interessado.

— Todos os sábados, Aria e eu, jogamos vídeo game. É divertido.

— Faz tempo que não jogo...

— Pode ir ao próximo sábado se quiser. Está ficando chato ganhar de Aria sempre.

— É só marcar cara! – Empolgou-se Embry. Ele estava me traindo? Ia mesmo fazer amizade com esse mauricinho?!

— Ele não vai. – falei autoritário. Precisava acabar logo com essa palhaçada.

— Você não é meu dono Black. – Irritou-se o garoto. Ele não deveria estar me desobedecendo!

— O convite é para todos. – disse Lachlan. - Também está convidado a ir.

— Pelo que eu saiba, a casa é minha, e eu não me lembro de ter chamado ninguém. – falou Aria.

— Você não tem escolha, baby. – E então, aquele estrangeiro idiota a beijou, na bochecha é claro, mas foi o suficiente para me fazer sair da mesa, irritado. Se eu ficasse por mais tempo, me transformaria na frente de todos.

Ninguém podia imaginar o ódio que eu estava sentindo. Aquele cara surgiu de um buraco, para atrapalhar minha vida! Eu tinha que dar um jeito nisso. Mas como eu iria competir com ele? Aria e ele tinham história. Além disso, o cara era divertido e odiava admitir, mas também não era feio. Se tinha conquistado até Embry, porque não a conquistaria também? Talvez meu destino fosse ser um perdedor.

A sirene tocou dando um fim ao intervalo. As aulas agora seriam na quadra. Era disso que eu precisava, um pouco de adrenalina e esporte para acalmar os nervos. Fui para o vestiário me trocar, e depois de pronto, encontrei o treinador Carter com os outros jogadores de basquete.

— Se prepare para perder hoje Black! – gritou Brad assim que me aproximei.

— Está com medo de que eu roube sua vaga de capitão Tucker? – perguntei convencido. O treinador Carter sempre me convidava para ser o capitão do time de basquete, mas eu sempre recusava, já que meus deveres com a matilha vinham em primeiro lugar.

— Você sempre será um perdedor! – rebateu zangado. Ótimo. Já tinha em quem descontar minha raiva.

— Ok garotos, deixem a rivalidade para a quadra. – Interrompeu o treinador Carter. – Vamos iniciar os testes dividindo a turma em duas equipes. Black e Tucker, vocês escolhem os times. – Sorri satisfeito com aquilo. Seria fácil ganhar de Brad mais uma vez.

Separamos os times e estávamos prestes a iniciar a partida, quando alguém interrompeu.

— Já se iniciaram os testes? – perguntou uma figura loira, que fez a veia em minha testa pulsar. Esse cara estava sempre em todos os lugares?

— Já dividimos os times, mas para sua sorte, precisamos de mais um para completar a equipe de Tucker. – respondeu o treinador. – Qual é o seu nome rapaz?

— Lachlan Ukko.

— Muito bem. – Anotou o treinador. – E quanto à senhorita? Os testes para o time feminino se realizarão depois.

— Eu só vim assistir. – disse Aria.

— Então não atrapalhe. - Advertiu. Carter soou o apito dando inicio ao jogo. Se antes eu estava com vontade de ganhar, agora, com a chegada daquele estrangeiro maldito, eu iria descontar todo o meu ódio.

A partida começou. Brad arremessou a bola para Sean, que desviou de Marcos e arremessou para Lachlan. Cesta. Sorte de principiante. O apito soou de novo. Arremessei a bola para Judd e corri para perto da cesta. Brad mantinha marcação cerrada em mim, mas consegui receber a bola. Quando ia arremessar para a cesta, Lachlan intrometeu-se e roubou a bola. Desgraçado!

E assim continuou-se a partida. Eu tentando fazer cesta e Lachlan roubando as bolas. Brad tinha tornado-se insignificante diante da batalha travada entre mim e o mauricinho. Mas o pior de tudo era ver a cara de alegria de Aria, toda vez que aquele idiota marcava um ponto.

A partida estava quase acabando. Se marcássemos mais duas cestas, poderíamos empatar. Roubei a bola de Brad e corri para o lado oposto da quadra. Lachlan já estava lá, mantinha a face tranquila. Eu odiava essa prepotência dele. Arremessei a bola, mas antes que fizesse a cesta, mais uma vez ele roubou a bola e marcou ponto. Impedindo agora, qualquer chance de vitória. O treinador Carter encerrou o jogo.

— Isso sim é o que eu chamo de partida acirrada. – Parabenizou. – Bom trabalho garotos.

— Gostou dessa Black? – Caçoou Brad, fazendo-me revirar os olhos. O problema todo era com aquele idiota. Lachlan acenou para Aria, que fez um sinal de positivo, parabenizando a vitória.

  - Você foi bem como sempre. – falou o treinador Carter para mim, antes de dirigir-se até Lachlan. – E você é incrível rapaz! Está dentro do time.

— Desculpe treinador. – respondeu ele. – Mas eu só queria jogar um pouco. Infelizmente não posso entrar para o time.

— Inacreditável! Tenho dois grandes jogadores aqui, mas eles se recusam a entrar. Qual é o problema de vocês? – Irritou-se treinador, deixando a quadra.

Estávamos agora somente nós três. Aria, Lachlan e eu. Ele encarou-me e estendeu a mão.

— Bom jogo Black. – Encarei-o zangado. Ele tinha roubado meus amigos, minha garota e agora o meu jogo. Esse mauricinho conseguia ser ainda pior que o sanguessuga! Era muita humilhação para mim. Como eu iria competir com esse cara?

Ele retirou sua mão sem graça e foi para o vestiário, deixando-me ali, ainda mais chateado por ser infantil e não ter apertado sua mão. Eu precisava socar alguma coisa.

Peguei a bola de basquete e arremessei-a contra a parede, causando um enorme barulho.

— Acho que isso é classificado como dano ao patrimônio público. – Brincou Aria, caminhando em minha direção. Minha raiva era tanta que eu tinha até esquecido de sua presença ali.

— Veio rir da minha derrota? – perguntei ácido.

— Não fique tão chateado. – Aria sorriu. – Lachlan joga basquete há 103 anos. Ia ser difícil vencê-lo.

— Ele já tem 103?! – Surpreendi-me – Quantos anos você tem afinal?

— Não se pergunta esse tipo de coisa para uma dama! – falou ofendida. – De toda forma, foi um bom jogo.

— Em que eu saí perdedor. – No fim Brad tinha razão sobre mim. Eu era destinado a ser o cara que ficaria como segunda opção.

— Alguém tinha que perder Black. – revirou os olhos. – Qual é o seu problema? Desde que ele chegou, você anda estranho.

— Eu não gosto dele.

— Jura? Não tinha percebido. – falou irônica. – Olha, Lachlan é uma boa pessoa. E ele está adorando te provocar.

— Está funcionando. – admiti. – Ele não precisava mostrar que é o melhor no basquete também.

— Ele é bom, mas não é o melhor. Sempre ganhei dele. – Sorriu convencida.

— Você? – gargalhei. – É preguiçosa demais para jogar.

— Isso é um desafio?

— Já que você propôs... – Arremessei a bola para ela. – Vamos lá!

Não demorou muito para que eu roubasse a bola de Aria e fizesse cesta.

— Ainda se acha a melhor? – perguntei convencido.

— Sorte de principiante. – Tomou a bola de minhas mãos e saiu correndo para o lado oposto da quadra. E antes que pudesse arremessar a bola, tomei-a e fiz cesta.

— Sorte de principiante, huh?

— Cale essa boca Black. – falou irritada.

Corri com a bola em minhas mãos e marquei mais uma cesta.

— Isso não é justo!

— Você que resolveu me desafiar. Já está arrependida?

Continuamos jogando até estarmos com a diferença de pontos alta demais para ela ganhar.

— Ok! Já chega! – disse cansada.

— Acho que eu ganhei. – provoquei-a.

— Você tem cinco metros de altura! É injusto! – gargalhei de sua cara emburrada.

— Vamos fazer assim, se você acertar uma cesta do meio da quadra, você ganha.

— Quer me humilhar ainda mais? – perguntou incrédula.

— Saber perder é uma dádiva querida. – Aria encarou-me contrariada, mas aceitou o desafio. Posicionou-se no meio da quadra e atirou a bola, fazendo-a cair em cheio na cesta.

— Eu não acredito! – Falou boquiaberta. Eu provavelmente estava da mesma forma. – Eu venci! – gargalhou animada. – Eu te falei que eu nunca perdia! Quem é o vencedor agora?

— Está se achando é? Vamos ver se vai continuar pensando assim...

Corri até Aria, jogando-a sob meus ombros, como um saco de batatas.

— Black me coloca no chão! – gritou sacudindo-se.

— Só se você me disser quem é o verdadeiro vencedor.

— Black me solta!

— Uma palavrinha Aria.

— Nunca! – Comecei a correr com ela em meus ombros, fazendo-a gritar loucamente. – Jake me põe no chão! - Então, parei de supetão ao ouvir aquilo. Eu não estava ficando louco não é?

— O que você disse? – perguntei incrédulo.

— Falei para me por no chão. – respondeu irritada.

— Você me chamou de Jake! – Eu não podia mais conter o sorriso. Ela tinha me chamado, não pelo nome, mas pelo meu apelido!

— O quê? Não. Eu disse er...

— Não negue! – Coloquei-a no chão. Queria olhá-la nos olhos. – Você me chamou de Jake, não pode mais voltar atrás. – apontei acusadoramente.

— Ok, tanto faz. Black, Jacob, dá tudo no mesmo. – falou sem graça. – Quer tirar esse sorriso bobo do rosto?

— Isso só significa uma coisa... – Aproximei-me de Aria, e ela não se moveu. O sorriso bobo de antes, agora era provocativo. Eu sabia das sensações eu causava nela. Eu queria fazê-la se sentir exatamente como eu me sentia.  Levei minha mão aos seus cabelos, puxando-os levemente para cima, forçando-a encarar-me. – Estamos mais íntimos agora. – Murmurei em sua orelha, causando-lhe um arrepio. O coração dela havia disparado com a repentina aproximação. Eu queria beijá-la e queria fazer isso agora.

— Aria? – perguntou uma voz, fazendo-a afastar-se em um pulo. – Está tudo bem?

— Claro Lach. Er... Vamos? – perguntou nervosa, o arrastando pela mão.

Ela queria isso tanto quanto eu, e agora eu tinha plena certeza. Não ia deixar que esse mauricinho e nem ninguém mais atrapalhasse. Ia fazê-la admitir seus sentimentos por mim, nem que para isso eu tivesse que seduzi-la. E eu faria dessa tarefa completamente prazerosa.