Como nos velhos tempos escrita por Ane


Capítulo 1
Proposta


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira Okikagu então sejam bons comigo kk
Eu sinceramente não sei quantos capítulos essa fic pode ter, mas saibam que o próximo pode ser o último, ainda vou decidir, só resolvi postar o primeiro logo.
Espero que gostem.



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     Deserto.
             Por muito tempo, tudo o que se pode encontrar na maioria dos lugares em Kabukicho é apenas o vazio.
             Anos atrás um lugar barulhento, vulgar, brilhante. Hoje, silêncio. 
             Para muitos, finalmente um alívio, e para outros, luto. 
             Kabukicho, finalmente eu era a rainha?
             Que reino solitário...
             Eu e Sadaharu caminhávamos lentamente, esperando achar algum trabalho, alguma coisa que pudesse nos sustentar nos meses seguintes, já que eu estava sozinha nessa. Cinco anos depois de o Gin ter desaparecido, o Yorozuya já não existia mais. Muita coisa havia mudado depois daquilo, incluindo nós mesmos. Shinpachi ficou extremamente abalado com o sumiço do Gin e então decidiu seguir um caminho totalmente diferente. Ele sempre acreditou que Gin já estivesse morto, mas não fazia sentido. Quem iria matar aquele cara? Mas também, por que diabos ele nos deixou?
            Não sei dizer se tudo estaria diferente se aquele idiota não tivesse simplesmente ido embora ou ei lá o que tenha acontecido com ele, mas com certeza as coisas por aqui não estariam tão ruins. O Yorozyua daria um jeito.
            Mas tudo era diferente sem ele.
            Sakata Gintoki apenas parecia imprestável, mas com o tempo percebeu-se que ele poderia ser tudo, menos inútil.
            Tarde demais para admitir.
            E lá estava eu, mais uma vez andando pelas ruas desertas de Edo pensando em um passado distante ao invés de realmente prestar atenção em achar algo de útil por ali, o que seria bem difícil. Os saqueadores já haviam levado tudo, mas eu tinha que procurar.
            Depois de vasculhar por várias casas, Sadaharu me encarava diferente, como se me alertando que já não estávamos mais em um local seguro. Tinha andado demais e acabei entrando numa área comandada por uma gangue de “chefões”. Bem, na verdade, qual não era? Só que esses em especial não gostavam muito de mim por vários motivos e por mais que eu pudesse muito bem acabar com qualquer um que viesse arranjar briga, eu não estava com humor para isso. Todos aqueles pensamentos de antes haviam me deixado com um tipo de emoção que eu odiava sentir, e eu não estava nada a fim de arranjar mais confusão com aqueles caras.
           Além de que, eu estava fazendo 19 anos naquele dia.
           Parabéns pra mim. 
           Não tinha nada para comemorar.
─ Ah... ─ suspirei. ─ Acho melhor a gente ir logo Sadaharu, quem sabe eu recebo uma festa surpresa? ─ Sadaharu me olhava com a cabeça inclinada para o lado ─ Quem sabe...
           Depois de alguns passos na direção oposta, ouço um ruído há alguns metros atrás e me viro instintivamente apontando meu guarda chuva, e Sadaharu logo me acompanha. Não havia nada. Permaneço por alguns segundos até que escuto uma voz atrás de mim.
─ Eu pensei que nós tínhamos um acordo, senhorita.
        Viro-me rapidamente e me deparo com um homem mal encarado. Ele tinha metade do rosto tatuado e mantinha a mão em uma espada ainda embainhada na qual fazia questão de me mostrar com um sorriso polido que chegava a ser ameaçador.
─ Fomos bem claros em relação à sua presença aos nossos arredores. ─ continuou.
          Abaixei meu guarda chuva lentamente ao reconhecer que ele era um dos membros da tal gangue que eu menos queria lutar. Eles se chamavam de “Os Gafanhotos”, pois, segundo eles, destruíam tudo por onde passavam.
          Óbvio que eu achava esse nome e todo o conceito por trás dele ridículo.
─ Olha só, eu não quero lutar, ok? Eu só... passei do ponto, não percebi. E por quantos anos vocês vão lembrar daquilo? Foi só... Um acidente.
          Alguns meses antes, um dos chefes dessa gangue ficava me perseguindo, tentando me recrutar. Ele insistia todos os dias, pois achava que uma Yato os faria mais poderosos. Então um dia ele foi tentar falar comigo de novo e eu, em um reflexo misturado com irritação, acabei o nocauteando com um golpe. No outro dia apareceram quase cinquenta bandidos tentando me matar, e assim continuou, todos os dias por semanas. Até que foi feito um acordo, e então finalmente eu tive paz.
          Eu realmente deveria ter tido mais calma.
─ Pra ser sincero, não queremos lhe matar dessa vez. ─ O cara tatuada continuou. ─ Na verdade o chefe quer conversar com você, ele diz ter uma proposta.
─ Mas que saco, eu falei que eu não quero entrar pra nenhuma porcaria de gangue ou seja lá o que vocês se proclamam! E eu pensando que aquele velho tinha desistido... Vamos Sadaharu...
─ Eu não disse isso. ─ Ele falava com uma calma extremamente irritante ─ É um trabalho. E vamos ser sinceros, você não está em condições de recusar um trabalho, não é, Yorozuya? Não se preocupe, se você não aceitar, pode ir embora, não iremos força-la a nada.
          Virei-me novamente e fiquei pensando na proposta.
          Eu detestava admitir, mas ele estava certo.
          Ele permaneceu me olhando por alguns segundos e então virou-se, depois de sorrir ainda mais ameaçadoramente.
─ Siga-me. ─ Ele disse.
          Permaneci no mesmo lugar por algum tempo, fiquei pensando nas possibilidades. Aquilo provavelmente seria uma armadilha e talvez aonde quer que ele me levasse teriam milhares de bandidos sedentos para me matar. Ou poderia realmente ser um trabalho, e se fosse, eu ganharia um dinheiro e tanto.
         Decidi então segui-lo. Fui andando lentamente, a cada segundo atenta a tudo ao meu redor. Sadaharu também demonstrava estar tão tenso como eu. O cara tatuada foi andando pelas ruas vazias e bagunçadas de Kabukicho e de vez em quando algumas memórias voltavam à minha mente ao passar por certos lugares. E então, depois de alguns minutos, ele parou em frente a um grande galpão, deu um assovio com uma melodia peculiar, e logo a imensa porta da frente se abriu.
          A todo o momento eu me mantinha em alerta.
          Seguimos andando para dentro desse galpão que na verdade era muito maior do que eu pensava. Estava cheio de caixas e pacotes, parecia ser um lugar que antigamente abrigava grandes mercadorias e que hoje eles usavam para guardar sabe-se lá o que. Com cada passo, apareciam outros tatuados e tatuadas me olhando feio, enquanto o meu guia andava com a mesma postura arrogante. Depois de alguns metros, vejo uma pequena multidão reunida aos lados de um homem sentado em uma cadeira um tanto exagerada, como um rei em um trono. Deixei escapar um riso de leve.
─ Eiji! ─ exclamei enquanto me aproximava e logo em seguida fingi uma reverência ─ É realmente uma honra estar aqui. Está diferente... Andou se bronzeando?
─ Kagura! A honra é toda minha... E você se parece cada vez mais com aquele idiota.
─ Ah, por favor, não vamos recorrer ao passado aqui. Aliás, espero que nossas intrigas já estejam bem resolvidas...
─ Claro que sim! ─ Ele permanecia em um tom gentil, mas ao mesmo tempo irônico. ─ Não quer se acomodar? ─ Falou apontando para algumas cadeiras ao lado.
─ Não, tudo bem. Os seus membros parecem estar prontos para me matar a qualquer momento então eu quero estar da mesma forma.
─ Não se preocupe com isso, não queremos lutar.
─ Enfim, ─ eu disse com um suspiro. ─ para de enrolar e fala logo o que você quer comigo.
─ É simples. ─ Ele se ajeitou na cadeira e entrelaçou as duas mãos em seu colo. ─ Tem uma pessoa por aí nos incomodando bastante. E está começando a se intrometer em assuntos que não são da sua conta. Só queremos que você cale essa pessoa. É simples.
─ Com calar você que dizer... ─ comecei.
─ Algo assim. ─ concluiu com um sorriso.
─ Eiji... Você sabe que eu não trabalho com assassinatos... É uma pena, mas acho que vou ter que recusar, foi realmente bom te encontrar de novo...
          Ao me virar um homem com o dobro da minha altura, ou acho que dobro de todas as minhas medidas, estava parado na minha frente e não fazia menção de me deixar passar.
─ E eu pensando que não iria ser forçada a fazer nada ─ disse, deixando escapar um sorriso de ironia. ─ Você realmente não muda...
─ Você não será forçada a nada. Só quero que escute toda a minha proposta. ─ ele fez uma pausa e acenou para o homem na minha frente se afastar. ─ Bem, já que você prefere não matar, então apenas traga-o até aqui.
─ Por que eu? ─ perguntei, o encarando novamente. ─ Não é possível que em todo o grupo dos grandes e poderosos Gafanhotos não exista pelo menos um que possa cuidar de um inimigo qualquer.
─ Acontece que essa pessoa chega a ser um nível quase parecido com o seu. Monstruoso. Uma bela combinação. E já que você apareceu por aqui, decidi aproveitar. Além que, de certa forma, nós estaremos ajudando um ao outro, Kagura. Você nos traz essa pessoa que tanto nos incomoda, e nós lhe pagamos o que for necessário.
         Não poderia fazer nada imprudente, eu precisava pensar bastante. Por mais que eu odiasse admitir, eles estavam ficando mais fortes e eram muito influentes em Edo nos dias atuais. Na verdade os Gafanhotos eram bem maiores, e aquele lugar era apenas uma de suas milhares de filiais. Sabe-se lá quantos estavam procurando essa tal pessoa... Provavelmente quem achasse primeiro ganharia alguma grande recompensa. Fiquei calada por alguns segundos observando todas as possibilidades. Eu poderia ganhar muito, mas eles poderiam achar alguma forma de me fazer juntar a eles. Não seria difícil capturar esse inimigo, mas eu não sabia as suas reais causas. Quanto mais tempo eu demorava para responder, mais feio ficavam os olhares das pessoas com enormes tatuagens no rosto.
─ Talvez, quem sabe. ─ Respondi finalmente. ─ Vou pensar. Agora posso ir?
─ Pense. É uma oferta em tanto. Mas antes de ir ─ Ele tirou algo do bolso e finalmente se levantou e o entregou na minha mão ─ Essa é uma foto do alvo. Um dos nossos membros conseguiu captura-la há alguns dias.
         Eu não pude deixar de rir.
         Era o maldito Okita Sougo.


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